BALADA SUICIDA (MARCELO MOREIRA, 2024)
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BALADA SUICIDA
Ela correu até o precipício e pulou:
Ela era um nada, um nada de alguém.
No outono, talvez pudesse, quem sabe, sentir o peito leve.
Talvez, enquanto caia, ela imaginasse a carcaça ensanguentada e um alivio imediato.
E quem a visse poderia pensar que
Viera de um país lindo e
Desconhecido.
Ela correu ao precipício e pulou.
Ela era um nada, um nada para alguém.
Nas profundezas de águas bravias, Quando perdesse o fôlego,
Quando a água entrasse por toda parte ;
Poderá agora sentir a felicidade por todos os lado?
E quem a olhasse pensaria ser de Uma raça superior?
Sim, ela se jogou!
Sendo sempre um nada, um nada de ninguém.
Com os pulsos cortados; com
O sangue tingindo de vermelho a banheira;
Quem sabe verá luzes de uma Forma jamais vistas antes: sem morbidez, sem depressão.
E se aquele “alguém” a visse agora, poderia beijar-lhes os lábios Ardentes.
Ela correu novamente ao precipício e se jogou.
Sempre se achando um nada, um nada para o mundo.
Engoliu todos os comprimidos Angustiantes:
Diante da última alucinação, sentindo já a dormência no corpo chegar;
Pareceu ser transportada a uma terra vasta e cheia de flores flutuantes.
E quem a ver agora forte, levantando troncos pesados, fumando ;
Caçando como antigos bárbaros,
Com a máscara pensarão que finalmente ela está feliz.......................................
Quando a cidade acordou do sono da tarde,
Silêncio absoluto
Tudo calmo.
MARCELO MOREIRA