PAULO TOVAR: UM POETA DE “QUANDO NÃO HAVIA TORRE, LAGO OU RODOVIÁRIA” (2009)
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Foto Correio Braziliense, 2 dez. / 2000
Tira a tranca da janela, que de manhã cedo eu
quero ver o voo da Juriti
PAULO TOVAR: UM POETA DE “QUANDO NÃO HAVIA TORRE, LAGO OU RODOVIÁRIA”
(Mário Pazcheco)
Em 1969, no ano em que o homem chegou à Lua, Paulo Tovar chegou a Brasília.
Dez anos depois, os poemas de Paulo Tovar participavam da coletânea porreta do Climério.
Hoje, 15 de setembro de 2009. Paulo Tovar! Está morto! De olhos Fechados! E ouvidos abertos.
Wanderley – Ary – Pé – Mangueira – e agora Paulo Tovar, o eterno guerrilheiro das palavras, agita seu fuzil, como naquela cena de Glauber.
Aqui em casa há um canto fúnebre na sala, muito diferente da música do Paulo Tovar. Estou dichavando meu último bagulho, aquele bem verde, da cor da jaqueta do Tovar. Que foi visto ainda ontem em Olhos D’Água.
Sua última apresentação que vi foi no Quiosque Cultural do Ivan “Presença”. Ele usava os recursos do rap, e era só empolgação. Cantou suas letras em cima de uma base eletrônica. Do nada, Toronto Viramundo, seu fiel escudeiro, aparecia com a guitarra, e eles trocavam telegramas elétricos.
Na vida mundana do Conic, é regra passar e falar da vida, deixar registrado naquelas esquinas papos-confissões-impressões – certa vez, Paulo Tovar me sabatinou sobre como era participar de festival, se conhecia músico arranjador em São Paulo. Eu respondi que, se a coisa era vanguarda paulista, procurasse o Paulinho LePetit. E não é que o Paulo Tovar ganhou o primeiro lugar, e melhor letra? Com “Marco Zero”? (...) “quando não havia torre, lago ou rodoviária” (Paulo Tovar e Haroldo Mattos), no 1.º Festival da Nova Canção Brasileira!
O prêmio rendeu polêmica e e-mails. Paulinho me disse das agruras que ele viveu para completar as mixagens daquele disco, só quem passou por isso sabe o que ele estava dizendo. Andava feliz, seu filho havia chegado dos Estados Unidos para viver no Brasil. Começava sua luta silenciosa contra o câncer na cabeça.