1976: DA PERIFERIA DO DINHEIRO À PERIFERIA DO PODER

1976

 

 DA PERIFERIA DO DINHEIRO À PERIFERIA DO PODER 

 

Sweet Rock'n'Roll Memories, Taguatinga

 

Quase meio século antes, cheguei a Brasília, vindo de Osasco-SP, em dezembro de 1975. Minha primeira parada foi em Taguatinga Sul, onde morei um mês na Vila Dimas, Matias e Sapolândia, na Shis Sul. Lembro vagamente que, aos nove anos, já tinha estado em Goiás.

Em Taguatinga Sul, existia o Cine Rex, e era na Praça do Rex que eu comprava gibis. Depois, mudamos para a QNA 26, próxima à Praça do DI. Quando menino, aos domingos, ouvia o jornaleiro gritar ‘Olha aê o Correio!’ (ou, na minha cabeça, soava como Olha aí... o Correio!). Era do Correio Braziliense que eu tirava a escalação dos times para os jogos de botão. Com o tempo, comecei a colecionar recortes sobre músicos do rock.

Minhas boas lembranças de Taguatinga incluem as andanças pela área comercial e as partidas de futebol no pátio da Escola Classe 23, localizada na praça do DI. Perto do centro, nos fundos da CNB, havia um pequeno conjunto de lojas escondidas. Uma delas tinha uma vitrine que exibia um pôster icônico de John e Yoko nus, com Lennon cobrindo sua intimidade com um jornal.

É impossível lembrar o nome da loja. Naquela época, os shoppings ainda não existiam, e uma butique que vendesse jeans era uma verdadeira raridade. Na vitrine principal, o pôster de John e Yoko se destacava, ao lado dos manequins, trazendo um pouco da cultura pop para Taguatinga. Aquela loja me transportava para as ruas de outras cidades, como Rio e São Paulo.

‘Era a loja Cats, de moda jovem? Essa loja é bem antiga e fica na CNB 3, na Comercial Norte. Quando eu era criança, minha mãe comprava roupas lá para meu irmão mais velho. E ela ainda existe, pois sempre passo por lá a pé, vindo de Taguatinga Sul, onde moro, para visitar meu pai na QNC 3.’ (Bruna Argôlo)

De frente para o Cine Lara, descobri a Discodil, onde comprei o álbum ‘Sgt. Pepper’. Outra lembrança vívida é da Praça do Relógio, onde já havia moradores de rua que chamávamos de ‘hippies’. Na nossa educação, qualquer mendigo era rotulado como hippie, e por isso detestávamos ser associados a essa imagem!

Aos 61 anos, sendo 50 deles em Brasília, minha trajetória foi de Taguatinga Sul ao DI (Departamento de Imobiliária da Novacap) e depois para a Shis Norte. Estudei no CTN (antigo Colégio Taguatinga Norte) e morei na QNJ 5. Ao matar aulas subia até o Jumbo, no Centro ou voltava a pé do colégio para casa.

Do CTN seguia para a Avenida Comercial e ia até o final, procurando gibis usados e tampas de vidro de relógio para o jogo de botão. No fim da Comercial, havia o Cai Pinto, famosolupanar, e depois outro puteiro escondido no matagal, nos fundos da Facita. Hoje, se você andar por ali, nada será reconhecível. Para quem veio do Rochdale, o rolê era quente, mas o medo mesmo era andar no Plano Piloto, que sempre foi perigoso.

Meu primeiro show de rock foi em Brasília? No Clube dos 200, ou na Facita? Com Silvio Brito no auge, com o programa de TV Aleluia, nas tardes de sábado, na Rede Tupi? Terá sido o show, Tá todo mundo louco? 

 

De 1976 a 1982, não ocorriam muitos shows de rock, só filmes tipo ‘Tommy’ — motivo pelo qual passei a curtir quem tocava violão e depois as bandas de garagem, me envolvi com poucas. Do Guará ia a Sobradinho, Cruzeiro, Gama e voltava a Taguatinga — onde o rock orbitava. 

Sou um candango honorário oriundo do Jardim Rochdale — Osasco, São Paulo

Minha memória navega pelo velho Tietê

Nada tenho de vitoriano!

Em Goiânia, para qualquer festival de rock, eles veem com essa: 

— Vocês são de Brasília! 

— Não mano, eu sou de Nova Glória emancipada de Ceres perto de Rialma!

— Viação Araguarina, a 180 quilômetros daqui! 

— Viemos de Brotas de Macaúbas na Bahia. Nos anos 50, percorremos 1200 quilômetros pela BR-153, (conhecida como Belém-Brasília).

— Sou neto de Avelino Baiano que quase morreu sangrando de um corte no joelho, ele era hemofílico e chegou na cidade de Ceres em cima de um caminhão para ser salvo.

 

BRASÍLIA

O diplomata Wladimir Murtinho toma posse à frente da Secretaria de Educação e Cultura, e fica imediatamente entusiasmado com o projeto da 508 Sul. 

No início de 76

Glauber Rocha despreza os dois primeiros roteiros de A Idade da Terra e viaja para Moscou, onde não conhece ninguém. Do hotel, liga para a Mosfilm, a empresa estatal de cinema, comunicando que havia chegado. Durante seis dias é visitado por Natasha, uma funcionária especialista em Machado de Assis, que lhe mostra as praças, os museus e monumentos da cidade. Pedem-lhe referências e ele dá: Luiz Carlos Prestes, secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, deve ter ouvido falar de mim. Não apenas ouvira como comparece a uma seção especial de Deus e o diabo na terra do sol e O dragão da maldade contra o santo guerreiro, numas salas vips da Mosfilm. Prestes vai embora, elogiando, e Glauber Rocha volta ao hotel, esperando. Quando o chamam de volta, querem, naturalmente, um roteiro. O cineasta inventa um roteiro falado, de uma hora, traduzido por Natasha, e tenta derreter ogelo dos tecnocratas soviéticos com uma comparação: — Acontece comigo o mesmo que aconteceu com Eisenstein no México! Há uma nova exibição de Deus e o diabo na terra do sol. De volta ao estúdio, não há como escapar: o roteiro ou nada!. E avisam, delicadamente, que o inverno está chegando.

De Moscou, Glauber vai para Hollywood, com escala em Paris.

 

'Comes Alive!': A Consagração de Peter Frampton no Rock

Após três anos de estudo com Susan Graham, Peter Frampton desenvolveu uma habilidade pouco comum: o uso do dedo mínimo da mão esquerda, um detalhe que ele considera raro entre guitarristas. Essa técnica, aliada a sua musicalidade, brilhou em Frampton Comes Alive!, um marco do rock e um dos álbuns ao vivo mais vendidos de todos os tempos. Lançado na primeira semana de 1976, foi o LP mais vendido no mundo naquele ano, o álbum duplo de maior sucesso na história e o disco ao vivo mais popular até hoje, consagrando Frampton como uma das grandes estrelas do rock. O álbum rapidamente atingiu o status de “disco de platina” nos Estados Unidos, superando um milhão de cópias.

Com vendas que chegaram a 12 milhões de cópias em 1976, Frampton Comes Alive! estabeleceu um recorde na indústria fonográfica, só ultrapassado pela trilha sonora de Saturday Night Fever. Em questão de semanas, Frampton passou a ser atração principal nos shows, atraindo multidões que revivem a energia dos tempos dos Beatles.

O álbum conquistou o topo da Billboard 200, permanecendo nas paradas por impressionantes 97 semanas e gerando hits como "Show Me the Way," "Baby, I Love Your Way," e "Do You Feel Like We Do," nos quais Frampton utilizou o talk box para manipular o som da guitarra, uma inovação que se tornaria sua marca registrada.

Com uma mistura de rock, pop e elementos psicodélicos, as versões ao vivo são mais longas e elaboradas do que as de estúdio, permitindo maior interação com o público. Produzido por Glyn Johns, Frampton Comes Alive! não apenas solidificou sua carreira, mas também influenciou uma geração de músicos e definiu um novo padrão para álbuns ao vivo, encapsulando a energia vibrante da música dos anos 70. 

OBITUÁRIO

10

JANEIRO
Domingo

Howlin' Wolf, um dos grandes ícones do blues, faleceu em Chicago após meses de saúde debilitada. Com seu verdadeiro nome Chester Burnett, ele nasceu em 1910 no Mississippi e foi uma das primeiras influências do rhythm and blues britânico nos anos 60. Suas músicas, como "Smokestack Lightning," foram tocadas por diversas bandas britânicas da época, e sua influência foi celebrada em 1971, quando gravou o LP London Sessions ao lado de nomes como Eric Clapton, Bill Wyman, Stevie Winwood, Charlie Watts e Ringo Starr. Entre seus maiores sucessos estão "Natchez Burning" e "Spoonful."

FEVEREIRO

Foi necessário uma década para no verão de 1976, as guitarras distorcidas e enérgicas como os grupos pré-Swinging London, voltarem a serem ouvidas e gravadas nos estúdios acostumados ao experimentalismo, nesse ponto Nick Cohn, poderia orgulhar-se ao lado de todas aquelas bandas que as flores enterraram...

Primeira apresentação dos Sex Pistols. Na festa de Andrew Logan. John Beverley, ao lado de Susan Dallion, Steve Severin e Marco Pirroni decidem iniciar sua própria experiência musical, The Banshees.

“Curioso que o U2 começou em 1976, o ano em que o punk mostrou as garras com seu No future niilista e a banda foi no sentido contrário". (Jamari França)

Em 1976, meu filho estava em Paris, que foi minha inspiração original para ir à Europa. Jane Friedman estava lá com John Cale. Fui ao show dele e conheci Patti Palladin, Judy Nylon e algumas pessoas da imprensa francesa. Acabei fazendo um acordo que durou anos com uma revista lá, que publicou muitas das minhas fotos. Como as leis francesas tornavam muito difícil enviar dinheiro para fora da França, eu esperava até que eles me devessem várias edições e então ia buscar meu pagamento, aproveitando para fazer boas refeições, viajar pela Europa e fazer a viagem se pagar. Fui a Paris com o Blondie, fiz uma turnê pela Inglaterra com o Clash e me diverti muito. Quando cheguei a Londres, o único número de telefone que eu tinha era o de Malcolm. Ele tinha acabado de começar os Sex Pistols. Ele me encontrou uma pensão que era realmente barata e me levou a um lugar chamado Club Louise, onde ele e muitas das crianças que compravam suas roupas costumavam ficar. (Bob Gruen)

MARÇO

Mutantes: Tudo Novo

Após um período de baixo astral, marcado por dívidas superiores a Cr$ 100.000, Os Mutantes tentam virar a página e resgatar a essência dos velhos e bons tempos: som inovador e foco em resultados financeiros.

As mudanças começam com a saída de Túlio Mourão (teclados), que planeja integrar o Ad-Canto, e de Pedro (contrabaixo), que decidiu abandonar o antigo esquema da banda. Enquanto isso, boatos indicam que Arnaldo Baptista, um dos fundadores da formação clássica, estaria cotado para substituir Túlio. Já o posto de Pedro deve ser ocupado por Paul, ex-guitarrista do grupo Veludo.

★ "Em uma viagem pela América, aluguei um Pontiac para ir de Los Angeles a Nova York em busca de peças de moto. No caminho, um dos pneus traseiros explodiu, fazendo o carro dar um cavalo-de-pau. Acabei me machucando, quebrando um pedaço da cabeça e precisando levar alguns pontos." Após o acidente, Arnaldo retornou ao Brasil desiludido e profundamente abalado por problemas psicológicos

★ Na coluna Let it Rock, Ezequiel Neves anunciava: "Arnaldo Baptista, fundador dos Mutantes, agora tem um novo nome. Ele só atende pelo epíteto de Billy Cheese. Trocou os teclados pela bateria — uma imponente Ludwig Silver Sparkle, para ser mais exato — e está mandando ver completely alone em solos capazes de enlouquecer o bairro de Higienópolis." Pelo tom da coluna, ficava claro o incômodo que os vizinhos estavam enfrentando.

Sobre o nome Billy Cheese, Arnaldo explicou: "Foi uma inspiração em que juntei o Billy Shears da canção Sgt. Pepper's com o Leslie West, do trio West, Bruce & Laing. O Leslie é meio gordão-de-queijo, e ele canta numa letra: 'meu coração é cheio de cheese e não há lugar para escondê-lo.' Que coisa, né? Gozado..." Já em relação aos Mutantes, Arnaldo foi direto: "De agora em diante, só toco bateria e fim de papo."Com essas mudanças, tudo aponta que, dos antigos Mutantes, restarão apenas o nome e a presença marcante do talentoso guitarrista e líder Sérgio Dias.

13

MARÇO
Sábado

Presence, o sétimo álbum de estúdio do Led Zeppelin, foi lançado pela Swan Song Records, selo da banda, e produzido por eles mesmos com o apoio do engenheiro de som Andy Johns. Gravado em um curto período (1975-1976), o álbum reflete um momento de turbulência pessoal e profissional para o grupo, com menos elementos acústicos e mais riffs de guitarra elétrica, resultando em um som mais pesado e direto. Faixas como "Achilles' Last Stand", "Nobody's Fault But Mine" e "Tea for One" se destacam, sendo influenciadas por dificuldades vividas pela banda, incluindo a recuperação de Robert Plant após um grave acidente de carro em 1975. Embora Presence tenha sido bem recebido pela crítica e alcançado o topo das paradas de álbuns dos EUA, seu tom mais introspectivo e sombrio se diferencia dos álbuns anteriores, como Led Zeppelin IV e Physical Graffiti.

A capa de Presence é minimalista e intrigante, apresentando apenas uma foto de uma caixa preta com uma figura enigmática flutuando em um espaço vazio. Criada por Storm Thorgerson, da Hipgnosis, a capa transmite uma sensação de mistério e "presença". O design sutil e abstrato contrasta com capas mais vibrantes da época, alinhando-se com o tom sombrio e focado do álbum.

25

MARÇO
Quinta-feira

Wings, LP At the Speed of Sound.

ABRIL

Durante as apresentações de promoção do seu LP Revolver (pronúncia e título nada a ver com o homônimo dos Beatles), Walter Franco apresenta uma versão do poeta Augusto de Campos para "I’m the Walrus".

23

ABRIL

Jethro Tull lança — Too Old To Rock 'n' Roll: Too Young To Die.

17

MAIO
Segunda-feira

O Rainbow lança Rising, um álbum que se tornaria um marco no heavy metal, marcado pela combinação de influências medievais, góticas e sinfônicas. Após reformular a banda, mantendo apenas o vocalista Ronnie James Dio, o guitarrista Ritchie Blackmore trouxe músicos como Cozy Powell e Jimmy Bain, criando uma formação poderosa. Gravado no EstúdioMusicland, em Munique, e produzido por Martin Birch, o álbum inclui faixas como "Stargazer" e "A Light in the Black," que exploravam temas épicos e históricos, com destaque para a colaboração da Filarmônica de Munique em "Stargazer". A produção do disco não foi fácil, e o uso da orquestra acabou sendo reduzido na mixagem devido a problemas de execução.

Rising apresenta tanto faixas pesadas como "Tarot Woman" e "Run with the Wolf" quanto temas festivos, como "Do You Close Your Eyes". Dio não era fã do álbum, criticando o foco excessivo em solos de guitarra e bateria, mas admitia a química entre ele e Blackmore nas letras de fantasia e mitologia.

A capa, ilustrada por Ken Kelly, tornou-se icônica, mostrando um punho emergindo do mar, representando a força do álbum. A turnê de Rising iniciou-se logo após o lançamento, trazendo surpresas no setlist, como "Kill the King" e "Mistreated". Hoje, o álbum é reconhecido como uma das obras mais influentes do gênero, um precursor do metal sinfônico e do power metal. 

21 a 23

MAIO
Sexta-feira, sábado e domingo

Festival de Surfe de Saquarema

Local: Itaúna, Saquarema (RJ). 

O Festival de Saquarema, também conhecido como I Festival de Rock de Saquarema ou "Woodstock Brasileiro", aconteceu na cidade de Saquarema, no Rio de Janeiro. O evento marcou a cena musical brasileira, especialmente por ser inspirado nos festivais de rock internacionais e por reunir diversas bandas e artistas da época.

24

MAIO
Segunda-feira

No ano do Bicentenário dos Estados Unidos, foram relançados 26 compactos dos Beatles e minha mãe me deu grana suficiente para comprar um no dia do meu aniversário. Existem alguns compactos japoneses do mesmo ano 1976 que registram gravações dos Beatles antes de 1962.

29

MAIO
Sábado

Cornelius & Grupo Santa Fé fazem sua estreia no Festival Canindé — S. Paulo, "o maior ou o mais longo show de todos os tempos".

Já com Percy Weiss nos vocais, veio Jack, O Estripador do Made in Brazil. A música-título "Jack, O Estripador", além das canções "Os Bons Tempos Voltaram" e "Vou Te Virar De Ponta Cabeça", emplacaram nas rádios e colocaram o grupo em outro patamar.

Luiz Sérgio Carlini, mestre das guitarras, já em 1976 se consolidava como um dos nomes mais marcantes do rock nacional, eternizando sua contribuição ao gênero. Ao lado da banda Tutti Frutti, sua habilidade e estilo únicos se tornaram uma referência indelével na história do rock brasileiro. 

22

JUNHO
Terça-feira

Califórnia, Glauber abandona o sossegado e velho quarto do confortável hotel Garden Courts Apartments, situado no nº 7021 da Hollywood Boulevard, antigo ponto de encontro de celebridades da tela na época do apogeu dos grandes estúdios.

No dia seguinte, uma quarta-feira, depois de cinco anos de ausência, regressa do exílio. Vestindo um casaco de tweed, logo deixa patente que abandonou as contradições marxistas como a lei cubana de necessidade, uma explicação para a miséria da ilha de Fidel e rompido com a tirania comunista da Tchecoslováquia.

Em solo pátrio passa a defender os esforços para o aperfeiçoamento democrático do presidente Ernesto Geisel, a luz dentro do processo histórico, a propalada abertura: lenta, gradual e segura, o único conceito de avanço político naquele momento.

02

JULHO
Sexta-feira

Beach Boys colocam Brian Wilson, mais magro e um tanto tonto, no banco do piano, em seus shows comemorativos do décimo-quinto aniversário da banda. Pela primeira vez depois de 12 anos, Brian Wilson apresenta-se com os Beach Boys, em um show em Oakland, Califórnia, Estados Unidos; na noite seguinte Brian retornou ao palco; o show foi gravado para um especial da NBC

JULHO

O Beatles Fã-clube do Brasil, realiza sua convenção nacional no Rio de Janeiro, no Clube Olímpico de Copacabana.

É lançado o álbum duplo Rock’n’Roll Music.

 

Os Beatles em foco: Revista Veja os chamou de "Incendiários"

Juntei os cobres e comprei o álbum duplo Rock’n’Roll Music. Quando descobriram quanto eu paguei pelo disco, logo retrucaram que eu precisava ganhar bem para sustentar aquele vício de adulto: bebida e música. Desde então, ninguém saberia mais quanto eu realmente gastava em discos. Eu arquitetava os planos mais mirabolantes para trazê-los para casa.

Uma coisa que me deixa extremamente irritado é quando alguém pede para ver o que comprei nas sacolas. Certa vez, ao abaixar o vidro do carro para cumprimentar o Quinzinho, ele logo agarrou a sacola de discos do banco do carona ecomeçou a bisbilhotar, numa curiosidade que não era nada inocente. 

Graças a Deus não havia nada excepcional ali, mas fiquei com vontade de atropelá-lo.

Londres. Sai o primeiro número do fanzine punk, o Sniffin’ Glue ("Cheirando Cola"), seu editor é Mark Perry, bancário de 19 anos.

04

JULHO
Domingo

Ramones estreiam na Inglaterra, com show no London Roundhouse. Joey Ramone

06

JULHO
Terça-feira

Damned faz seu primeiro show, abrindo para os Sex Pistols no 100 Club, Londres.

Um Ringo irreconhecível, totalmente raspado, em Monte Carlo. Em entrevista, anos depois, ele disse que fez isso porque estava depressivo e que ′′Era uma época em que você cortava os pulsos ou o cabelo e eu sou covarde."

19

JULHO
Segunda-feira

O Deep Purple se separou no final de uma turnê no Reino Unido. David Coverdale seguiu para formar o Whitesnake, enquanto Jon Lord e Ian Paice formaram uma banda com Tony Ashton. Glenn Hughes voltou para o Trapeze, e Tommy Bolin montou sua própria banda (mas morreria antes do final do ano).

 

24

JULHO
Sábado

Joey Covington ex-baterista do Jefferson Airplane, novamente como coautor, assina "With Your Love", single de Jefferson Starship, que chegou ao 12º lugar nas paradas.

 

AGOSTO

"Neste momento, com a saída da Rita e logo depois a do Arnaldo, muitos músicos transaram com a gente: Liminha, Dinho, Manito entre outros. Influenciávamos muito por tudo que vinha de fora, o apuro técnico, o espelho. Eu punha na vitrola os discos dos melhores guitarristas, pegava um violão e ficava escutando milhões de vezes, até acertar completamente todos os solos, pois minha preocupação principal era conseguir tirar um som igual ao de um John McLaughlin ou um Steve Howe".

Sérgio Dias ao Jornal de Música e Som, nº 21.

 

LP Mutantes Ao Vivo.

20

AGOSTO

Sexta-feira
Rita Lee & Tutti Frutti no Teatro Aquarius — SP;

21

AGOSTO

Sábado
Primeiro Festival do Punk Europeu acontece na França (Estádio Mont de Marsan, sul de Bordeaux). Participam Eddie & The Hot Rods, Damned, Pink Fairies, Roogalator, The Tyler Gang e as bandas francesas Il Baritz, Kalfont Rockchaud, Bijoux, Shakin' Street, Little Bob Story e Pashion Force.

24

AGOSTO

Terça-feira

Foi na mesma casa da Rua Pelotas, n. 497. Na Vila Mariana. Que Rita fora detida, acusada de posse de drogas. Ela estava em temporada com o Tutti Frutti, no Teatro Aquarius, naquele 24 de agosto de 1976 quando os investigadores da Divisão de Entorpecentes do DEIC bateram à sua porta com um mandado de busca e apreensão.

Grávida de dois meses, Rita estava tranquila. Logo soubera da gravidez, tinha parado com tudo, até mesmo com os cigarros comuns. Por isso, ao ouvir dos policiais que teriam recebido a denúncia de que havia um quilo de maconha dentro de casa, ela respondeu com bom humor: “Se vocês tivessem passado aqui uns meses atrás teriam achado bem mais de um quilo. Mas agora não tem mais nada...”.

Rita acabou autuada em flagrante e levada para o DEIC. Além de um narguilé (uma espécie de cachimbo oriental), os policiais disseram ter encontrado pontas de cigarros de maconha. Coagida, ela acabou assinando um papel, no qual reconhecia ter droga em casa. Depois, foi enviada à Penitenciária Feminina, para aguardar o julgamento.

 

O episódio da prisão de Rita Lee e a tentativa inusitada de Arnaldo Baptista

 Na edição especial da revista Rita Lee Biblioteca Musical nº 8, um episódio curioso envolvendo Rita Lee e sua prisão é relatado. Arnaldo Baptista, ao saber da situação, tentou se juntar a ela de maneira inusitada: apareceu em uma delegacia portando um enorme cigarro de maconha, claramente disposto a ser detido. Porém, os policiais, percebendo seu estado confuso, explicaram que, mesmo preso, ele seria colocado em uma cela masculina, separado de Rita. Sem compreender totalmente a situação, Arnaldo foi liberado e encaminhado de volta para casa, sem maiores complicações.

Dentro da cela, Rita ficou surpresa ao ver Arnaldo se aproximando das grades, com o olhar perdido.

"De quem é o seu filho?", perguntou ele, ao saber da gravidez.

"Você não conhece...", respondeu Rita, encerrando o assunto com um tom seco.

"Eu posso ser o pai do seu filho, se você quiser... se não tiver ninguém...", insistiu ele, hesitante.

"Cai fora, Arnaldo! Eu não preciso disso! Meu filho tem pai, sim", afirmou Rita, firme e categórica.

Arnaldo ficou em silêncio, absorvendo as palavras. A realidade era clara: o tempo para declarações de amor ou reconciliações já havia passado.

 

 

SETEMBRO

George Harrison é condenado por plágio pela música "My Sweet Lord", considerada uma cópia de "She's So Fine" (1962). Devido a uma hepatite, fica dois meses de repouso, o que o impede de gravar. Por esse motivo, a sua antiga gravadora pede uma indenização de US$ 10 milhões por quebra de contrato.

Nesse setembro, uma novidade vem marcar o reinício da ebulição cultural em Brasília: a instalação de uma construção em forma geodésica, com três quartos de sua estrutura apresentados em perspectivas esferoidais — o Balão de Ensaio.

O Balão concebido pelo arquiteto Sérgio Prado, com oito metros de diâmetro, destinava-se especialmente à dança e à música e foi montada próximo à Escola Parque da 308 Sul. Também serviu como palco para espetáculos de teatro de bonecos e ponto de encontro de artistas plásticos e dos primeiros músicos de rock da cidade. Essas tentativas de investir em mobiliário urbano destinado a movimentar a cena cultural da cidade (e protestar contra a falta de espaços) tiveram fim melancólico e incivilizado três anos mais tarde, com sua estrutura derrubada — a marretadas — por quem, em última instância, deveria protegê-la: a Fundação Cultural do Distrito Federal. A propósito, este órgão posteriormente também foi extinto, mas de forma mais discreta e solene: a canetadas. 

25

SETEMBRO
Sábado

Encontro do Rock
Tellah
Hortelã
Sopa dos Ricos
Brisa
John Paul Léo Blues Band
Dropissom
Bandalheira
Paz e Filhos
Carência Afetiva
Sol Noturno

“Essas foram umas das primeiras bandas de rock do DF. E desde essa época, o Sesc-DF já vinha abrindo espaço ao rock candango.” — Sérgio Pinheiro

 

06

OUTUBRO
Quarta-feira

MUNDO

O agente da CIA Luis Posada Carriles, ligado à máfia anticastrista de Miami, considerado um dos principais terroristas do continente. Está envolvido em atentados como o assassinato do chanceler chileno Orlando Letelier, em Washington (1973), e a derrubada de uma aeronave da Cubana Aviação (1976), que deixou 73 mortos. 

07

OUTUBRO
Quinta-feira 

Humahuaca: Características de Resistência

Humahuaca é uma pequena cidade no norte da Argentina, marcada pela pobreza e pela resiliência de seu povo, que vive uma rotina sem grandes mudanças em suas esperanças. Essa realidade ecoa a luta de regiões empobrecidas, semelhante à música do Nordeste brasileiro e ao carnavalito argentino. 

A banda Humahuaca surgiu dessa ideia de constante batalha. Seus integrantes enfrentam dificuldades financeiras na busca por instrumentos e equipamentos. Willie Verdaguer, baixista argentino, decidiu se unir a outros músicos para formar o grupo após sentir insatisfação com sua carreira.

Após um ano e meio como coletivo informal, a banda definiu sua formação e começou a se apresentar oficialmente, misturando bossa-nova, rock e outras influências. Com uma recepção positiva em cinco shows em São Paulo, perceberam que sua música funcionava melhor em teatros, aspirando a um estilo mais erudito que incorpora folclore argentino e brasileiro.

Apesar dos desafios de infraestrutura e da falta de interesse de empresários e gravadoras, a Humahuaca busca um empresário que possa ajudar na divulgação e organização de shows. Enquanto isso, trabalham em estúdios para gravar seu primeiro disco e produzem jingles. Para os integrantes, o grupo simboliza uma busca pela pela autenticidade na música latina, com a esperança de que o público os reconheça e consuma seu trabalho.

 

14 a 17

OUTUBRO
Quinta-feira, sexta, sábado e domingo

O artigo Vímana e Black Zé: marcando presença, escrito por Paul de Castro, publicado na revista Música, fala sobre a banda de rock progressivo Vímana e suas atividades na cena musical alternativa do Rio de Janeiro. A banda, formada por Luiz Paulo nos teclados, Lulu na guitarra, Fernando Gama no baixo e Lobão na bateria, já participou de eventos importantes como o Hollywood Rock e Banana Progressyva, mas suas apresentações são raras. A banda gravou um LP de forma independente, usando o Estúdio Level no Rio, e busca negociar sua fita com gravadoras.

Luiz Paulo, destacado como um dos melhores tecladistas eletrônicos do Brasil, utiliza uma gama variada de instrumentos como sintetizadores e pianos. Lulu, o guitarrista, é descrito como um músico versátil de estúdio. Lobão, jovem baterista de 18 anos, traz grande energia com sua bateria Tama Imperial. Richard Court (Ritchie), um inglês no Brasil há quatro anos, é o vocalista, conhecido por sua presença de palco.

A matéria também menciona outra banda carioca, "Black Zé", embora a nota sugira que a banda era pouco conhecida.

OUTUBRO
16
Sábado

Rita Lee, vestida com um figurino de presidiária, se apresenta no Clube Palmeiras, em São Paulo. Nesse período, Roberto de Carvalho se junta à banda...

"Na estreia do show Entradas e Bandeiras [disco de Rita Lee com o Tutti Frutti, de 1976], no Teatro Aquarius, localizado no Ginásio do Palmeiras.

★ Os esquerdistas acusam Timothy Leary de delator... A revista americana Head tenta descobrir se Timothy Leary realmente dedou seus amigos em troca da liberdade...

 

MÚSICA

"No anteprojeto dos 'Doces Bárbaros', Walter Smetack estava incluído. Ele terminou não participando porque a Universidade da Bahia não podia lhe dar uma licença demasiado longa e os componentes do dito grupo, então em formação, não tiveram determinação suficiente pra forçar mais essa barra, uma vez que eles estavam forçando tantas, dentro e fora deles mesmo. Acredito que foi uma medida natural de economia do organismo do grupo e apesar da consequente frustração, um sinal de saúde". Caetano Veloso.

★ Som Nosso de Cada Dia, com a formação: Pedrão, Pedrinho, Dino Vicente nos teclados e Egídio Conde na guitarra. Mostra um Som Nosso menos urbano e equilibrado com timbres de música brasileira, antecipando a jornada que os grupos progressistas brasileiros adotariam.

★ Burmah era uma banda composta em sua maioria por argentinos que residiam em São Paulo, Brasil. Os integrantes incluíam Eduardo Depose (guitarra), Norton Lagôa (baixo), Javier Staricco (teclados) e Juan Abalos, conhecido como "Piojo" (bateria). A fotógrafa Nice Pontes era casada com Eduardo, o guitarrista, enquanto Norton, o baixista, era irmão da fotógrafa Grace Lagôa. Infelizmente, Nice já não está entre nós; ela nos deixou. Snif, snif...

★ Edy Star consegue lançar um disco, Sweet Edy; pela Som Livre

22

OUTUBRO

Sexta-feira

Damned lança seu primeiro compacto, "New Rose", a primeira gravação de uma banda punk inglesa.

 

Imyra, Tayra, Ipy, o grandioso LP Taiguara

"Além de canções políticas como as constantes em Imyra Tayra Ipy, nessa obra também tratou de temas indígenas, em parte como homenagem à ancestralidade guarani cujo sangue correu nas veias (seu nome, naquela língua, quer dizer 'Senhor de Si' ou 'Livre'), e assim trouxe de volta o reconhecimento dos índios como os primeiros 'donos' do Brasil.

"Inclusive, a gravadora Odeon (mais tarde EMI-Odeon) é acusada de leniência e colaboração com a ditadura, a ponto de mandar recolher a principal obra de Taiguara, Imyra, Tayra, Ipy, antes da ordem da Censura Federal, pelo recolhimento de lotes do disco em todas as lojas, com a contribuição das distribuidoras, que avisavam por telefone que os policiais estavam à caça do produto." — Luiz Carlos Taveira  

As Duas Faces de Taiguara

Tenho alguns vinis de Taiguara, ou melhor, os que restaram, e assisti a três apresentações dele. Sigo o site dos filhos dele e conheci uma delas, que é amiga de infância da minha sobrinha. Minha história com ele começa antes dos festivais e fui uma das primeiras pessoas que conheço a demonstrar solidariedade quando a absurda desclassificação de ‘Helena, Helena, Helena’ aconteceu. Ele era um companheiro inseparável do meu falecido cunhado, que também era músico, e foi através desse cunhado que passei a conhecê-lo.

Na época de seu último festival, já nos primórdios da ditadura, o jogo era de cartas marcadas. Os militares já tinham ordenado sua exclusão. O motivo? Algumas de suas composições já tinham sido retidas pela censura, ainda que essa censura, por falta de sutileza, tenha deixado outras canções passarem. ‘Helena, Helena, Helena’ era a resposta, mesmo sendo um libelo de amor. A mensagem velada era clara: comunista daqui não leva nada.

Também assisti ao seu último show no Cine Brasília. Foi triste vê-lo ali, já desconectado da realidade, incapaz de reconhecer as pessoas ao seu redor. Taiguara já estava perdido, mas ainda assim, deixou versos que permanecem incrivelmente atuais: ‘Eu desisto, não existe essa manhã que eu perseguia, um lugar que me dê trégua e me sorria, uma gente que não viva só para si...’ Ele foi, sem dúvida, uma das pessoas mais injustiçadas que conheci. E é curioso ver que, através dos saudosistas que ainda o reverenciam, estou descobrindo muitos detalhes sobre sua vida e obra que desconhecia.
Luiz Antônio Sócrates Teixeira — DF

 

Memórias de Taiguara

Há muito tempo, por volta de 35 anos atrás, eu vendia discos na rua, perto do Teatro Municipal. Taiguara costumava aparecer por lá com sua esposa e seu filho, Guarany, para comprar seus próprios discos e enviá-los para Cuba. Ele era uma pessoa fina, mas com o passar do tempo, começou a pirar e adotar um discurso cada vez mais chato e radical.

Lembro-me de ter assistido a um dos seus últimos shows na Escola de Música do Rio. Foi uma decepção: pouca música e muito discurso. Ah, e um detalhe interessante: o compositor de ‘Helena, Helena, Helena’ era um engenheiro que acabou sendo assassinado em uma rua de Copacabana. — Carlos Alberto Santos Rocha

 

Sérgio Sampaio lança ‘Tem Que Acontecer’ (pela Continental)

 

O álbum Tem Que Acontecer, lançado por Sérgio Sampaio, é considerado uma obra-prima da MPB, mesmo tendo sido um fracasso comercial. Com participações especiais de artistas renomados como Altamiro Carrilho e Abel Ferreira, o disco traz composições que combinam samba e letras intensas, marcadas por um tom pessoal e poético. Músicas como "Que Loucura" e "Cada lugar na sua coisa" revelam a profundidade de suas reflexões sobre a vida, a liberdade e a arte. Sampaio, muitas vezes ignorado pela crítica e pela mídia, ficou conhecido como o "maldito da MPB" por sua vida desregrada e estilo musical único, que unia a música popular a histórias do cotidiano brasileiro. Apesar do fracasso inicial, o álbum foi relançado em CD e continua sendo celebrado pela carga poética e pela genialidade de suas canções. — Caio Miranda

As Fitas de Hendrix

Revista Time/Manchete

O artigo explora o período final da vida de Jimi Hendrix e as gravações inéditas que ele deixou. Hendrix foi uma das maiores estrelas do rock dos anos 60, conhecido por seu estilo performático e sua guitarra eletrizante. No entanto, apesar de seu sucesso, ele se sentia aprisionado pela imagem que sua fama e seus empresários impuseram, impedindo-o de explorar novas direções musicais.

Nos últimos meses de sua vida, Hendrix passou muitas noites no Electric Lady Studios, em Nova York, onde gravava livremente a música que realmente desejava tocar, muitas vezes acompanhado por grandes nomes do rock, como John McLaughlin e Stephen Stills. Nessas sessões, ele experimentava sons e estilos de maneira mais livre do que fazia nos palcos, criando longas improvisações e distorções.

Essas gravações, que somam entre 600 e 800 horas, ficaram esquecidas em um depósito após sua morte. No entanto, o produtor Alan Douglas, que trabalhou com Hendrix, redescobriu as fitas. Após ouvir cerca de 250 horas de gravações, Douglas planejava lançar álbuns com esse material, revelando ao público a verdadeira essência musical de Hendrix. O primeiro álbum estava previsto para ser lançado em outubro.

29

OUTUBRO

Sexta-feira

A EMI contrata os Sex Pistols.

Tim Maia Racional, Volume 2

— Você também participou do LP do Tim Maia, num esquema em que havia um baixista titular tocando as bases e você com um distorcedor tocando um segundo baixo. Como surgiu essa ideia, algo meio inovador para a época?

"Foi realmente uma ousadia do Tim e nossa gravar um disco com 2 baixos e 3 guitarras, além dos usuais: teclado, bateria, percussão, 3 vocais, e ainda cordas e metais. Poderia embolar tudo, mas o resultado foi ótimo. Virou uma 'cozinha' gigante, cheia de swing. Usei um pedal Funk Machine, que tem aquele efeito 'Q', um tipo de envelope sensível à dinâmica do toque. Mais força é igual a mais ação do efeito. Era o máximo naquela época do slap. Larry Graham usava, e outros." — Antônio Pedro Fortuna.

★ Belchior lança Alucinação.

"Em 1976 fui convidado para tocar no Teatro Ruth Escobar com a banda Terreno Baldio. Acabei gravando com com eles o LP Além das Lendas Brasileiras e permanecendo na banda até 1978." — Rodolfo Braga. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terreno Baldio em Estúdio: Gravando "Caipora"

Em 1977, o Terreno Baldio registrava "Caipora", faixa marcante do álbum Além das Lendas Brasileiras. No contrabaixo, Rodolfo Braga dava o tom para a releitura progressiva da rica mitologia nacional. As imagens desse momento histórico, ainda que de qualidade limitada, capturam a essência de uma banda que deixou sua marca na música brasileira.

 

★ Paris, na famosa sala de concertos Pleyel. Dois mil espectadores, na sua maioria jovens, aclamam o músico berlinense Klaus Schulze, antigo membro do Tangerine Dream e do Ash Ra Tempel, e desde 1971 solista de electronic rock. Schulze, numa vestimenta branca de meditação, cumprimenta os seus fãs com o sinal de um V e senta-se junto aos seus instrumentos: dois grandes sintetizadores ARP e um órgão. Das suas máquinas de som saíam tons como de flautas, pianos, trompetes, violinos e coros a muitas vozes. Klaus Schulze, ao tocar, volta as costas ao público, mas isto não parece incomodar os jovens de 15 a 18 anos, dos quais muitos ainda ginasianos. Atentos, eles escutam o borbulhar e o trovejar das máquinas de Schulze. Le Rock allemand, como ele é apresentado aqui, é muito solicitado pelos jovens franceses. Depois do concerto parisiense, Schulze fez mais 17 apresentações na França com um sucesso considerável. Além disso, ele ganhou, nesta mesma época, o prêmio da Academia Charles Cros na coluna ‘Tendências Atuais’ pelo seu LP Timewind.

"Ao vivo, o Status Quo tem um dos espetáculos mais impressionantes que já se viu no rock. O guitarrista Francis Rossi faz uma verdadeira ginástica no palco, servindo de ligação entre os músicos mexendo com o público, aumentando o volume do amplificador do baixista Alan Lancaster sem ele saber... enfim, criando um clima de loucura e muita alegria, pra todo mundo dançar" (Revista Pop, 1976).

Stephen Stills subiu ao palco com Neil Young durante o bis de um show de Young no Pauley Pavilion, UCLA. "Stephen Stills se juntou a Neil para o bis, e eles se cumprimentaram. Foi um momento icônico. Eu precisava recuperar esses negativos", relembrou Brad Elterman.

Após algumas produções solo, o trio Crosby, Stills e Nash se reuniu para gravar o aclamado álbum CSN (WEA). Nesse trabalho, mantiveram a essência que os tornou célebres, trazendo às novas músicas as mesmas nuances de sabedoria, sem cair na nostalgia. As letras continuam abordando questões sociais e existenciais, enquanto as harmonias características, com forte influência country, permanecem inconfundíveis. O álbum é verdadeiramente sensacional.

O grupo The Band que acompanhou Dylan na turnê de 1974 e documenta seu final no filme O Último Concerto de Rock — The Last Waltz, dirigido em 1976 por Martin Scorsese.

George Harrison lança Thirty Three and 1/3 e The Best of George Harrison (1976).

Joey Molland se une a Mark Clarke, Peter Wood e John Shirley e forma o conjunto Natural Gas, e lançam um LP homônimo em 1976, (saiu no Brasil), mas logo em seguida Joey saiu do grupo.

No selo Capitol, Jackie Lomax lança Livin' for Lovin’ foi um bom lançamento de soul branco que não conseguiu entrar nas paradas.

Pink Floyd realiza um concerto em benefício do ex-baterista do Soft Machine, Robert Wyatt, paralisado da cintura para baixo após cair de uma janela. Na cadeira de rodas o baterista grava uma série de ótimos álbuns se revelando um exímio vocalista. Rock Bottom, o primeiro deles foi produzido por Nick Manson, baterista do Pink Floyd. 

O Canned Heat entra em recesso.

 

26

NOVEMBRO
Sexta-feira

Um mês histórico para o punk rock. No dia 26, duas semanas após uma intensa expectativa, foi lançado o primeiro compacto do Sex Pistols, “Anarchy in the UK”, marcando o início de uma revolução cultural e musical.

NOVEMBRO

Sai o primeiro compacto do Vibrators, "We Vibrate".

06

DEZEMBRO
Segunda-feira

Dia da Morte de Jango

Jango exilou-se no Uruguai e, posteriormente, na Argentina, onde faleceu em 6 de dezembro de 1976, aos 57 anos. Sua morte, um ataque cardíaco, foi considerada natural até que suspeitas de envenenamento culminaram com a exumação de seu corpo, em 2013.

O laudo da perícia foi divulgado pela Polícia Federal no dia de dezembro de 2014, e o resultado foi inconclusivo, como mostrou a reportagem de Cristina Serra para o Jornal Nacional.

Telasis ficou conhecido como Tellah!

Rock diplomático: "Em Brasília: estreia profissionalmente um conjunto de rock que vai fazer balançar, até mesmo por força de solidariedade familiar, todo o Itamaraty: ele é formado por um filho do embaixador Sérgio Corrêa da Costa que está na ONU; outro do ministro Geraldo Holanda Cavalcanti, do gabinete do Chanceler Silveirinha (que hoje estará no Rio) e dois do secretário Romeu Zero, do Departamento Cultural. Vai estrear no dia 6 de dezembro de 1976". Faltou informar o nome do supergrupo: Telasis —, fica o registro inédito do rock Brasília, no apogeu da picadura, digo, ditadura militar.
Coluna de Ibrahim Suede/O Globo

O Curso de Verão foi uma ideia do maestro Levino de Alcântara, em meados dos anos 70. Ganhou força com o passar do tempo. O então reitor da Escola de Música pensou num projeto onde os músicos da cidade pudessem aproveitar o período de férias para aprimorar conhecimentos com grandes mestres. Em 1976, foi realizada a primeira edição.  

 

10

DEZEMBRO

Sexta-feira

 LP triplo ao vivo   — Wings Over America

Esse álbum ao vivo triplo documenta a turnê norte-americana de Paul McCartney e os Wings em 1976, apresentando performances de grandes sucessos como "Maybe I'm Amazed," "Live and Let Die," e músicas do período pós-Beatles de McCartney. Ele foi muito bem recebido e se tornou um marco na carreira solo de McCartney.

 


Este é um legítimo exemplar do bootleg duplo americano Paul McCartney and Wings Fly South. Nele, Paul responde à clássica pergunta sobre uma possível reunião dos Beatles, além de incluir entrevistas de rádio (as famosas broadcasts) e uma apresentação dos Wings na Austrália, em novembro de 1975.

O disco foi lançado pelo tradicional selo Trademark of Quality, e os californianos fizeram questão de registrar na contracapa que a prensagem foi realizada nas Filipinas. Este álbum captura, de forma emocionante, todo o esplendor da turnê mundial dos Wings naquela época.

Embora existam prensagens mais recentes e diversas edições em CD, possuir este exemplar original é algo que exige décadas de dedicação como colecionador. E não, eu não precisei sacrificar roupas íntimas ou adiar tratamentos dentários para consegui-lo!  😄

 

Contracultura Após o Kaos (1)

Sem dúvida nenhuma, os melhores, e desconhecidos dos intelectualóides, livros de escritores brasileiros (alguns hoje, finalmente felizmente, já, tidos como novos (?), que li, encontrei-os ou no "sebo" ou nas "feiras de livros" ou nos "camelôs de livros" estendidos pelas intrafegáveis ruas e ruelas da metropoluída São Paulo com suas sociedades mais que anônimas. E entre os "sebados", "feirados" e "cameloados" encontrei: Ferúccio Fabry — A Volta que recebeu o "Prêmio José Lins do Rego"; Aguinaldo Silva — Canção de sangue e Cristo partido ao meio; Gerardo Mello Mourão — Valete de espadas; Álvaro Pacheco — Sonhos dos cavalos selvagens e A matéria do sonho; e encontrei, também, o que considero da maior importância dentro da "Literatura Brasileira", como acontecimento que foi. Novo, muito antes do novo existir e cair no lugar comum, a Mitologia Do Kaos em três volumes — Trilogia do Kaos, Deus Da Chuvae Da Morte; Kaos; Narciso Em Tarde Cinza, de Jorge Mautner.

26

DEZEMBRO

Domingo

 • África Jamaica Brasil, Jornal de Música nº 28 

★ "Então Harrison costumava ficar entre John e Paul, tocando, com certa economia, sua guitarra. Procurava, propositadamente, sempre o fundo do palco e exibia-se, discretamente, ensaiando, vez por outra, uns passos de dança. Algumas vezes, também se aproximava do microfone para cantar em dueto com Paul. George vinha do fundo do palco, encostava o rosto no de Paul e os dois cantavam juntos, com uma súbita alegria. O truque tinha grande efeito e a plateia rompia sempre em gritos e aplausos. Depois disso, porém, George voltava a se recolher ao fundo do palco, tocando discretamente sua guitarra”. (Rock Espetacular, vol. I, 1976)

 

LITERATURA

Augusto dos Anjos e Demônios

A amarga poesia de Augusto dos Anjos ganha agora mais um inteligente estudo do crítico e poeta Ferreira Gullar, através do lançamento de toda sua obra pela Editora Paz e Terra. O estudo de Ferreira Gullar chama-se Vida e Morte Nordestina e atesta a modernidade de Augusto com renovador e cantor de um tempo social e presente na vida humana.

 

MARÇO

Trio (Samuel Rawet)

 

 Pedro Paulo no centro, o braço esquerdo no ombro de Pedro, o direito no de Paulo, unidos numa gargalhada, os corpos em permanente fusão dinâmica, as seis pernas oscilantes de um demônio tricéfalo, as vozes dissonantes.

Sofro pelo Mundo!

Pedro esperou a reação dos outros, assustado. No íntimo uma alegria nunca pressentida. Os olhos se dilataram, as luzes esparsas da estação se imobilizaram diante da ternura doída de sua voz, e ao sentir uma leveza de plenitude na cabeça, abraçou os joelhos e apoiou os pés sobre o banco. Algumas moedas recebidas caíram dos bolsos, e a corda que lhe servia de cinto, desfeito o laço, não conseguiu impedir que o farrapo de calça descesse. Não usava cuecas. A camisa ensebada sem cor, protegeu as nádegas. Apoiou a cabeça sobre os dedos enlaçados e entregou-se ao pranto. Chorou um choro manso, silenciosos, contínuo, morno, um choro de alívio, terno, chorou de alegria por conseguir chorar daquele jeito, e naquele lugar, chorou porque esperava uma gargalhada e uma imprecação e ouviu apenas o fresco silêncio da madrugada. Cessado o pranto, não limpou os olhos, e pôs-se a mirar os trilhos, os bancos de espera, o telheiro, a penumbra das casas próximas e viu tudo através do espelho de uma lágrima.

— Quero criar o mundo!

Paulo, sentado no meio, equilibrou a garrafa de cachaça no chão e abriu os braços como se crescesse de repente. O corpo maior do que o corpo. A pele, uma jaula para o tamanho que ia tomando. Nem o vômito perturbou a amplidão das mãos estendidas. Escorreu pelo peito, ramificou-se pelas coxas, e foi se empoçar entre as pernas. E a roupa era a roupa nova do dinheiro de algumas talhas vendidas na véspera. Uma de iemanjá, uma de nossa senhora da Conceição, uma de pescador de jangada e uma de cangaceiro. Nem acreditou. Na calçada defronte à feira o homem se debruçou sobre seus trabalhos. De longe o grito de carne, peixe, frutas, sabão, e cheiro de laranja pisada. O homem olhou, olhou, separou uma, separou duas, separou três, separou quatro. Quanto é? Pagou. Ia comprar umas toras enormes e começar um trabalho do tamanho das portas da igreja do largo de são francisco. Encolheu os braços, eufórico com o azedo da boca e o silêncio dos outros. Ninguém dissera merda. Ia talhar o que vira há pouco, a rua sete escura, a praça quinze no fundo, lâmpadas, estrelas, e eles três no meio. Depois comeria todas as mulheres antes de dormir com a sua em casa.

— Penso o mundo!

Pedro Paulo um pouco afastado dos outros, no extremo do banco, esperou bem uns cinco minutos antes de falar. Afastara-se mais pelo porre de Paulo. Prezava sua roupa branca e bem engomada. Era a limpeza de seu tabuleiro, de suas cocadas brancas e pretas, era a limpeza de seu coração nas encruzilhadas da cidade em que meditava sereno. De preferência à noite. Ficava de pé, equilibrado, os braços cruzados, o turbante branco centrado na cabeça, a respiração ritmada. E o mundo lhe vinha. Os compradores não o perturbavam. Os homens, as mulheres, as crianças, os nascimentos, as mortes, os prédios, os terrenos, os gritos dos vendedores de jornais, os estudantes, os viados, as putas, os tiras, os caminhos que chegam e partem, o mar, os peixes, os céus, as estrelas, os pássaros, o mato, as palmeiras, os morros, os crimes, as esmolas, a ternura, o ódio.

Mas nunca ousou dizer o que disse, era pretensão demais. Mas Pedro falou. Paulo falou. E ele? Falou também. E o mundo não desabou.

Subitamente os três se ergueram e o abraço foi tão violento que desistiram de esperar o trem. Pedro Paulo no centro, o braço esquerdo no ombro de Pedro, o direito no de Paulo, unidos numa gargalhada, os corpos em permanente fusão dinâmica, as seis pernas oscilantes de um demônio tricéfalo, as vozes dissonantes, as seis pernas oscilantes, se fundiram no refrão do último samba do carnaval que passou. Foram presos à saída da estação, postos numa viatura da polícia, e aguardaram a manhã no xadrez do distrito mais próximo. Houve um incidente ao saírem. Pediram que assinassem qualquer coisa antes. Foi impossível. 

Eram analfabetos.

*Ficção — Histórias para o prazer da Leitura. Março / 1976 Nº.3

 

Samuel Rawet, neste começo de 1976, mora num pequeno apartamento na Asa Sul de Brasília. Da janela se veem extensos gramados, largas pistas e raros automóveis. No terreno de 160 mil metros quadrados onde se situa o seu edifício, ao lado de outros dez prédios, quase nunca se vê uma pessoa caminhando. Os automóveis entram e saem das garagens, com as luzes acesas, em baixa velocidade, quase em silêncio. Ao atingirem a pista que separa as quadras, chegam rapidamente a 100 km/h e desaparecem quase misteriosamente na distância. É como se tudo se passasse em Alphaville.

 

★ Ary Pára-raios cria no jornal Correio Braziliense a página Viva Alternativa, que depois dá origem ao jornal independente de mesmo nome, dirigido por Ary de 1988 a 1994, inovador em formato e conteúdo, tendo como eixo a questão ambiental. Inovador foi também o JOUJornal Ordem do Universo, que, entre 1976 e 1977, trouxe para discussão temas ligados à cultura e ecologia, reforçando movimentos amplos antinucleares e anti-globalização.

To America with Love: Letters from the Underground (Abbie Hoffman with Anita Hoffman, 1976).

The Naked Angels de John Tytell, sobre o trio constituído por Kerouac, Ginsberg e Burroughs.

★ Em 1976, duas décadas após o surgimento da geração beat, Allen Ginsberg e William Burroughs criaram a Escola de Poetas Desencarnados, na pequena Boulder, no Colorado, parte do Instituto Naropa, que deveria ser a ''primeira universidade budista do mundo ocidental''. Sam Kashner, primeiro aluno a se inscrever no curso de literatura da escola, ali viveu por dois anos e lembra com melancolia, humor e muita ironia a pretensão de Ginsberg e Burroughs, e o que foi essa convivência diária em Quando eu era o tal: minha vida na Jack Kerouac School, com tradução e notas de Santiago Nazarian.

★ Carolyn Cassady lança Heart beat: my life with Jack and Neal.

★ Jorge Pistocchi edita a revista Expreso Imaginario (1976-1979). Keywords — A Vocabulary of Culture and Society (Palavras chaves — Um vocabulário da Cultura e Sociedade) escrito por Raymond Williams e publicado pela Fontana Press.

Jane Bowles. Feminine Wiles. Intro. by Tennessee Williams. Santa Barbara: Black Sparrow Press.

Mick Farren lança The Quest of The DNA Cowboys e Synaptic Manhunt.

The John Lennon Story, livro escrito por George Tremlett 

"Sou um sobrevivente. Passei por tudo... Beatlemania... o Maharishi... Terapia... imigração americana... atribuo tudo isso à experiência."

As palavras de John Lennon, ex-Beatle.

Para uma geração inteira, John Lennon é muito mais do que apenas um cantor, compositor ou intérprete; ele é parte de uma lenda, um símbolo de paz, amor e, para alguns, um gênio.

O que fez de John Lennon a pessoa que é hoje?

Como ele sobreviveu sendo uma das pessoas mais famosas do mundo?

Aqui, George Tremlett responde a essas perguntas e relata a vida de Lennon, desde sua infância sem pai até seu papel nos Beatles, incluindo seu relacionamento com Paul McCartney, a influência que Yoko Ono teve em seu trabalho e seus planos para o futuro. Esta é a história de John Lennon.

Publicado pela Futura Books, Grã-Bretanha, 1976.

★ Despretensioso. Talvez seja a palavra que melhor se encaixe no significado de um fanzine. Ferramenta de difusão gráfica de baixo custo e produção independente, os fanzines foram amplamente divulgados a partir da década de 60 com os movimentos de contracultura europeus e norte-americanos. A popularidade de um fanzine se baseia de acordo com a cena musical que ele cobria. Por seu caráter inovador, Punk Magazine foi o zine de maior projeção no cenário musical nova-iorquino emergente dos anos 70. 

John Holmstrom seu cartunista e fundador, publicava desenhos no mesmo estilo da revista Mad, com um jornalismo de forma simples, direto e tirador de sarro. Ele, juntamente com Ged E. Dunn e Legs McNeil resolveram criar alguma coisa na mídia local para levantar uns trocados. Resolveram batizar o termo punk para descrever um certo tipo de música, estilo e atitude. Ramones, Lou Reed, Blondie, Iggy Pop, Sex Pistols, MC5, Patti Smith, por citar alguns artistas, foram capas das 15 primeiras edições do zine, que saíram entre os anos de 1976 a 1979. "Inferninhos" noturnos, como o CBGB, Max Kanzas City e Zeppz geraram material de publicação obrigatória no periódico, assim como os registros fotográficos feitos por Roberta Bayley, Bob Gruen e David Godli. Segundo palavras de Screaming Mad George, um de seus artistas de vanguarda, Punk Magazine retratava um estilo batizado por nós de anti-realista. Consistia em usar uma técnica realista, mas a coisa é totalmente anti-real. É muito perto de Dali do estilo ‘paranóico crítico’, mas diferente. Não gostamos da violência real, mas gostamos da violência criada, como aquela existente nos filmes. Este estilo nos permite desfrutar da violência falsa, mesmo que seja uma coisa muito, muito horrível. Mas isso não significa que gostemos de violência, quando ela é real. Na verdade, não gostamos de nada que seja real". (Roberta Viana da Silva)

★ Em dezembro de 1976, Shane MacGowan — então conhecido como Shane O'Hooligan — já era uma figura marcante na emergente cena punk de Londres, quando criou o fanzine Bondage. Aos 19 anos, ele lançou esse único número do zine, composto por seis páginas, escritas principalmente à mão, fotocopiadas em um único lado de seis folhas de papel A4, todas grampeadas no canto superior esquerdo. Anos mais tarde, MacGowan se tornaria o líder da banda The Pogues. Uma cópia original de Bondage faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York.

 

ARTES

Inspirado por outra experiência visionária em que um rosto apareceu em seu dedo e lhe mandou “pintar arte sacra”, Howard Finster abandonou qualquer outro tipo de trabalho e passou a criar pinturas usando tinta de esmalte sobre madeira, lona e metal. Combinando imagens e palavras para ilustrar textos bíblicos, cada pintura é um sermão, ilustrando a mensagem do Senh

 

Um Desesperado em Busca da Divindade

Manifesto ainda que tardio — Fragmentos, assinado por Rubem Valentim

Resumo

 

 

No texto, Rubem Valentim explora sua identidade como artista plástico e sua conexão profunda com a cultura afro-brasileira. Ele descreve sua linguagem artística como uma síntese dos valores míticos e culturais que recebeu da Bahia, suas raízes africanas, e sua busca por uma linguagem visual que reflita a riqueza cultural do Brasil. Valentim enfatiza a importância de criar uma arte genuinamente brasileira, que dialogue com as tradições locais, ao mesmo tempo em que seja contemporânea e universal. Ele critica o colonialismo cultural e a aceitação passiva das influências externas, defendendo uma arte que emerge das profundezas do ser brasileiro.

 

Valentim argumenta que sua arte é monumental e busca integrar-se ao espaço urbano e à comunidade, com um forte sentido de pertencimento ao povo.

 

Ele destaca a necessidade de proteger a alma e a identidade cultural brasileira, considerando que a arte é um produto vital da existência humana. Ao final, ele reafirma seu compromisso em transpor seu sentir e sua poética para uma linguagem contemporânea, evitando a caricatura e o kitsch, enquanto procura uma expressão autêntica da cultura brasileira

 

Carlos Vergara realiza dois novos painéis no Rio de Janeiro: um para o centro comercial na Praça Saens Peña, Zona Norte da cidade, projetado pelo arquiteto Bernardo de Figueiredo, e outro para o Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, na Zona Sul

De volta ao Rio de Janeiro, parecia que a experiência havia chegado ao fim quando, em 1976, tal como aconteceu com O Alienista, de Machado de Assis, Lygia Clark deu uma guinada de 180º. Renegando todas as experiências anteriores, ela passou a declarar-se uma «não artista» e encaminhou todos seus conhecimentos para o trabalho de terapia ocupacional.

Ato contínuo, montou no Rio de Janeiro um consultório, onde reunia grupos de pacientes, aplicando neles os mesmos testes que fizera com os visitantes de suas exposições.

As reações foram as mais contraditórias. Sempre houve quem protestasse contra o que se designava como mistificação. 

Registrou-se, em um ou outro momento, problemas com a aplicação desse tratamento em gente mais sensível e sugestionável. E, como acontece em tal processo, também houve reações positivas, resultando em melhora no estado de alguns pacientes que se submeteram à nova terapia.

 

FUTEBOL

A carreira de Lêonidas da Silva, o Diamante Negro; no rádio é interrompida por causa da doença degenerativa da qual foi vítima: o Mal de Alzheimer. Seus comentários foram se tornando confusos e, por vezes, Leônidas esquecia o que estava falando.

 

FILMES

Hair. É o musical símbolo da década. O diretor checo Milos Forman queria filmar 

Hair desde o dia em que o assistiu num teatro de Nova York, em 1967, logo na semana de estreia.

Mas a oportunidade só surgiu em 1976, pouco antes de ganhar o Oscar por Um Estranho no Ninho, quando o produtor Lester Persky decidiu que Forman, autoexilado nos Estados Unidos, seria o cineasta ideal para captar o jovial espírito de rebeldia do original.

A filmagem de Hair (custo de 12 milhões de dólares) tinha tudo para não dar certo, devido à rala estrutura dramática do texto de Gerome Ragni e James Rado, pouco mais que uma reunião de belas canções. Nem Forman nem o roteirista Michael Weller haviam feito musicais antes, e, além disso, uma remontagem da peça na Broadway em 1977 fracassara, sugerindo que Hair estava numa situação incômoda: não era mais novidade para o público jovem e ainda não envelhecera o bastante para ganhar valor nostálgico. Mas o filme, com elenco de desconhecidos, superou todos esses obstáculos A sequência de abertura, com a “tribo” dançando no Central Park, ao som de Aquarius, é arrebatadora, o mais feliz retrato até hoje feito do inconformismo algo ingênuo e inconsequente da geração “flor e amor”. A partir daí, escorado na inovadora coreografia de Twyla Tharpe, o diretor Milos Forman consegue quase um milagre — um filme capaz de funcionar como drama, comédia e observação social. Mesmo os críticos que fazem restrições ao original reconhecem este valor — com uma exceção: David Denby, da revista New York, classificou o filme Hair como “um transplante de cabelo”. Hair anunciava com grandiloquência que estávamos entrando na era do Aquário; era um eco astrológico da afirmação de Stockhausen: “na Era de Aquário o homem volta-se para os valores intuitivos e supraracionais”.

Underground and emigrants, (Andy Warhol ator).

Esta Terra é Minha Terra, diretor Hal Ashby. O kung fu David Carradine vive parte da vida de Woody Guthrie, lenda da música folk americana, influenciador de Bob Dylan e de todo os que se aventuraram numa cruzada política contra o establishment.

Ritmo alucinante. (1976)

 

OBITUÁRIOS

05

JANEIRO

Segunda-feira

Living the Beatles Legend é o título do livro de Mal Evans, roadie e amigo próximo dos Beatles. Evans, que também atuou como biógrafo da banda, foi envolto no mito de que o manuscrito original de seu livro havia se perdido para sempre após sua trágica morte.

Mal Evans (May 27, 1935 — January 5, 1976). 

O gerente de estrada e amigo dos Beatles mudou-se para a Califórnia para morar com sua namorada, Fran Hughes. Ela telefonou para a polícia dizendo: "Meu homem está com uma arma, tomou valium e está completamente descontrolado." Ao chegar, a polícia o viu com um rifle nas mãos. Eles dispararam seis tiros. Quatro acertaram Mal, matando-o instantaneamente. O rifle não estava carregado. 

FEVEREIRO
Domingo

Werner Heisenberg (1901-1976).

Werner Karl Heisenberg foi um físico teórico alemão que recebeu o Nobel de Física de 1932, "pela criação da mecânica quântica, cujas aplicações levaram à descoberta, entre outras, das formas alotrópicas do hidrogênio". Wikipédia

19

MARÇO
Sexta-feira

Recém terminadas as gravações do 2º LP do grupo Back Street Crawler em um voo de Los Angeles para New York, onde iria descansar e acertar uma excursão, Paul Kossof acaba falecendo numa poltrona onde dormia calmamente, vítima do segundo e fatal infarto.

Assim o rock inglês perdia um mestre e a chance de rever novamente o original Free, mostrando a garra e originalidade de suas apresentações.

25

MARÇO
Quinta-feira

Josef Albers (1888 — Bottrop, Westfalen, Alemanha 1976 — New Haven, Connecticut, Estados Unidos). Foi um artista, designer, educador e teórico da arte alemão-americano, conhecido principalmente por seu trabalho inovador no campo da cor e da percepção visual. Ele é mais famoso por sua série de pinturas Homage to the Square, na qual explorou as interações entre cores e suas relações visuais. Albers foi uma figura central na arte abstrata do século XX e um dos mais influentes professores de arte da sua época.

ABRIL
Quinta-feira

Max Ernst (1891 — Bruhl, Alemanha — 1976 — Paris, França). Foi um pintor, escultor, poeta e artista gráfico alemão, um dos grandes expoentes do surrealismo e do dadaísmo. Conhecido por sua imaginação transgressora e técnica inovadora, Ernst explorou temas como o inconsciente, a fantasia e a natureza, desafiando as convenções da arte tradicional.

14

ABRIL
Quarta-feira

Zuleika Angel Jones (1921-1976)

Zuzu Angel foi morta em circunstâncias misteriosas após denunciar ao mundo o caráter despótico e sanguinário do regime de Emílio Garrastazu Médici. Seu filho, Stuart Angel, havia sido preso, torturado e assassinado pelos militares.

“Ela não pôde segurar o filho morto nos braços, enxugar o suor e o sangue de seus poros e dar o beijo da despedida. Não jogou flores sobre o caixão, nem teve uma sepultura para visitar quando a saudade doeu fundo na alma. Até o fim de seus dias, a mineira de Curvelo, Zuleika Angel Jones, que entrou para a história e para o mundo da moda como Zuzu Angel, foi uma guerreira e lutou com todas as forças de mãe para encontrar o corpo de Stuart Edgar Angel Jones, assassinado aos 26 anos, em maio de 1971, pelos órgãos de repressão no auge da ditadura militar. Para a jornalista Hildegard Angel, residente no Rio de Janeiro (RJ): "Minha mãe foi uma Tiradentes de saias, e Minas deve se orgulhar dela, pois foi a única, naqueles tempos de medo congelante, a levantar o queixo e apontar o dedo. Intimidava os  poderosos. Isso foi notável. Meu irmão não deu a vida de brincadeira, nunca foi festivo. Era um legítimo".

 

Desfile-protesto

 

Mas foi em 1971, que Zuzu fez o "primeiro e único" desfile-protesto de que se tem notícia, realizado no consulado brasileiro em Nova York. Desde o Ato Institucional nº 5 (AI-5), datado de 13 de dezembro de 1968, estava proibido falar mal do país no exterior. "Ninguém podia dar qualquer declaração ofensiva ao governo, do contrário estava fadado a responder processo, ser preso e torturado. Sendo assim, mamãe fez um desfile comovente, com as modelos usando fitas pretas de luxo na manga, gola, pala e cintura dos vestidos. Ao lado dos bordados tão ‘agradáveis’ e costumeiros nas roupas, havia andorinhas pretas, sol quadrado, canhões atirando e até soldados, que, segundo ele, ‘recebiam ordens tirânicas’".

Em setembro de 1976, Zuzu Angel furou o bloqueio da segurança do secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, em visita ao Brasil, e lhe entregou nova documentação sobre o desaparecimento do filho, que também era cidadão americano.

"Zuzu era uma pessoa de bem com a vida, mas o fato de não encontrar o corpo do filho a deixava louca de tristeza." (Raimundo Martins dos Santos)

 

"Meu irmão nunca entregou ninguém, era um ideológico. Minha mãe sabia de tudo, claro, e sempre foi solidária a seu filho", diz a jornalista, Hildegard Angel.

 

14

MAIO

Sexta-feira

Keith Relf, o cantor dos Yardbirds, faleceu, aos 33 anos, dez após os dias de glória no Marquee, em meio à explosão do blues na Inglaterra. Pobre Keith, que combatia a doença e os efeitos de um colapso no pulmão, e tudo pela música que tanto amava, foi finalmente morto por esse amor quando foi eletrocutado enquanto afinava uma guitarra que não estava devidamente aterrada. O acidente aconteceu em sua casa em Hounslow, no condado de Middlesex, ao oeste de Londres, onde ele foi encontrado pelo filho de oito anos, ainda segurando a guitarra elétrica conectada. The Yardbirds teve os sucessos "For Your Love", "Heart Full of Soul" e "Shapes of Things".

02

AGOSTO

Segunda-feira

Friedrich Christian Anton Lang. (5 dez. 1890, Viena, Áustria — 2 ago. 1976), Beverly Hills, Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Mais conhecido como Fritz Lang, foi um influente cineasta austríaco-alemão, que mais tarde se naturalizou americano. Considerado um dos mestres do cinema expressionista, Lang se destacou por sua habilidade em combinar inovação técnica e narrativa com temas sociais e psicológicos profundos.

Seus primeiros filmes na Alemanha, como Dr. Mabuse, der Spieler (1922) e Die Nibelungen (1924), exploram temas de poder, manipulação e heroísmo. Sua obra-prima Metropolis (1927) é um marco na ficção científica e no expressionismo alemão, visualmente impactante e conhecida por sua visão distópica de uma sociedade futura. Outro destaque é o filme M (1931), uma história sombria sobre um assassino de crianças, que trouxe reflexões sobre a justiça e o mal, além de uma das primeiras atuações de Peter Lorre.

10

AGOSTO
Terça-feira

Karl Schmidt-Rottluff (1884, Alemanha — 1976, Berlim, Alemanha). Foi um pintor e gravurista expressionista alemão, e um dos membros fundadores do grupo artístico Die Brücke (A Ponte), que teve papel crucial na formação do Expressionismo na Alemanha. Conhecido por suas cores intensas e linhas fortes, Schmidt-Rottluff explorava temas emocionais e espirituais, buscando expressar a essência humana e a força da natureza. Sua obra é caracterizada por composições vibrantes e simplificadas, com influências da arte primitiva e de culturas não ocidentais.

22

AGOSTO
Domingo

Juscelino Kubitschek (1902-1976). O Presidente faleceu em um trágico acidente automobilístico na via Dutra, perto da cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro.

OUTUBRO
Sexta-feira

Fritz Winter (1905 — Altenbögge, Westfalen, Alemanha — 1976 — Herrsching Am Ammersee, Alemanha). Foi um pintor abstrato alemão e uma figura central na arte moderna europeia do século XX. Winter estudou na famosa escola Bauhaus em Dessau, onde foi aluno de mestres como Paul Klee e Wassily Kandinsky, cujas influências podem ser vistas em suas obras. Ele desenvolveu uma linguagem visual única que combinava cores intensas e formas geométricas com temas orgânicos, refletindo sua afinidade com a natureza e o desejo de expressar uma realidade interior.

 

25

OUTUBRO
Segunda-feira

Raymond Queneau [1903-1976]. Foi um escritor, poeta e matemático francês, conhecido por sua engenhosidade literária e humor sofisticado. Membro cofundador do grupo literário Oulipo (Ouvroir de Littérature Potentielle), Queneau explorou maneiras criativas de estruturar a linguagem, combinando técnicas matemáticas com literatura. Sua obra reflete um interesse profundo pela língua francesa e pelo jogo de palavras, desafiando convenções narrativas tradicionais.

26

OUTUBRO
Terça-feira

Morre um dos principais pintores do modernismo brasileiro Emiliano Di Cavalcanti.

Glauber Rocha, "Eu vim para confundir...". Outubro de 1976, filma o velório do pintor Di Cavalcanti, sob uma onda de indignação familiar e olhar perplexo dos presentes.

11

NOVEMBRO
Quinta-feira

Alexander Calder (1898 — Filadélfia, Estados Unidos — 1976 — Nova York, Estados Unidos). Foi um artista e escultor americano, amplamente reconhecido por ser o inventor do mobile e por suas esculturas cinéticas. Nascido em uma família de artistas, Calder inicialmente estudou engenharia antes de se dedicar à arte. Sua carreira decolou na década de 1920, quando começou a criar esculturas móveis que desafiavam a gravidade e o convencional. 

18

NOVEMBRO

Quinta-feira

Man Ray (1890 a 1976). Foi um artista, fotógrafo e cineasta americano, considerado uma figura fundamental do movimento surrealista e da arte moderna. Nascido como Emmanuel Radnitzky em Filadélfia, ele se mudou para Nova York, onde começou sua carreira artística, inicialmente como pintor e escultor.

Man Ray é mais conhecido por suas inovações em fotografia, particularmente por suas técnicas experimentais, como a rayografia, que envolvia a exposição de objetos diretamente em papel fotográfico, criando imagens sem a necessidade de uma câmera. Ele também explorou a fotografia surrealista, capturando composições oníricas e provocativas que desafiavam as normas convencionais da representação. 

04

DEZEMBRO

Sábado

Morre Tommy Bolin, Ex-Guitarrista do Deep Purple 

O guitarrista norte-americano Tommy Bolin faleceu tragicamente aos 25 anos em um hotel em Miami. Seu corpo foi encontrado por sua namorada, Valeria Monzeglio. Na época, Bolin estava em turnê pelos Estados Unidos com sua nova banda, Sailor. Após uma apresentação e uma festa em sua homenagem, ele retornou ao hotel, onde veio a falecer.               

Bolin iniciou sua carreira em bandas locais em sua cidade natal e ganhou destaque com a banda Zephyr. Posteriormente, juntou-se ao James Gang, onde consolidou seu talento. Após sua passagem pelo Deep Purple, que culminou com o álbum Come Taste the Band, ele lançou dois álbuns solo aclamados: Teaser, lançado pouco antes de entrar para o Deep Purple, e Private Eyes, após sua saída. Virtuoso e versátil, Bolin deixou uma marca significativa no rock e no jazz fusion, com uma sensibilidade musical única que perdura na memória dos fãs e músicos.

 

28

DEZEMBRO

Terça-feira

Blues Perde um Rei: Freddie King

Aos 42 anos, vítima de um ataque cardíaco, faleceu Freddie King, um dos maiores mestres da guitarra no blues moderno. Com diversos LP’s lançados no Brasil, Freddie King teve uma influência decisiva sobre vários guitarristas de rock que seguem na ativa. Frequentemente, ele tocava ao lado de Eric Clapton, que o considerava um de seus mestres mais queridos. Clapton, aliás, gravou várias músicas de King, assim como John Mayall, Maggie Bell e outros nomes igualmente renomados.

Freddie King iniciou sua carreira em 1956 e, até sua morte, foi um dos bluesmen mais ativos, lançando pelo menos um LP por ano e se apresentando intensamente pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. Com uma habilidade técnica impressionante e uma presença de palco vibrante, ele influenciou profundamente uma geração de músicos de blues e rock. Sua carreira promissora foi tragicamente interrompida em 28 de dezembro de 1976, quando faleceu devido a problemas de saúde agravados por anos de turnês exaustivas e pressão arterial alta.

 

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