RENATO RUSSO: O FILHO DA REVOLUÇÃO (RENATO RIELLA - 2006)
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TRAÇA Arte Cultura e Informação
Ano I n 1 - Setembro 2006
It's Very Nice Pra Xuxu - Em 1979, Delfim Netto por um breve período foi empossado ministro da agricultura e tempo suficiente para um jovem jornalista surpreender a mídia nacional perguntando a Delfim, em entrevista coletiva, se ele já tinha visto ao vivo um pé de chuchu. O ministro, sábio, reconheceu que não, dando notoriedade ao jornalista Renato Manfredini Júnior.
"O futuro não é mais como era antigamente". Eis uma frase para reflexão, feita há 20 anos pelo genial Renato Russo. Pense nisso!
Renato Riella - jornalista e escritor
Todas as faixas etárias, todas as faixas sociais e todas as regiões do Brasil conhecem o autor dessa frase genial (exceto os intelectuais, que vivem às vezes um mundo muito restrito).
Renato Russo, o maior valor cultural produzido em Brasília, tinha a mesma idade da cidade. Isto é: se estivesse vivo, completaria 46 anos no próximo dia 11 de outubro, quando estaremos registrando exatos dez anos da sua morte.
Mas ninguém pode reconhecer como morto um mito que só faz crescer. As gravações do conjunto brasiliense Legião urbana estão sempre as mais tocadas, em todo tipo de rádio (inclusive nas rádios dos intelectuais).
O fenômeno Renato Russo explica-se pela riqueza musical das composições, aliada a um estilo musical das composições, aliada a um estilo próprio de cantar aceito pelos velhos e pelos jovens, num rock reflexivo e maduro. Para valorizar toda a sua obra, destacam-se produções que surpreendem pela irreverência e pela provocação política permanente.
Renato Russo era gênio em tudo. Antes de fazer sucesso como músico, entrou na história ao encostar na parede, na década de 80, o recém-empossado ministro da Agricultura, Delfim Netto, que nunca tinha convivido com a área rural. O jovem repórter de rádio Renato surpreendeu a mídia nacional perguntando a Delfim, numa entrevista coletiva, se ele já tinha visto ao vivo um pé de chuchu. O ministro, sábio, reconheceu que não, dando notoriedade ao jornalista.
Essa face desconcertante é mostrada nas músicas, onde Renato define a sua geração como "os filhos da Revolução, burgueses sem religião", o que explica os desencontros vividos por ele e seus contemporâneos.
É importante chamar a atenção dos brasilienses para a riqueza cultural da obra de Renato Russo, que poderia estar classificado entre os maiores poetas jovens brasilerios, se não estivesse instalado entre os grandes nomes de sucesso da MPB (os intelectuais não aceitam a música como literatura!).
Homenagem
"É preciso amar as pessoas como s enão houvesse amanhã"
Renato Russo e seu patrimônio musical serão o tema central do Capital Fashion Week este ano, focalizados na decoração do Centro de Convenções, em algumas trilhas sonoras, em lounges e publicações do evento.
É bastante simbólico, pois no dia 11 de outubro deste ano completam-se dez anos de sua morte, sem que o prestígio desse artista falecido aos 36 anos tenha decaído. Pelo contrário, podemos dizer que ele é hoje o mito musical mais valorizado do país, tocando em todas as regiões, todas as faixas etárias, todas as faixas sociais, como se estivesse cda vez mais vivo.
A ligação de Renato Russo com Brasília é muito grande. Embora nascido no Rio e tendo morado algum tempo nos Estados Unidos, foi aqui que um alto funcionário do Banco do Brasil, Renato Manfredini, se isntalou junto com a mulher, a professora de Inglês Maria do Carmo, possibilitando que Renato Manfredini Júnior convivesse com jovens músicos que depois formariam bandas como Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Plebe Rude.
Todos sabem que ele começou tocando numa banda chamada Aborto Elétrico, em 1978, tendo formado a Legião Urbana somente em 1982. Além de compósitor de altíssimo nível, era vocal e baixo na sua banda.
Há muito detalhes interessantes na vida do mito. Seu nome artístico veio de um pseudônimo que criou, chamado de Eric Russel, tirado de três grandes ídolos: o filósofo Jean-Jaques Rosseau, o pintor naif Henry Rosseau e o filósofo Bertrans Russell.
Às vezes, parece que o resto do Brasil valoriza mais Renato Russo do que Brasília. Pode ser mera impressão, mas devemos lutar para que a sua marca seja a cada momento mais forte na cidade onde mora o seu único filho, Giuliano, de 17 anos, já em início de carreira musical própria.
Todas as Gerações - o conto brasiliense contemporâneo não pretende ser delimitador de uma fisonomia lieterária, com DNA, carteira de identidade e outras conformações oficiais e estanques. É, antes de tudo, reprodução da tessitura de várias gerações. Inclui autores que chegaram ainda nos primórdios da construção, outros que vieram durante o processo de consolidação da Capital e uma nova geração, esta representada por aqueles nascidos na cidade, cujas obras já se utilizam do imaginário local. Revela, ainda, diversas experiências estéticas, na pluralidade de linguagens e estilos, que constroem a polifonia literária da cidade.
Todas as Gerações - o conto brasiliense contemporâneo é mais uma picada aberta na tentativa de se perceber, registrar e fixar historicamente a memória da produção literária local, dialogando com diversas tendências e faixas etárias. É a voz dos escritores que escolheram a cidade (e foram acolhidos por ela) para viver e criar realizando uma arte multifária, que oscila entre os grilhões da tradição e do cânone e o terreno ousado das vanguardas, rupturas e experimentações. Esse painel de veteranos e novatos, de premiados ou não, a mostrar a sua cara, simboliza o Brasil e sua diversidade, pois concentra várias estruturas narrativas e expliciita a versatilidade temática e formal, na linha do espírito heterogêneo e renovador inaugurado com a Nova Capital; também objetiva comunicar o amplo espaço da imaginação numa cidade em permanente transformação, convidando o leitor a conhecer nossa literatura e, quem sabe, estimular o seu consumo e criar um mercado para os autores locais.