2015: ARNALDO E A PATRULHA DO ESPAÇO NA TV BANDEIRANTES (1978) (PARTE 16)

2015

DEZEMBRO

VÍDEOCLIPE

Vamos consultar Arnaldo, que parece estar mais uma vez à frente de seu tempo: “Estava explorando novos palcos e equipamentos naquela época. Usei esse vídeo para indicar o sentido do novo show que estava apresentando.” Essa fala pode ser confirmada no vídeo inédito divulgado no canal do YouTube de Antônio Celso Barbieri, que restaurou imagem e áudio, revelando um momento essencial do rock nacional.

No vídeo, uma abrasiva apresentação ao vivo da Patrulha do Espaço nas dependências da TV Bandeirantes captura o toque único de Arnaldo Baptista em rápidas e improvisadas passagens ao piano. O estilo de Arnaldo, com influências de jazz e boogie-woogie, destaca-se em músicas como “Sanguinho Novo” e “Cowboy,” canções do repertório da banda, acompanhadas pelos jovens talentos Gennari no contrabaixo, Chermont na guitarra e Rolando Castello Jr. na bateria. A banda ainda apresenta a clássica “Sunshine,” encerrando a performance de 14 minutos.

Apesar das limitações técnicas da época, o vídeo reflete a energia criativa da banda, contrastando sua modesta aparelhagem com os grandes equipamentos de bandas como Genesis. A gravação inclui uma bandeira brasileira sobreposta, símbolo da importância do rock nacional, mas que também limita a visão das mãos dos músicos.

Esse registro, armazenado por 37 anos, agora restaurado, resgata a glória póstuma de um momento essencial do rock brasileiro, evidenciando a dedicação de Barbieri em preservar o legado de artistas como Arnaldo e sua Patrulha do Espaço.

Crepúsculo do Declínio

No dia de seu aniversário de 29 anos, em 6 de julho de 1977, ele atravessou a noite inteira tocando para os amigos. "Oh, como ele tocava!", "Que pianista notável!", "Tocava pra caralho."

Apesar de sua dedicação e talento, mal desconfiava que essas frases se tornariam referências marcantes à sua genialidade.

Arnaldo flertou com a gênese do novo, mas o rock moreno não deu certo para ele. Dançou no tablado, na academia, no teatro, nos shows... e rodou. As gravações, escassas, foram rápidas e sem maiores detalhes: Lindo Blue, Coração Paulista, Cacilda e, em um momento estratégico, ele gravou na surdina Singin’ Alone.

Parecia que o tempo lhe escapava, ou que sua hora já havia cruzado o limite da eternidade. Mergulhou de corpo e alma, pois sua hora chegara:

"Eu dei corda e pensei

Que o relógio iria viver

Pra dizer a hora

De você chegar."

 Destaco a conexão entre o ato de dar corda ao relógio e a esperança de marcar o tempo da espera por alguém, misturando expectativa e vulnerabilidade.

"Ele não deve se lembrar de que foi um dos Mutantes." A frase soou como uma tentativa de autodefesa. Parece-me que, se ele se lembrasse, não estaria ao lado daquela pessoa que o machucou.

Agora, não se trata mais de reparação ou de qualquer busca por justiça. Nada mais importa, exceto uma vozinha interior que reverberou em revistas, livros, documentários e conversas. 

Uma conversa fragmentada, despedaçada pelos obstáculos: "interdição involuntária", "coerção ilegal", "abuso de poder" e "violação de direitos humanos." E surge, enfim, uma certeza amarga: a partir desse momento, a história já não é mais sobre o mesmo Arnaldo  — é sobre alguém completamente transformado.

 

 

Culto oculto e vazio oco 

 

O culto oculto aos Mutantes começou com aquele LP de 10 polegadas dos fascículos da Abril Cultural. Já naquela época, críticos, amigos jornalistas e fotógrafos tentavam impulsionar a carreira de Arnaldo. No final dos anos 70, o LP Lóki? já era considerado um dos mais valorizados da MPB. Foi o farmacêutico Calanca quem resgatou, de fato, a obra pós-Mutantes, lançando e relançando suas gravações. O Crepúsculo Fatídico foi mais ilustrado, afinal, parece ser norma passar o tempo falando sobre o que já se foi, inspirando revivals. Depois, a revista Bizz se interessou pelo tema, publicando, em duas partes, a história dos Mutantes.

Em 1989, houve a "Arnaldomania", com o lançamento de Sanguinho Novo e, a partir daí, surgiram tributos digitais, regravações e versões independentes. Desde então, quantas biografias já foram lançadas desde a revista especial de Rita Lee, de 1979? Na internet, colagens digitais se espalham por sites e por páginas de fãs no Facebook ou Pinterest. São revisores, colecionistas e saudosistas de um tempo que passou. O culto oculto se expande com resgates de qualidade, incluindo shows e até gravações de estúdio que antecedem os lançamentos oficiais. Fotos e registros restaurados, além de depoimentos recentes e profundos, como o do músico Arnaldo Brandão.

Um grande momento foi a divulgação completa no YouTube das músicas apresentadas por Arnaldo e a Patrulha do Espaço nos estúdios da TV Bandeirantes, em 1978  — colorido! Fãs anônimos tomaram os Mutantes como ícones, objetos de identificação, trabalho e auto projeção. E não achas que muitos também experimentaram até perder a razão, mas sem ir longe demais? Eles não tinham motivo para irem além.

 

É contra a vontade fuçar nos tesouros alheios que só interessam a cupins e traças. Deve existir uma versão de estúdio com Tim Maia. A versão ao vivo dos Mutantes como quarteto para Jailhouse Rock, o show do Phono 73, os ensaios dos Mutantes originais e takes gravados diretamente da TV, além de apresentações em teatros  — até na França  — e os ensaios de o A e o Z. Porém, não merecem um lançamento em boxes, pois os esforços fonográficos necessários para viabilizar a comercialização não se pagam. E seguimos esperando que alguém, mais uma vez, quebre o bloqueio, como fizeram com o outtake de Algo Mais, o jingle gravado para a Shell em 1969!

O culto oculto persiste pelas pesquisas conduzidas junto aos músicos da banda e apresentadas em livros especiais de fotos. Recentemente, até cogitaram fazer uma biografia completa de Arnaldo, mas a ideia foi recusada.

 

 

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