1973: A Primeira Década de um Fã de Rock (1973-1983)

★ Parque da Água Branca, abril de 1972: A prática começou a ser adotada quando essa mesa foi construída. Os Mutantes foram os pioneiros a utilizar essa técnica no Brasil, que consistia em posicionar-se de frente para o palco.

 

1973

 

Os Mutantes souberam que tocaram para uma Florianópolis superlotada, fizeram sucesso em Porto Alegre e lotaram os 1.200 lugares do Tuca, em São Paulo. Porém, por falta de teatros — reservados para cerimônias cívicas —, não se apresentaram em Caxias do Sul e Rio Grande, como havia sido anunciado pela revista Matraka. Arnaldo retornou de viagem com um amplificador de contrabaixo e duas cornetas, adquiridos com verba da gravadora. No dia 29, participaram do evento no Mackenzie Mineiro. O lançamento do LP continua atrasado. Por sugestão do inglês Mike, Rita Lee desistiu de formar seu próprio grupo e passou a contar com a guitarra de Lucinha.

MARÇO

OS MUTANTES NA MUDANÇA

No início, quando cantavam como o conjunto Mamas and the Papas, os Mutantes eram apenas três: Rita Lee, Arnaldo e Sérgio. Com o tempo, sentiram a necessidade de aumentar o grupo e incluíram um baterista em suas apresentações. Muitos shows, viagens e festivais acabaram transformando os Mutantes em uma banda.

Mas o grupo que estreou semana passada no Teatro Tereza Rachel (Rio), em um animado show de rock, é bem diferente daquele que o público se acostumou a ver como os Mutantes. Sem Rita Lee, mas mantendo o nome, Arnaldo e Sérgio assumem a liderança do novo grupo.

— Estamos contentes por Rita ter formado seu próprio conjunto. Isso significa que, com mais um conjunto de rock, o movimento pop só tende a crescer no Brasil. A explosão de rock entre nós só é comparável à da Inglaterra na época dos Beatles. Isso é um dado altamente positivo para todos nós — comentaram.

Com a nova formação, os Mutantes estão experimentando algo inédito: unir banda e plateia em uma só experiência.

— E isso só é possível através do rock, que faz as pessoas viverem o presente sem se importar com o passado ou o futuro. Há algum tempo, Arnaldo, Sérgio, Liminha e Dinho pensavam apenas em ganhar dinheiro. Ficavam em casa esperando convites para shows e programas de TV, interessados apenas no lado financeiro.

Arnaldo conta:

— Foi difícil abandonar aquela fase, com todo aquele comodismo. Atualmente, vivemos como ciganos, e nossa casa é o local de nossas apresentações.

Para Sérgio, o público de hoje já não é o mesmo de quatro anos atrás:
— Por isso, nós também mudamos. Estamos tocando para o pessoal da estrada, gente que entende o nosso som. Aquele conjunto certinho, bonitinho, que fazia gracinhas, não existe mais. As pessoas não apenas se divertem com nossos shows; elas vivem e vibram com o grupo.

O novo equipamento dos Mutantes foi planejado por Cláudio, irmão de Arnaldo, e precisa de quatro técnicos para funcionar. Sérgio explica:

— Temos 2.600 watts de potência. Só para o palco são usados 600, e a mesa de controle funciona como um estúdio de gravação. Com treze entradas independentes, a mesa recebe o som de cada microfone ou instrumento, enviando à plateia cerca de 200 watts através de 10 amplificadores. Dessa forma, ouvimos os outros músicos no palco, e a plateia tem um som perfeito.

Esse som, do qual Sérgio fala, está sendo apresentado na temporada carioca no Terezão, mas já reuniu quase 10 mil pessoas em Salvador, em uma praça pública.

— Por isso, acreditamos em nós — concluem.

 

"No Tereza Rachel, quando o show acabou, Arnaldo estava muito triste e foi para o camarim. Quando cheguei lá, ele estava no chão, chorando pela Rita. Achei que foi um momento bem traumático." (Liminha) 

"Ela, com o seu sintetizador, não era páreo para a capacidade de estudo e experiência minha, do Sérgio, Dinho e Liminha. A separação tornou-se inevitável."

(Arnaldo Baptista)

 

Em memória de meu pai e de todos que deixaram marcas em minha vida.

 

Texto: Mário Pazcheco
Revisão: Roberto Gicello
Consultoria: Tiago Rabelo, A.C. Barbieri, Dado Nunes, Révero Frank
Diagramação: Frederico Mendes

 

O PODER TRANSFORMADOR DO ROCK: CINQUENTA ANOS DE PAIXÃO 

No show que marcou seu retorno a Londres, o Humble Pie lotou os 3 mil lugares da Sadler's Wells Opera House. A banda, composta por Steve Marriott (guitarra e vocal), Clem Clempson (guitarra), Greg Ridley (contrabaixo) e Jerry Shirley (bateria), agora celebra o sucesso do LP-compilaçãoLost and Found.

Em uma recente entrevista ao jornal inglês Melody Maker, Ken Hensley falou sobre o álbum Uriah Heep Live e explicou que não usou efeitos ou aparelhos especiais nas faixas do disco, apenas o Leslie standard, que oferece os efeitos de velocidade coral e trêmulo. Os efeitos impressionantes foram resultado puro de seu talento! Devido a uma hepatite que acometeu Hensley, o Uriah Heep precisou interromper a turnê pelos Estados Unidos, já em andamento. Hensley retornou à Inglaterra para um período de seis semanas de repouso. Com essa pausa forçada, a banda só deverá retomar a turnê entre agosto e setembro. Enquanto isso, o álbum Uriah Heep Live continua vendendo muito bem.

JULHO

Primeira semana

Rita Lee volta a ser destaque na coluna do jornalista Sílvio di Nardo, da revista Amiga, agora com uma nota otimista. Durante a única apresentação de Ravi Shankar no Teatro Municipal, Rita foi vista acompanhada de seu ex-marido Arnaldo e do ex-cunhado Sérgio. Embora não houvesse demonstrações de afeto, tudo indicava que o romance entre eles poderia ter recomeçado, com uma reconciliação à vista.

 

23
JULHO
Segunda-feira

Arnaldo deixou os Mutantes (que já não contavam com Rita Lee) e foi substituído por Manito, da banda Os Incríveis. A nova formação do grupo está ensaiando em uma fazenda próxima a Campinas. A guitarra de Serginho, feita sob medida para ele e recentemente roubada, tem um valor estimado em 25 milhões. Curiosamente, a guitarra carrega uma maldição: quem não a devolver ficará com o braço seco.

 

 Rita Lee está ensaiando para o seu show no Teatro Ruth Escobar, intitulado Tutti Frutti. A cantora se apresentará ao lado de Lucinha Turnbull e da banda Tutti Frutti, com direção do espetáculo por Antônio Bivar e direção musical de João Ricardo. A estreia está marcada para o dia 15 de agosto.

Durante as apresentações no porão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, Arnaldo estava lá, sentado na primeira fila, observando tudo atentamente. Rita recorda:

"Não foi fácil, não. O Arnaldo (Baptista) ia ao show todos os dias, sentava na primeira fila e fazia caras e bocas, como se estivesse odiando. E, como se não bastasse, ainda ia ao camarim e soltava: ‘Tá uma porcaria esse show, vou colocar uma bomba nesse teatro!’"

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“Na verdade, a direção musical foi do Zé Rodrix… A Rita estava, na verdade, tendo um lance com o João Ricardo nessa época, isso sim!” 

(José Armando Bernardo)

 

“Essa relação entre Rita e Arnaldo é um misto de ressentimentos e paixões. Assisti várias vezes ao show de Rita e Tutti Frutti no Teatro Ruth Escobar e sempre via Arnaldo apoiando efusivamente.”

(Moacyr Arnaldo Farah)

 

18

AGOSTO

Sábado

Repressão e Arbitragem Impedem Fãs de Verem Os Mutantes

Dois fãs de Belo Horizonte, Wander Lima e Antônio Ribeiro Ferreira, foram presos em Brasília no dia 18 de agosto enquanto aguardavam para assistir a um show da banda Os Mutantes. Eles foram acusados de tráfico de drogas após a polícia encontrar uma bolsa com maconha e traços de LSD em um carro estacionado no Centro Comercial Gilberto Salomão.

Durante o julgamento, ficou claro que ambos eram usuários e alegaram que a quantidade de drogas era insuficiente para comércio, reforçando a tese de uso pessoal. Wander Lima afirmou ainda estar na cidade para contratar Os Mutantes para shows em Goiás.

Os advogados dos réus denunciaram irregularidades, como contradições nos depoimentos dos policiais e a ausência de testemunhas imparciais, enquanto o promotor José Nicodemos Ramos defendeu a condenação. A defesa classificou o flagrante como forjado e alegou abuso policial, questionando a legalidade da prisão.

O caso será decidido nos próximos dias, enquanto o incidente levanta debates sobre repressão, arbitrariedade e o impacto sobre os fãs que perderam a chance de assistir à banda.

 

15

SETEMBRO
Sábado

Uma nova nota surge na revista, desta vez com Mônica Lisboa reclamando do noticiário sobre Rita Lee e Arnaldo. O editor argumenta que a culpa não é da revista, já que, até aquele momento, o que se sabia era apenas da separação do casal. O problema é que, sendo vistos frequentemente juntos, é natural que a imprensa faça suposições, inclusive sobre uma possível reconciliação.

 

DEZEMBRO

Gravado no Estúdio Eldorado, em São Paulo (SP), sob a direção do então iniciante produtor musical Liminha e com músicos como o baixista Lee Marcucci, o primeiro disco do Tutti Frutti acabou sendo engavetado. Só foi lançado anos depois, de forma não oficial, como bootleg, recebendo o título de Cilibrinas do Éden.

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