Débora Cristina reacende memórias e lembranças no show 'Travessia' (2024)
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A TRAVESSIA DE ELIS REGINA INTERPRETADA POR DÉBORA CRISTINA
Espaço Cultural Renato Russo - Sala Marco Antônio
13 de setembro de 2024
Fui como convidado, promotor, divulgador, e minha veia de roqueiro malandro pulsava forte. Para nós, roqueiros, Elis Regina era uma voz de rebeldia, com seus excelentes discos de estúdio e memoráveis álbuns ao vivo. Essa era a primeira parte da química.
Débora Cristina, cantora de impressionantes recursos próprios, utiliza sua voz com afinação e potência. Mais do que um vozeirão, ela se destaca pela versatilidade. Porém, em TRAVESSIA, ela precisava ser mais do que uma intérprete de Elis. Precisava ser ela mesma.
Na guitarra e direção, Gabriel Lourenço; no piano, o experiente Marcos Farias. Na cozinha, o baixo de Caster Boorges e a bateria Gretsch de Sandro Araújo, que prometiam uma performance forte e emocionante, com a liberdade do jazz e da MPB, trazendo arranjos sinceros, explosivos, e ao mesmo tempo delicados.
TRAVESSIA foi uma Elis Regina cheia de raça, dos tempos da linha dura à doçura do campo. Explosivo, a ponto de fazer as paredes do teatro vibrarem. Em tempos onde as pessoas estão acostumadas a frequentar botecos e falar alto enquanto o artista se esforça no violão, ou a viver no mundo do streaming, poucos parecem se lembrar da sensação do “ao vivo”, a cores, e no momento presente. O hábito ainda os mantém acomodados em poltronas confortáveis.
No entanto, a grande maioria se deixou levar pelo show: a bateria potente e microfonada, os arpejos precisos da guitarra, as notas delicadas do piano, e, claro, o baixo com suas linhas profundas. E Débora Cristina, gota a gota de suor, transformou a apresentação em uma verdadeira cachoeira de emoções e vibrações.
Muitos se emocionaram e se abraçaram, como sobreviventes de uma jornada. Entre os presentes, estava Nancy Ribeiro Eller, fã de Elis Regina, que aproveitou cada momento desde o início. Que mais pessoas, mortais e fãs, tenham a chance de vivenciar o show TRAVESSIA, que promete marcar um antes e depois na carreira de Débora Cristina. (mário pazcheco)
Elis: A Magia da Travessia
por Marizan Fontinele
Selecionar canções no vasto repertório de Elis não é uma tarefa simples.
Nos vimos entre: "essa eu amo ou essa não pode faltar". E assim 15 músicas no setlist entregaram um show envolvente, com a promessa a alguns fãs de fazermos o TRAVESSIA II com outras canções que não entraram nesse.
Uma voz conhecida ecoa no Teatro e ouvimos Elis recitando "Agora, eu sou uma estrela" de Fernando Faro.
"Upa neguinho" instrumental mostra o peso da banda já na abertura do show.
Com um chapéu de palha adornado com laço marfim, Débora sai da cochia e desfila "Casa no Campo" arrancando fortes aplausos em sua primeira aparição.
O público está dentro!
Na quinta canção, entra em cena o aguardado ator e coreógrafo Luca Lima, corpo esguio, pés descalços, passos lentos, vestes claras e longos cabelos soltos.
Gestos pequenos e olhar distante, o corpo se contorce, se entrega, recua, e na busca insistente por algo que parece distante, flutua. É preciso desnudar a alma, rastejar, se entregar, enquanto ali em meio aos acordes brilhantes da guitarra de Gabriel, Débora interpreta sem culpa a dura peregrinação de um mortal em "Se eu quiser falar com Deus".
TRAVESSIA prossegue, numa sequência sentimental, com "Me deixas louca", onde Débora expressa seu lado romântico.
Luca Lima retorna na sétima música e integra a cena da dor, do sofrimento e da loucura de uma separação que só faz sentido para um. A dramática composição "Atrás da Porta" de Chico Buarque e Francis Hime, finalmente ilustrada.
Débora canta com paixão, enquanto o corpo de Luca se transforma numa partitura, onde se pode ler com riqueza de detalhes tudo, tudo, tudo o que está escrito.
Olhos e ouvidos atentos e a plateia aplaude efusivamente.
Chegamos à metade do show e, como roteiristas, sapecamos uma sequência bem ritmada reacendendo memórias e lembranças da plateia em canções como: Aprendendo a jogar, o Bêbado e a equilibrista, Como nossos Pais e outras.
Antes de cantar a penúltima música, Travessia, de Milton Nascimento, Débora falou sobre construir pontes e se permitir o renascer diário.
O show TRAVESSIA revelou uma artista confiante, com domínio de palco, falas na medida, repertório agradável e que tem muito a oferecer ao seu público.
De modo simpático, Débora agradeceu a toda a mídia e parceiros de divulgação e fez questão de descer do palco descalça, cantando Madalena e se unir ao público, abraçar e agradecer a presença de dona Nancy, mãe de Cássia Eller e do produtor Eliéser Lucena e a todos que vieram prestigiar o show.
Depoimentos:
"Nós que agradecemos pela oportunidade de assistirmos um espetáculo sensacional, de bom gosto, uma baita banda e uma cantora maravilhosa.
Parabéns pelo seu trabalho.
Aquele ator que vc colocou, materializou as músicas, sensacional!"
Eliéser Lucena (produtor, compositor)
Obrigada pelo show de ontem!
Foi mágico e emocionante.
A Debbie é demais, você é demais!!!!
Curti demais, cantei alto! Hahahahah.... Coloquei os bichos pra fora.
Rosane Maia (produtora e documentarista musical)
Estive no show Tributo a Elis Regina e fiquei muito emocionada com a performance do ator Luca Lima. Foi um show!
Sônia Bichara
Repertório
Tributo a Elis Regina - Débora Cristina – Show Travessia
Espaço Cultural Renato Russo- 508 Sul
1 Upa Neguinho - Instrumental
2 Casa no campo – Tavito e Zé Rodrix
3 Essa mulher – Joyce / Ana Terra
4 Maria Maria – Milton Nascimento / Fernando Brant
5 Se eu quiser falar com Deus – Gilberto Gil
6 Me deixas louca – Armando Manzanero Canche / Paulo Coelho de Souza
7 Atrás da porta – Francis Hime / Chico Buarque
8 Ladeira da preguiça – Gilberto Gil
9 Madalena - Ivan Lins/ Ronaldo Monteiro
10 Aprendendo a jogar – Guilherme Arantes
11 Upa neguinho – Edu Lobo
12 O bêbado e a equilibrista – João Bosco / Aldir Blanc
13 Velha Roupa colorida - Belchior
14 Travessia (Voz e violão) – Milton Nascimento / Fernando Brant
15 Como Nossos Pais - Belchior
Débora foi acompanhada pelos seguintes músicos
Gabriel Lourenço - guitarra e direção musical
Caster Boorges - baixo
Marcos Farias - piano
Sandro Araújo - bateria
Participação:
Luca Lima - coreografia
Produção: Marizan Fontinele
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