Banda Deus Preto: expandindo consciências com canto e instrumentos (2023)

 

SHOW 'QUE O AMOR SE ESPALHE'

Pois JAH proverá o pão, é esse amor que estou sentindo.

BANDA DEUS PRETO: EXPANDINDO CONSCIÊNCIAS 

Teatro Sesc - Garagem (24 set. / 2023)

Produção de Marizan Fontinele

Texto de Mário Pazcheco

Vamos voltar no tempo para os anos 70, mais precisamente para 1977. Nessa época, ainda sentíamos a recente perda de Elvis Presley. No entanto, três anos depois, mais uma morte marcante abalaria a geração em 1980, quando John Lennon partiu para o céu. Enquanto isso, no terceiro mundo, quem era o profeta mais próximo, amado e ainda vivo? Ninguém menos que Bob Marley. Foi precisamente em SETEMBRO DE 1980 que os problemas de saúde de Marley se manifestaram de forma intensa. Dois dias depois, ele realizou seu último show na Pensilvânia.
Marley morreu depois de Presley, depois de Lennon, e deixou um vazio imenso em nossa juventude naquele ano de 1981. Parecia que uma onda avassaladora tinha chegado, eram os dias felizes em que ouvíamos Peter Tosh e Dennis Brown, e por que não Jimmy Cliff? Sem mencionar Jacob Miller, Dennis Brown e The Mighty Diamonds, além, é claro, de Bob Marley, o rei da consciência.

Vamos pular para Brasília, para o domingo, 24 DE SETEMBRO DE 2023, poucos dias depois de São Luís, no Maranhão, ter sido nomeada Capital Nacional do Reggae. O reggae é político. O gênero musical surgiu na Jamaica como uma forma de expressão das comunidades marginalizadas, em especial os afrodescendentes e os moradores de favelas. As letras do reggae geralmente abordam questões sociais, políticas e espirituais, transmitindo mensagens de resistência, protesto e esperança.

Não seria justo afirmar que todas as bandas precisam seguir essa cartilha, mas as bandas consagradas deixaram sua marca ao transmitirem o discurso da inclusão social e da igualdade de oportunidades para todas as pessoas.
Pense em Brasília, uma cidade abastada e predominantemente branca, imersa na polarização política. Prematuramente envelhecida e isolada em um domingo, enquanto no distante Morumbi, em São Paulo, a final da "Copa do Brasil" está sendo disputada. Multidões vestindo camisas rubro-negras e tricolores e muita cerveja para enfrentar o calor desse domingo escaldante.
No teatro, com ar-condicionado e sob uma penumbra inquisitorial, a Banda Deus Preto, de forma tímida, começa a afiar suas garras para conquistar as mentes daqueles que ainda possuem consciência política e social, e acreditam na esperança. A esperança é a grande bandeira da banda, seu maior trunfo.

No palco, à direita, o tecladista Biral Ferreira, que chegou correndo de outra apresentação no mesmo dia. Atrás dele, o baixista Betão, que nas cordas do contrabaixo, reflete a vibração da banda. Próximo a ele, Mateus Nygron, o baterista sorridente, expressa sua satisfação com a apresentação da banda. No centro, o vocalista Dinei Oliveira, com seus dreadlocks. O estilo rasta envolve deixar o cabelo crescer de forma natural, formando longas mechas enroladas. É comum ver vocalistas de bandas de reggae adotarem esse estilo capilar, pois reflete a conexão com a cultura rastafári, muito relacionada ao reggae. Na guitarra, o renascido e renomeado CarloGuita, assim como em outras bandas de diferentes estilos, o guitarrista desempenha um papel fundamental para alcançar a satisfação popular. No reggae, não são necessários malabarismos guitarrísticos. A habilidade está em como se toca as cordas, como se estivesse acariciando a pele de uma pantera. E CarloGuita é um jovem aprendiz de feiticeiro. Seus solos podem ser inspirados pelo sol jamaicano, mas soam como o Delta do Mississippi. Para expandir o som e trazer um vigor renovado, acresceram o saxofonista Joshua, cuja apresentação foi cintilante.

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Em Brasília, o quinteto e agora sexteto Deus Preto voltaria aos palcos com o estruturado SHOW 'QUE O AMOR SE ESPALHE'

NO REPERTÓRIO

Fera Nova - Pedro Mendes
17 de Abril - Dinei/Filipe/Biral
Definição - Filipe Araújo/Dinei Oliveira
Fly Away - Jacob Miller Versão: Ze Lopes
Fim de semana - Paulinho Akomabu
Madrugada – Gerson da Conceição
Liberdade - Mário Garcês
Oh Lord - Dinei/Filipe/Biral/Betão
Que o amor se espalhe - Moisés Mota/Jhagum/Dinei Oliveira
Amor e ódio - Moisés Mota/ Dinei Oliveira
Mana - Alê Muniz
Sem Terra - Santacruz
Proteção - Filipe Araujo/Dinei Oliveira
Mãe de Maio - Dinei/Biral/Betão/CarloGuita/Mateus
Fome - Auro Rocha/Filipe Araújo/Dinei Oliveira
Filhos da Precisão - Erasmo Dibel
Estado Proletário - Dinei Oliveira/Filipe Araújo
Essa Dor - Gerson da Conceição
Negão - Moises/Gerson/Zappa
Natty Dread - Dagô Miranda/ Gerson da Conceição

No início, a Deus Preto se preocupa em não afugentar o ouvinte. O show deles começa de forma descontraída, mas logo despejam uma enxurrada de questionamentos e reflexões sobre o que está acontecendo agora. É uma realidade brasileira brutal, e ainda bem que eles conseguem se expressar contra esse cenário social, contra a violência policial que explode nas favelas onde vive a comunidade negra. São preces de libertação e a mensagem principal é "Que o amor se espalhe".
Há aquela vibração colorida do reggae dos ANOS 80, mas dessa vez ela se volta para a exigência de igualdade entre as classes, sem migalhas. É um show organizado com o coração e a alma, e cada integrante sabe que a rotina árdua foi substituída por um momento onde eles exigem justiça e nos mostram o caminho.
Um saudável protesto em um domingo, em tempos de futebol, com trens parados e poucas pessoas exibindo alegria. Uma das maiores manifestações musicais de Brasília.
O show "QUE O AMOR SE ESPALHE" é um investimento grandioso em luz, cor, iluminação e som, tudo custeado por eles mesmos, ou seja, as contas estão no vermelho. Se você deseja e pode produzir um show deles, eles estão dispostos a levar o espetáculo até a sua cidade satélite, ou até outros estados.

O show "QUE O AMOR SE ESPALHE" já teve seu ápice no Guará 2, na Asa Sul, e agora se prepara para aterrissar na Asa Norte, no "Feitiço das Artes".

Agradecimentos:
Sesc
Equipe técnica do Sesc:
Serginho, Pablo, Luana
Som: Felipe Grillo e Léo
Iluminação: Giba
Imagens e clips: Neliane
Equipe de apoio:
Rosa Negra (participação especial em Que o amor se espalhe),
Ana Clara Tauil
Nádia, Esposa do Dinei
Fotos e filmagem: Paulo Raymundo
Companhia Medieval de Produções

Apoiadores:
Figueira La Parrilla
Ponto e Arte2
LookIndoor
Ricardo Lira Stúdio de Dança
Tambor Artes
Karla Isabelita MK
Rádio TV Web Zoom Music
Sindicato dos Bancários
Rádio Cultura FM
Rádio Nacional FM
Rádio MEC
TV Cultura
Rádio Canto de lá
Jornal do Guará
Folha do Guará
Banda Deus Preto

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A Banda Deus Preto organizou uma incrível festa em homenagem à renomada musicóloga Lydia Garcia. Durante o evento, Lydia não deixou de mencionar a emocionante indicação de seu neto Hodari ao Latin Grammy 2023

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"Todo dia é dia de preto. Todo dia é dia de regar a semente da consciência em cada um de nós para que ela aflore em uma sociedade mais igualitária."

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Camarim para o show: 'Que o Amor se Espalhe'. Um ambiente confortável e funcional para os artistas e equipe envolvida no evento

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