Enigma records: o disco secreto de kadu lambach com letras secretas de renato russo
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Ex-guitarrista da Legião Urbana tem disco engavetado com letras de Renato Russo
Kadu Lambach entregou letras e rascunhos ao filho de Renato e gravou um álbum a seu pedido, mas projeto está arquivado desde 2015
Ricardo Calazans e Silvio Essinger
30/10/2020 — RIO — Até a data de sua morte, o cantor e compositor Renato Russo lançou oito discos com a Legião Urbana e dois álbuns solo. Desde então, entre discos com sobras de estúdio, ao vivo e coletâneas, outros 17 lançamentos com o nome da banda e do cantor chegaram oficialmente ao mercado, mas os fãs seguem incansavelmente em busca de raridades do músico, morto em 11 de outubro de 1996. Pois há ao menos um tesouro inédito, guardado por 30 anos pelo guitarrista Kadu Lambach, que chegou a originar um disco gravado em 2015, mas nunca lançado.
Kadu foi o guitarrista da primeira formação da Legião Urbana, em 1982. Na época conhecido como Eduardo Paraná, ele deixou o grupo no mesmo ano. Depois disso, tornou-se músico de bandas de cantores como Belchior, mas manteve guardadas letras e esboços de letras de Renato (muito do material, inédito). Em 2012, ele entregou o material a Giuliano Manfredini, filho e único herdeiro de Renato Russo.
— Achei que era a atitude mais correta a se tomar — conta.
Giuliano administra com mão de ferro seu espólio, por meio da empresa Legião Urbana Produções Artísticas Ltda. Foi a partir de uma denúncia do herdeiro que, na última segunda-feira, aconteceu a Operação Será, da Polícia Civil do Rio, fazendo buscas na casa do produtor musical Marcelo Froes, atrás de material supostamente inédito do cantor e compositor. Nesta quinta-feira, o pesquisador prestou depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).
Algum tempo após entregar o material a Giuliano, Kadu musicou alguns dos textos de Renato, desenvolveu um punhado de temas instrumentais iniciados com a Legião em 1982, e fez algumas gravações demo. Giuliano se interessou pelo material, convencendo-o a gravar de forma profissional, em 2015, no Rio, com a banda que acompanhava o cantor Frejat.
— Fiz tudo a pedido do Giuliano. Ele falou que ia lançar em 2016, mas no fim cancelou o projeto. Disse que queria dar um tempo, não mexer naquilo no momento — diz Kadu.
O músico, no entanto, evita dar detalhes sobre as músicas desse disco que nunca saiu.
— A Legião é uma coisa muito viva, são 400 fã-clubes, seis milhões de pessoas, e esse povo revive a banda e o Renato o tempo todo no Facebook. Eles me fazem todo tipo de pergunta sobre essas músicas e eu nunca falo sobre elas — diz.
A reportagem do GLOBO enviou pergunta sobre as gravações citadas por Lambach a Giuliano Manfredini, mas ele optou por não responder.