Dino Black vai radicalizar seu canto
por: Mário Pazcheco

19 nov. / 2010 - 

19 nov. • Dino Black vai radicalizar seu canto
Dino Black é um filão interminável de assuntos ligados à indústria cultural. É um rapper de lábia farta, que conversa sobre os primórdios de sua carreira e conta até em detalhes o seu conhecimento e experiências com outros artistas da periferia de Brasília. Para não perder a identidade, ele ganha a vida como um “faz-tudo” num clube da cidade. Estamos diante de um artista sempre em busca de renascimento, e que convive com aquela dúvida cruel: E o mundo de amanhã?
Mas Dino Black, que começou e subiu em sua carreira degrau por degrau, também participou diretamente na construção da carreira de outros luminares do rap. E a sua experiência fênix demonstra que ele está sempre pronto a recomeçar do zero!
Dino Black já foi entrevistado e descrito pelos mais competentes editores de jornais, sem desnudar contudo o seu canto. A sua poesia urbana já foi comparada àquela de Adoniran Barbosa.

Desventuras na Babel Paulista
Em São Paulo, ele enfrentou várias adversidades: na integração entre artista e gravadora, há aquele papel, o famigerado contrato, que o faz ficar preso do lado de fora, i.e., contratado, mas esperando... e esperando... e... Como ciclo histórico, finalmente, o retorno para casa, para nas velhas fitas redescobrir o valor da sua origem, na trajetória tantas vezes interrompida.
Dino Black ressurgiu em Mais Fácil Amar a Rosa Que Seus Espinhos... Um CD que hoje soa meio datado, mas que aponta o potencial de Dino Black como porta-voz da identificação que tem com aqueles que procuram fugir de um mundo ou da sociedade desumana, em que tem sido realmente difícil encontrar algo de bom. Suas denúncias estão gravadas em voz forte, no discurso guerrilheiro que mistura ritmos, rimas e participações. Depois de mais de cinquenta minutos, a sensação é de querer ouvir mais.
Dino Black precisa temperar melhor o discurso panfletário para fazer um CD mais cultural e dinâmico, mais universal, em minha modesta opinião. Só que a sociedade continuará a ser a matéria-prima do seu trabalho, naturalmente, então a tendência do seu texto, com certeza, será mais e nova radicalidade.
Dino Black já conseguiu um novo produtor para o próximo CD, e agora investe o seu tempo e estratégia na tentativa de gravar um clipe, e poder então exibi-lo nas esferas federais de cultura.

Discografia
GOG Das Trevas À Luz – Zâmbia Fonográfica 1998
GOG História do Rap – Ritman Blues 1999
GOG CPI da Favela – Zâmbia Fonográfica 2000
M.Á.F.I.A. – Só Mafioso na Rima – Gravadora CD Box 2000
Viela 17 – O Jogo – Zâmbia Fonográfica 2001
Dino Black – Mais Fácil Amar a Rosa Que Seus Espinhos – ZERODB Produções – Projeto FAC 2007

Do mano Dino Black
Candangolândia-Distrito Federal, segunda-feira. É com honras a teu mérito que venho recordar o nosso papo. Recíproca de um típico apreciador da boa música. Se não fosse o rock, o que seria da gente?
É importante lembrarmos que estamos no mês da consciência negra. Nem sequer houve reforma agrária ao povo preto, terra preta.
Aglomerando sonhos, que me fazem lembrar dos discos raros de Roberto Carlos, nos fins de tarde, ao cântico de aviso prévio; o show já terminou. Voltando à realidade, eu, filho de nordestinos, de rimas escritas a calo nascido, sou radicado na CDG, Candangolândia, cidade-satélite de Brasília.
Sempre fui muito responsável com meu trabalho musical.
Que vai de samplers de Raimundo Fagner até Paralamas do Sucesso.
Meu CD Mais Fácil Amar a Rosa Que Seus Espinhos... traz boas e ótimas participações. É fácil encontrá-lo nas lojas especializadas. Custa R$ 15,00. Num tom grave e sonoro, a minha peregrinação não se encerra...
Apenas aprisiono pensamentos num discurso desenfreado: denuncio as mazelas sociais e o descaso com a população, onde a maioria é manipulada com novelinhas mexicanas e melodias mela-cueca, com rostinhos de saúde. De antemão, ressalto: a política brasileira precisa se renovar. Um forte abraço, Dino Black.

Dino Black Oficial

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