BIG BROTHER & HOLDING CO.

Big Brother & Holding Co.
(Mário Pazcheco)

Três anos antes, em 1962 os folks de Janis tinham um jeito diferente, que chamou a atenção de Chet Helms, poeta e músico com tio na Casa Branca, que resolveu abandonar o curso de História, na Universidade em Austin, com a namorada para passar o verão em San Francisco. Foram de carona, quarenta horas de viagem, levando apenas o número 1090 da Page Street na bagagem. Em 1965, primeiro ano em que ela ficou em San Francisco, Janis cantava em bares e clubes de música folk, tocando harpa e se transformando numa figura extravagante, que gostava de muita loucura e não se importava muito, Janis gostava disso. “Todo mundo era freak, lá. Ninguém ria de mim”. Janis vivia em North Beach, dormindo na casa de uma e outra pessoa, ganhando dinheiro com empregos temporários e venda de drogas, ganhando cerveja nos botecos com seus blues. Quase não tinha o que comer, mas não fazia muita diferença para quem vivia encharcada de speed. “Você é um derrotado se não sabe transar a droga”, recorda Chet. “Janis foi derrotada desde o início”.

Em 1965, o underground começou a acontecer com toda a força, quis o destino que nessa hora ela voltasse para o Texas, para casa, derrotada e trêmula, quando San Francisco finalmente emergia musicalmente.

Surgia o acid-rock americano, misturando blues, soul e folk. Chet Helms, organizava as primeiras festas hippies no Avalon Ballroom e dirigia uma boate onde o conjunto da casa precisava de uma cantora: Chet convenceu-os de que conhecia a pessoa certa. O nome da cantora era Janis Joplin e mandou Travis Rivers, um conhecido que foi ao Texas para vê-la, ele vinha com o convite de Chet Helms: queria que Janis cantasse com a recém formada, Big Brother. San Francisco mudara, ele dizia, e agora havia um novo tipo de música e de vida na cidade que ia mudar o mundo. E, Chet dizia, só Janis podia cantar essa nova música e Janis largou a Universidade pela última vez, regressando, para integrar o bastante popular Big Brother and Holding Company, Sam Andrew e Jim Gurley nas guitarras, Peter Albin no contrabaixo e Dave Getz na bateria - empresariados por Chet Helms. Nos porões da velha casa de Page Street surgiram também os grupos Jefferson Airplane, Grateful Dead, The First Family Dog e muitos outros. Toda quarta-feira tinha jam-session na mansão, a meio dólar por cabeça. Meio dólar para ver os futuros monstros sagrados do rock.

A cena musical de San Francisco era pouco mais que alguns clubes de jazz sem qualquer atrativo especial.

Algum tempo depois, ela diria que aceitou o convite de Chet e Travis Rivers porque “eu não ia pra cama com ninguém há mais de 7 meses, e o Travis era ótimo, foi logo me agarrando”. Mas esse parece ser só um lado da verdade. Porque Janis, a caminho de San Francisco, escreveu a uma amiga: “estou indo para San Francisco, meu Deus, estou tão excitada! Vou cantar num grupo de blues elétrico de lá. Vou cantar mesmo, profissionalmente. Estou com muito medo, mas todos acham que eu devo ir. Me diga, Não é maravilhoso?”.

Janis  decepcionou... Os jovens músicos do Big Brother, esperavam uma menina linda, sexy, fluorescente, uma rockstar. Baixinha, 85 quilos, grandes olhos azuis e cabelos cor de poeira, Janis, ao chegar em San Francisco no verão de 1966, ainda era a quase perfeita texana, só que desleixada e com um ar maluco. Mas quando começou a cantar tudo entrou em seus lugares. Tudo explodiu. “Eu explodi. Eu cantava só blues, quase puro, sem acompanhamento, às vezes só com a minha gaita”, disse Janis.   “Quando eu senti aquele ritmo atrás de mim, e a eletricidade toda... cara, eu explodi”. “Antes de Janis nós vivíamos só curtindo, Não sabíamos para onde nossa música ia. A gente fazia som espacial, sabe como é?”, explicou Sam Andrew. “A gente queria duas cantoras pra fazer um som parecido com o do Jefferson Airplane. Mas quando Janis chegou e começou a berrar, cantar, com aquele vozerio todo... a gente teve de mudar nossos planos. Janis foi nosso catalisador. Ela nos trouxe de volta à terra”.

Janis foi morar com o pessoal do Big Brother numa comunidade rural, em Laguanitas. Lá, ela aprendeu um código que podia fazê-la ser aceita e compreendida sem precisar ser uma boa texana: aprendeu a usar rendas, flores, correntes, a deixar o cabelo solto, a usar perfume de patchuli. Era assim que se vestiam e se portavam as garotas de Sam, Dave, Pete. Ela não seria só uma das flower revolution, seria a rainha de todas, usando tudo em excesso, explodindo em plumas e cores toda sua alma cigana, forjada na estrada. Em Laguanitas, Janis aprendeu como ser aceita, mas não como ser amada e ela transava com todos, é claro, ela era tão livre... Justamente, ela era livre demais, ou melhor, era sozinha. Para enfrentar seu primeiro demônio, Janis sucumbiu ao segundo: as drogas. Não as psicodélicas, que embalavam as crianças das flores. “Essas drogas aí eu não gosto”, ela dizia, “porque me fazem pensar. Eu prefiro esquecer”. Janis voltou à bebida, às anfetaminas e, pouco a pouco, à heroína que havia experimentado em Nova York, tudo junto.

Conjurados os demônios, estava feita a mágica: o canto de Janis estourou San Francisco, estilhaçando o ar nas festas comunais dos parques, os Be-ins do verão e do outono de 1966, os concertos livres dos primeiros hippies. “era até demais”, recorda Nick Gravenites, que depois tocou com a segunda formação do Big Brother. “O grupo não era nada profissional, era pura curtição, barulho. E Janis era só eletricidade, uma figura estranhíssima, toda vestida de tafetá, cheirando a patchuli, era demais até para San Francisco”.


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Na primeira foto, Chet Helms à direita e ao centro com Jimi Hendrix Experience

Morre Chet Helms
(Mário Pzcheco)

Faleceu no último sábado, 25 jun. / 2005, Chet Helms, considerado um dos principais mentores do Human Bed in - no Golden Gate Park em fevereiro de 1967, a última manifestação hippie que sacudiu San Francisco. Helms, que estava com 62 anos de idade, morreu em decorrência de um derrame cerebral no California Pacific Medical Center, de San Francisco.

1965. Surgia o acid-rock americano, misturando blues, soul e folk. No dia 6 de outubro, iniciou-se a era do San Francisco Sound. A The Family Dog Productions Company, organizou o primeiro concerto-baile em Long-Shoreman Hall: “Queremos levar o underground artístico à cidade, utilizar máquinas, aparelhos para produzir ilusões luminosas a partir das qualidades tonais da música. Esperamos poder aprender o suficiente com o nosso primeiro ensaio e gostaríamos muito de poder realizar de dois em dois meses, um happening deste tipo aqui em San Francisco”.

No referido baile atuaram os The Marbles, Charlatans, Jefferson Airplane e a Great Society, animando a festa desde às 9 da noite até às duas da manhã e o sucesso foi tremendo. Esses grupos eram agenciados pela The Family Dog Productions - barzinho, clube e atelier, propriedade de dois micro-empresários dispostos e bem abonados (um deles Chet Helms), juntamente com o Dead e o Airplane, outros grupos vieram, nessa primeira fase do San Francisco Sound.

Chet Helms, também conhecido como High Wizard; organizava as primeiras festas hippies no Avalon Ballroom e dirigia uma boate onde o conjunto da casa precisava de uma cantora: Chet convenceu-os de que conhecia a pessoa certa. O nome da cantora era Janis Joplin e mandou Travis Rivers, um conhecido que foi ao Texas para vê-la, ele vinha com o convite de Chet Helms: queria que Janis cantasse com a recém formada, Big Brother. San Francisco mudara, ele dizia, e agora havia um novo tipo de música e de vida na cidade que ia mudar o mundo. E, Chet dizia, só Janis podia cantar essa nova música e Janis largou a Universidade pela última vez, regressando, para integrar o bastante popular Big Brother and Holding Company, Sam Andrew e Jim Gurley nas guitarras, Peter Albin no contrabaixo e Dave Getz na bateria - empresariados por Chet Helms. Nos porões da velha casa de Page Street surgiram também os grupos Jefferson Airplane, Grateful Dead, The First Family Dog e muitos outros. Toda quarta-feira tinha jam-session na mansão, a meio dólar por cabeça. Meio dólar para ver os futuros monstros sagrados do rock.

O último concerto juntos de Janis e o Big Brother and Holding Company, foi com o Family Dog, de Chet Helms, no final de 1968, no Avalon Ballroom.

Nos últimos tempos, Chet Helms rodava os Estados Unidos participando de feiras onde vendia seus posteres psicodélicos. Mais um ser humano genial que fará falta...


Antiga banda de Janis Joplin quer buscar uma nova musa

sam_andrew
(texto da Reuters* - Foto Sam Andrew 1999 por Michael Sheehan Photography)

SAN GERONIMO, Califórnia (Reuters) - Sam Andrew vai trilhar um árduo caminho para encontrar uma substituta para a vocalista de sua banda de rock, morta há anos -- ninguém mais, ninguém menos do que Janis Joplin.

Desta vez, o trabalho de recrutamento da banda não deve envolver sexo selvagem e consumo de álcool e drogas, como -- de acordo com as lendas do rock -- aconteceu no caso da entrada de Janis Joplin na banda Big Brother and the Holding Company.

Em lugar disso, se as ideias dos roqueiros envelhecidos de San Francisco se concretizarem, os testes para encontrar em 2005 uma substituta para a cantora ícone dos anos 1960 vão assumir a forma de um reality show na televisão a ser intitulado Search for the Pearl (Busca pela Pérola). Pearl, ou pérola, era o apelido de Janis Joplin.

"De alguma maneira ou outra venho buscando Pearl desde os anos 1960", comentou o guitarrista Andrew, que tocou com Joplin em alguns dos maiores sucessos da cantora, incluindo "Piece of My Heart", "Summertime" e "I Need a Man to Love".

Andrew fundou a Big Brother há 40 anos, e, ao lado do Grateful Dead e do Jefferson Airplane, a banda ajudou a transformar San Francisco no centro da contracultura dos anos 1960, marcados pelo sexo, drogas e rock 'n' roll.

"O baixista e eu cantávamos muito mal, então precisávamos de uma cantora. Foi essa a razão de nossa 'busca por Pearl' de 1965", disse Andrew, que vive em Marin County, ao norte de San Francisco. "Desde então, minha vida vem sendo uma constante procura por Pearl."

Janis Joplin chegou a San Francisco pela primeira vez em 1963, mas voltou ao Texas quando sua carreira não decolou, em função de sua dependência de drogas. Em 1966, para atrair Janis de volta, o empresário do Big Brother enviou um emissário charmoso para convencê-la a fazer um teste.

Ela deixou a banda após o disco Cheap Thrills, grande sucesso de 1968, mas continuou a trabalhar com Andrew até pouco antes de sua apresentação em Woodstock, em 1969.

A Big Brother acabou pouco após a morte de Janis, em 1970, e Andrew conta que passou os cinco anos seguintes viciado em heroína.

A banda, que se reformou em 1987, parte em abril para uma turnê de um mês na Europa.

Ao longo dos anos, a Big Brother já trabalhou com cerca de 10 cantores.

Hoje, a aparência do guitarrista não dá pistas sobre seu passado selvagem no rock. Seu cabelo é curto e ele não tem barba; em lugar de objetos do rock, a sala de sua casa é repleta de livros e quadros pintados por ele mesmo.

Tarefa difícil

Laura Joplin, responsável pela herança de sua irmã, diz que Search for Pearl pode servir de tributo a Janis.

"Não estamos procurando uma nova Janis, uma clone dela. Na realidade, queremos um veículo para mostrar Janis a toda uma nova geração", disse Joplin em entrevista telefônica.

Os promotores do Big Brother anunciaram a ideia de Search for Pearl no ano passado, mas ainda não acharam uma televisão aberta ou a cabo que queria aderir à ideia. O promotor Jamie Watson explica: "Em alguns casos lidamos com executivos de programação de 28 anos de idade que não fazem ideia de quem foi Janis realmente."

Mas ele acredita que a ideia vai se concretizar ainda este ano, começando com um concerto de tributo com a presença de ícones dos anos 1960 como Pete Townshend, do The Who, Mick Jagger e Paul McCartney, além de músicos contemporâneos. O reality show viria a seguir.

*Reuters 31 mar. / 2005.

 

 

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