Rap do Josenilton
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Rap do Josenilton*
Último país das Américas
A abolir a Escravidão
Aí, mano, aqui não tem pra ti não
Serás sempre muque de peão
Se tens carrão, dizem logo que não é teu: é do patrão
Se não for roubado, é o que pensarão
Mas que preto bonito, eis o bordão
Como se não pudesse haver somente o preto, preto então
O emprego que te dão é sempre de segunda mão
Vai ela continuar a limpar o branco sujão?
Tu és ainda suspeito, não corre não
Agora que tu tens sucesso
Todos querem te imitar
Colar, carrão, tua dança e teu cabelo.
Mas ninguém quer estar na tua pele não
Será que tudo isso vai mudar?
E se mudar, será nova forma de opressão?
Tens ódio no coração, irmão?
Correntes nos calcanhares foram trocadas
Por outras de ouro, prata e latão.
Agora o Deus que manda não é mais cristão
E a cruz que carregas é a de não aparecer na televisão
Quem vai ter coragem de cantar essa canção?
Quem vai ter coragem de cantar essa canção?
Aí, lembra daquele cara malucão, começava com D de doidão
Pois é, canta ele pra Daslu, estampando rebeldia,
Má-criação, em meio a confetes e taça de champagne
Agora pergunto: quem vai cantar essa canção?
O rei está nu
Quem vai cantar essa canção?
O rei está nu
Quem vai cantar essa canção?
Eu também quero ter um carrão
Eu também quero ter um carrão
Se os americanos podem, porque eu não posso não.
Se os gringos podem, porque eu não posso não.
Bingo, eis a questão. Eis a questão.
Quem vai cantar essa canção?
Aê, Caetano, não.
Aê, Caetano, não.
*Recentemente, Josenilton Macedo vai publicar seu livrinho de poemas intitulado A Poesia Habita-se Em Carne Viva. E, já que o Caetano é o tema, Josenilton manda o rapzinho que ele fez.
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