Seis décadas de Antonio Celso Barbieri, um homem do próprio bolso

Recordo-me do nome do álbum da lendária banda Jethro Tull lançado em 1976 chamado Too Old to Rock 'n' Roll: Too Young to Die! (Muito velho para o rock'n'roll: Muito jovem para morrer!). Que dilema! Em 1976, tinha apenas 24 anos e, lembro-me que achei o nome deste álbum muito perturbador. Perguntei-me: "O que será de mim, aos 60 anos? Só me restará o suicídio?"

Hoje, sinto dentro de mim que, realmente a idade é um conceito relativo. Estou mais vivo do que nunca! Conheço garotos que, infelizmente, já entregaram os pontos. Jovens que consideram que casar e ter filhos é o final de tudo, não questionam a realidade em que vivem e aceitam tudo, como se fossem ovelhas. Jovens que não tem sonhos e nem desejam deixar sua marca neste planeta.

Suponho que meu pai também tenha visto, na sua época, a nova geração que surgia com o mesmo desgosto. Talvez, seja um efeito normal do envelhecimento.

Sei lá, só posso dizer que meu amigo Zhema, já é avô e, como guitarrista da sua banda Vulcano está chegando à Londres para iniciar seu segundo tour europeu. Para mim, Zhema ainda vive o sonho, não entregou os pontos e continua o mesmo jovem do começo. Quer dizer, ele agora é um jovem bem experiente!

E, falando de música, fico feliz em perceber que o rock realmente sobreviveu à idade e, para provar, basta ver que, centenas e centenas de bandas antigas e lendárias ainda estão tocando, inclusive o próprio Jethru Tull.

É muito positivo ver que a tecnologia evoluiu a tal ponto que, até eu posso, na minha idade, gravar um álbum e distribui-lo para o mundo todo. Eu só posso agradecer e desejar longa vida para a Internet!

À pouco mais de 6 meses atrás, como muita gente já sabe, fui “testado” com uma cirurgia muito séria. Vi a morte de perto.

Como alguém que não acredita na ideia de que uma entidade divina criou tudo, sinceramente, meu maior medo não era morrer mas sim, na hora H, morrer de medo e hipocritamente sair correndo “pedindo água” e, pedindo ajuda à Deus. Então, é com orgulho que posso dizer que, consegui superar este momento difícil mantendo minha integridade moral e existencial. Acredito que foi uma grande vitória pessoal. Nas verdade, me senti como se tivesse feito um mosh e, pulado do palco da minha existência para ser carregado por milhares de mãos invisíveis, para a mesa de cirurgia. Foram mãos dos muitos amigos, vários que nem conheço pessoalmente mas que torceram pelo meu bem estar. Aproveito aqui para, novamente agradece-los pelo voto de confiança e amizade!

Recordo-me deste pensador famoso, já bem idoso e frágil, que foi perguntado qual era agora, no final de sua existência, seu último e grande desafio. Ele respondeu: "Morrer sem nenhum inimigo e perdoando todo mundo."

Está ai uma tarefa nobre mas, muito difícil porque, para mim, perdoar sem reciprocidade é duro! No entanto, considero este, um válido desafio à ser seguido.

Bom, agora que virei esta página, que passei deste número, vamos ver se chego ao próximo desafio: 70. :-)

Termino aqui com minha recomendação para longevidade: Usar bastante o cérebro, fazer muito amor, alimentar-se de forma saudável e fazer muito exercício. Já adianto que fazer muito exercício para mim é quase impossível :-)

Falar é fácil mas, fazer, isto já é outra coisa! De qualquer forma, como dizem no Oriente, "nem tanto sal nem tanto açúcar, tudo nesta vida é uma questão de equilíbrio".

Lembrem-se: "Ninguém tira o que é nosso. Pode ser por um tempo, quando estamos confusos e perdidos. Mas, quando em nossa vida, tudo está certo novamente, o que é seu de direito voltará, não tenha dúvidas."

Um abraço à todos

Antonio Celso Barbieri

Antonio Celso Barbieri
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