Sarau da Memória: Homenagem a Mira Alves, Eudoro Augusto e às Vítimas de Gaza (2024)
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Charge: Kleber Marques
SARAU EM HOMENAGEM À VIDA DOS SAUDOSOS POETAS MIRA ALVES E EUDORO AUGUSTO, ASSIM COMO EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DE GAZA
Se o mar não está propício para os peixes, que dirá para a poesia?
Se os dias não estão propícios para o armistício, o que diremos então para Gaza?
Por que não mencionar que foi um momento de reencontros, onde as pessoas recordavam com carinho casos e histórias compartilhados com Mira? Paulão iniciou o evento lendo um poema dela intitulado "Morte?"
Mira Alves era uma presença frequente em nossa mesa no Conic, o único bar que podíamos pagar. Fiquei comovido com a lembrança de Meneses y Morais sobre como, ao oferecer seus poemas manuscritos, alguém perguntava se ela queria um pedaço de quibe ou coxinha. Isso me fez lembrar do receio dela em se sentar à mesa, mas ela sabia que éramos peixes da mesma noite e nos acompanhava.
Bar Beirure 109 S
A produtora do Beirute proclamou: "Outros virão."
02 de março de 2024
Palestrante ardente: Paulão de Varadero (com Nóelia Ribeiro)
Músicos: Renato Matos e Sérgio Duboc
Poetas e afins:
Reginaldo Gontijo
Zé Edson
Meneses Y Morais
Noélia Ribeiro
Marcos Freitas
Vicente Sá
Despedidas
O epitáfio da poetisa Mira Alves foi escrito por sua própria mão: "Morri e daí?" O verso final revelava seu desapego às trivialidades materiais e às experiências efêmeras, comparando sua passagem pela vida a uma chuva que atravessa as nuvens. Não era um epitáfio grandiloquente ou artificialmente poético; era um olhar simples sobre as trajetórias da vida. Quem dera se muitos de nós conseguíssemos encarar a vida como ela fez.
"Despedida do grande poeta, radialista e escritor Eudoro Augusto. Presença marcante na mesa da diretoria do querido e antigo Beirute, ele era filho de Eudoro de Souza, renomado tradutor do grego para o português, responsável pela melhor tradução da Poética de Aristóteles, entre outras obras. Que sua jornada seja pacífica. Que a luz acompanhe seu caminho. Adeus, amigo." (TÚLIO GUIMARÃES)
O começo
Sérgio Duboc Duboc, um craque das seis cordas, entrou em campo na tarde com "Canção das Estrelas", exibindo sua voracidade pelo jogo antes mesmo do almoço, com uma performance de garra.
"Sérgio Duboc é muito seguro em sua arte. Tem voz grave e sabe como controlar pra não ficar pesado aos ouvidos de quem ouve. Chegou e deu o recado sem rodeios." (MARIZAN FONTINELE)
O meio
O Sarau da Memória transcendeu seu papel como simples evento cultural. Ele mostrou a oportunidade para os escritores, poetas marginais e entusiastas da poesia compartilharem a voz da indignação, celebrando artisticamente a memória dos poetas comuns e renomados em um ato revitalizante de desagravo contra o massacre.
A palavras do Sarau da Memória transformaram-se "ato de desagravo contra o massacre" uma manifestação em repúdio ao massacre. Expressando solidariedade às vítimas do genocídio, condenando os responsáveis e para promover a conscientização sobre os horrores e as consequências desse tipo de crime contra a humanidade. O Sarau da Memória foi a expressão pública para chamar a atenção para a importância da justiça, da memória e da prevenção do genocídio.
E no fim
Renato Matos espanta a "Esparvalhice"
Saio de casa apenas para testemunhar a música de Renato Matos e ouvir suas memórias. Renato Matos deve ter sido uma figura emblemática do comportamento humano para muitos brasilienses, e eu me incluo nesse grupo. Quase houve um desarranjo emocional quando tocou a última música da "saideira", tão apropriada para esses momentos de encerramento de show. O que a produção do bar não sabía era que essa situação estranha estava sendo transmitida por uma "live". Depois, alíviamos a tensão com tanta conversa que passou por debaixo dessa ponte.
"A tensão resultou da emoção do Renato Matos que aguardou todo o tempo da homenagem pra fazerem um filme com ele, que também é um poeta e compositor marginal. A culpa foi minha que devia ter chamado ele antes de me emocionar com 3 doses de Jonhnny Walker e 2 chopps pra relembrar meus porres com o saudoso Eudoro Augusto e com a ternura da Mira!" (PAULÃO DE VARADERO)
O fotógrafo Sandro Alves esteve presente nos momentos mais significativos da minha vida. É dele o registro dos quatro cavaleiros pós-Apocalipse no Beirute, que corajosamente gritaram: "Ditadura! Jamais!"
Via émail
"Caríssimo amigo roqueiro cineasta guerrilheiro: sem a sua inestimável força a homenagem aos poetas Mira Alves e Eudoro Augusto não teria o bom êxito que teve. Quero que você diga isso e mostre esse meu agradecimento a todo mundo A poesia ficou contra os genocidas de Gaza, ontem a tarde no Beirute da Asa Sul. Muito obrigado camarada Mário Paz Che Co!" (PAULÃO DE VARADERO)