RENATO RUSSO: A PRIMEIRA ENTREVISTA! (1982)

manuscrito

   

Delírio: a primeira entrevista com Renato Russo, foi minha
(Mário Pazcheco)

A 13 de julho de 2009, o jornal Folha De SP, editou do verbo 'encurtar' a foto da Legião Urbana feita para divulgar a Temporada De Rock Da ABO, de Marcus Ottony, originalmente publicada pelo Correio Braziliense, em meados de abril de 1983. Sempre que vejo essa foto, me lembro que o primeiro show da Legião Urbana, em Brasília, ocorreu seis meses antes no Guará 2 - Teatro De Arena no Cave.

Eu cursava o segundo ano do Segundo Grau, e era um dos bobos-daquele-buraco gentilmente conhecido como Guará 2, que ajudara a colocar no mapa do rock brasiliense - sim!, naquele buraco tivemos e ainda temos muitos conjuntos de rock e excepcionais músicos tocando na noite até hoje no Guará 2, há grandes bares para o rock.

E nessa cultura, aliada às organizadoras do evento, do Guará mesmo, que estudavam no Colégio Elefante Branco, e eram fãs desde os tempos do Aborto Elétrico; EM BRASÍLIA, NO GUARÁ 2 A LEGIÃO URBANA FEZ O SEU PRIMEIRO SHOW!

Tati (Tatiana) era uma delas, e a pífia aparelhagem pertencia ao Extremo, trio de hard rock da cidade, i.e., daqui do Guará mesmo. Naquela noite de sábado, Renato Russo improvisou rimas ao contrabaixo, evocando o nome da cidade GUARÁ! GUARÁ! E, sendo sério, tinha muita gente, para aquelas condições: sem muita divulgação. Depois eu vi Renato Russo em outras satélites e ele as homenageava daquela forma mesmo, gritando o nome da cidade e replicando ao instrumento.

E lá fui eu no Renato Russo, e ele, sacando a minha incipiência, e também gula jornalística, educadamente pegou-me um saquinho de pão e mandou um press-release, uma peça de publicidade ali, na hora, e ainda me disse que saíra muitas vezes antes no jornal. Respondi que lia o jornal todos os dias,  e lhe perguntei: Qual é o jornal em que você sai? (...) Então, pesquisadores do roque brasileiro, consigam as matérias que saíram sobre Renato Russo antes de 1982!

O depoimento nunca foi usado de maneira pessoal. Essa história me veio à mente agora e finalmente é contada. Entrevistei, Renato Russo seis meses (23 de outubro de 1982) antes do que o Correio Braziliense. E, também, por isso, fiquei conhecido como "Renato Russo" por um bom tempo, na cidade.

 
"Obrigada. Tão bom rever as carinhas deles como eu me lembro..." (Ana Maria Bahiana)

 A Legião Urbana gravou seu primeiro LP na máquina de som dos Beatles

Por Mário Pazcheco

Até hoje, os beatlemaníacos brasileiros acreditavam que todos os equipamentos usados pelos Beatles estavam em Londres, exceção aos poucos que tenham sido leiloados.

Rio de Janeiro. 1984, a Legião Urbana está gravando a música “Geração Coca-Cola” no estúdio 2 da Mena Barreto – menor que o número 1, mas com uma mesa de gravação igual àquela que os Beatles haviam usado nos estúdios de Abbey Road.

Quando o beatlemaníaco, Renato Russo descobriu a história , apaixonou-se pela mesa/console de mixagem. Assim o disco de estreia do grupo foi concluído.

“Coisas da então EMI-Odeon. O estúdio da Abbey Road é parte dos bens da EMI, e eles tinham feito uma reforma recente, no final dos 1970 / começo dos 1980, exportando parte do equipamento ‘velho’ para suas subsidiárias. O console veio parar no estúdio do Rio, onde o Legião gravou o álbum de estreia. Eles tinham adoração pelo console”. (Ana Maria Bahiana).

Agora é muito difícil não acreditar que os pares de mãos habilidosas dos Beatles e seus técnicos não deslizaram por aqueles botões mágicos.

Segundo o produtor do primeiro disco da Legião Urbana, José Emílio Rondeau trabalhar no estúdio com Renato Russo era tão excitante como trabalhar com Arnaldo Baptista, mentor dos Mutantes. Assim foi gravado um dos mais geniais do rock Brasil não só dos anos 80 mas de todas as eras.

No livro Renato Russo escrito por Arthur Dapieve em 2.000, consta esta história num parágrafo. Foi um animado Rodrigo Leitão, também jornalista, roqueiro e ex-vocalista da banda Pânico, de Brasília que resgatou esta história-polêmica. Rodrigo Leitão possui um baú de histórias sobre o líder da Legião, incluindo a carta desafeto de Russo deixada a Jorge Davidson, o todo poderoso da EMI-Odeon. E as duas gravações inéditas de Renato Russo sozinho ao piano em “Ainda é cedo” e uma outra com a banda, gravadas na EMI-Odeon que poucos ouviram.

O disco de estreia Legião Urbana menos alucinado, menos punk, menos sujo em relação às demotapes e mesmo na mesa dos Beatles ainda soou como rock de garagem. As novas camadas já apontavam para a mitologia e a intuição.

 'Egotrospectiva': eu cobria todas... (falsa moléstia)

UVA a origem de um aparelho cultural

Nos caminhos da UVA tudo: bicicletas, super8, skat,e acampamentos, motos, rock, girls, noites, pôsteres, camisetas, mocasins, macacões jeans, guitarras, bandas de rock e viagens ao nordeste

A UVA era a nossa vitrine uma espécie de Apple dos Beatles.

No início, ficávamos em pé e encostados na parede de tijolos vermelhos da padaria da QE 34. Diariamente erámos revistados pelo Estado de armas em punho. Depois fomos comendo frango assado e litros de Velho Barreiro. No roteiro: vários filmes e concertos de rock. As primeiras viagens para outros estados e galáxias.

Fama?

Experimentávamos uma certa fama, porque a UVA aparecera por volta de 1973! Aglutinávamos estudantes das asas e viajávamos pelos eixos, éramos conhecidos.

Chaguinhas tinha feito um Super-8. Mancha imprimiu a primeira camiseta com estampa que eu vi, tinha estampa de Led Zeppelin e Jesus Cristo. Pedro Veras tinha um traço próprio e Joel era artesão, Gaspar era professor de matemática, Zé Otávio tinha horta e orientação política, Eli pilotava sua moto.

No cinema

Jimi Hendrix por Sganzerla. Woodstock. Monterrey Pop. Exibições de Rock é Rock Mesmo no Gama. Cine Brasília.

Na Cultura Inglesa, ao final do mês de agosto de 1980, eu assisti a HELP! E nesta mesma sala, uma semana depois do assassinato de John Lennon, assisti a 'Alucinados do som e da guerra" .

Em 1981, eu descobri o rock pesado durante um concerto, do Sepultura na quadra da ARUC, no Cruzeiro. Em julho, deste 1981, assisti o filme, Magical Mistery Tour no Galpãozinho e no mês seguinte (setembro) aconteceu, O Inesquecível ROCK CERRADO! Com Mel da Terra! Walter Franco, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Raul Seixas, Robertinho de Recife e Roupa Nova!

Em abril de 1982, na QE 32-Guará 2, na semana que abri o fã-clube dos Beatles, realizamos uma homenagem a Bob Marley, foi quando passamos nossa primeira noite na cadeia. Saímos no jornal Correio Braziliense em duas oportunidades.

Seis meses depois, ocorreu a primeira apresentação da Legião Urbana em vida que foi no CAVE no Guará. Neste show, a coisa mais marcante é que eu conheci o trio, EXTREMO (hard rock) e nos próximos 18 anos, estaríamos juntos e de alguma forma envolvidos com ROCK!

Neste mesmo 1982, no Guará aconteciam aqueles EMGs, que significava ("Encontro de Músicos do Guará") e eu fui a dois.

O professor e escritor, Lincoln Lacerda é a pessoa que mais compareceu a apresentações de arte no Guará.

No ano seguinte, em fevereiro de 1983, embalado pelas leituras de O que é punk e O que é rock, voltei a encontrar Renato Russo durante audiência pública do Maharishi Mahesh Yogi, o guru dos Beatles no Centro de Convenções. Dois meses depois, aconteceu a primeira temporada de Rock da ABO, nesta eu não estava presente.

Na 302 Sul, na Livraria Cultura, o senhor Ivan "Presença" exibia no telão alguns clipes dos Beatles que a gente assistia...

No Conic, frequentávamos, o "Jegue Elétrico". Folheávamos livros importados da contracultura que pertenciam a Ary Pára-raios e comprávamos discos de Marco Antonio Araújo.

O casal Joel e Narcísia foram os primeiros a comprarem discos diretos da Strawberry Fields, a produtora do Marco Antonio Araújo. Nós vimos Marco Antonio Araújo e Grupo no Teatro Nacional - Sala Martins Penna em 1985!

Na mídia, fomos entrevistados por Manel Henriques (Jornal de Brasília) e Paulo Pestana (Correio Braziliense). Nos sábados, na hora do almoço no SOM POP falavam de nós na televisão.

Em 1984, em Taguatinga. Numa sexta-feira 13, fomos assistir uma temporada de rock na Rua do sorvete sem nome. O Fernandez vestido de vampiro estava como porteiro. Quando fomos entrar, o pessoal da banda, disse: estão conosco. E Fernandez com cara não muito satisfeita disse: só têm convidados! Assim eram aqueles tempos, que eu tinha que colar em alguém para voltar para casa...

Barão Vermelho no Autódromo. Tellah lançando "Continente Perdido". Plebe Rude em cima do caminhão no Chaplin. Robertinho 'Heavy' de Recife na Escola Parque. Show do Venom e Exciter! Concerto do Liberdade Condicional na Concha Acústica. Akneton no Teatro Nacional. Vários shows do Marciano Sodomita na cabeça. Exposições de fotografia nas passagens subterrâneas para as super-quadras.

Um pouco mais na frente, durante o último semestre de vida do JOSÉ (Jornal da Semana Inteira), escrevi minha coluna musical.

Culturalmente falando, estes foram os acontecimentos iniciais e mais marcantes, nesses 29 anos e seis meses de pão, circo & rock.

 

 

 

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