1973: O Último Ano dos Mutantes

1973: O Último Ano dos Mutantes

mário pazcheco

O ano de 1973 marcou uma virada definitiva para os Mutantes. Após anos de inovação e experimentação, a banda entrou em um período de transição que culminaria no fim de sua formação clássica. Os sinais de mudança já estavam evidentes: a saída de Rita Lee, os conflitos internos e as dificuldades no cenário musical brasileiro indicavam que algo estava prestes a se transformar.

Ainda assim, os Mutantes continuavam em evidência. O grupo soube que havia tocado para uma Florianópolis superlotada, fez sucesso em Porto Alegre e lotou os 1.200 lugares do Tuca, em São Paulo. No entanto, por falta de teatros — reservados para cerimônias cívicas —, não puderam se apresentar em Caxias do Sul e Rio Grande, frustrando expectativas. Arnaldo Baptista retornou de viagem trazendo novos equipamentos adquiridos com verba da gravadora, enquanto o lançamento do LP seguia atrasado.

Mudanças de formação e novas direções

Sem Rita Lee, que iniciava sua trajetória solo, Arnaldo e Sérgio Baptista tentavam reinventar os Mutantes. Em uma entrevista, Sérgio destacava a mudança no público:

— O público de hoje não é o mesmo de quatro anos atrás. Nós também mudamos. Estamos tocando para quem realmente entende nosso som.

Essa reformulação trouxe novos desafios e exigiu uma estrutura técnica aprimorada. O novo equipamento, projetado pelo irmão de Arnaldo, Cláudio, contava com 2.600 watts de potência e uma mesa de controle semelhante a um estúdio de gravação. A banda agora se apresentava com uma sonoridade mais elaborada e uma proposta que ia além do entretenimento, buscando envolver o público em uma experiência sensorial.

Mas as tensões internas aumentavam. Durante uma temporada de shows no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, Arnaldo foi visto chorando no camarim após uma apresentação. A separação de Rita Lee havia deixado marcas profundas, e sua saída dos Mutantes se tornava inevitável. Em julho, ele oficializou sua saída e foi substituído por Manito, ex-integrante da banda Os Incríveis.

Enquanto isso, Rita Lee ensaiava para seu novo espetáculo, Tutti Frutti, ao lado de Lucinha Turnbull e com direção de Antônio Bivar. A nova fase de sua carreira começava a ganhar forma, afastando-a cada vez mais dos Mutantes.

Repressão e conflitos

O clima de instabilidade não se limitava apenas à banda. Em agosto, a repressão policial atingiu os fãs do grupo. Dois jovens foram presos em Brasília sob acusação de tráfico de drogas, após serem flagrados com pequenas quantidades de maconha e LSD. O caso gerou polêmica e levantou debates sobre abusos policiais e arbitrariedade no tratamento dado aos fãs de rock.

O fim de uma era

Em dezembro, o último capítulo dessa fase dos Mutantes foi selado. Sem Arnaldo e sem Rita, a banda ensaiava com uma nova formação, mas a essência que a tornara revolucionária parecia diluir-se. O primeiro disco do Tutti Frutti, gravado no Estúdio Eldorado, acabou sendo engavetado, apenas para ser lançado anos depois como Cilibrinas do Éden.

Assim, 1973 encerrou um ciclo e abriu caminho para novos rumos. O legado dos Mutantes, no entanto, permaneceu vivo, influenciando gerações e reafirmando seu papel como uma das bandas mais icônicas do rock brasileiro.

0 m 1973

"O álbum A e o Z, último dos Mutantes gravado em 1973, só viu a luz do dia em 1992. Pelo que se sabe, a master contendo as pistas individuais não sobreviveu—restaram apenas as faixas já mixadas em estéreo, com os canais L e R definidos. Liminha chegou a afirmar que a produção do disco foi um verdadeiro desastre, com a mixagem sendo feita de forma caótica, cada músico ajustando seus próprios volumes durante a gravação. Com apenas as faixas estéreo disponíveis, pouco pôde ser feito na época. No entanto, com os avanços atuais em inteligência artificial, talvez fosse possível desmembrar os elementos e remixar o álbum de maneira mais refinada." (Dado Nunes)

1973 – 23 de Julho, Segunda-feira

Arnaldo Baptista deixou os Mutantes, que já não contavam com Rita Lee, e foi substituído por Manito, ex-integrante da banda Os Incríveis. A nova formação do grupo está ensaiando em uma fazenda próxima a Campinas.

Enquanto isso, a guitarra feita sob medida para Serginho, recentemente roubada, segue envolta em mistério. Avaliada em 25 milhões, diz-se que carrega uma maldição: quem não a devolver ficará com o braço seco.

★ Rita Lee está ensaiando para seu novo espetáculo no Teatro Ruth Escobar, intitulado Tutti Frutti. A apresentação contará com Lucinha Turnbull e a banda Tutti Frutti, sob direção de Antônio Bivar e direção musical de João Ricardo. A estreia está marcada para o dia 15 de agosto.

Durante as apresentações no porão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, Arnaldo estava sempre presente, sentado na primeira fila, observando tudo com atenção. Rita recorda:

"Não foi fácil, não. O Arnaldo ia ao show todos os dias, sentava na primeira fila e fazia caras e bocas, como se estivesse odiando. E, como se não bastasse, ainda ia ao camarim e soltava: ‘Tá uma porcaria esse show, vou colocar uma bomba nesse teatro!’"

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