desengavetando as ideias (2021)

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PIRAÇÕES DE AUDIÓFILOS

 Acho do achismo, que o LP de Rita Lee, HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE SUA VIDA, mais revolucionário em conteúdo e na forma do que o trabalho posterior que foi O A e o Z, aliás o nome deste trabalho era para ser DE ALFA A OMEGA perfeito título de epitáfio; Tenho debatido com Dado Nunes, Luiz Calanca, Barbieri e Tiago Rabelo que a partir de suas experiências tem jogado luzes sons e cores neste assunto que envolve o som quadrifônico e autofalante iônico, moog etc.

 Desconfiava que Arnaldo Baptista foi o mais prolífico letrista de Os Mutantes. Certa vez, o censor da censura federal de Brasília ao ler a letra de “Desculpe”, solicitou a presença do compositor. Imagino que o censor achou um disparate a letra devido ao tom divino. É a minha sensação. Também argumento que os revisionismos de destacadas partes atuais trabalham para obscurecer a criatividade e o trabalho de Arnaldo Baptista. Que dificilmente serão expostos. Todas as ideias que troquei com as pessoas citadas articularm entre si de forma independente. É claro que faço minhas especulações. Tentaremos resgatar com delírio e argumentação histórica em artigo futuro sobre os Mutantes. Quero escrever, não quero entrevistar. Talvez receba uma resposta. HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE SUA VIDA é o resultado de uma longa pesquisa em busca de um novo som. E sendo sonhador, ele poderia ser remixado para quadrifônico ou 5.1. Não pense que este é um sonho desbaratado.

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FUGA DO BURACO NEGRO
Eu não queria oscilar na espiral do tempo e ficar preso nessa eternidade dos 41 anos da ROCKONHA, 40 do ROCK CERRADO, 39 da Legião, 1 2 3.... Porém as partículas chocam e levantam poeira. Ontem, aleatoriamente falei com dois caras que vivem em Santa Catarina e que provavelmente não se conhecem. A conversa foi reconfortante e ao mesmo tempo abismal. Nessa retória temporal, o livro, o livro completou 30 anos! Foi em 1991! Foi o meu primeiro trabalho underground. Acho que o livro existe para me lembrar que foi ele que me levou a arrumar emprego no GDF. Eu tinha começado nos zines, como officeboy era 1982. Os lances eram pintar camisetas, gravar fitas cassetes, ir às festas e descolar selos para responder às cartas. Sempre um teste de popularidade. De 1982 a 1989 fiquei nesse trampo dos fanzines como boy de escritório. Tinha que fazer o bolo crescer mais ainda, então por um ano entre 1987/88, tive a primeira coluna-guerrilha, no semanário impresso chamado JOSÉ – JORNAL DA SEMANA INTEIRA. Saquei que essa onda de carimbar plantas de edificação tinha sido como a hora do zine, passara. Coloquei o pé na estrada para fazer o livro, fui escrevendo, na metade do livro fui estudar de novo, muitos longos anos depois do segundo grau. O livro poderia ter sido muito melhor escrito, mas estava na medida perfeita do que eu poderia oferecer. Já era o antilivro falando em nós e da nossa devoção. O livro enveredou pelo tropicalismo e acho que fez uma contribuição aos pesquisadores. Tudo aconteceu ainda ontem. DuckDuckGo é um site de buscas, bati o Pazcheco na caixa de busca e localizei que no Chupa Manga zine saiu isto: "Mário Pazcheco, um puta colecionador, louco por música, escreveu uma biografia do Arnaldo Baptista no FINAL DOS ANOS 80 que hoje é bem rara. Um maluco de pedra." Estava bonito na fita. Em um outro espisódio recente, procuraram pelo livro entre os meus amigos e não acharam nenhum exemplar. Respondi que – É porque não compraram. Ali em 1991, já experimentei o primeiro baque da frustração do não retorno da grana e tive que desenvolver um outro lado. Aliás, os zines já não vendiam e não tinha patrocinador. Com o livro aprendi um monte de coisas, foi uma oficina que me serve até agora escrevendo este longo parágrafo. Figurei em catálogos, fiz alguns lançamentos, mas não foi sucesso, mas fiquei conhecido no Brasil. Quanto à estrutura do livro, eu a acho enigmática, pode-se ler várias vezes e soará diferente. Nascia um estilo histórico de narrativa. Que ainda aprimoro. É claro que evolui lendo biografias de autores americanos. Meus alvos eram Albert Camus e Franz Kafka, estava mais nessa dimensão climática de um absurdo temperamental. Não segui as leis dos certames editoriais. Nascia em mim, o trabalho underground que jamais será igualado a qualquer outro tipo de publicação e feitio baseado na grana bruta como petróleo que respinga em óleo. Eu era uma lata velha, um vaso que poderia expirar o mais inebrainte dos aromas, este é o underground. O livro a partir de hoje vai dobrar de preço e chegar à casa dos milhões. É um belo trabalho que em conversas de ontem, fiquei sabendo que jamais será igualado, pois "remover passado não dá futuro".

hoje

10 DE NOVEMBRO DE 2021
40 ANOS – A fita cassete foi importante contribuição no processo formativo. Daniel Matos, voltou dos Estados Unidos, com este LP. Piramos, juntos! Ele me gravou numa Sony japonesa, a fita ainda está lá em casa. Nunca paramos de ouví-lo.

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