Ferrock homenageia rock brasiliense
- Details
- Hits: 4899
Ferrock homenageia rock brasiliense
por: Mário Pacheco
Sábado, 13 de nov. - 2010. Neste ano em que completa 25 anos de atividades, o Ferrock (Festival de Rock que acontece na cidade satélite de Ceilândia) resolveu organizar um revival com as melhores bandas que fizeram a cena nas décadas de 1980/90.
Marciano Sodomita verdadeiro dinossauro do rock brasiliense levantou voo com uma nova formação, saiu o vocalista Rogério Maldonado e entrou um novo guitarrista. Já o Sem Destino teve seu show elogiado pelo Nata Violeta
O Nata Violeta há algum tempo é um quarteto com Júnior Tana cantando e tocando violão em algumas músicas, e quando eles querem detonam um rockão. Profissionalmente eles se impõem e exploram toda a qualidade de som do palco. Tocaram Bullet the blue Sky composição mais política do U2 e fecharam com Todas as flores do primeiro CD. Um show rápido e avassalador.
Já os Cachorros das Cachorras estavam soltos em casa e tiveram uma apresentação plasticamente explosiva e chamuscante: o vocalista e sex appel Gérson de Veras, vestiu um modelito de bailarina e acessórios como parte do traje na altura da saia um pneu! Entre passos de dança, a plateia enxergava o que queria.
Nos Cachorros, outra participação chamuscante foi Mike, o homem do fogo que além de suporte musical fez o número de passar uma tocha ardente pelo corpo.
O rock panfletário da Kaos Klitoriano (trio feminino) e sua atitude política incomodou alguns marmanjos, falando de preconceitos, reforma agrária e legalização do aborto.
Mel da Terra conseguiu comungar sua musicalidade com a plateia. Ótimos instrumentistas souberam dosar os instrumentos e partiram para uma peça de abertura corajosa, uma longa suite sinfônica que lembrava Pink Floyd mas que trazia arranjos próprios. Na sequência tocaram dois grandes hits Pequena Mágoa e Estrela Cadente e o impossível aconteceu: uma parte hardcore do público que não estava empolgada sumiu dando lugar a um coral que repetia as melodias como se estivessem numa sessão de santo daime.
Casa das Máquinas estava em casa
Netinho e Marinho nas baterias; Mário Testoni Jr., no órgão e teclado formavam o trio de alicerces da casa, juntamente com as novas faces de João Luiz, vocal, Leonardo Testoni, guitarra e um novo contrabaixista que estreou neste show, se sentiram em casa...
O festival que se mostrara um apanhado underground com valorosos shows e um clima bizarro e progressivo confirmou essa influência.
Casa das Máquinas despejou uma mistura de rock dos anos 70 que só eles sabem a receita com solos de teclados que relembravam Rainbow e Deep Purple e linhas de guitarra próximas às originais e um contrabaixo tocado com muita segurança. Um show particular eram as duas baterias tocadas ao mesmo tempo, só que me parecia que Netinho era canhoto e seu estilo era mais chamativo enquanto Marinho era destro e batia mais...
Conquistaram o público de imediato, ostentando segurança e intimidade o vocalista João Luiz mostrou que ele sabia que estava cantando para eles que esperaram um bom tempo por este show repleto de canções clássicas: Londres, Natureza, Mania de ser, Stress, Epidemia de rock e Casa do rock ou Jogue tudo pra cabeça todas interpretadas com segurança acompanhada por uma pantomima estratégica.
Made in Brazil a escola voltada ao rock’n’roll de raiz há 43 anos
Domingo, 14 nov. / 2010 - Óculos escuros, camiseta com estampa de Janis Joplin, calças de couro, tatuagens, baixo em formato de estrela, guitarras Gibson anos 70 e fender telecast, bateria em ritmo de locomotiva, teclados e minissaia.
Made in Brazil começa seu show com uma versão alucinante de Uma banda made in brazil e O rock de São Paulo imprimindo uma boa velocidade e seguem desfilando clássicos, o público de todas as idades parece estar dançando, até os catadores de lata.
Mais coesa e ensaida foi esta a terceira e melhor apresentação do Made in Brazil no Ferrock, eles são íntimos de casa e se referem à Ceilândia como velhos amigos o fazem - desconfio que é ali no Ferrock que rola realmente o rock de verdade na capital do Planalto.
Oswaldo é eloquente com a plateia cobrando palmas e participação esse carisma contagia a massa que esquece que amanhã é feriado e poderemos levantar mais tarde.
Roberta vai se soltando e aos poucos faz a platéia acreditar que a vida dela é mesmo rock’n’roll; a apresentação do Made in Brazil é centrada no público, eles fazem questão de ser uma banda do povo.
Outros clássicos saem da goela de Oswaldo como Anjo da Guarda, Gasolina, Paulicéia Desvairada, versões carregadas de adrenalina longe do formato das versões de estúdio. A parte no lado direito do palco Celso Vecchione e suas mãos e dedos mantém o ritmo firme, ele um personagem saído de alguma literatura beat; já Fábio Brum é um guitarrista que entende os caminhos do blues e do rock’n’roll seu solo é longo e estridente em perfeita sintonia com a festa enquanto a bateria de Rick Vecchione toca em uníssono com os teclados rock’n’rollers de Tiago Mineiro.
Próximo do fim do show há uma troca de instrumentos Oswaldo assume a guitarra e seu irmão Celso Vecchione vai para o baixo tocando-o da mesma maneira que a guitarra só que conforme a necessidade da música ele alcança as notas.
Homenagens
No meio do extenso show Oswaldo Vecchione faz uma homenagem a Ezequiel Neves o crítico de rock falecido este ano e dedica a ele a clássica Os bons tempos voltaram; também dedicaram um balanço a Freddie King (guitarrista de blues) e tocaram uma longa versão para a pouca tocada Treta de rua.
O final não poderia ser mais apoteótico uma longa versão de Jack, o estripador e Minha vida é rock’n’roll, o povo feliz com certeza na próxima vez voltará para assistí-los, pois o Made in Brazil faz questão de que eles são a razão deles estarem ali no palco tocando rock’n’roll a quase duas horas!
Oswaldo Vecchione, vocal, baixo, guitarra, gaita, maracas; Celso Vecchione, guitarra, baixo; Fábio Brum, guitarra solo; Rick Vecchione, bateria, (filho do Oswaldo); Roberta (de Presidente Prudente) corista de rock e de Minas Gerais,Tiago Mineiro (teclados).
Site oficial: http://www.bandamadeinbrazil.com.br/