rock não, né? (2022)
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Fui ver a tal Legião Urbana, aliás ninguém sabia quais bandas seriam. Bandas só conhecidas por quem estudava na Arquitetura ou que namorava alguns dos integrantes. Para mim, punk rock estava morto desde 1979!!! E olha que havia dezenas de viúvas de Sid Vicious. A morte dele o transformou em personalidade instântanea, era um culto parecido com o de Janes Dean. Ninguém ainda sabia quem era Ian Curtis. Punk era ainda The Strangles e Devo que o pessoal tinha discos e bandas góticas de Tom Verlaine. Conhecia-se Velvet Underground de nome, mas de disco era difícil. E estávamos acostumados a shows de Mel Da Terra, 14 Bis, A Cor Do Som, Tellah e muita MPB regional. E fomos ver os punks em ação. Naquela noite, só se escutou o contrabaixo do Renato Russo, e ele sabia tocar, tocava muitas notas. Todo empolgado como se fosse o maior show da vida dele.
O show todo foi uma balbúrdia coletiva. Eu nunca tinha visto um show com tamanha participação e empolgação do público. A coisa beirou a histeria. Ainda me lembro de passar na casa do Marcelo e seguirmos para o teatro de Arena Do Cave, no Guará, cidade que habitamos até hoje. Era comum pela distância (naquele tempo tudo era longe) muitos amigos desistirem com o – Vai chover! O povo não sai de casa para ver shows, preferia ficar vendo o Supercine. Do show, a banda mais louca que achei foi Bambino e os Marginais. Tinha gente, só que com o passar dos anos – todos passaram a jurar que assistiram ao show. – Não era Aborto Elétrico, já era Legião? Era uma das constantes perguntas. E inventaram o hipotético show do Aborto Elétrico na QE 7. Consultei todos os bebuns ainda vivos, se eles viram algum show no ano de 1981 na QE 7. E muitos não se recordavam de nada daquilo. Os criadores de lendas urbanas para amenizar mudaram a versão e acrescentaram que Renato Russo dentro de um carro deu um giro pela QE 7 e a apresentação foi cancelada.
ROCK NÃO, NÉ?
É muito difícil falar da gente mesmo. Criar uma narrativa. Muito antes do Police, inspirar as bandas de rock de Brasília. A QE 32, era a segundo foco do Brasil a adotar o reggae como estilo de vida. Uma convergência de atuações naquela meca. A primeira banda de baile do Guará, de rock é a ainda Matuskela com quem Rênio Quintas excursionou etc. Rênio tem um baú de memórias legais, a a partir de quando ele caiu na estrada com o seu primeiro fusca. No entanto, a gente nunca consegue seguir um roteiro e fazer algo como uma resposta. Olha, estávamos aqui também. Olha, foi ali que começou o Encontro de músicos do Guará? Foi ali que a Legião fez o seu primeiro show. E a gente vai se sentindo sucateado em plenos 40 anos de rock Brasília quando vem à tona somente o posicionamento dos reconhecidos. Será que aquele movimento musical que começou no festival do Centrão ou o zine, um dos primeiros de Brasília não coadunavam com o clima?
Parece que escrever também é dar murro em ponta de faca.
SEM MUITA CONVICÇÃO OU CONEXÃO
Ontem (domingo 17 de julho de 2022), na GloboNews em seu horário nobre, em plena grade da noite, dedicou longos minutos a uma entrevista sobre o rock Brasília, a entrevista foi feita com Philippe Seabra e Dinho. As imagens foram todas colhidas no Plano Piloto e gostei das feitas embaixo da torre de TV. Do arquivo vieram imagens da Legião Urbana como trio. O que me chateou foi que os livros oficiais apagaram da história a apresentação da Legião no Cave, no Guará e que não mostrou nenhuma placa de cidade satélite. Um pouco antes, eu escrevi esta matéria para mais uma vez bradar algum tipo de atenção.
É claro que nesta idade, me ocupo em escrever desatinos todos os dias. Minha matéria foi uma cortesia. Não posso importunar pessoas sérias e dedicadas para o estilo Brazza, filmem o meu sonho. Hoje, na hora do almoço, expus o meu delírio a um amigo de 4 décadas. Pedi que ele prestasse atenção ao enredo e no absurdo e que é hora de conseguirmos enquanto as pessoas estão de pé. Ele ficou sensibilizado e falou "É UMAS..." Assim surgiu o nome provisório. Também disse qu epoderíamos usar uns áudios inéditos. Me perguntarams e o Rênio Quintas era roqueiro. Pô, o Rênio é o maior roqueiro do pregressivo ao jazzístico. Desde os ANOS 60, o Matuskela toca Whole lotta love. O Marciano Sodomita surgiu no Guará em 1977. Então, quer dizer que havia algo de podre no rock do Guará. Ainda alertei que o Cruzeiro era um polo de cultura com a Aruc com o Sepultura. Que havia fusão, Extremo, Nirvana e que o heavy metal era a febre dos video clipes. Tive que falar de MOB RULES, de DIARY OF MADMAN – das turmas de metaleiros do Guará 1. Do zine Rock Brigade. De Iacanga de Peter Frampton em Goiânia. O papel voltou à frase "É UMAS..." Eu ri e disse-lhe É UMA MERDA! Rimos, ele ficou de pensar em pegar a ua câmera, o seu microfone e o carro e colher os depoimentos. Dos meninos do reggae também. Abri mais uma vez a minha pobre ideia dos direitos torais, A arte sempre será um vício para os frascos e comprimidos.
E tinha a UVA, Os Magrelos, o Sindicato do Reggae que eram facções culturais. Centrais Únicas dos Roqueiros (kkk). Não quero passar a vida inteira como apêndice de Legião, Capital, Plebe. Ah, e chama, o Bosco do Detrito para dar o recado dele e o Podrão que também viu tudo isso começando. E no início da revolução cultural estava o heavy metal. Heavy metal caiu no esquecimento? Cadê os fãs?