"Está na hora de ligar os nossos cérebros!" Marlon Gustavo
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No centro da questão, o O guitarrista, vocalista e compositor Marlon Gustavo
"Está na hora de ligar os nossos cérebros!" Marlon Gustavo
Você tem diário de viagem?
Não!
Fez alguma letra?
Marlon Gustavo: Ainda não... Mas to com algumas ideias!
Eu quero escrever algo sobre o Guará, sobre o pessoal e as catuabas contar e o que conheci no cerrado! Quero não só fazer uma música, mas também escrever algo para O mofo! Uma página de poemas e crônicas !
Se no sul não é toda essa maravilha apregoada. Como você viu o centro-oeste da cultura independente?
Marlon Gustavo: Algo parecido muito mas muito parecido com o que vejo aqui, no entanto, em Porto Alegre temos um público mais jovem, o que observei em Brasília é que, o pessoal vem de uma cena que resiste desde os anos 80 e 90, o que torna a coisa mais profissionalizada! Aqui o pessoal faz tudo sem experiência nenhuma, e essa é a fonte de grande parte dos nossos problemas! Uma coisa que achei complicada ai é a questão da mobilidade, quem depende de ônibus tem muita dificuldade de participar de um evento devido a questões de horário e distância! Mas no geral, a coisa é bem parecida, aqui em Porto Alegre a cena independente também carrega sua cruz! Escassez de espaço e pouco público também!
Qual foi a tua sensação quando viu os livros na parada de ônibus?
Marlon Gustavo: Achei uma loucura!! Os primeiro que vi pensei que alguem tivesse esquecido, peguei todos que pude! Depois chegamos a uma praça e observei uma geladeira, que pra minha surpresa estava cheia de livros! Então, o pessoal me explicou a ideia, fiquei muito envergonhado! Descobri que a ideia era uma troca! Não é da nossa cultura aqui este tipo de coisa, infelizmente... Temos algo parecido, mas com agasalhos pro pessoal que dorme na rua! Estamos muito a fim de tentar implantar essa ideia de troca de livros, mesmo com muito medo de não dar certo!
O que você achou das críticas das tuas letras já queriam te ensinar a compor?
Marlon Gustavo: Nada que já não fosse esperado! Falar de sexo, no Brasil é quase crime! É irônico, logo no Brasil, mas acredito que Elvis passou por isso ao exibir o rebolado dos quadris, sex pistola também, teve disco proibido só por causa do nome... Eu penso que arte é a expressão do que se vive, se eu minhas letras, não serei eu! O pessoal precisa se inteirar melhor sobre o que é machismo, o que é sexismo, é o que é arte, mesmo que não pareça! Tocamos punk rock se estamos constrangendo estamos no caminho certo!
Inquestionavelmente o Festival Conexões foi sucesso de mídia. Quais os teus sentimentos a respeito dos shows?
Marlon Gustavo: Em matéria de estrutura muito bons, também soube que houve muita divulgação! Acredito que poderíamos ter tido mais público, mas dai entra aquela parada da mobilidade pública!
No geral adquirimos muita experiência, e a receptividade foi muito grande!
Um recado que vc quer e dar e não foi abordado nas perguntas...
Marlon Gustavo: Então é aquela coisa... O rock no Brasil, esta assim como conhecemos em cada região do pais, difícil! Somos nós que mantemos isso vivo, vá em shows, apóie bandas que estão dando a cara a tapa! Vamos ligar nossos cérebros!
Fotos: Edson Salazar
Tradução aproximada de Watchatcha seria 'vá à merda'
Sábado 2 de maio: Watchatcha punk rock dos pampas no Guará
Teatro Garagem – Sesc 713 Sul
Umarraiz + Corte Seco + Watchatcha (RS) + Ras Kakaroto
Rock Brasília que cada um carregue a sua cruz
Foi-se o tempo em que a tradicional Terças no Garagem conseguia unir público e agitação.
No clima calmo da noite desta última terça-feira, o que se viu foram bandas com fome de palco e um público formado por velhos rockers integrantes de outras bandas que vieram prestigiar o esforço de ocupação dos reduzidos espaços para o rock da capital.
A iniciativa do Festival Conexões organizado pela Elo Produções é trazer bandas de fora para se apresentarem em Brasília. Uma mistura tradicional de reggae com punk rock e agora rap.
O ensaiado octeto Umarraiz juntos há seis anos demonstrou uma coesa apresentação com seu caldeirão de reggae com ritmos brasileiros. Anotaram um hit “Final do dia”.
O despojamento rítmico cedeu lugar à rinha de galo contra o sistema: Corte Seco cortou fundo. Uma hemorragia de clássicos do punk rock costurada por libelos transformou o palco num ringue. Os tímpanos foram estourados...
Hora dos visitantes
O trio Watchatcha (RS) abusa da jovialidade e percorrem a trilha das bandas jovens com sangue nas veias. Vieram do sul e trouxeram um repelente punk rock libidinoso com cenas nem tão picantes do cotidiano: não espere frases e refrões de punk rock em livros de autoajuda. O negócio do Watchatcha é punk rock na veia tipo os ingleses dos Toy Dolls. Uma pegada de guitarra e vocal que se garante, uma bateria vibrante com contrabaixo colado fazendo rock’n’roll. Os caras são abusados e convictos da sua atuação. O jogo de suas pernas é rápido e tome alguns hits porcos como “Casa do Mário”, “A Barata”, “Clube da Luluzinha” e “Banheiro Sujo” e a profética “Fudido e mal pago”. Poderão ser curtidos neste sábado no Guará.
Antes das luzes apagarem, Ras Kakaroto foi esperto o suficiente para estourar novamente nossos tímpanos com seu discurso rítmico.
Para Sérgio Pinheiro, o homem palco do Garagem o festival foi “de porte médio para bom”. Não faltou adrenalina: o suporte sonoro e audiovisual estava acima das perspectivas e os gaúchos de Porto Alegre ficaram felizes com a acolhida quente numa noite calma.
Serviço:
Barbarella Bar – Conic, 20h00 (1 de maio)
Watchatcha / Nomes Feios / Corte Seco / Karroça / Dog Savanna / Cartel Sonoro
Up-Club (Cave) – Guará, 20h00 (2 de maio)
Watchatcha / Corte Seco / Dia D / Projeto Macaco / Outubro HC / Antimácula
Fotos: Edson Salazar
Até dona Dilma saiu de casa para curtir o Watchatcha