ESPÍRITOS ZOMBETEIROS, OS PEREGRINOS DO ROCK BRASÍLIA (2021)
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Ainda o desejo ardentemente. Este compacto duplo, me acertou como uma pancada violenta na nuca, era 1975. Acho que foi o que me abriu a porta para o mundo. É um dos poucos discos que desejo para mim.
Ainda ontem com Gaia, falamos horas a respeito do mesmo assunto de sempre: colecionismo! Gaia evoluiu e continua a aumentar o seu acervo, pois ele nunca parou de mochilar atrás da memorabilia. Me falou da sua rota por feiras por todo o latifúndio de Brasília. Ainda quero o LP-triplo IRON MAIDEN LIVE AT DONINGTON 92, também quero um Genesis, ao vivo com Peter Gabriel em 1982. E, também quero aqueles piratas dos Beatles prensados pela Fermata. Concluímos que nenhum material colecionável vale o nosso sacrifício. Na atualidade, pela cotação atual de qualquer item, Gaia disse-me: – Sou milionário. É claro que apesar das ondulações nossas carreiras são paralelas. Estamos destinando nossos acervos à própria satisfação. Faz décadas que deixei de impermeabilizar os materiais deixando-os prontos para serem vendidos após a minha morte.
– Gaia, não faça isso!
– Não doe a sua coleção de gibis. As pessoas nem sabem o que é, e de onde veio. Elas querem é destruir e levar para casa. Então, tem que ser coisas descartáveis bancadas pelo Estado. Tenho ódio de bibliotecas públicas saqueadas, sucateadas e sem funcionários.
– Não doe a ele, os livros da poesia mimeógrafo de Brasília.
– Quando é que a gente vai rever este material?
– Ele vai entocar e ninguém mais vai ter notícia. Ficamos de fazer uma parceria, sobre assuntos como saúde e ecologia e caminhadas. Também falamos em produzir uma mostra da poesia mimeógrafada. Me faltam paredes. Tenho em mente uma exposição em quadros de avisos (atrás dos vidros). É um jeito de ir organizando o material e colocando à mostra. Depois filma-se e põe-se na rede. (para mim este é o esquema disponível). Sem festa sem salgado e sempre aquela pergunta como você vai trazer as pessoas? Ah, pergunte a Pilastra, ela que é galeria. Aliás, fui filmado por 40 minutos, vão usar um minuto aí num projeto impactante de cidades inteligentes, HACKACITY. Adoro, mostra que eu estou na ativa e mantendo um pouco de expressão facial. Mas, o lance é o seguinte poderiam editar os 40 minutos e me darem a fita. É o que eu proponho. Se não na próxima fecho o acervo. Nunca pensei que um dia, eu teria escrúpulos com a arte, mas a barra beira o insuportável. Agora, eu sento e puxo a pena. Estou vivendo do passado e de reciclagem. Agradeço todos os dias por ter conseguido comprar todos aqueles CDs japoneses dos Beatles.
Agradeço a dom Zoreia por ter ajudado a encher a despensa com CDs.
Cara, Joana devolverei o seu DVD, é que mais nenhum PC copia. Mas, estou ligado em devolvê-lo.
Quanto à duração dos acervos de Gaia e de Pacheco. Falamos que somos ricos em esperança, de tesão. Ainda ouço os mesmo discos. Não sou biblioteca e nem passo a vida ouvindo música. Achava mais vital fazê-la ecoar pelo cu. Nossos acervos nos mantêm vivos e unidos e decididos. Os colecionadores não são babacas. Nem curto a bola que dispara o meu cérebro. Me acelera. Verbalmente afetado. Mas, eu estou no comando. Não quero reafirmar e nem estar por cima. Fico à vontade com quem curte o meu desvario. Nessa hora mórbida, ainda dou uma cutucada, imagine a gente, aqui no Sinvas diante do Flamengo na tela e se eu fizesse um comentário sobre o Relatório? A resposta seria uma gargalhada. Eles entendem o recado, nada de política ou de vibrar com o gol do adversário. Hulk jogou muito fez um gol de cabeça que foi pintura. Ah, e onde anda o seu time? Bateu no Corinthians.
O baterista Tiago Rabelo vindo do Salto Corumbá retrouxe as suas relembranças imorríveis da cena do rock Brasília. Ele narrou a NOITE MAIS LONGA DO ROCK'N'ROLL, de que eu tive notícia. Foi quando a Rocam ajudou a completar as gravações da banda Espíritos Zombeteiros. Um cheque achado. cuja assinatura inautêntica, foi usado como calção para 1.500 reais! devidos às horas no estúdio, em 1995! Os Espíritos Zombeteiros aprontaram tanto que a cidade do Plano Piloto pertencia a eles, egressos de satélites distantes. Eles passaram a conhecer a cidade, quando foram estagiários na Caixa Federal de Pandora. Tiago relata com desenvoltura sobre as noites frias em torno de fogueiras, acompanhados pelo tubo de Chora Rita. Naquela vastidão solitária, no início da Asa Norte, no coração financeiro de Brasília, a unidade da Rocam veio acordá-los. Um dos PMs do cerco, perdeu a carteira no pé do pequi.
Ele continua a falar de figurinhas a figurões. Os Espíritos Zombeteiros literalmente desvirginaram as suas fãs nos camarins. Uma noite e sempre à noite. A viatura, os parou novamente. Com instrumentos a mostra de qualidade inferior e sem o tal do ‘case’ e o baterista com pratos na mão.
– Vocês são o quê?
– Somos músicos!
– Tocam o quê?
– Rock. Um dos pés de bota: – Rock é música do diabo!
– Qual o nome da banda?
– Espíritos Zombeteiros.
Os PMs caem na gargalhada e liberam a moçada. Detalhe sórdido, do Templo da Boa Vontade, onde foram matar a sede, para tomar café seguiram para o cemitério, Campo da Boa Esperança, lá ocorria um velório. O corpo era de uma criança com encefalia. Quando viram o tamanho da cabeça. Dispararam a gargalhar. Fugidos do velório, foram denunciados. A polícia na vida deles é constante até hoje.
Três partes de Os Espíritos Zombeteiros chegaram a tocar lá em casa, em 2018. Foi o que restou de tamanha loucura e de óbitos. Uma banda que gravou para o CD DOOMSDAY e que teve que pedir ajuda à família para resgatar o cheque. Retirado de uma carteira perdida, que ainda continha 10 reais e que os levaram aos pastéis gordurosos da Viçosa. Suas guitarras eram ruins, sua técnica pior, eu acho que era um reggae com influência flatulência de Uriah Heep. No palco, as cordas de suas guitarras partiam, era o final, era rock'n'roll. Em alguns destes cultos, eu pintava na minha sombra. Temos relances de alguma coisa como – Eu também vi.
– Eu também fui neste dia da única apresentação da Arsenal. Nós temos um jeito de chegar nas pessoas, mas queremos mesmo é tocar com os amigos.
Os espíritos zombam dos vivos e zombam daqueles que não sabem viver... Bichinho de matar com pedra ponto com
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Sinto que afundo em um poço, com menos de meio metro de fundura, atolado até o pescoço. Com um arrepio da coluna até o saco escrotal. Não nos falta fome ou vontade de ser, de ver, de ter. Ah, o materialismo pode explicar estes desejos. Mas, há coisas além das estruturas físicas.
– Onde é que você vai chegar?
É que existem fenômenos naturais, tipo o suor na testa. Ou os gases expelidos que atestam a condição do corpo: vivo/morto. É a tal receita de bolo em vez de como fazer um bolo. Acho que me embananei. Resumindo, eu ainda quero ser reconhecido com o corpo vivo. Apesar de não me esforçar muito para isso no Instagram no YouTube ou na garagem. Meu defeito de fabricação é inerente ao desejo de não suar muito para ser visto ou convicto.
– Ah, em que isso afeta as pessoas?
Declaro que não quero ser conhecido via obituário, que é dolorido como cárie, pois a boca é a parte mais erógena. Não quero que escrevam ou descrevam no meu obituário, meu modo de vida. O escritor, Gay Talese, autordo livro O VOYEUR que virou filme, disse que ele (o personagem) terá que agradecê-lo, pois o Observador de motel, terá a representação da sua morte nas páginas do The New York Times.
É, na lápide de luxo deve-se ler: A morte é o que conduz a vida.
Em resumo, o literariamente acanhado observador de motel que se masturbava duas vezes por noite e registrava em diários descontinuados, enganou o grande Gay Talese, que foi tão grande como o Colin Powell, pois reconheceu o seu erro de ter confiado e desprezado as minuciosas averiguações para a edição de um livro. Se cheguei aqui é para dizer que adoro ser cobiçado desejado e amado quem é que não deseja isso? Às vezes pensamos que estamos passando em branco, que não fiz nada de especial. – Não é senhor obituário? Pois é.
Ontem na calada noite, através do Clube da Insônia recebi um vídeo que me exaltava. Me senti grandioso, ora desconfortável pela homenagem. Os caras tinham coleções dos meus livros! Me senti como se recebesse um colar das tradições, o manto mais sagrado. Agradeço a Lucky que durante a gravação do vídeo encarnou o Mickey Mouse em FANTASIA. Bom também o bruxo laranja que gravou com ele um clipe com a “Balada do Louco” ao fundo.
Revelaram um pouco da minha experiência para ser famoso. Para fechar, da distante Austrália, Glenn Evans mandou-me o código do seu novo CD, para que eu pudesse ouvi-lo. Isto significa que o odor ainda é fresco.