Celso, o Guitarrista Amado da Banda Made Brazil (1949-2023)
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Celso Vecchione, fundador da banda de rock Made In Brazil, morre aos 74 anos
"O Brasil perdeu um grande músico e eu, o melhor irmão que poderia ter", afirmou Oswaldo Vecchione
22.out.2023 às 14h40
SÃO PAULO
Celso Vecchione era conhecido pela composição de arranjos e solos icônicos feitos em sua Gibson Les Paul dourada. O músico, com seu irmão Oswaldo Vecchione, fundou em 1967, uma das mais tradicionais do cenário rock da capital paulista, a Made In Brazil. O guitarrista de 74 anos morreu neste sábado (21) vítima de um mal súbito.
"Tímido e cerebral", como é definido pelos parceiros de grupo, Celso era o verdadeiro maestro da banda. "O Brasil perdeu um grande músico e eu o melhor irmão que poderia ter", disse Oswaldo, com quem dividiu os palcos por 56 anos.
Celso foi diagnosticado com esclerose múltipla no final dos anos 1970. A doença neurológica, crônica e autoimune, faz com que as células de defesa do organismo ataquem o próprio sistema nervoso central. O músico fazia tratamento com medicamentos.
"Ele conviveu com essa condição a vida inteira de uma forma meio que milagrosa, porque é uma doença severa", conta Guilherme Ziggy Mendonça, guitarrista da banda há 11 anos.
Mesmo convivendo com esclerose múltipla por tanto tempo, o que abateu mesmo Celso, foi a morte da irmã, Lourdes Telma Vecchione, no meio da pandemia, em 2021. "Ele morava com a nossa irmã caçula e, quando ela faleceu, foi muito duro para ele", diz Oswaldo. "Celso ficou morando sozinho na nossa casa na Pompeia. Ele começou a sofrer dessas coisas de solidão e depressão".
Ainda assim, Celso não se afastou da música. "Ele estava sempre com a gente, mesmo quando se sentia fraco. O negócio dele era tocar guitarra", diz Ziggy.
Sempre liderada pelos irmãos Vecchione, a Made in Brazil já passou por inúmeras formações oficiais. Segundo dados do Guiness World, o livro dos recordes, foram, ao todo, 203. A banda, inclusive, já contou com a participação de 126 músicos diferentes.
Até a morte de Celso, a banda era formada por ele na guitarra, Oswaldo Vecchione (voz e gaita); Rick Vecchione, filho de Oswaldo (bateria), Guilherme Ziggy (guitarra e violão), Solange Blessa (backing vocal), Rubens Nardo (voz) e Ivani Janes Venâncio (voz). Octavio Lopes Bangle (saxofone) e Marcelo Frisoni (baixo) complementam a parte instrumental auxiliar nos shows.
Com 15 álbuns, sendo oito de estúdio e sete ao vivo, o Made in Brazil começou a ganhar destaque na história do rock em 1974, quando lançou seu primeiro disco, o homônimo Made in Brazil. Conhecido como "CD da banana" (referência à imagem da capa), o trabalho apresenta o primeiro grande hit do grupo: "Anjo da Guarda".
A banda deve lançar em novembro o documentário "Uma Banda - Made In Brazil" sobre sua história, gravado durante oito anos com direção do cineasta Aguirre Cordeiro.
"Para mim, Celso Vecchione é e será sempre uma marca indelével, inesquecível e emblemática do Rock Paulista!
Num universo musical onde muitos artistas buscam os holofotes e a extravagância, Celso destacava-se pela modéstia, sempre focado apenas em tocar o que era melhor para a música e a sua banda como um todo. Ele brilhava mais nas sombras do palco do que debaixo dos holofotes, ele foi uma verdadeira anti-estrela.
Confeço que ao pensar em Celso, senti o desejo de escrever esta despedida, mas parte de mim também desejou manter um silêncio respeitoso. Digo isto porque o Celso que conheci foi sempre uma figura serena e silenciosa, cujo sorriso só era perceptível apenas para aqueles que conseguiam realmente se aproximar dele. Ele nunca almejou o centro do palco, preferindo a sombra de seu irmão Oswaldo, que sempre teve uma personalidade mais dominante. Mas, talvez, tenha sido justamente este seu comportamento mais tímido que fazia de Celso uma figura tão amada e respeitada.
Inspirado pelos Rolling Stones, ele foi o nosso Keith Richards. Sua expressão séria e distante poderia parecer intimidante, mas não para mim que, durante o tempo em que trabalhei com o Made in Brazil, tivemos oportunidade para várias conversas profundas. Conversas em que ele, mostrando o seu bom caráter, nunca se queixou de seu irmão e muito menos de qualquer membro da banda.
Por outro lado, seu irmão, Oswaldo Vecchione sempre se preocupou com seus hábitos alcoólicos com destaque para sua preferência pelo conhaque, mas com o tempo e a idade, Celso mostrou-se mais sábio e comedido.
A última vez que o vi, foi num show do Made, há alguns anos, no Teatro Martins Penna, na Penha em SP. Mostrando a sua fragilidade e o peso da idade, ele tocou alguns trechos sentado. Depois do show, mostrando sinais de cansaço, em direção ao camarim, coloquei meu braço em seu ombro e caminhamos juntos. Com sua expressão sempre séria, ele lançou um olhar à minha barriga e, com um sorriso discreto, comentou: 'A vida está boa, hein? Olha só essa barriguinha!
Adeus, Celso Vecchione! Descanse em paz!" (ANTONIO CELSO BARBIERI)
FALAR O QUÊ?
"Baita tristeza, o Celsão e o Made conheci lá por 1969, depois tive o privilegio de gravar e tocar com o Made em 1974/75, sempre foi um excelente colega e amigo. Depois já na Patrulha do Espaço, o Celso foi em uns mil shows, ensaios e gravações da banda, tava sempre junto, dando uma força. Mudança de cidades e estradas diferentes nos afastaram, mas as recordações e memórias de um cara simples e amável, continuam comigo até hoje.
Descanse em paz mestre da Gibson Les Paul Gold Top." (ROLANDO CASTELLO JR.)
"Riffs históricos tatuados no rock brasileiro e que a partir de agora soarão pela eternidade... Obrigada, Celso Vecchione." (KAREN HOLTZ)
"Foi uma honra ter conhecido esse lendário guitarrista do rock brasileiro!!! Celso Kim Vecchione!!!" (CÉLIO DE MORAES)
Foto de propaganda da Rhodia! Em 1967, Celso Kim Vecchione no esplendor de sua forma física e beleza. O guitarrista foi contratado pela Rhodia para uma série de propagandas, fotos para revistas e jornais na época! Na foto com a Bruna Lombarde e outra modelo. Salve Celsao! Salve Tio Celso!!