Nos 200 anos de Stendhal, 'Lucien Leuwen' em português (1983)

Nos 200 anos de Stendhal, 'Lucien Leuwen' em português
                        (Carlos Menezes)


A França e o mundo literário celebram, este ano, o bicentenário de nascimento de Stendhal (Henri Beyle, Grenoble 1783 - Paris 1842). Quando morreu, aos 59 anos, apenas três de seus romances haviam sido publicados: "Armance", "O vermelho e o negro" e "A cartuxa de Parma", além de contos e novelas aparecidos inicialmente na "Revue des Deux Mondes" e posteriormente reunidos num volume intitulado "Romans et nouvelles".

Numerosas obras de Stendhal, entretanto, vieram a lume depois de sua morte
, como "Lamiel", "A vida de Henri Brulard", "Les souvenir d'egotisme" e "Lucien Leuwen" que a Francisco Alves está mandando para as livrarias, em tradução de Marcos Santarrita (712 páginas).

Em "Lucien Leuwen", Stendhal descreve a vida na província, as questões militares, as intrigas governamentais em Paris, os debates parlamentares, as eleições, a corte de Roma, ao tempo da Monarquia de Julho e do reinado de Luís Felipe. O herói do romance, Lucien, é um republicano, filho de rico e poderoso banqueiro, expulso da Politécnica. Ponto alto da trama são os amores de Lucien pela bela e jovem víuva Senhora de Chasteller, amores frementes, tumultuados e de difícil concretização.

Mas esse romance tem sua própria história. Stendhal deixou-o inacabado. Por pouco seus originais não foram destruídos porque Prosper Marimée, grande amigo do escritor, ao examiná-los, achou-os sem importância. Passados 60 anos, porém, em 1894, apareceu sua primeira edição, mais ou menos completa. Mas bem antes, em 1855, Romain Colomb, primo de Stendhal, havia publicado nas "Nouvelles Inédites", uma pequena parte dos originais, revista pelo autor, sob o título "Chasseur vert". O texto integral, estabelecido por Henry Debraye, somente saiu, entre 1926 e 1927, em quatro volumes, em edição da Champion. Em 1929, Henry Rambaud preparou nova edição do romance, mas sob o título "Le rouge et le blanc". Só mais recentemente, em 1947, foi publicado o texto definitivo, sob os cuidados de Henri Martineau, na "Bibliothèque de la Pléiadee", da Gallimard, transcorrido, assim, mais de um século da morte do escritor.

No Brasil, dos livros de Stendhal há traduções de apenas estes: "A cartuxa de Parma" (Editora Difel, 1961, tradução de José Geraldo Vieira, e Círculo do Livro); "O vermelho e o negro" (Difel, 1965, tradução de José Geraldo Vieira, Editora Abril Cultural e mais recentemente Editora Globo); "Armance" (Nova Fronteira, 1980, tradução de Júlio Castañon Guimarães); e "Crônicas italianas" (Editora Maxlimonad, 1981, tradução de Sebastião Uchôa Leite).
     
      *O Globo, 3 ago. / 1983.

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