— Antes de você nascer, você já era um Stoner Babe!
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A CENA UNDERGROUND EM LUZIÂNIA-GO
ou
— Antes de você nascer, você já era um Stoner Babe!
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ME Estúdio: Mais de 15 anos de luta! |
Do outro lado da linha, o guitarrista Félix Amorim disse — Antes de você nascer, você já era um Stoner Babe!
Uma convocação messiânica, no Dia de Pentecostes para uma ‘ajudinha’ e um giro pela cidade de Luziânia-GO, 70 km distantes do Distrito Federal. Começa a rápida saga da miniturnê do quarteto Stoner Babe pelas plagas distantes dos municípios do entorno do DF...
Na tarde deste sábado, dia do show em Luziânia, em Taguatinga no ME Estúdio, Stoner Babe experimentou uma nova formação acrescida pelo baterista Tiago Rabelo, um verdadeiro andarilho das estradas e das baquetas.
A visita ao ME Estúdio foi produtiva, Edimilton que mantém as salas do estúdio abertas há mais de 15 anos servindo aos músicos do underground, foi generoso nos cedeu algumas peles de bateria usadas e nos deixou extrapolar um pouco no tempo, já que o guitarrista estava atrasado...
Atualmente, o ambiente do ME Estúdio é bastante roqueiro, instalado num porão que é a base de um edifício, o estúdio apresenta um corredor com salas espalhadas formando uma galeria.
Tudo isto num quadrilátero mágico na CNF, onde habitam a Galeria Olho de Águia expondo "Severino Silva Fotógrafo de Guerra" e o indispensável Bar do Careca.
O ME Estúdio reafirmou sua parceria com a MadButcher Produções no evento pesado que acontecerá em julho no Teatro de Arena, no Guará 2...
Com toda vontade, pilha e energia
Do ensaio pegamos a rodovia para Luziânia-GO, como o clima no estúdio transcorreu favoravelmente estávamos ansiosos e ao mesmo tempo repetindo velhos comportamentos repetitivos.
Meio abalado..
No ME Estúdio fiquei sabendo que Betinho falecera em dezembro de 2011...
Homenagem a Betinho baterista do Stuhlzapfchen Von "N" e A. R. D.
Entre agosto de 1985 e março de 1986, eu e Betinho fomos explorados matinalmente no Setor Comercial Sul...
Lá no Banco Safra, Betinho era Carlão! Ou o funcionário, Carlos Alberto!
Sua senha: — E aí moleque?! Que ele distribuía para mim e para os menores da guardinha, que faziam o serviço externo. "Carlão" era nosso chefe... gente boa...
O pessoal do banco gostava do seu jeito operário. Com o cinto oliva apertado no último furo mantinha a calça lá em cima, seu sapato preto lustrado lembrava o couro do coturno e a inseparável camiseta branca.
Betinho estava gravando com a Stuhlzapfchen Von "N"seu LP de estreia pela Devil Discos batizado de "Ataque às hordas do poder" e na hora do almoço me municiava de relatórios repletos de ansiedade como a viagem a São Paulo para gravar o lado do LP.
Tinha informações sigilosas do que acontecia no banco ou informava as últimas do movimento punk do DF!
Nossa piada comum: — Vamos formar uma banda new wave, os Bancários...
Stuhlzapfchen Von "N"o Guará!
Na vida real em 1986, o Stuhlzapfchen Von "N" se apresentou na praça da QE 32, durante um lazer organizado pelo grupo Reação Cultural.
No palco, Gilmar Batista vocalista com guitarra Gibson agradeceu ao patrocínio da Vidraçaria Pacheco
Neste show, conheci Ana, a primeira mina que vi com o corte moicano, ela estava com eles.
Década depois, ainda no Guará 2, no conjunto "O" da QE 34, me encontrei com Betinho pela última vez, o baterista estava feliz ganhando a vida no Detran.
Vá em paz guerreiro!
"Grande registro de Wilsinho, o rapaz aqui estava nervoso, ao descer do palco tomou uma dura dos pigs, havia tocado Polícia nas ruas...tá na memória...quem esteve lá viveu!". (Gilmar Batista)
Foto: Wilson Morais
Em Torno do rock – Luziânia-GO
Na Praça da Mini hamp acontecia um festival de skate
Em Luziânia-GO. A primeira banda, a abrir a noite foi o quarteto Cromus (http://www.facebook.com/cromusrock) que detonava uma fisgada vibrante de rock em português com a música Planos insanos. Este cartão de visita nos deixou com a pulga atrás da orelha.
Notoriamente há muito tempo, o rock underground é feito por guitarras rápidas e sujas e vocais guturais e danças da chuva. E, nós estávamos sem guarda-chuvas na arena do som extremo.
A camaradagem no underground é que carrega as coisas pra cima, é só mostrar disposição que elas acontecem... O baterista cabeludo do Cromus tinha esse sentimento de simpatia e começamos a nos sentir em casa...
A segunda atração, era um trio, Banda Ser que eu curti muito, para não furar ao evento eles tocaram sem baixista! Era um rock de protesto em português com muita participação do vocalista e um número do Sem Destino verdadeira lenda do rock do Entorno. Na guitarra, estava Silvio que tirava sons exóticos do braço da guitarra e controlava efeitos numa apresentação tecnicamente diferente mas que não deixou o clima cair...
Chegou a vez da Inocência Criminal , com duas paredes de guitarras e seu som duro e rápido, com uma cozinha faminta.
O rock cara dura da Stoner Babe
Stoner Babe carrega nas costas um baú de intenções e fidelidade à arte bizarra!
Maguim (Marcelo), o vocalista e Félix o guitarrista estão refletindo sobre a arte de viver, isto explica a nossa total entrega em rodar 70 km para oferecer uma semente de contracultura.
Isto me faz refletir sobre o modelo — está esgotado e preso num nicho?, mas rapidamente esta dúvida é afastada. Quando no palco começa a festa.
Eles abrem com Gata selvagem e espertamente colam We’re not gonna take it e seu coro (We´re not gonna take it / No, we ain’t gonna take it / We’re not gonna take it anymore).
O vocalista desaparece no meio do público, o guitarrista rola no chão, o baterista se cansa e o baixista olha sem decidir se acompanha a guitarra ou a bateria.
Desde o início as gatinhas estão perfiladas diante do Stoner Babe e não demoram a cantar junto no microfone.
Depois de tocarem Born to be wild emendam com um meddley de punk rock, os músicos ficam com medo: um punk de dois metros avança na direção deles... Sua inteção fica clara: ele só que curtir e tomar um gole de vinho no gargalo, uma chuva de cerveja molha os cabos... Fim!
A rapaziada do black metal repete a expressão de pulga atrás da orelha. Os maiores charlatões do rock’n’roll novamente conquistaram o público. Outra vez, o carro da Stoner Babe rapidamente abandona a cena sequestrando fãs...
Agradecimentos
Em retribuição à rapaziada das bandas Antimacula (http://www.facebook.com/antimacula.crossover) e Terrorcidio (http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651098445) que concordaram em manter a ordem de apresentação assistimos a um pedaço das apresentações deles... Esperto o visual rasta do guitarrista...
Agradecimentos também aos produtores André França e Pio Machado e à galera que apoia a cena underground comparecendo aos shows e levando sua energia.
arquivos do próprio bol$o
Luziânia em destaque no Correio Braziliense em algum dia de 1991