Foo Fighters: Barbieri, em 1995, faz a cobertura do primeiro show da banda em Londres!

foo_figters_band_1995Foo Fighters em 1995

Foo Fighters: Barbieri, em 1995, faz a cobertura do primeiro show da banda em Londres!

Em 1995, aqui em Londres, eu era o jornalista correspondente internacional da Revista Dynamite. Naquele ano, um dia, o telefone tocou. Era uma ligação dos escritórios da gravadora EMI no Rio de Janeiro. Alguém da gravadora queria saber se eu estaria disponível para cobrir, na capital inglesa, o primeiro show da banda Foo Fighters. Nesta época, a banda estava começando e era absolutamente desconhecida mundialmente. Ela tinha feito apenas alguns poucos shows promocionais para alguns convidados previlegiados em USA e, as informações que obtive do Rio de Janeiro foram bem escassas. De qualquer forma confirmei a minha presença no show e, assim que terminei o telefonema, liguei para aos escritórios da EMI em Londres onde além de ficar sabendo que Dave Grohl tinha sido o baterista da lendária banda Nirvana obtive outras informações sobre a formação da banda assim como detalhes relativos ao meu ingresso ao show. Como resultado, escrevi a matéria que reproduzo abaixo. Na época esta matéria, passou quase despercebida tendo sido publicada sem o destaque merecido. Bom, nunca é tarde para recuperar este texto que, acredito, fala de um show histórico para esta banda que acabou conquistado o respeito do mundo todo.

Antonio Celso Barbieri


Foo Fighters em Londres

Dia chuvoso, tipicamente londrino. A noite chegou e a garoa parou deixando aquela brisa fria. O asfalto molhado refletindo, a intervalos regulares, a iluminação dos postes de rua, completava o clima nostálgico. No metrô enquanto me dirigia para o concerto, pensava no Cobain e na pressão que o Dave Grohl ex-baterista da banda Nirvana e agora guitarrista e líder vocalista do Foo Fighters, deveria estar sofrendo para mostrar algo realmente significativo. Acredito que deve ser bem difícil viver na sombra de uma lenda.

De certa forma, foi muita surpresa encontrar o Pat Smear na outra guitarra. Além de excelente músico o Pat também passou por problemas similares quando fazia parte da lendária banda punk de Los Angeles chamada Germs. Podemos dizer que se a Inglaterra teve Sex Pistols, USA teve Germs (hehehe!! Desculpem-me mas o trocadilho não foi intencional!), onde o famoso vocalista Darby Crash assim como o Sid Vicious e o próprio Kurt Cobain tiveram uma vida muito tempestuosa e curta. Para baixista e baterista o Dave Grohl recrutou seus amigos de Seattle, Nate Mendel (baixo) e Willian Goldsmith (bateria) integrantes da banda Sunny Day Real Estate, cujo álbum chamado Diary foi lançado em janeiro passado pelo selo Sub Pop. Por enquanto ninguém sabe que destino terá o Sunny Day.

Então, cercados, por um lado, por fantasmas e sombras de um passado sombrio e por outro, por milhares de olhos vindos de uma imprensa curiosa e ávida por informação, a escolha do nome Foo Fighters parece-me bem apropriado, pois o nome originou-se na II Guerra Mundial quando pilotos americanos, britânicos, japoneses e alemães voltando de suas batalhas aéreas comunicavam que tinham observado estranhas luzes e objetos no céu (Foo Fighters) voando próximo de seus aviões. O nome "disco voador" (flying saucer) só veio a ser usado a partir de 1947.

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Foo Fighters - Foo Fighters (1995)

Bom, eu sei que quando dei por mim estava em frente do Kings College London Students' Union (KCLSU), escola de onde sairam vários ganhadores do prêmio Nobel. Eu tenho certeza que se a banda quisesse, poderia ter tocado em qualquer outro lugar musicalmente mais prestigioso tal como o The Marquee Club ou a Astoria, mas eles, em vez disso, preferiram o quarto andar de um prédio espremidinho onde mais ou menos 300 pessoas lutavam por um pequeno espaço na frente do palco. O palco por sua vez tinha pouco mais de meio metro de altura e recebia uma iluminação muito pobre que ficou quase o show inteiro na luz branca. O público poderia ser dividido entre 50% de repórteres credenciados vindos de várias partes do mundo para, numa jogada esperta da EMI, cobrir o show. A segurança era rígida mas educada, modelo assessoria de imprensa. O clima era de curiosidade, expectativa e a emoção rolava no ar.

O som do tape parou e a moçada do Foo Fighters entrou no palco. Caminhavam naturalmente, sem grandes pretensões, como se estivessem indo tocar no palco do pub da esquina, e detonaram! O povo pulava e pulsava. Aqui e ali alguém era “cuspido” para cima da massa humana e era rolado até a frente do palco onde os seguranças lutavam para que o palco não fosse invadido.

Para um cara que era baterista, o Dave Grohl surpreendeu-me em todos os sentidos. Eu esperava um tipo pesadão, e ele era magro, visual limpo e jovial e, de boa aparência. A voz era melódica quando necessária e áspera quando queria. A banda transmitia segurança e competência e as músicas eram muito boas variando do rápido e pesado até á balada. O som? Bom, vamos dizer que cheirava Seattle. Numa música o refrão insistia: “I don’t owe you anything! I don’t owe you anything!” (eu não devo nada para você!)”. Quando a música acabou o Dave Grohl disse que tinha gente dizendo que todas as sua letras falavam do Kurt Cobain, mas que se ele realmente dissesse tudo o que ele pensava, seria muito desagradável. Eu fiquei com a sensação que ele tentou tapar o sol com a peneira. Ele falou tão rápido que o povo ficou surpreso, meio no ar, e veio até gente perguntar-me se era isso mesmo que ele tinha dito. Pat Smear, por sua vez, mais parecia o Keith Richard, muito cool, com seu cabelo curto tingido de branco, quietão, fumando, bebendo e sempre com uma ameaça de sorriso malandro na cara, passando aquela de veterano.

Depois de quase uma hora de rock, eles descansaram as guitarras agradeceram e saíram sem dar um bis. O som de fita voltou e o público, suado, foi saindo devagarzinho. O meu veredicto é: A banda é boa e vai vender mais do que pãozinho quente na esquina!

Foo Fighters lançou seu primeiro compacto “This is a Call” dia 19 de junho aqui em Londres, precedendo o lançamento do primeiro álbum no final do mesmo mês e, no dia 26 de agosto eles estarão apresentando-se como banda principal no Second stage (palco 2) do Reading Festival.

foo_figters_rolling_stoneA banda Foo Fighter ganha a capa da revista Rolling Stone em 1995

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Esta matéria é de autoria do Barbieri e foi originalmente escrita para a Revista Dynamite, tendo sido publicada na sua edição de julho/agosto 1995.

 

Copy Desk

Andrea Falcão

 

Diagramação, Revisão e Atualização

A. C. Barbieri


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