Home of Metal: Uma história pesada contada através de sete objetos!
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Sou eu um demonio? Uma das muitas colchas de retalhos feitas por Ben Venom
Home of Metal
Uma história pesada contada através de sete objetos!
Escrito por Justin Quirk para o Jornal The Guardian.
Traduzido e adaptado por Antonio Celso Barbieri.
Para homenagear Home of Metal (Casa do Metal) uma série de exibições está sendo montada pela região do Oeste Midlands, onde fica Birmingham, a segunda cidade mais populosa da Inglaterra, mostrando os itens chaves que documentam a história do movimento Heavy Metal.
Por incrível que pareça fazem quatro décadas desde que a banda Black Sabbath deu partida para a era do Heavy Metal com seu som grudento, melódico, triturador, desafiador e anti-hippie.
Home of Metal começou inicialmente apenas como um arquivo online para documentar a memória do Metal mas, acabou transformando-se numa grande exibição em Birmingham que conta ainda com outras mostras espalhadas pela região.
As palhetas da banda Black Sabbath!
O programa das exposições leva em consideração a arte moderna, a herança desta região industrial e, conta com uma gigantesca conferência acadêmica, tutorias tipo "faça você mesmo" guitarras e fanzines e até uma serie de caminhadas para observar os morcegos do parque Haden Hill (intitulada, curiosamente, “Bat Out of Hell”).
Uma folha de adesivos do Judas...
Bom, não é surpresa que a exposição é focada principalmente nas bandas da região onde, destacam-se principalmente Black Sabbath, Judas Priest, Napalm Death e Godflesh. Já era tempo para que houvesse um tributo para esta era em que as bandas poderiam livremente invocar Satã, pilotar suas motos no palco, gravar músicas que tivessem apenas quatro segundos de duração e, de forma geral aterrorizar a sociedade conservadora da época.
Então, aproveitando este momento histórico, acompanhem o nosso guia numa jornada, pela Inglaterra, pela auto estrada M1 onde contaremos a história deste estilo usando apenas sete objetos:
Bill Ward Fede! A caixa de fósforos alertando sobre o odor do baterista do Black Sabbath.
1) Uma Bigorna
O historiador William Hutton escreveu em 1781 que Birmingham “começou produzindo bigornas e, provavelmente, vai terminar com elas”. O começo da sena Heavy Metal na região Oeste de Midlands está inexoravelmente, por séculos, ligada à uma industria pesada, o que, explica o porque do comentário feito por Hutton. Tanto Tony Iommi do Black Sabbath como Glenn Tipton do Judas Priest trabalharam na industria do aço. “A fábrica que eu trabalhei era um enorme labirinto de aço, cheio de canais poluídos, máquinas e prensas à vapor gigantescas”. Recorda-se Glenn Tipton. Bom, não precisamos de muita imaginação para entender porque o som do Heavy Metal acabou soando do jeito que acabou soando. “Não existia nenhuma regra de segurança!”. Insiste Glenn Tipton. Não é para menos que Tony Iommi acabou perdendo a ponta dos dedos numa enorme prensa de metal e teve que reaprender tocar guitarra usando pontas falsas de dedo feitas de forma improvisada de pontas de garrafas de detergente recobertas por couro.
O lendário amplificador Laney!
2) Um Amplificador Laney
A perda ponta dos dedos de Tony Iommi causou uma mutação muito importante na sua forma de tocar guitarra usando cordas mais finas com mudanças na afinação. Entretanto, o elemento chave na mudança do seu som metálico seminal foi o uso do, ultra distorcido, amplificador Laney. Este amplificador foi primeiramente construído por Lyndon Laney que, naquela época, tocava baixo na banda Band of Joy juntamente com nada mais nada menos que, Robert Plant e John Bonham. O amplificador foi construído num quartinho no fundo do quintal dos pais de Lyndon Laney em Great Barr, no norte de Birmingham. Tony Iommi ainda usa um amplificador GH100TI, que é um cabeçote de 100 Watts que ele orgulhosamente alega ser “totalmente equipado para o Metal!”
Atenção para a nota no cartaz: "Não existe, de forma alguma, nenhum tipo de restrições quanto à vestimenta e corte de cabelo!"
3) A carta de fã de Lars Ulrish
Bom, antes do email, uma central de correspondência, na base da carta mesmo, foi mantida desde a região de Oeste Midlands. Um dos documentos em exibição no Home of Metal inclui uma carta muito educada de Lars Ulrich endereçada a Brian Tatler (Diamond Head) agradecendo, a banda por cuidarem dele quando ele chegou na Inglaterra, ainda simplesmente como um fã desconhecido. Depois desta estada, Lars Ulrish voltaria para Los Angeles e imediatamente formaria juntamente com James Hetfield a banda Metallica.
"Nós chegamos tão perto do palco quanto pudemos. Estava muito quente e suávamos.
Foi simplesmente maravilhoso, luz e poder em ação.
Nós saímos zumbindo e ficamos com nossos ouvidos apitando por dois dias!." Gary Sanders
4) Uma jaqueta de jeans
As jaquetas de jeans desbotadas estão em moda este ano mas, infelizmente a moda em 2011 não inclui a costura de todo tipo de logos de bandas, coisa bordada e bem barata, em toda e qualquer área visível da jaqueta. “Todo fã de Heavy Metal tinha que escolher com muito cuidado que “patches” para costurar nas costas da sua jaqueta.” Diz Ken McCormick, cuja jaqueta forrada de “patches” é uma das peças em exibição no Home of Metal. “Eu gosto muito da minha porque chocava as senhoras idosas”. Acrescenta Ken McCormick.
A jaqueta! Uniforme obrigatório!
A banda Judas Priest também foi muito importante para o desenvolvimento do visual do Metal como seu visual de couro chocante no estilo homo erótico. Aliás, este visual faz parte de um show separado que acontece no Museu do Couro em Walsall.
Uma capa de um lançamento do Black Sabbath.
5) O logo da banda Black Sabbath
Estes tediosos designers gráficos vivem sempre citando tipos como Josef-Müller Brockmann e, estas fontes gráficas bonitas que na verdade não passam de truques e variações da fonte Sans-serif. Agora o Metal, por sua vez, sempre usou as fontes de forma incrivelmente inventiva e simples, sempre fácil para replicar em tecido e roupas e, continua regularmente destacando-se no design gráfico moderno. (O novo logo da banda Artic Monkey parece que foi inspirada diretamente no álbum Master of Reality da banda Black Sabbath) . Uma mostra de arte acontecendo em Wolverhampton juntamente com Home of Metal inclui a reconfiguração do vicioso logo da banda Slayer feito por Matias Faldbakken e o acolchoado feito somente de uma colagem de logos icônicos do Metal.
Caixa de papel (sedinha) para enrolar cigarros do Judaz Priest. Como posso desfrutar sem beber, fumar e fazer amor?
6) O Fanzine do Napalm Death
Muito embora seja enormemente popular, o Metal Britânico sempre teve uma imagem underground. Trata-se de um gênero que nunca teve campeões na média e isso ajudou a fomentar uma cultura rudemente baseada em fanzines. Em exposição no Home of Metal destaca-se a Bíblia do Black Sabbath chamada Southern Cross e, o fanzine chamado Anti-Social, produzido pelos futuros fundadores da banda Napalm Death quando tinham apenas 11 anos de idade. Nem preciso dizer que este material, feito à mão, altamente político e anti-capitalista, hoje parece algo muito pitoresco e singular, como se fossem manuscritos mágicos.
O banner do Judas...
7) Um banner do Judas Priest
Talvez, uma das peças mais informativas de toda a exposição feita pelo Home of Metal é uma bandeira ou faixa pintada por Mark Tichner, um dos nomeados para o prestigioso Turner Prize. Na entrada do The New Art Gallery em Walsall, no alto, vê-se a pintura que diz “I’LL CHOOSE MY FATE” (Eu escolherei o meu destino), um grito de guerra do Judas Priest .
Um poster raro da banda Black Sabbath.
O metal realmente escolheu o seu futuro! Quem diria, uma cena musical que assustava a autoridade vigente, que acabou envolvida em vários julgamentos acusada de destruir os cérebros adolescentes agora é aceita e legitimada, confortavelmente pela cultura inglesa.
A árvore genealógica do Heavy Metal criada por Bunny Bissouxatambém conhecida como Francesca Bunny Willians.
Esta arte enorme em tamanho natural está em exposição no Museo e Galeria de Arte de Birmingham.
Arte chamada "Slayer sobre Slayer sobre Slayer" criada por Matias Faldbakken.