Paulão de Varadero discorre sobre a indolência nacional
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Surrealismo pré Sal Vador Dalí
Paulão de Varadero
O célebre poeta Zé Limeira já dizia
Com seus versos meio surrealistas
Que o velho português Tomé de Souza,
Ilustre governador da Bahia
No dia do casamento, abusou da esposa
Que nem u'a raposa, comeu até Satanás
O tal diabo danado, cão raivoso e hidrófobo
Depois foi para o cais e o num padre pedófilo
Meu saudoso amigo Orlando Tejo
Grande ser humano e vate paraibano
Poeta desde menino, inventou de tomar cachaça
Naquele sertão nordestino, lá pras bandas de Monteiro
Aprontava muita arruaça, com um tal de Jansen Filho
Que era filho dalí da terra, também poeta de trato fino
Lá dos confins da Paraíba, `Atenas` do sertão brasileiro
Os dois, assim como Ze Limeira, também eram peregrinos
Andavam no lombo dos jegues, de cavalo, a pe e de carona
Tomando muita cachaca, cantando nas cantorias
Morando praticamente na zona, vivendo na putaria
Pagavam as raparigas com versos, somente com a poesia
Os dois nao tinham grana, os dois viviam na lona
Vida longa para os poetas! P`ros profetas e p`ras raparigas!
Pra Fernando Pessoa, poeta do mar portugues, do rio Tejo!
Pra Gregorio de Matos Guerra , o famoso Boca do Inferno!
Viva os poetas e repentistas Jansen Filho e Orlando Tejo!
Viva Paulao de Varadero! Viva Ze Limeira, poeta do absurdo!
Viva Bocage! Viva o Brasil zoneiro, o maior cabaré do mundo!
Capitalismo Selvagem
( "Dale tu mano al índio"...Mercedes Sosa)
Paulão de Varadero
Você ainda se lembra?
Foi na semana passada
Em São Paulo, plena luz do dia!
O pai, índio, migrante estrangeiro, trabalhava
A mãe, também índia quechua, costurava
Alí no meio das máquinas e da espoliação
O curumim quechua boliviano brincava
Quando o ladrão deu o bote
A índia entregou-lhe a grana
O ladrão estava armado, de ódio e ambição
O curumim, inocente, infeliz e assustado
Tão longe de sua aldeia, oprimido, acuado
Começou o queixoso a chorar de pavor...
A mãe lhe socorreu entre os braços
Mas não evitou o balaço
Do assassino enfurecido com o choro
Do indiozinho choroso, selvagem assinalado
Num país estranho, industrializado, civilizado
A presidenta viajava, o governador dormia
O Papa Chico, recém-eleito, de nada sabia ...
Por que vieste chorar aqui, indiozinho desgraçado?