NOS 27 ANOS DA PATRULHA DO ESPAÇO! 'SIMPLESMENTE' NAS GUITARRAS RODRIGO HID & MARCELLO SCHEVANO (2004)

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Foto: Grace Lagôa

 

— Você já ouviu o "Capturados ao vivo no CCSP" novo lançamento da Patrulha do Espaço?"

Rodrigo Hid — Ouvi sim, e fiquei superfeliz deste disco ter sido lançado, por ser um registro muito legal de uma fase muito boa da banda.

 

Show, a exposição direta da música e do músico

texto Rodrigo Hid*

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Foto: Grace Lagôa

À esquerda, aos 24 anos, o compositor e multi-instrumentista,Rodrigo Hidera um dos guitarristas daPatrulha do Espaço no último show da banda com esta formação em São Carlos, hoje integra a bandaPedra

 

Tenho vários projetos na área de música, sendo o de maior destaque com a veterana banda paulistana Patrulha do Espaço.

Tenho muito orgulho de estar inserido na Patrulha e ter sido um dos responsáveis pelo ressurgimento da mesma.

Compor para mim é a forma pelo qual eu exprimo meu sentimento. Tenho parabólicas dentro de mim que captam uma frequência e a mandam para o instrumento com o qual estou utilizando (sou multi-instrumentista). Há composições que já saem praticamente acabadas, com letra e tudo. Há outras que vêm brutas e precisam ser lapidadas com muita paciência e carinho. Brian Wilson já dizia que a música para o compositor é como um filho, e sou partidário desta ideia. Eu diria que muito orgulho que faço música artesanal.

Ensaiar é ótimo, é interação, é dar forma à composição, seja ela sua ou não. Quando você ensaia sozinho (eu faço voz/violão na noite paulistana) é uma viagem pessoal, você fica a mercê da sua empolgação. A presença de um segundo elemento já muda todo o contexto, pois uma energia nova está ali em interação com a sua. O importante no ensaio com mais músicos, é o respeito pelas ideias e pela personalidade musical de cada um. O importante é invocar os espíritos sonoros e entregar-se ao deus Som.

Tocar ao vivo é antes de tudo troca de energia. Você doa energia. E também é sempre um desafio profissional, pois haverá em um dado momento uma avaliação reflexiva por parte do músico(s) e do público. Há todo um ritual antes, durante e após o show. O ritual varia para cada um. O show é a exposição direta da música e do músico.

Gravar é a confirmação da transcendentalidade da energia sonora que a música possui. Tecnicamente falando, se o processo de composição e ensaio foi um sucesso, a gravação terá o mesmo destino. O músico/compositor se realiza na gravação, pois esta também envolve o processo de arranjo, o que sugere muitas ideias a serem trabalhadas, inclusive existem somente arranjadores que muitas vezes transformam músicas em "hinos" (vide George Martin e Rogério Duprat).

Na Patrulha do Espaço eu destacaria uma música minha do álbum "Chronophagia" intitulada O Pote de Pokst, que as pessoas sempre elogiam tanto nos shows como pela gravação, o que me deixa extremamente feliz. Ela foi uma música que "saiu" fácil, um daqueles momentos de inspiração que você agradece aos Deuses e pede para que aconteça novamente. Uma transa inesquecível. Música e letra saíram quase que instantaneamente, e a gravação foi bem próxima ao que fazemos ao vivo, daí a preservação da energia da música que contagia os seus ouvintes.

Gostaria de ter composto God only knows de autoria de Brian Wilson dos Beach Boys. Ela está no álbum "Pet Sounds".

Escolhi esta por vários motivos pessoais, mas basicamente é porque fala do amor e isso é a única coisa que vale nessa vida. Uma obra de arte, tanto a música como a letra.

29fev2004

Foto: Grace Lagôa

29 abr. / 2004Marcello Schevano na guitarra

Marcello Schevano: Patrulha soou Patrulha até o fim

Gravando o primeiro CD do Carro Bomba

Fatos e detalhes de estúdio, palco, instrumentos, momentos marcantes. Perguntas abertas, de fã mesmo.

— Quais os destaques da sua contribuição instrumental (tocando teclados guitarra e compondo e gravando) durante as gravações dos álbuns Chronophagia, Compacto e Missão na área 13? Se possível comente quais as músicas que melhor encantaram os teus ouvidos. A qualidade de gravação dos discos variava? Qual deles o melhor produzido. No fim a Patrulha do Espaço soava como a Patrulha do Espaço?

Marcello Schevano — Algum tempo antes de pensar em vir a ser Patrulheiro, eu, Rodrigo Hid e Luiz Domigues, formamos a banda Sidharta, junto ao baterista Zé Luiz Dinola (Ex - A Chave do Sol). Posso dizer que nesta época compusemos “Chronophagia” juntos, porém sem saber que viria a ser o primeiro trabalho desta nova formação da Patrulha do Espaço.

Começamos a tocar com o Rolando logo depois da saída de Zé Luiz do projeto e então arranjamos as músicas com as novas levadas de bateria. Deste trabalho as únicas músicas que trabalhamos diretamente com o Junior foram Sendo o tudo ou nada e Sunshine que é uma regravação.

As gravações foram no estúdio Camerati em Santo André, e a produção não deve ter demorado mais de 20 dias.

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Em 2002, começamos a ensaiar sem compromisso o que viria a ser “.ComPacto”.

Desta jornada posso dizer as composições não foram mais trabalhadas diretamente em grupo. Eu e Rodrigo e o Luiz Domingues chegamos com músicas prontas ou aparamos as arestas em casa. Apesar disso é um trabalho que reflete uma maturidade maior, pelo fato de termos arranjado tudo desta vez com o Junior, tornando-se mais coeso.

Gravamos em poucos dias na Guatemala, como diz no encarte.

"Missão na Área 13", é o último trabalho desta formação, ou seja, depois de milhares de horas de ensaio, shows e estrada e apesar dos desgastes entre nós, soou o melhor logo de cara. As composições ficaram mais a meu cargo neste trabalho. O Rodrigo e o Luiz Domingues não contribuiram muito. O Junior me ajudou com algumas ideias para letras e foi rápido. Foram 9 espirituosos dias no estúdio Área 13 em São José do Rio Preto. Além disso, contamos com a ótima co-produção do Gustavo Vasquez.

Eu e o Rodrigo sempre revezamos os teclados, guitarras e vocais, ao vivo ou gravando. Já pra se saber quem está tocando só pra quem viu ao vivo.

A qualidade das gravações variaram assim como variavam as possibilidades de gravar. A Patrulha sempre foi independente, logo nunca deixou escapar nenhuma boa oportunidade de gravação, mesmo que essa não soasse ideal.

 

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Foto: Grace Lagôa

Até o fim a Patrulha soou a Patrulha pra quem ouvia, prova que nenhum de nós deixou a peteca cair, até nós piores momentos.

— Você foi o primeiro a partir para um trabalho solo? Quando sacou esta necessidade?

Marcello Schevano — Durante os ensaios do CD "Missão na Área 13", senti que precisava começar a pensar nisso.

O que aconteceu foi que o Carro Bomba surgiu logo depois sem que eu planejasse nada, o universo simplesmente conspirou em favor do som, me dando de presente uma nova Banda e não um projeto solo.

Você estava“mais alto”durante o show dos 25 anos da Baratos Afins? Fale-nos de um show perfeito da Patrulha...

Marcello Schevano — Sinceramente não me lembro direito deste show, porém coincidentemente este show foi um dos mais bem elogiados shows da Patrulha.

— Ao ligar o rádio do carro qual canção gostaria de ouvir imediatamente e porque?

Marcello Schevano — The Gates of Delirium do Yes, pois é algo bem improvável.

— Das canções interpretadas da fase do Arnaldo qual a que bate mais fundo e como você reproduz o improviso de esquerda da mão do Arnaldo. Ele era canhoto? Dá pra perceber isso?

Marcello Schevano — As canções do Arnaldo que mais gosto estão no álbum "Lóki?". Porém da fase Patrulheira do Arnaldo são, O tremCortar JacaSunshine.

Quanto a minha performance tocando as músicas dele, sempre procurei tocar do meu jeito, muitas vezes produzindo versões para suas canções.

Quais canções que não estão no primeiro CD do Carro Bomba. Que são executadas ao vivo?

Marcello Schevano  Acho que você se refere às versões que fazemos. Tem de tudo, nosso repertório é bem extenso, fazemos Sá, Rodrix & Guarabyra (Mestre Jonas), Raul Seixas (Rock do Diabo) e até Patrulha do Espaço (One Nighter).

— Como tem sido a reação do público ao desempenho do Carro Bomba e em que difere o som do seu grupo anterior (Patrulha) no caso. É sábio evitar comparações mas o rock brasileiro sempre espera uma postura heróica de suas bandas sem apoiar muito. Como você vê os horizontes para o teu novo grupo?

Marcello Schevano — O Carro Bomba tem agradado bastante. Não podemos reclamar de nada. Estamos direto na mídia especializada, nosso CD tem vendido bem e os shows estão pintando.

Não importa se os integrantes de uma banda já são rodados, uma nova banda é um marco zero, é preciso pensar assim para dar certo.

O som do Carro Bomba é bem mais direto. É bem Hard do começo ao fim. Não tem baladas nem letras herméticas. Tudo é na cara e direto.

 

— Sua discografia completa!

Trabalhos autorais de Marcello Schevano

Patrulha do Espaço
Chronophagia - 2000
Dossiê Vol 4 - 2001
.ComPacto - 2003
Missão na área 13 - 2004

Carro Bomba
Carro Bomba - 2004

Som Nosso de Cada Dia
Dia a dia - 2004 (Lançamento em 2005)

Gravações, arranjos

Teclados, guitarras, violões e flautas

Baranga - Baranga - 2003

Marco Aguyar Bela Cintra - 2005

Tomada - Tomada - 2003

Xando Zuppo - I´got my own world to live - 2004

Golpe de Estado - Prá poder - 2004 Universal

Marcia Morelli - Tempo.com - 2004 (Lançamento em 2005)

Rene Seabra Marias de Portinari - 2004 (Lançamento em 2005)

King Bird - Jay Walker - 2004 (Lançamento em 2005)

 

Coletâneas

Música para reciclar Movimento Ecocultural - 2002

Festival Demo Sul - 2003

Sim São Paulo - Sim São Paulo - 2003 Universal

 

 

 

 

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