Rock de Resistência: A Luta Cultural e a Independência na Cena Underground (2024)
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O Rock Ideológico Ainda É a Bandeira da Resistência?
Do Próprio Bol$o
19 de outubro de 2024
DJ Altervir Batista
Notórios Desconhecidos
Asteróide Lisérgico
Cida Sann
Torvax
E então, como você vai descrever a sua região? Será que vai dizer que o pessoal de Luziânia, Valparaíso e arredores se desloca até aqui apenas para perceber a falta de união, de ação e de interesse? Esse é um dos desafios que enfraquece a cena cultural: uma cena desmotivada, com dificuldades de reação e pouca capacidade de mobilização. Talvez seja o desconforto em admitir essa fragilidade que nos desanima.
O rock, como indutor social, sempre priorizou a participação cultural e social. No entanto, o vil dinheiro é a torneira que nos "batiza", nos fazendo seguir as exigências da ordem do dia: ser efêmero, fugaz, e, quem sabe, ganhar algum trocado. Nesse processo, nos despedimos de muitas coisas que agradam aos que nos oprimem. E quem são os nossos opressores? Nossa realidade econômica. As ações culturais financiadas pelo Estado se tornam mais um instrumento de dominação.
Hoje, o rock do próprio bolso assume sua independência e maturidade, apostando na própria sorte. E agradece aos artistas que, como em regimes totalitários, lutaram pela sobrevivência.
Aqui os artistas dinâmicos, apresentados em ordem de atuação e propósito. Altervir Batista, um experiente produtor e DJ, reflete os caminhos que tornam possível a apoteose do evento.
A tarde foi aberta pelo grupo Notórios Desconhecidos, iniciando uma longa jornada para consolidar seu nome e compromisso. Nesse palco, encontraram o suporte sonoro necessário para uma viagem musical que se tornou sublime.
No universo do rock, um trio brasileiro raramente ecoa como Grand Funk, mas sim como a Patrulha do Espaço, e foi exatamente isso que o trio hard rock Asteróide Lisérgico trouxe: uma tempestade de tufões e meteoros em forma de som. Sua performance, marcada a ferro no plano espiritual, revelou um sacrifício redimido pela dedicação e entrega ao que acreditam e fazem.
A poesia precisa ser violada para depois ser regenerada, e a poeta Cida Sann alcançou isso, conquistando um silêncio emocional ao declamar sobre tecnologia, homens e máquinas, em tributo a Ricardo Retz, cuja ausência nos pesa profundamente. A memória delei foi avivada.
E Torvax seu companheiro subiu ao palco para, em quatro números, mostrar que o rock industrial transcende escolhas. O rock vive na arte, e cada um emprega seus decibéis como melhor convém.
O que eu vi e vivi foi um grito desesperado em busca de uma mínima satisfação, que só pode ser acalmada dentro de nós mesmos. Nossos egos, antes inflados, foram suavizados. Houve uma unidade clara na cobrança por reivindicações culturais, costurando posturas e ações guiadas pelo significado de resistência. Era um recado, um alô, uma afirmação de que estamos vivos, produzindo e fazendo barulho, independentemente da maré que domina o rock nas casas e cenas especializadas.