À Longa Esphera de Arnaldo Baptista: Entre Sonhos, Sons e Trocadilhos (2025)

Arnaldo Baptista veio de uma família musical: sua mãe era concertista, seu pai, cantor e poeta, e seu irmão mais velho, Cláudio César, construiu os instrumentos dos Mutantes. Seu irmão caçula, Sérgio Dias, tornou-se um dos grandes guitarristas do rock brasileiro. Arnaldo compôs vários clássicos dos Mutantes e, no álbum Lóki? (1974), optou por destacar o piano, inspirado por Zimbo Trio, Oscar Peterson e Jimmy Smith. Apaixonado por amplificadores valvulados, sonha criar uma associação dedicada a eles. Multi-instrumentista e fã da Gibson, ele recebeu um bilhete de Kurt Cobain em 1993 alertando sobre os perigos do sistema.

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A Esphera é um ovo — óvulo e oráculo — do sabor, do saber: estar. (Arnaldo Baptista)

Esphera é esperança, espera e esfera – que é energia” e que esse é o seu “LP mais feliz”, explicou o cantor em entrevista à Folha de São Paulo e UOL em 2011.

Com Esphera, Arnaldo Baptista introduz a ideia do som esferofônico, um conceito em que os alto-falantes se distribuem em todas as direções – acima, abaixo, à frente, atrás e aos lados – criando a sensação de imersão total no som. Embora ainda não tenha conseguido implementá-lo em casa devido ao espaço limitado, ele mantém esse objetivo. O álbum, que já tem a capa pintada por Arnaldo, busca materializar esse sonho sonoro.

Dono de um humor afiado e mestre dos trocadilhos, ele frequentemente usa jogos de palavras para batizar suas músicas e obras de arte. Arnaldo tem composições inéditas e planeja gravar um novo disco, que deve se chamar Esphera. O título remete às suas pesquisas sobre música holofônica – uma técnica que permitiria gravar e reproduzir o som em três dimensões – e também faz um trocadilho com a palavra "espera".

Esphera será o sexto disco solo de Arnaldo Baptista e ainda não tem data de lançamento definida. O álbum contará com 10 faixas, várias das quais já estão prontas, já que Baptista grava as músicas à medida que as finaliza. Ele tem gravado no estúdio que montou em sua casa em Juiz de Fora, alternando períodos entre Juiz de Fora e Belo Horizonte. "Foquei na energia, algo bem profundo. Sou vegetariano e refleti bastante sobre isso durante o processo, percebendo como essa escolha me torna menos bélico. Minhas composições exploram temas como evolução, a relação entre humanos e animais e o aprendizado por imitação. Será um disco mais amplo, com influências de música folk e algo no estilo de Yes", explica ele.

Quanto à ideia de "queimar coisas", Arnaldo detalha: "Estamos no apogeu da era ígnea, um termo que criei para descrever uma mistura de ignição e ignorância. O ser humano se satisfaz apenas queimando coisas, como os combustíveis, que são usados em lugar da energia solar. Escrevo muito sobre energia e sobre ideias como essa, que devem se transformar em letras de músicas."

Uma das faixas de Esphera será Singin' Alone, uma composição de 1977.

Arnaldo fala sobre seu novo disco, revelando que o álbum inclui várias faixas inéditas, além de "Senhor Empresário" e "Singin' Again", que são músicas mais antigas, compostas em um período de ostracismo — ou, como ele diz, "não sei bem como estava na época". "Essas músicas ficaram guardadas na memória", conta. Ele também menciona que o novo trabalho traz algumas novidades, como músicas infantis para gatos, canções sobre eletricidade solar, vegetarianismo, e amplificadores valvulados. O título provisório do disco é Explicação, Tradução e Traição. "Tudo me inspira", completa o músico.

Atualmente Arnaldo segue trabalhando na produção de um novo álbum de inéditas, que está atualmente na fase de gravação da bateria e do baixo. O disco ainda não tem data de lançamento definida:
"Está sendo maravilhoso fazer este disco, é como se eu estivesse no paraíso. 

"Tenho os instrumentos com os quais sonhei a vida inteira: o contrabaixo Gibson, a guitarra Gibson, a bateria Ludwig e o órgão com som de Hammond."

Gravação realizada no estúdio caseiro de Arnaldo Dias Baptista, com ele tocando todos os instrumentos: baixo e guitarra Gibson, bateria Ludwig e teclado Roland

Produção: Fabiano Fonseca.

Letra: 'I don't care about the way that it used to be/Sun electricity is for free/ All along/ On our way home.'
Tradução: 'Não ligo para como costumava ser/ a eletricidade solar é de graça /por todo o caminho / a caminho de nossas casas.'

 

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Arnaldo e Fernando Catatau, produtor de Esphera...

Esphera: A Viagem Sonora de Arnaldo Baptista

Arnaldo Baptista, um dos músicos mais icônicos do Brasil, sempre esteve à frente de seu tempo. Com sua visão artística singular, concebeu Esphera, um projeto inovador que transcende os limites tradicionais da música e explora novas formas de percepção sonora.

O conceito central do projeto gira em torno do "som esferofônico", termo criado pelo próprio Arnaldo para descrever uma experiência sonora tridimensional. A proposta dialoga com a holofonia, técnica que busca uma espacialização do som mais natural e imersiva. Essa abordagem reflete o espírito experimental do artista, cuja trajetória sempre foi marcada pela busca por novas possibilidades sonoras.

Arnaldo destaca a importância dos amplificadores valvulados no processo de gravação, ressaltando a profundidade e o calor que esse tipo de equipamento confere ao som. Essa escolha reforça seu compromisso com uma estética sonora analógica e artesanal, contrastando com a frieza dos processos digitais modernos. O músico acredita que essa abordagem cria uma relação mais orgânica entre o ouvinte e a música, intensificando a imersão na experiência auditiva.

O projeto Esphera também conta com a colaboração de Luiz Fernando Cysne, que desempenha um papel fundamental como engenheiro de som. Juntos, eles trabalham para transformar conceitos abstratos em realidade sonora, sendo Cysne o responsável por auxiliar Arnaldo na criação do primeiro sistema de P.A. valvulado do mundo. Compartilhando do desejo de Arnaldo de revolucionar a forma como a música é ouvida ao vivo, Cysne se opõe ao uso de transistores e acredita que o som produzido por válvulas oferece uma qualidade incomparável. Sua expertise técnica foi essencial para viabilizar um sistema de som que promete transformar a experiência do público em shows ao vivo (Rolling Stone, 1 de junho de 2011).

Arnaldo também planeja um espetáculo multimídia para apresentar Esphera ao público, incluindo vídeos e suas próprias obras de arte plásticas. 

Embora Arnaldo não tenha detalhado tecnicamente o "som esferofônico", o termo sugere uma abordagem sonora tridimensional e imersiva. Essa ideia remete a experimentações psicodélicas e à percepção espacial do som, algo que ele já explorou em trabalhos anteriores. A holofonia, desenvolvida por Hugo Zucarelli nos anos 1980, busca um efeito tridimensional extremamente realista ao imitar a forma como o cérebro interpreta a posição e a distância dos sons no ambiente. Essa técnica foi utilizada por artistas como Pink Floyd (The Final Cut), Roger Waters e Michael Jackson. A principal diferença é que a holofonia é um método técnico específico de gravação e reprodução de áudio 3D, enquanto o "som esferofônico" parece ser um conceito artístico subjetivo criado por Arnaldo Baptista.

Esphera segue como um projeto inacabado devido a problemas financeiros inesperados, mas não foi completamente abandonado. Arnaldo Baptista tem trabalhado na gravação de bateria e baixo, explorando novas abordagens musicais inspiradas em O Mágico de Oz. Apesar de ter sido mencionado em diversas entrevistas, o status atual do projeto permanece incerto.

Para fãs e estudiosos de sua obra, Esphera representa mais um capítulo intrigante na trajetória de um dos músicos mais inventivos do Brasil.

Se concretizado, o álbum poderá se tornar um marco na música experimental brasileira, reafirmando a genialidade de Arnaldo Baptista e sua eterna busca por novos horizontes sonoros.

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