Projeto Casulo: Terceiro evento dia 14/04, com Mariana Camelo &  Banda e Cálida Essência

Terças no Sesc Garagem 913 Sul – uma vez por mês

Ontem (03 março / 2015) Bandas: Barganha e Dög Savanna

...Se o mar não está para peixe, imagine para as guitarras...

Nas dezesseis cidades satélites de Brasília, a cultura se fragmenta em estandartes com própria identidade e ação, o símbolo dessa resistência é a conhecida falta de participação do Estado e do público.

Se faz necessário uma fala coerente: "Se é isso que é a nova música brasileira. E se essas bandas que são as bandas que Brasília tem a contribuir com o Rock, ESTAMOS FUDIDOS. No meu calendário mortes não tem espaço para não subversão e todos os seus sinônimos. Se esse Rock burocrático que vai criar uma nova 'cena rockeira de Brasília' estamos fudidos outra vez. Não estou falando do Rock dos anos 80, mesmo porque ele é um defunto que vive num eterno dois de Novembro. Mas, é isso aê! A lâmina da guilhotina está na altura do seu pescoço". (Everaldo Maximus, contrabaixista no trio de rock Valdez e um dos produtores do Movimento F.O.D.A Pública).

O ponto de vista matador de Everaldo Maximus atinge o alvo e provoca uma reflexão particular "Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?"

Outra fala: "Uma cena fraca num lugar super bacana e bandas da pesada!". (Ricardo "Retz" produtor cultural do Museu da Música no Guará).

Partindo deste pretexto qualquer ação que mescle o autoral e o empresarial já beira o inacreditável. Nos bares, eles vendem vícios e usam a sua música de maneira inapropriada. Você tem que pelo menos imaginar o que se passa pela cabeça dos empresários das casas noturnas, pegando leve: 'vocês deveriam estar felizes por abrirmos espaços' - espaços estes não remunerados e por aí segue a eliminatória dos festivais e karaokes de bandas de verdade que não existem há mais de 40 anos, salve Black Sabbath.

Por outro lado, os músicos se nivelam por baixo quando aceitam apresentar-se e receberem donativos no chapéu, parece coisa de Chapeuzinho Vermelho e nós lobos de nós mesmos. Um segmento interessado no holofote e na imediata exposição. Uns mais expertos negociam cachês antes. Então não é paritário o acordo, alguém acaba sendo passado para trás.

Então mudamos para as luzes do Teatro Sesc Garagem, ponto de orgulho do rock Brasília. O teatro disponibilizou dois funcionários e o seu espaço gratuitamente. Sem dúvidas o apurado não paga os funcionários, a água e a luz: os tais custos básicos. Como proposta de uso social, só devemos agradecer aos comerciários do Sesc. Envolvidos também a produção do Projeto Casulo, com sua equipe de registro e assessoria aos músicos.

Das Bandas
Barganha é um quinteto de hard rock em português com alguns shows nas costas e relativo nome. Sendo subjetivo, nos ensaios da banda,  deveriam tocar todo o repertório do disco Metalmania de Robertinho de Recife para aprender a aquecer a plateia e eu não ficaria em Whitesnake, Judas Priest é mais visceral em certas situações. - Mas. Mário Somos uma banda autoral? Esqueceu? - Pois é, eu acho que ajudaria na dinâmica da apresentação ter um figurino também, nada espalhafatoso. Como músicos eles precisam domar a individualidade em prol de uma execução que mostrasse mais o envolvimento musical, em alguns momentos as partes ficam isoladas sem dialogarem, falo das duas guitarras ou do contrabaixo e da bateria. Do vocal, aguardo uma melhor apresentação claramente prejudicado pelo som de voz, uma equalização nas caixas elevadas (não sei se elas estavam ligadas!).
Do repertório, com 9 músicas autorais se destaca "Drink no Inferno" quando a banda consegue ser rock & roll. Proeza será repetir a dose nas demais.

Se foram aprovados? Foram sim, um pouco acima da média. 

Conquistas
Dög Savanna estão em pleno processo de conclusão das cinco músicas que comporão seu próximo EP. Também foram selecioandos para participar da seleção de entrada no line-up do Festival Lollapalooza.
Poderíamos dizer que a matilha estava alegre. E que no palco, eles não brincam, despejaram sobre nós decibéis das velhas canções. Nas novas canções, "Mundo" e "Verdades" atingiram um apelo pop sem perder a pegada. Suas novas composições têm toques de Legião Urbana e Titãs (pode ser que um dos reacionários diga: - que merda) mas sou da opinião de que reproduziram ao vivo o que registraram no estúdio. Deve ser culpa do azimuth, uma banda soar como suas antecedentes.

A performance da guitarrista Seven revela que ela estuda o seu instrumento e se esforça para não mudar de estilo. Dudu nos mostra como os grandes baixos devem ser tocados: repletos de escorregadas e contrapontos o tempo todo chamando a bateria para colar em seu suor. A cozinha toca por amor. O baterista é empolgado e ainda se diverte. Quanto ao vocalista, Sorrac sobe ao palco e consegue se concentrar no que está fazendo, ele também não está brincando. Por isso, Dög Savanna se destaca nos festivais além do Planalto.

Um só caminho
Botar o pé na estrada e fugir da sensação de que Brasília, já deu o que tinha que dar. Escapar da deprimente sensação de que a política nacional contamina as produções artísticas locais.

Projeto Casulo, produção de Alexandre Magno
Antes de produtor, Alexandre Magno é guitarrista e condutor de van. Já tomou prejuízos na estrada e mais ajudou que foi ajudado. Não vamos discutir preço de ingresso, falar de panfletagem e de bandas que não fizeram o dever de casa que é a divulgação. Alexandre Magno têm as suas armas que possibilitaram bancar este front contra a pasmaceira. Há outros envolvidos na produção do Projeto Casulo que são os responsáveis pelo palco e registro dos shows. Shows já históricos que deixarão saudades pois são a retomada de um espaço diferencial.
O divisor de águas será na terceira apresentação das cinco apresentações agendadas do Projeto Casulo no Sesc Garagem, quando poderemos medir e definir novas táticas que sempre partirão da união, luta, divulgação e dedicação. O mais louco, Alexandre Magno é que você abandona a indolência presente nos críticos. 

Terceiro evento dia 14/04, com Mariana Camelo &  Banda e Cálida Essência