Alternative Discos, um dos novos sebos de discos que ajudam a mudar a fachada do Conic
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BRASÍLIA/CONIC - SDS ED. MIGUEL BADYA LOJA 02 (61) 98249 - 4909
Estamos cientes de que o tempo não para. Nessa fachada no início dos anos 80, funcionou a loja JEGUE ELÉTRICO ponto de inseminação cultural comandado pelo saudoso bardo Ary Para-raios. Trinta anos depois num momento em que as portas se fecham para o mundo do rock, eis como Fênix ressurge uma semelhante atividade cultural no mesmo espaço.
A ALTERNATIVE DISCOS é uma loja fisicamente pequena, talvez o mais autêntico dos sebos pela sua disposição com vários CDs e DVDs espalhados pelo chão. E o melhor de tudo é o seu preço que atraí consumidores de Minas e São Paulo e do mundo. Através de um grupo no aplicativo WhatsApp, os consumidores são informados das aquisições da loja.
São vários LPs desde a MPB ao punk rock nacional, CDs dos medalhões do rock dos anos 60: Beatles, Rolling Stones, The Who, Jimi Hendrix. Coisas de Iggy Pop, The Stooges, Lou Reed e pérolas dos anos 60. Local ideal para encontrar edições recentes de CDs de Tom Zé a Gilberto Gil; CDs baratinhos dos Mutantes. Camisetas vindas de São Paulo.
As eternas coisas de Brasília
Entre os mais vendidos na loja figuram os LPs e CDs da Legião Urbana e suas camisetas difíceis de serem encontradas na Capital Federal.
Na mais pura filosofice do dia a dia e da sobrevivência, o proprietário Renato Lemos Aguiar se mostra seguidor dos ensinamentos do China, ex vocalista da Excomungados que também vende discos só que em São Paulo. Renato Aguiar sempre pensa na satisfação do cliente: mais vale um colecionador satisfeito do que o disco na estante da loja. O lojista propõe um comércio favorável sem espoliar os colecionadores. Aceita trocas e um pronto desconto: afinal ele, Renato também pede descontos. Dependendo do dia, o primeiro consumidor consegue um desconto maior ou ainda uma cerveja dependendo do calor.
Ponto de encontro
No Conic gerenciado culturalmente pelo Renato na ALTERNATIVE DISCOS e Rafael Sales no QUIOSQUE CULTURAL DO IVAN; Luizinho da ATLÂNTIDA DISCOS e Reinaldo Freitas da BERLIN DISCOS e outros companheiros, rimos a tarde toda contando anedotas dos tempos do CAFÉ BELAS ARTES e do imortal Jota Pingo. No meio da conversa aparece o escultor de madeiras Dêlor Martins e o pintor de entrequadras Paulo Iolovitch. Homens com cultura para entreter os olhares ávidos dos famintos pelas artes.
O guitarrista Renato Estrela (Espaçonave Guerrilha) segundo ele, autor do hino "Desempregado" foi também um desses passantes. Já fomos falando em restaurar a vibe do rock'n'roll e assustando quem tava perto. O rock rolou e Renato Estrela se despediu de nós com um abraço. Foi para Formosa e depois para a Europa. Na mesma hora no Conic nosso de cada dia, encontramos o produtor e cadeirante Ricardo Retz. Foi uma das coisas mais árduas sair do Conic, pois não há rampa de acesso ou elevador disponível nos prédios, em pleno centro da capital do país onde disputam-se as Olimpíadas. Ultrajante!
No Conic a arte está de vigiília e borbulhante com segmentos variados e sortidos de roupas, cortes de cabelos, quadrinhos, tatuagens, skatistas e jogadores de xadrez. Festas com bandas de rock, exposições em galerias e grafitagem. Agora falta o Governo do DF fazer a sua parte e aplicar imediatamente parte da arrecadação do IPTU numa acessibilidade decente para quem luta para chegar mais próximo da cultura de Brasília.
Renato Lemos Aguiar comércio de discos de fã para fã; Mário Pazcheco completa a estante dos medalhões dos 60s e Paulo Iolovitch comenta que nos seus 50 anos de Brasília nunca viu a capital tão depredada e abandonada