1993: Marssal
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“A Marssal surgiu em meados de 90, quando decidimos adotar esse nome em homenagem ao meu irmão, que na ocasião estava fazendo aniversário de 13 anos. Ele sempre nos acompanhava nos shows, vindo depois a ser o tecladista da banda. Desde a primeira formação, era eu nos vocais, Sérgio Ricardo no contrabaixo, Cristiano Maurício na guitarra, e Cláudio Marcelo na bateria. Logo depois, entrou Marçal nos teclados, ainda novo.” (Marcelo Ponce)
MARSSAL E NATA VIOLETA DEMOTAPES
Intelligentsia – Palimpsesto – jan. / 1995
A primeira demotape do Nata Violeta (investimento alto com estúdio e apresentação gráfica) apresenta uma condensação, e revela a encruzilhada que o som da banda trilha. Antes da moldura, eles precisam aprender a queimar as cores pela tela, pois bons estúdios e petrechos resultaram numa viagem sem vertigem. Precisam dosar o tom messiânico e panfletário das letras de “Moscas” e “Os Martelos e os Pregos” com mais swing e humor. O equilíbrio entre o metal e o acústico, o sussurro e o tormento serão a alquimia desafiadora que espera essa banda, de som único e potente, na gravação de seu CD.
A Marssal, em sua demotape de estreia, batizada com o próprio nome da banda, nos fornece cinismo, ironia e curtição. Ótimo show. Eles seguem várias trilhas e investem em material próprio, cantando em inglês, num timbre zeppeliniano.
As conhecidas “Many Time to Love”, “Blue Smoke Daring me” e “The Fool” nos dão conta do potencial e da coragem da banda, que segue em direção ao abandono da sofreguidão, substituindo-o pela competência e perfeição. O que falta a Marssal há no Nata Violeta, e vice-versa. A estrada da Marssal é sinuosa e psicodélica, devido ao órgão magistral e a uma bateria menos destacada.
Os músicos da Marssal e do Nata Violeta são cavalheiros, segurando espadas elétricas contra os dragões da maldade, preservando os resquícios de quando o rock era contracultura.
Alguns shows da Marssal
8 abr. / 1993 – Festa show no Berverly Hill’s Scotch Bar, Cidade Ocidental. Com
Rumores de Garagem, Loddo, Os Políbias e Marssal.
1994 – Taguatinga (Moby Dick Bar), Guará, Conic e Studio Planet.
3 mar. / 1995 – Marssal, Terno Elétrico e Rumores de Garagem no Teatro Garagem.
10 ago. / 1995 – Marssal no Alto Astral Pub, 213 Sul.
9 mar. / 1998 – Power Trio, nas Segundas Musicais.
Marçal, teclado; Marcelo Pitty, bateria; Sérgio, contrabaixo; Marcelo Ponce, voz, e Dillo Daraújo, herói
da guitarra
Meu grande momento com a Marssal
Tenho uma coleção de boas e más passagens com a Marssal. Esta é a mais fresca.
Eu queria entrar no clima “bicho-grilo”, e vesti uma camiseta cor de rosa pintada por Arnaldo Baptista, colete e mocassim. Com esse visual, fui ao show. No saguão do Teatro Nacional, a encarregada pelo Projeto perguntou-me se eu não queria apresentar a banda. Fui ao microfone: Com vocês... estes extraordinários e talentosos músicos de Taguatinga. Marssal! Eles abriram com uma vigorosa versão de “Rock’n’Roll”, e Marçal, o tecladista, estava sentado no banquinho do piano preto de cauda do Teatro Nacional, tirando um som acústico.
Depois do show, em casa, me perguntaram: Não sabíamos que você era gay!? Peguei a camiseta e toda espécie de brilho que havia em casa, e passei adiante. Aos 30 anos, estava velho demais para o glitter rock.
Perfeccionismo, virtuosismo e sono profundo
Setembro 2011 – No Teatro Nacional, em outro show solo, mais distante, a guitarra estava plugada ao computador. Não era uma boa sensação – ao vivo –, não transmitia sentimento, apenas a seleção intercalada do que o guitarrista Dillo Daraújo programou. Sem a participação da plateia, comportada.
MARSSAL: GUITARRAS SEM CONFLITOS (2016)
À direita: Marcelo Ponce, o último roqueiro de sua geração, dele só tenho uma reclamação: não gostava de Kurt Cobain! Dillo Daraújo (Valdir), multi-instrumentista, antes da tecnologia informática e de Adrian Belew, fazia chantilly’s rock