CÁSSIA ELLER: SAUDADES DE UMA GAROTINHA
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Cássia Eller, o percussionista Bani e, ao fundo, Eugênia, em 1987, no bar Bom Demais, fundado por Cristina César e Cristina Borracha
Foto: Sandro Alves
2002
JANEIRO
FILHO DE CÁSSIA FICARÁ COM A COMPANHEIRA
Cássia Eller deixou um filho de oito anos, objeto de disputa.
COMPANHEIRA DE CÁSSIA VAI PEDIR GESTÃO DE BENS
Recursos vão servir para criação de Chicão, cuja guarda provisória foi entregue a Eugênia.
EUGÊNIA PODE VIAJAR COM CHICÃO
Maria Eugênia Vieira Martins, companheira da compositora Cássia Eller, já conseguiu na Justiça um alvará que a autoriza viajar com Francisco Ribeiro Eller, o Chicão, 8, filho da cantora. O alvará é um documento importante para que Eugênia volte ao Rio com o garoto. Com a morte de Cássia, ela não tinha podido sair de Brasília com a criança. Eles estão na cidade desde o Natal.
MÉDICO FOI AVISADO DE QUE CÁSSIA ELLER PODERIA TER USADO COCAÍNA
Para esclarecer dúvidas sobre as marcas no braço da cantora, supostamente originadas por picadas de agulha, a Polícia recorreu a médicos, que explicaram ser muito comum artistas, principalmente cantores, aplicarem na veia medicamentos energéticos para suportar a rotina de shows.
A percussionista Lan Lan, que levou a cantora à clínica, prestou depoimento à polícia, e outra integrante da banda, Thamyma, afirmou ter visto uma secreção branca nas narinas da cantora.
COMPANHEIRA CONFIRMA DESEQUILÍBRIO DE CÁSSIA ELLER
Eugênia Martins, a companheira da cantora, disse, em seu depoimento, que seu relacionamento com a percussionista Elaine Moreira, a Lan Lan, é apenas de amizade, e descartou a possibilidade de um romance entre Cássia e Lan Lan.
Maria Eugênia negou ainda ter brigado com Cássia antes de sua morte, afirmando que o último contato que teve com Cássia Eller foi pelo telefone, na madrugada do dia 29 de dezembro, dia da morte da cantora, que ainda não teve a causa revelada.
Segundo o delegado Calazans, Cássia Eller telefonou à companheira via celular, pois já havia destruído todos os telefones fixos de seu apartamento. Maria Eugênia percebeu que a cantora estava deprimida e agitada. “Ela confirmou o estado de desequilíbrio relatado ontem pelas percussionistas da banda”, destaca Calazans. Na conversa telefônica com Maria Eugênia, Cássia Eller teria dito: “No momento, só sirvo para ganhar dinheiro. Não consigo me relacionar com ninguém”.
“Maria Eugênia tinha conhecimento de que ela bebia e usava drogas, e disse que ultimamente uma ou duas cervejas eram suficientes para descontrolá-la”, contou o delegado. “De acordo com o depoimento, Cássia Eller vinha se submetendo a um tratamento para se livrar da dependência química, mas esse tratamento era prejudicado pela agenda movimentada da cantora”.
PAI CONFIRMA QUE CÁSSIA USAVA DROGAS
O advogado afirma que o pai fez revelações “aterradoras” sobre vício da filha.
NEM ÁLCOOL, NEM DROGAS EM CÁSSIA
Os exames toxicológicos realizados no sangue e nas vísceras de Cássia Eller não encontraram traços de drogas nem de álcool. A informação foi divulgada pela Globo News. O resultado surpreendeu os médicos que atenderam a cantora: eles ainda suspeitam do uso de entorpecentes. Segundo peritos, Cássia Eller pode ter tido uma “alergia medicamentosa”. A polícia vai pedir informações sobre o procedimento médico aplicado na cantora à direção da Clínica em que ela foi atendida.
LIVRO MOSTRA TRAJETÓRIA DE CÁSSIA ELLER
Ao completar seis meses da morte de Cássia Eller, foi lançada a primeira biografia da cantora. Canção na Voz do Fogo, da editora Escrituras, é definido como um "ensaio biográfico" e faz extenso levantamento da carreira da artista. A autora, Beatriz Helena Ramos Amaral, é insuspeita. Advogada e jurista, é integrante do Ministério Público de São Paulo e professora de violão erudito.
Pergunta – A sra. parece ratificar a tese de estresse, desgaste e falência da resistência física como causa da morte dela. O que lhe deu a convicção disso?
Beatriz – O estresse de Cássia em decorrência de aproximadamente uma centena de shows em sete meses, de maio a dezembro de 2001, é inquestionável. As viagens sucessivas e os deslocamentos por todo o país são fatores de desgaste para qualquer artista. Sua idade era de risco e os seus hábitos sedentários são mencionados por todos. Devo deixar claro que meu livro, por não ser biografia, enfatiza só a trajetória musical de Cássia. Mas, já que você toca nesse assunto, esclareço que minha convicção vem de uma prova médico-pericial conclusiva, emanada de um órgão público, cuja credibilidade não se pode contestar levianamente.
FILHO DE CÁSSIA ELLER FICA COM MARIA EUGÊNIA
A 2ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio homologa acordo entre a companheira da cantora e o avô do menino, que pediu tutela do neto após a morte da filha.
“Estou muito feliz. Chicão arrasou. Teve o dedo da Cássia”, afirmou (Maria Eugênia).
10 DE DEZEMBRO
AINDA UMA GAROTINHA
Cássia Eller é homenageada com o disco póstumo Dez de Dezembro. Hoje ela faria 40 anos.
Em dezembro de 2002, um ano depois de sua morte, Cássia Eller continua na lista dos mais vendidos.
No balanço das vendas de 2002, o Acústico MTV, lançado no final de 2001 pela Universal, alcançou as 750 mil cópias. O CD póstumo Dez de Dezembro já bateu as 100 mil cópias.
REVIRAVOLTA: LAUDO INDICA ERRO MÉDICO NO CASO CÁSSIA ELLER
Novo laudo indica que Cássia Eller pode ter morrido em consequência de falha médica. Segundo parecer do Ministério Público, cantora recebeu medicação inadequada para intoxicação por álcool e cocaína. Peritas dizem que médicos não deveriam ter dado Plasil à cantora, por causa de suposta ingestão de álcool e drogas.
PARA MÉDICOS, NÃO HOUVE ERRO
Cardiologistas discordam de que o medicamento Plasil possa complicar problemas cardíacos.
O cardiologista Carlos Serrano, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), discorda da avaliação de erro médico. Serrano disse que o Plasil é inócuo para o coração. “O Plasil é exclusivamente para problemas gastrointestinais, cujo principal sintoma é o vômito”, diz, “Para complicar, o vômito também pode ser um dos sintomas do enfarte. Por isso que não é um absurdo o médico dar também um Plasil ao paciente que chega vomitando ou com dor no estômago.”
O presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antônio Carlos Lopes, disse que o Plasil é inócuo quando em contato com drogas estimulantes. “A cocaína estimula a adrenalina e o Plasil não tem nenhuma relação com ela. Ele pode potencializar o efeito do calmante, isso sim”.
O diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, Anthony Wong, disse, porém, que o medicamento pode potencializar o efeito de estimulantes, anfetaminas e antidepressivos. Quanto ao álcool, disse, “o medicamento não teria esse efeito”.
CHICÃO É DO ROCK
O filho de Cássia Eller, Francisco Ribeiro Elller, a quem ela chamava de Chicão, continua vivendo com a companheira da cantora, Maria Eugênia. O garoto, que está com 11 anos, continua frequentando a mesma escola, o Centro Educacional Anísio Teixeira, em Santa Teresa, e toca bateria numa banda de rock formada com amigos.
MP APRESENTA DENÚNCIA CONTRA DOIS MÉDICOS QUE ATENDERAM CÁSSIA ELLER
Promotores acusam Marcus Vinicius Gondomar de Oliveira e Jorge Francisco Castro y Perez de homicídio culposo, já que o tratamento dado pela equipe médica teria reduzido as chances de a paciente sobreviver.
Quando chegou à Clínica Santa Maria em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, Cássia estava agitada, confusa e com vontade de vomitar. “Pensaram que fosse só álcool. Achavam que era intoxicação alcoólica. Só quando houve a primeira parada cardíaca perceberam que era mais grave. Encontrei uma moça com muitos enfartes, o coração com muitas lesões. Provavelmente chegou a este quadro com agentes externos”, afirmou o cardiologista Rafael Leite Luna, chamado ao hospital pela família de Cássia duas horas antes da morte. (CB, 31 Dez. / 2001).
MÉDICOS SE LIVRAM NO CASO CÁSSIA ELLER
Juíza rejeita acusação de imperícia feita pelo Ministério Público feita contra os médicos que atenderam cantora.