2005: Pedra: — Não é todo dia que nos comparam a mestres como Glenn Hughes!
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Rodrigo Hid, vocal, guitarra e teclados; Alex Soares, vocal, bateria; Luiz Domingues, vocal, baixo e Xando Zupo, vocal e guitarra
Pedra: — Não é todo dia que nos comparam a mestres como Glenn Hughes!
Fotos: Grace Lagôa©
Entrevistas: Mário Pazcheco
— Como é o som da Pedra?
Xando Zupo — O som do Pedra é a mistura de todas, (sem excessão ou preconceito, as informações e influências que nós tivemos em nossas carreiras desde o início. O texto normalmente é bem direto, ( Pé na Porta ), tanto faz se estamos falando de vida, morte, flôres, amor, dor, chiclets ou bicicleta, não existem muitos rodeios à idéia central do texto. É intensidade e sinceridade a enésima potência.
— Uma situação musical improvável... todos podem responder à essa(!)
Rodrigo Hid — Um show do Pedra e Axé Blond. ( muitos risos )
Xando Zupo — Não sei. Não conseguí computar isso. Não tem registro Will Robinson.
Luiz Domingues — Nada tema com Smith não há problema. ( mais risos ).
— Uma experiência musical inesquecível: um solo, um show, um disco, uma jam, o início, um encontro, uma foto...
Xando Zupo — O primeiro concerto que assisti. Earth Wind & Fire no Brasil em 1980. O Xando que saiu após aquele show foi totalmente diferente do que tinha entrado. Alí eu soube que eu queria fazer música pra viver. O show do Van Halen em janeiro de 1983. Alí eu soube que além de fazer música, ela teria que ser 'Muito Alta' e 'Intensa'. E, também meu primeiro vinil de Rock, "Deep Purple In Rock".
Rodrigo Hid — Um show recente que fiz no Sesc Ipiranga com o Renato Teixeira e Pena Branca. A primeira vez que ouví Beatles aos 7 anos de idade.
Luiz Domigues — Show do Joe Cocker em 1977 no ginásio da Portuguesa que me pegou pela emoção; Mutantes e O Terço em 1977 no Teatro Municipal de São Paulo com todos os músicos juntos tocando Beatles, e a expectativa do primeiro show do Pedra.
— O Pedra teve está tendo uma boa oportunidade de gravação?
Xando Zupo — O Pedra nasceu já com uma estrutura pronta por termos nosso próprio estúdio de gravação, o Overdrive Studio em Sampa, o que nos dá condição e tempo para gravarmos o que quisermos, como e quando quisermos.
A grande oportunidade do Pedra está sendo a produção do mago Renato Carneiro que já havia trabalhado comigo e com o Alex há 10 anos atrás na produção do Big Balls e se interessou pelo material do Pedra. O cara é o melhor engenheiro de áudio que tive o prazer de trabalhar, é da paz, do bem e um grande amigo.
Rodrigo Hid — Mais que perfeita.
Luiz Domingues — Além da facilidade do estúdio próprio, termos a presença de Renato Carneiro representa para nós termos George Martin e Brian Epstein numa única pessoa.
Roxo uma das corês do Pedra: Hid esgoela, Xando flexiona, Soares e Domingues pulsam!
— No revezamento de Guitarras quem faz o quê em - O dito popular?
Xando Zupo — A Base no canal esquerdo sou eu e a do canal direito é o Rodrigo. Os 2 primeiros solos são meus e o terceiro do Rodrigo.
— Esta música O dito popular que é o lançamento do Pedra em território nacional, a letra me fez lembrar do Catalau, vocalista do Golpe de Estado, e me levou a imaginar Glenn Hughes e os álbuns "Stormbringer" e "Come taste the Band" do Deep Purple num cruzamento com o tormento das guitarras do Patrulha do Espaço, sonhei alto?
Xando Zupo — Adoro as letras do Catalau mas acho que a proximidade maior é que ele é um cara direto também, no texto.
A letra fala de insistência, da necessidade e aprendizado de se tomar porrada, levantar de cabeça erguida, tomar mais uma , levantar de novo e assim sendo quando se menos espera, tanto bate vai furar.... Não deixa de ter um certo contexto político também já que com tantos abusos aos quais o povo Brasileiro é submetido, fica aí um recado pros nossos governantes. Uma hora a coisa explode e aí já sabem. F........ Vale saber que a letra e música foram feitas mêses antes do escândalo do Mensalão. Nesse país infelizmente escândalos não faltam para justificar qualquer texto.
Rodrigo Hid — Não sonhou, e, valeu pelas referências. Não é todo dia que nos comparam à mestres como Glenn Hughes.
Luiz Domingues — No tocante à letra a metáfora é direta. O povo tem sua sabedoria e as vezes esquece de olhar para sí próprio. Na questão musical você captou com extrema alegria pois nos primeiros ensaios um olhou para o outro e disse : - Isso tem cara de "Come Taste The Band". O legal é que o som do Pedra é multi-facetado e quando você e o público em geral tomar conhecimento do restante do trabalho vai verificar que temos outras influências além do trabalho do Purple funkeado dessa fase.
— Os fãs mais "experientes", com mais tempo de estrada, em primeira impressão notaram uma preocupação com o mercado e a sonoridade num idioma mais urbano. Em Brasília, meio distante; não dá para perceber o universo paulista, essa é a fala da cidade no momento? Como as pessoas reagem?
Particularmente, eu esperava um rockão, sentimento precoce, pois é apenas uma prévia, enfim como será o disco?
Xando Zupo — As músicas representam o que de melhor podemos compôr nesse momento. A única preocupação foi em fazer músicas de verdade. Não queremos nos colocar nenhum tipo de rótulo ou estilo, pensamos somente na canção, sendo assim posso te garantir que você vai encontrar nesse disco, Funk, Rock, Hard Rock, Mpb, Progressivo e qualquer tipo de som que venha agregar à sonoridade Pedra. Nosso estilo é não ter estilo mas com o tempo quando você ouvir um som novo você poderá dizer: Isso é Pedra.
Não vejo muito regionalismo no disco, não tem muito haver com o ambiente, a maior parte dele é extremamente existencialista e indivíduo é indivíduo não importa aonde esteja. ( Isso ficou cabeça demais da conta sô.....), mas é verdade.
Rodrigo Hid — O Pedra escreve em português. As idéia impressas nas letras podem refletir as aspirações de um paulista, gaúcho, bahiano ou carioca, estando tanto ele na cidade como no campo. Acho as letras muito humanas. Quanto ao estilo mais uma vez reforçamos a idéia de que o Pedra não é exclusivamente uma banda de Rock.
Luiz Domingues — Ao contrário de outras capitais, São Paulo não tem uma unidade. Por ser cosmopolita somos um microcosmo de tudo o que acontece. Portanto o som do Pedra reflete essa multiplicidade de influências. O fã de Rock progressivo setentista vai gostar do disco pois vai perceber influências nítidas tanto nos arranjos como nos timbres dos instrumentos, e assim por diante a garotada moderna vai se identificar, assim como o pessoal da Mpb, curtidores de Black Music, Hard Rock etc...
— Como está o entrosamento da cozinha (baixo/bateria) promete muito.
Rodrigo Hid — Simplesmente sensacional.
Xando Zupo — Como diria Athaíde Patrese, ( O homem do Microfone de Ouro ). - Simplesmente um Luxo. Eu e o Alex já tocamos juntos no Big Balls mas tocar com o Luís é impressionante. Ele é o melhor baixista que já toquei em toda minha vida, com todo respeito aos que já toquei antes e que eram ótimos músicos.
Luiz Domingues — Alex Soares apesar de ainda jovem demonstra muita experiência. Ele é firme, muito técnico e têm um extremo bom gosto para compor seus arranjos. Acrescentando ele também tem talento como compositor e vocalista.
Alex Soares, o Batera, viajou para substituir o Batera do Fernando Deluqui, por isso não participa das respostas...
Pedra!
Faixas
1. Sou mais feliz
2. Vai escutando
3. Se agora eu pulo fora
4. Me chama na hora
5. Amanhã de sonho
6. O dito popular
7. Madalena do rock'n'roll
8. Reflexo inverso
9. Misturo tudo e aplico
10. Estrada
11. O galo já cantou
Músicos
Xando Zupo, guitarra, voz e composição
Rodrigo Hid, guitarra, voz, composição e teclas
Luiz Domingues, contrabaixo e composição
Alex Soares, bateria
Pedra: análise é como comentário futebolístico feito por quem nunca jogou ou outros que nunca tocaram, debruçando-se sobre o ofício de emitir o que não deveria ser reportado (mea culpa, minha só culpa).
O CD aí em cima, gravado profissionalmente na Era da Pedrada! foi precedido na Internet por dois singles de um lado só: a conhecida O dito popular e Estrada, uma infinita highway...
Positivamente! O Pedra toca muito! Suas guitarras são "intocáveis". Este não é um trabalho exclusivo para roqueiros saudosistas, estes têm que se contentar com as gotas espremidas ou "baixar" a atualização. Pedra, não é mais uma realização inequívoca para agradar os fãs; eles estão livres da condição de apêndice e vão à estrada atrás do grande público e a hora é essa, não são amadores deslumbrados, eles poderiam soar como a nossa imaginação pretende, inversamente eles se divertem e deixam o disco seguir esse glamour profissional, não pense em exigir mais da produção de Renato Carneiro, ao contrário o trabalho dele é não deixar que as ideias da banda sobreponham-se ao produto, é ele que decide, apara e revela as canções. Este é o seu trabalho.
O instrumental do Pedrapulsa no balanço de Kool and the Gang, Billy Cobham, Tommy Bolin com passagens do morro e a línguagem das ruas (o provérbio, o grafite, o slogan, a publicidade) e a já apregoada perícia instrumental de seus componentes.
Destacam-se a balada, Amanhã de sonho, o rockão Madalena do rock'n'roll (cuja letra deixa o ouvinte perplexo ou não) eEstrada o caminho que a banda está seguindo...
Via emeio, Rodrigo Hid conta as últimas da Pedra!
— Como anda a agenda de shows do Pedra? Dá pra adiantar os nomes de algumas músicas do próximo álbum?
Rodrigo Hid — Fizemos um show espetacular aqui em São Paulo no Centro Cultural, foi um autêntico "happening", com a banda do Cézinha das Merces abrindo, e a gente fechando, um grupo de teatro interagindo, e cenografia do Diogo Oliveira...
Muito bom. O próximo álbum começa a ser gravado em breve, algumas músicas novas: Rock'n'não, Saiu de férias (e nem quer lembrar), Tô indo a mil, Megalópole e outras mais estão por vir...
— O próximo CD será mais pauleira? - Achei este meio magic touch mas com muita garra e fina classe...
Rodrigo Hid — Quanto ao novo álbum do Pedra, acho que ele mantém a linha do primeiro, tem momentos bem pauleira e outros mais tranquilos. Pessoalmente, acredito que este vai superar o primeiro em todos os aspectos. A banda está bem redonda, e as composições está ficando muito boas. Entramos em estúdio em breve.
Abração, Rodrigo Hid