DA BANDA DO CACHORRO LOUCO À FUSÃO E AOS DRUIDAS
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DA BANDA DO CACHORRO LOUCO À FUSÃO E AOS DRUÍDAS
(MÁRCIO PARAFINA)
Namastê! Me chamo Márcio André, ou Parafa's ou ainda Márcio Parafina.
E aí irmão? Li vossa matéria e faço uma observação a respeito do Fusão: o Renato tocou por pouco tempo... Na reportagem do Jornal do Brasil, fui elogiado pela guitarra que toquei num show na Sala Funarte, numa temporada com outras bandas. Acho que se chamou Nas Asas do Rock ou coisa assim. Parafa's era como a galera me chamava. Comecei em 1978 com a Banda do Cachorro Louco, aparece verbete publicado na Enciclopédica do Rock pela Som Três: eu no contrabaixo, o Murilo da Banda 69, na guitarra e o Portuga do Finis Africae, na bateria. No final de 1982, sendo chamado pelo Steve Marcão – filho de oficial da Aeronáutica assim como eu e o Vianinha (Herbert Vianna), que também moramos no mesmo prédio nas quadras 110 e 310 Sul, quadras onde havia uma enorme concentração de residências funcionais de militares. Também faziam parte o vocalista que ficou conhecido por Marco Canto e o baterista Sérgio Ricardo, (o Bahia). Eles queriam os meus solos de guitarra no Fusão, que mais tem a ver com o que se ouve hoje em dia, como Joe Satrianni. Então, em 1983, entrei no Fusão. Eu ficava numa guitarra e Renato Estrela na outra (até última notícia, Renato, estava trabalhando como caminhoneiro nos Estados Unidos). Marcão ficava no vocal e Rodrigo no baixo.
Aconteceu que Renato enchia linguiça com solos plagiados do Led Zeppelin e o Fusão já estava de saco cheio do seu estrelismo. Assim houve um racha na banda. Saíram Rodrigo e Renato, e o Fusão permaneceu comigo na guitarra, com Marcão no baixo (cantando minhas composições), o Bahia na batera e, posteriormente, entraria Nagib Abdalla (o Morg Jazigo) no contrabaixo. Essa formação rolou até o pai do Marcão ser transferido para o Sul do pais. Fiz a guitarra e o vocal... até irmos gravar no Rio de Janeiro.
Tive um professor de Inglês que era fã meu e da Banda: o Manfredini Júnior, que nos pedia para abrir os shows dele com a Banda do Cachorro Louco. Nessa época, o nosso som tinha muita influência de Rush, Led Zeppelin e Pink Floyd. Fiz isso pra ele num show no Iate Clube. Na ocasião ele me pediu para levar, se possível, uma outra banda também... a do seu amigo Dinho, vocalista do Capital Inicial. Só que essa galera estava a fim de se profissionalizar, e eu muito mais ligado na curtição do sexo, drogas e rock’n'roll... nessa pegada, eu já estava empregado desde 1983, como funcionário público. Não me preocupava com a fama e a grana, pois já tinha mulher e filhos para cuidar. Mais tarde tive uma sala de ensaio, com o Felipe da Plebe Rude (o Fifi). Essa sala acabou quando Fifi foi gravar na Odeon, e mais tarde, eu os vi num especial na TV Manchete. Fiquei muito feliz em ver a galera se dando bem com a música. E eu também muito feliz tocando no DF, pela Fundação Cultural e passando pelo Plano Cruzado.
Em 1986, acompanhei o jovem Manfredini ao Golden Star e ele estava bem de saúde. Falávamos sobre riscos, e ele sabia de tudo, pois os seus pais eram espíritas cardecistas, e, mesmo falando sobre os perigos físicos e espirituais, eu perguntava-lhe o porquê de não tomar uma altitude sobre a situação... a não arriscar perder o corpo físico e suas consequências espirituais. Ele me falou sobre o cardecismo e sobre seus pais, dizendo que na casa dele tinha uma fonte de conhecimentos, mas ele a achava fonte limpa demais... Bom, fazer o que, não é? Manfredini Jr., ainda poderia estar com os encarnados, assim como nós, mas preferiu trilhar o próprio caminho...
Manfredini Jr., me perturbava constantemente com a ideia de produzir o Fusão. Tanto que nos incentivou, em setembro de 1987, a gravar! E principalmente, mostrar uma música com quase 10 minutos que ele tinha feito para mim e iria aparecer num programa musical: na época, o conhecido Globo de Ouro. E assim fui parar no Rio de Janeiro e passei alguns dias onde ele morava com a sua vó. Por coincidência, eu tinha uma tia que morava bem próximo à casa de sua avó, na freguesia da Ilha do Governador. Manfredini Jr., era muito simples. Como ele nem Tv tinha no quarto, ele já estava pensando em adquirir uma e eu o acompanhei para comprar uma - “que tivesse matiz! Que tivesse mais resolução de cor!”, para vermos a música pronta no Globo de Ouro.
Em relação a gravar com o Cidadão produzindo o disco, fizemos uma demo-tape. O próprio Manfredini Jr., falou: "Ficou uma merda... Parece Legião Urbana com guitarra solo". E, segundo George Davison, o Diretor Executivo da Odeon, o Rock não podia receber mais investimentos como até então recebia, pois as gravadoras estavam mudando seus padrões musicais. De todo modo, Manfredini Jr., acreditava que ia dar muito certo, justo por ser uma produção dele que estava a lançar o terceiro disco – Que Pais é Este. Ele pretendia lançar já com a banda rebatizada de... “Os Druidas”. Insistiu que o nome tinha muito mais a ver com a minha personalidade e com as letras que eu escrevia!
Abriríamos os shows da Legião, por dois primeiros anos, e assim ficaríamos conhecidos, e trilharíamos o nosso caminho, sem um grande investimento da Odeon.
Quanto conheci, o Manfredini Jr., no curso de inglês Stanford, no subsolo da 504 Norte, eu andava sempre com o meu violão pendurado. Ele me reconheceu e disse que era fã da minha banda e pediu para eu levar um som para ele depois da aula. Assim fiz, mostrando-lhe um blues rock com seis minutos, chamado “Aninha". Ele achou o máximo e perguntou como eu tinha obtido aquela ideia. Respondi que havia sido fácil fazê-la, pois contava a história de uma amiga que tinha ido para o baixo Leblon no Rio de Janeiro, até perdermos o contato, feito por carta que trocávamos e, no final da música – imaginei um bom final! – o refrão final dizia: “Aninha armou e se deu bem / A manha é essa, arme-se você também”. Aí foi minha vez de pedir para que ele me mostrasse uma música. Ele me apresentou uma que eu achei uma m... música de doidão! Uma coisa dizendo que ele fugia da Polícia... ‘Veraneio Vascaína’. Aí ele me mostrou outra. Achei melhorzinha. Assim começamos uma amizade baseada no rock’n'roll. Aliás, minha esposa na época até passou a vender do mel produzido por meu sogro, apicultor, para a mãe do Manfredini Jr.
Assim eu... militar reformado há 3 anos... vivendo na frente da Praia de Copacabana... acordando todo o dia olhando o mar, passeando com a esposa e o cachorrinho Turíbio. Ando de skate nas pistas do Rio de Janeiro, voltando para casa com a esposa, tendo a companhia do Turíbio e mais um gato chamado Patão. Tenho quatro filhos e quatro netos. Não posso reclamar da vida, somente agradecer ao Criador por todas as oportunidades que tive e tenho em minha vida.
Foto tirada Nas Asas do Rock, uma temporada na sala Funarte, que rendeu uma reportagem do evento no Jornal do Brasil. A minha performance na guitarra ganhou destaque na matéria. Essa apresentação foi bem legal, saiu tudo redondinho e a voz ficou muito legal também. Se ainda existir um áudio registrado na Funarte, ele será perfeito. Até dará para lançar em CD!