E A ROTA DO ROCK DO GUARÁ? (2022)
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A ROTA DO ROCK DO GUARÁ
Em retrospectiva branda, Roqueiro brasileiro, Sempre teve cara de bandido! Pelo menos era o que os chefes de família, do Guará acreditavam.
Antes o baile, a discotecagem acontecia em barracos primários, depois o Teatro De Arena e então, o lazer nas praças. No Salão de Múltiplas Funções Do Cave, Pantera foi um DJ pioneiro com uma festa que atraía multidões.
As turmas de roqueiros eram a UVA e Sindicato Do Reggae, do Guará 2; os Magrelos e os Skrotinhos, do Guará 1. Sendo honesto, o batidão do surdo do sambão fazia barulho.
Dia 13 DE JULHO, no DIA MUNDIAL DO ROCK, reencontrei esta foto. Logo depois da travessia do bosque dos Eucaliptos, caminhavam para o monumento na entrada do Guará que era conhecido como “Orelha Do Lobo”. Lá aconteciam ensaios e até mesmo show de aniversário custeado pela Administração. Naquele tempo, as imagens de grafite eram realizadas com carvão e Lacraia, o ilustrador da turma dos Magrelos, expunha a própria silhueta como se enxergava, de jeans e mochilas e vastos cabelos como os dos grupos de rock.
Próximo dali, havia o Cosog, uma danceteria de madeira que recebia bandas como o Matuskela que ensaiava no Guará 1 desde 1974, nas quadras QI 10 e QE 8, onde o baterista Didi Moreno deixava os meninos sentarem à bateria. Um dia o Cosog virou McDonald’s!
Em 1979, começaram o EMG, (Encontro dos Músicos) que rapidamente da QE 7, passou para o Teatro De Arena e fez muito sucesso até 1984.
Os ensaios eram nas garagens, havia bandas na QEs 36/34/32, estes ensaios atraíam músicos prematuros de toda a área. Na QE 26, haviam músicos ligados ao choro e os da QE 32, gostavam de MPB.
Houve uma era dourada, foi logo depois do ROCK IN RIO. Em 1986, o Brejo Seco era um dos muitos grupos que ensaiavam, e surgiram os bares, que permitiam que grupos radicais vindos de outras cidades satélites, se apresentassem pela primeira vez.
CONHEÇA ALGUNS PONTOS DO ROCK NO GUARÁ:
1. ROCK CERRADO, no antigo estádio de futebol, Pelezão aconteceu o maior festival de rock de Brasília. Era 1981, colado no Guará e mostrou o contingente de jovens reunidos pela primeira vez.
2. Teatro de Arena Do Cave
3. Salão De Múltiplas Funções Do Cave
4. Ginásio Do Guará
5. FIMCED3 (Festival Interno de Música do Centrão)
6. Bar Pontekin, QE 24
7. Elo Cultural, QE 19
8. La Revolucíon, QE 19, estes 3 bares surgiram quase que simultaneamente detonando um boom cultural em bares
9. Bar Do Afonso, QE 32
10. Lord Dim Pub, espaço inesquecível com apresentações das bandas mais promissoras da cena indie e que cada um conte a sua história;
11. Mississipi Blues, a casa de shows, decorada com pedras de Pirenópolis, foi um refúgio para vários roqueiros. Foi ali que Retz fundou a sede do Museu Do Vinil. E onde se consolidou o Clube Do Blues. Cortesia de Lula, o fundador deste original moto clube.
12. Ensaio Geral nas quadras 4/6/9/10 (praça do Xinxa)
13. Onda Bar
14. Bar do Rock
15. Zepelim
16. Maloca
Bar Do Afonso, QE 32 – Nestes lugares, eram comuns as presenças de Retz, Miro, Nardeli, Lincon, Titi que não costumava frequentar as quadras ímpares do Guará 2 e as pares do Guará 2, na sua infância. E muitos bardos ligados à cultura tradicional do Guará, que sempre foi um celeiro generoso que recebe muita gente.
FIMCED3 (Festival Interno de Música do Centrão), dezembro de 1982
ACREDITÁVAMOS QUE MUDARÍAMOS O MUNDO...
Conte a sua história, antes que lhe cortem a língua...
“Mateus 7, versículo 6” (TIAGO RABELO)
Point de rock, não era o caso. Os bares, só foram pintar em 1989. Antes, o lance eram as festas de rock que aconteciam nos conjuntos C, D, O e R da QE 34. Na 32, casa do prof. Cafú. No H, da 30 e na 26. As últimas aconteceram na área especial do Setor De Oficinas. Muito depois, eu segui esta tradição das festas. Não vamos revelar nomes ou situações. Eram as festas mais impactantes que atraíam o maior número de pessoas em plena ascenção. Passávamos a semana tentando conseguir uma casa emprestada. No sábado, transportávamos o som numa kombi. Lá pelas 5, começávamos a fazer as biritas e os salgados. Como quase nunca conseguíamos uma casa, o papo era: – Vamos fazer lá em casa mesmo. As festas eram temáticas e para convidados que curtiam de MC5 a Joy Divison e muito The Doors. Depois a coisa se espalhou para a QE 38 e surgiram cultos aos Mutantes. As festas eram de som de vinil, as bandas ainda não tocavam por falta de aparelhagem. Quem viu, curtiu.
A VIDA COMO FOI
Às vezes, recebíamos convidados. E perto da hora da festa rolar, fazíamos um mexido e fritávamos ovos direto na mesma panela. Às vezes, o rango era pouco e era dividido. Era muito divertido. Naqueles tempos, só se pensava em beber.
–
Os meninos perguntavam, – E vocês tiravam fotos?
– Não tínhamos máquina, não sabíamos revelar e foto só para documento. Quando pedíamos a algum fotógrafo para tirar uma foto. O cara torcia a cara e perguntava quem são vocês? E tinha aquela coisa de adolescente de não gostar de tirar foto. Tudo parecia que se resumia a lembranças. Quando surgiu esta foto tirada por Ivaldo Cavalcante, onde apareço à esquerda com o visual on the road. Os meninos ficaram felizes, o pai deles enfim tinha a prova de ter sido um outsider, palavra melhor para desocupado (kkk.).
ANTECIPANDO O BREGA
Os formidáveis e inoxidáveis rockeiros do Guará 2, ao FINAL DA DÉCADA DE 80. Incompativelmente abandonaram as líricas de Jim Morrison. E, repentinamente adotaram o brega. Reviveram Evaldo Braga. Da QE 13, o maior colecionador de memorabilia pop, Camufloyd estava em voltas a cantarolar, “Eu não sou lixo/Pra você querer me enrolar/Eu não sou lixo/ Pra você fora jogar, meu bem.”
Segundo Camufloyd, essa letra era muito punk. Já, Joelzinho repetia a inesquecível “Com pedra na mão”. A coisa começou na QE 13 e se espalhou pela QE 34. A maioria dos amigos embarcou nessa. Nós nem mais nos lembrávamos de quando nos tornamos brega. Havia um som brega na casa da frente do “O” da 34 e um rock, no barraco dos fundos. Aqueles foram os dias que antecederam a vinda de Falcão e de Faustão, cujos verdadeiros reis do brega eram Conde do Brega, Kelvis Duran, Augusto César, Maurício Reis, Wando e Waldick Soriano.
Se das paredes, elas falassem, ecoaria – UVA! UVA! Como em um coro de campo de futebol ou ainda aquela chamada majestosa dos bastardos do rei. Um grito de tudo que modificou tudo o que era necessário. Direto do conjunto O, da casa do Joelzinho.