THE ROLLING STONES: SUAS MAJESTADES SATÂNICAS

 
“As bandeiras são dólares voadores”. Os Stones em Citadel

Suas majestades satânicas ou "as bandeiras são dólares voadores”
(Mário Pacheco)

 

O arquétipo é o andrógino. E a Inglaterra sempre foi um celeiro unissex por excelência. Os grandes amantes do Romantismo eram efebos de feições delicadas como Shelley e Byron. Eram todos ladies’ men e o charme hermafrodita lhes dava livre acesso às mais cobiçadas alcovas. Insinuantes, faziam o lobo mau sob a pele do cordeiro. Também o Movimento Decadente de 1880 exaltava a figura do andrógino: Oscar Wilde, Aubrey Beardsley e toda aquelas virgens pré-rafaelitas com rostos de rapazes que iriam desembocar no art nouveau - e nas estrelas do rock dos anos 60.
Brian Jones fora chamado de a síntese da atitude arrogante e hedonista que fazia os Stones atraírem o público. Por onde passara, deixara filhos ilegítimos - seis, todos meninos e gerados por mulheres diferentes. Foi quem mais deixou crescer os cabelos, entre os Stones. Foi o primeiro a usar maquiagem e roupas acintosamente andróginas, como blusas de chifon e chapéus Ascot. Mas apresentava tal aura de agressividade que ninguém ousaria duvidar de sua masculinidade.
Enfim, Brian era o líder: para onde ele ia, os outros Stones iam atrás. Era o stone musicalmente bem dotado - o que podia pegar um instrumento qualquer, do saxofone à cítara, aprendendo a tocá-lo em menos de meia hora.
Em meados de 1966, as coisas estavam começando a mudar para os Rolling Stones, assim como ocorrera aos Beatles cuja liderança passara de Lennon para McCartney, em breve a liderança de Brian Jones seria questionada por Mick e Keith. Nessa época os discos dos Stones - principalmente LPs - ainda tinham excelentes índices de venda.
As mudanças começaram a efetivar assim que Brian Jones conheceu Anita Pallenberg, ex-atriz do Living Theater, o músico não demorou poucas semanas para abandonar sua mulher Linda Keith e o bebê, para passar cada segundo do dia, enroscando-se e rindo de suas brincadeiras particulares com Anita.
Eram, naquele momento, o casal mais lindo da Europa - ambos começaram a usar os longos cabelos louros no mesmo estilo e vestiam-se combinando seda e cetins bufantes. Mantinham uma corte no seu apartamento: jovens duques, lordes, admiradores, gente do jet-set, artistas da moda. Às vezes, entretanto, a arrogância de Brian Jones e Anita Pallenberg assustava. Aqueles que os ofendessem, pelo menor dos motivos que fosse, eram expulsos do apartamento e imediatamente “cortados” pelos amigos, que receavam ferir o casal.
No seu enorme apartamento-estúdio de Earl’s Court aconteceu os fatos que poriam fim a sua breve existência marcada pela angústia - escândalos frequentes feitos por sua ex-mulher, que ia lá com o bebê, para reclamar o pagamento da sua pensão, excessos sexuais, de ácido, astrologia, magia, brigas e overdoses.
Certa noite, um convidado ofereceu-lhes ácido. Brian e Anita foram para a cama viver sua primeira viagem - e esse foi o momento que marca o ápice da vida passageira de Brian e o começo da desintegração de sua personalidade.
Brian explicava a descoberta: “é como se todo tipo de canções maravilhosas ficasse girando dentro da minha cabeça e eu não tivesse como soltá-las, o ácido libera todas elas. Eu nem sequer sei que estou compondo, enquanto viajo. No dia seguinte, descubro que escrevi as coisas mais surpreendentes”.
Através do ácido, tudo era possível para ele - ou parecia. Entusiasmado, Brian levou toda a sua corte a tomar drogas e havia algo de fascinante com relação ao mundo exótico, remoto e fechado que pareciam habitar.
Keith Richards estava impressionado e sempre se dispusera a acompanhar Brian no que este fazia. Keith entrou na de ácido e a dupla passou a improvisar melhor e a compor canções incríveis. Chegaram a acreditar que ingerindo um alucinógeno, de certa maneira, expandiria suas consciências tornando qualquer fantasia uma possibilidade real.
Brian Jones, Keith Richards e Anita Pallenberg se apegaram de tal forma ao ácido que Keith acabou se mudando para o apartamento do casal. Mick Jagger foi quase totalmente excluído. Brian e Keith escreveram Ruby Tuesday juntos e, simplesmente, apresentaram a canção acabada a Mick - em vez de lhe pedirem alguma sugestão, como sempre acontecia. Brian chegou a tratá-lo com certo desprezo sutil: Mick nunca tomara qualquer droga, era um monótono careta, em resumo. Keith e Brian passaram a chamá-lo cerimoniosamente de “Jagger”.
Enquanto Mick era esnobado, Tara Browne, o herdeiro da fortuna Guiness, uma das maiores da Inglaterra, tornou-se o amigo inseparável de Keith e Brian, tomando ácido e partilhando das longas conversas sobre misticismo e música. No jogo de emoções em que se desenvolvia no apartamento, Brian não tardaria a confirmar as suspeitas de que Keith estava apaixonado pela sua Anita. Keith acabou saindo do apartamento, pois Brian deixara transparecer que o considerava um perigo em potencial. Keith tomou ácido com “Jagger” e a viagem inicial marcou o começo de uma aliança entre eles. Agora, era Brian o marginalizado.
Brian sentiu, então, que estava escravizado a uma mulher: ele, o homem que se descartava das mulheres sem o menor problema, pai de seis filhos ilegítimos, perdia o controle sobre sua vida, sua música, sua liderança na banda.
A cada dois dias, Brian ligava para Tony Sanches que trabalhava para os Rolling Stones, pedindo que o visitasse. Mas Tony sabia que o que Brian desejava realmente era droga, mais e mais droga.
Tara Browne morreu quando seu Lotus Elan chocou contra um poste de luz. A morte de seu melhor amigo chocou Brian profundamente. Durante horas, ele conversou sobre como a vida era precária e sem sentido, aos poucos, essa coisa foi evoluindo: ele parecia desequilibrado, paranóico, devorado pela infelicidade e pela solidão, tomando punhados de barbitúricos para combater a angústia.
A escalada continuava: certo dia, no apartamento em Earl’s Court, pela extensão dos ferimentos pelo corpo de Anita era óbvio que apanhara de Brian, e pra valer.
Em outra oportunidade, Brian estava praticamente histérico: “Anita morreu! Não consigo levantá-la!”.
Ela estava imóvel numa cama antiquada. Sacudiram-na e bateram em seu rosto imóvel sem esboçar qualquer reação. Desconhecia-se o que ela tinha tomado, mas era muito. Brian e Tony Sanchez a levaram para baixo, puseram no carro e seguiram direto para o hospital. Depois de limparem seu estômago e, quando ela recobrou os sentidos, Brian começou a chorar. Ela soluçava em silêncio, com um terrível olhar ferido nos belos olhos perigosamente lindos. Tudo que ela disse foi: “Tony, você deveria ter deixado acontecer”.
Enquanto Brian desintegrava-se, Mick e Keith escreviam canções juntos, com um brilhantismo e uma confiança que nunca haviam experimentado. Parecia que Keith e Mick evitavam conversar com Brian.
Brian havia se queimado e o único problema agora era saber o que fazer com ele... Apesar da preocupação com Brian havia uma maldade impiedosa na voz de Keith.
Brian Jones e Mick Jagger tinham personalidades opostas e, em conseqüência disso, Brian foi, gradativamente, tornando-se inútil nos planos musicais traçado pelo economista da banda e Keith pronto para roubar-lhe a mulher e herdar a imagem selvagem de Brian, Keith não teria seus problemas com drogas, por que os Stones foram mais generosos para com ele? Estes são os apontamentos que determinariam sua vitória ao fazer os Stones retornarem as raízes mas era demasiado tarde para Jones.
Profissionalmente, também os Stones tinham problemas. Primeiro Andrew Oldham: após uma discussão violenta com Keith e Mick, anuncia que deixava a empresariagem do grupo. Andrew Oldham previu como seria difícil ocultar a guerra suja que vinha a seguir. Segundo, havia boicote por parte de emissoras de rádio e tevê, má vontade das grandes cadeias de lojas em distribuir seus discos, restrições de sua própria gravadora, a Decca que retardou o lançamento do LP "Between the buttons", exigindo mudança em algumas letras das músicas. As verbas para divulgação diminuem, a companhia prefere os Animals e os Hollies. Keith Richards tem atritos furiosos nos escritórios da Decca.
O jornal britânico "News Of The World" havia iniciado uma série de reportagens intitulada Investigações sobre Pop Stars e Drogas, os Stones são o alvo e não compreendem ainda o que está se passando.
Em maio vem a resposta: O "News Of The World" havia colocado alguém trabalhando para os Stones, Keith Richard achou que era o seu motorista na época. Keith simplesmente fez um convite: “Aparece lá em casa para uma festa no fim de semana”.
O cara realmente era um informante, e às 11 horas da manhã de sábado o editor do "News Of The World" telefona para a polícia dizendo que haveria uma festa totalmente imoral na casa de Keith Richards, em Redlands. Dezenove policiais, inclusive mulheres da polícia feminina, foram destacados.
— Eram oito horas da manhã quando eles bateram na porta. Estava todo mundo de bode. O pessoal já havia ido embora. O som estava ligado e a luz estroboscópica também. Marianne ia tomar um banho e já estava praticamente nua. eles continuaram insistindo e eu fui abrir. Eu não tinha nada em cima. Mick estava com quatro comprimidos de anfetamina que ele havia comprado na Itália. Havia mais gente conosco, mas eles só estavam interessados em nós. Estávamos voltando de uma trip de doze horas e foi aquele corte. Mandaram desligar o som e eu disse que não, apenas diminuí o volume. É que justo na hora em que eles chegaram alguém havia posto Rainy day woman altíssimo. Recorda Keith.
Mick e Keith foram primeiro presos, e depois libertados sob caução, aguardando julgamento. A acusação se baseava no fato de Jagger possuir dois tipos de anfetaminas - compradas legalmente na Itália O processo dos dois músicos, no qual se encontravam também implicado Robert Fraser, diretor de uma galeria de arte, teve lugar em Chichester, a 27 de junho. O tribunal de West Sussex pronunciou o seu veredicto com uma rapidez espetacular num processo repleto de provas vagas, condenando Jagger a três meses de prisão por posse ilegal de dois tipos de droga, e Richard a um ano por ter autorizado sob o seu teto o consumo de cânhamo indiano, metade da população da Inglaterra protestou, achando que as penas eram suaves demais. Brian tem a casa revistada e é preso também sendo condenado a nove meses de prisão domiciliar, a pagar mil libras de multa, além de se submeter a um tratamento psiquiátrico por um médico designado pela corte.
A 29 de junho, foram encarcerados nas prisões de Brixton e de Wormwood Scrubs, Mick foi livreiro e Keith... “cheguei lá e o pessoal me perguntou o que eu queria, ácido, haxixe... e eu pensei, tomar um ácido aqui?”) Dias depois, mediante gorda fiança foram restituídos à liberdade contra uma caução de sete mil libras cada um. Era claro que se tinha querido “dar um exemplo” e, no fundo, a condenação visava mais a identidade pública dos sentenciados, ou seja, o que eles “representavam”, do que a transgressão da lei, aproveitada às pressas como um providencial pretexto. Mick, Keith e Brian, foram usados pelas autoridades britânicas como bodes expiatórios, durante o combate aos tóxicos - suas prisões foram denunciadas como arbitrárias até mesmo pelo ponderado Times no editorial do dia 1 de julho, Who breaks a butterfly on a wheel? que chamava a atenção para as irregularidades do processo e a manipulação da imprensa: “Não há dúvida de que, em qualquer pesquisa de opinião para escolher o homem mais odiado da Grã-Bretanha, consultadas as pessoas de mais de 40 anos, o Sr. Jagger se colocaria num dos primeiros lugares”. E acrescentava: “Outra pesquisa, porém, entre os jovens, revelaria maciçamente o respeito e a admiração especial que lhe devotam”. Ainda se pode ler, entre outras reflexões, que as pastilhas encontradas na posse de Jagger “não são drogas muito perigosas e, corretamente dosadas, não o são de modo nenhum”, que “os fabricantes italianos as recomendam como estimulante e como remédio contra o enjôo”, que o rigor dos juizes não tinha chegado para estabelecer com clareza a distinção a fazer entre os diversos casos examinados (quatro ou cinco no total), e que, por fim, “teria Jagger sido considerado da mesma forma se não fosse conhecido, com toda a hostilidade que a celebridade lhe terá podido provocar?”.
Não é a única voz: John Lennon lidera um abaixo-assinado em sua defesa, Pete Townshend e o Who incluem The last time e Under my thumb da dupla em seu repertório e publicam um manifesto: “Nós acreditamos que Mick Jagger e Keith Richards estão sendo usados como bodes expiatórios. Gravamos suas músicas para dar continuidade a seu trabalho e prover seu sustento enquanto estão presos”.
O avulso We love you dos Stones em retribuição às manifestações de solidariedade é lançado bem na época do julgamento agradecia o apoio de fãs e amigos, tendo servido para irritar profundamente aos juizes. Enquanto os advogados de Mick e Keith apelavam da sentença, o som das correntes arrastando servia apenas para enfurecer os juizes.
A sentença de junho foi anulada no fim de julho por um tribunal de segunda instância.
Keith, anos depois, compreendeu as origens do furacão: “Quando o juiz me leu a sentença de um ano, ele me disse, depois: ‘Você é imundo, pessoas como você deveriam morrer’. Então eu vi que a barra estava pesada. Até agora tinha sido show, espetáculo, badalação. Mas agora não era possível, estávamos fora da lei”.
  
Considerados como os rivais diretos dos Beatles em termos de imagem e música e com uma desvantagem na vendagem de discos agravada. As carreiras e relações dos dois conjuntos pareciam se desenvolver de forma paralela, e Lennon não perdoara quando os Stones usaram o cítar.
Mas em julho de 1967, após meses de boatos no mundo do disco, os Beatles lançaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, imediatamente Mick Jagger percebeu que todos os disco anteriores, dos Beatles e dos Stones, tinham virado uma velharia, algo completamente obsoleto. Brian Jones, por seu lado, detestava o novo som e lutou com todas as forças para que os Stones permanecessem fiéis às suas raízes, para que continuassem arrancando a tremenda energia tradicional do rock’n’roll marca patente no mundo todo. Por outro lado Brian Jones teria sua cota de razão pois seriam necessário dois anos até que "Beggar’s Banquet", um LP que continha clássicos do nível de Sympathy for the devil e Street fightning man merecesse uma acolhida bem mais calorosa e chegasse às paradas.
Após o tempo gasto com as questões judiciais e a liberdade Mick Jagger no confronto musical junto à Brian, o vence e concebe com Keith Richards a ideia de uma sátira psicodélica da monarquia inglesa, o conhecido "Their Satanic Majesties Request", com cerca de seis meses de preparação intermitente. A capa do disco em três dimensões, com um efeito de movimento graças à junção de um acrílico que dava a ilusão de relevo, desdobrável como a de Sgt. Pepper’s, abria sobre uma montagem de cenas históricas e tinha na parte da frente uma imagem com efeitos estereoscópicos (que não foram mantidos em edições posteriores) sinal de um período em que a música pop se refugiava em novos adornos com uma certa complacência. Um álbum altamente experimental e psicodélico lançado em novembro de 1967, mal compreendido por crítica e público. Um disco indefinido, com distorções, instrumentos exóticos e toques lisérgicos. Provavelmente para contrastar com a magia “branca’ e oriental dos Beatles, os Rolling Stones auto-intitularam-se de satânicas majestades. Os Rolling Stones são colididos pela invasão psicodélica de 1967 num momento em que não estão propensos a manifestar a sua adesão ao flower-power. O auge do ápice da divagação stoniana acontece em "Their Satanic Majesties Request". Nada, ou quase nada, do que antes caracterizou a música do grupo subiste ali. Experiências de base eletrônica e formas deixadas em suspenso a meio do que parecia ser a sua execução subsistem assim de repente todo um passado de lenta elaboração. O disco não é apenas um apóstrofe no psicodelismo e sim o atestado da desintegração da banda sob a viagem de ácido. Tardiamente publicado seis meses depois de Sgt. Pepper’s e Are you experienced?, pertence como estes aos números dos álbuns “trabalhados” em estúdio e cujo conteúdo não atinge a mesma sonoridade quando reproduzido em palco. Os temas nele abordados referem-se a um futurismo barroco, aquilo a que se poderia chamar um exotismo do futuro (2.000 light years from home - “A Dois Mil anos-luz de Casa”) e uma idealização mediocremente mística das relações humanas (Sing this all together). Por vezes, surge uma frase-slogan que se perde na falta de acabamento (continuidade?) do resto (“As bandeiras são dólares voadores” em Citadel)
A figura trovadoresca de Brian Jones/Jimi Hendrix anunciava imagens curtas-cortantes. A abundância metafórica e algo rebuscada de Citadel, de inspiração “hendrixiana” apresentava a rispidez e concisão de ideogramas eletrificados a todo volume nesse corajoso libelo contra a Guerra do Vietnã com toques orientais e visionários. A crônica que o Melody Maker fez na altura sobre este álbum ainda hoje conserva um tom de precisão: “Produção pesadamente experimental, controlada e em que nada foi posto de lado”. Uma gênese caótica é a causa mais verossímil deste resultado os processos e as opções musicais muito imprecisas presentes neste álbum correspondem às tendências de todo um período pop. E os Rolling Stones sempre se distinguiram em opor-se as tendências dominantes do momento, talvez resida ainda o desencontro musical.
Tal obra de arte custou por si só quase tanto como a própria gravação do disco. Quando este foi vendido a um preço igual ao dos restantes - certamente atingiu o vermelho.
O disco marcou bem tudo quanto estava errado entre Mick, Keith e Brian, em especial o fato de Anita ter finalmente escolhido Keith.
Em 30 de outubro Brian Jones dança novamente, dessa feita com cocaína e metedrina. Comparece perante os tribunais por consumo de droga, tal como Keith Richards, foi preso em Wormwood Scrubs e libertado sob caução (dezembro) sua nova pena é fixada em três anos de prisão domiciliar. Mas, ao contrário dos seus dois companheiros, as suas questões com a justiça Não acabaram. Após as duas vezes, novamente foi apanhado com posse de resina de cannabis, só se livrando destes apuros em setembro de 1968.
Brian Jones saltou do carro de seu advogado para enfrentar no tribunal a acusação de que conduzia 144g de cannabis sativa. Brian ora detido com os cigarros no momento em que alugava um apartamento em Chelsea, um dia antes. No julgamento, o músico declarou: “Que isto sirva de lição aos jovens que querem tomar drogas. Elas nunca me causaram nada de bom; ao contrário, só interromperam minha carreira”. Suas palavras foram proféticas. Hospitalizado três vezes em 1967, duas no ano seguinte; preso duas vezes em 1967, duas em 1968, Brian “desaparecia a olhos vistos”, como disse Keith. Quando se apresentam, erra pelo palco. Nas gravações vaga pelo estúdio batucando a esmo num e noutro instrumento. Seu rosto é uma máscara irreconhecível de rugas e manchas. Keith recorda: “A cada dia ele ficava mais frágil, física e mentalmente. Acho que todas as viagens e excursões malucas que fizemos entre 1963 e 1966 acabaram com ele. Ou talvez não. Talvez estivesse escrito nas estrelas”.
Em termos psicodélicos, Brian foi se tornando cada vez menos influente, principalmente durante este período. David Dalton analisa esse aspecto na sua obra Rolling Stones.
Talvez a sua maior influência tenha sido na época das músicas Paint it black e 19th nervous breakdown quando, utilizando-se de seu sitar estridente e demoníaco, ele transformava suas canções em sons estranhos.
Dalton chama a atenção “para o desempenho de Brian tocando o dulcimer, em Lady Jane e a flauta em Ruby Tuesday. Havia em seu jeito de tocar uma agradável simplicidade”, que trouxe para os Stones um som inconfundível. De fato, Brian chegara ao auge como músico: introduzira a flauta, o violino e o sitar nas canções dos Stones. Seus arranjos revelavam um talento fecundo, inquieto. Mas, sua palidez mortal e o ar perdido no palco revelavam que, sob a superfície brilhante do show biz, águas turvas se moviam. As águas que o engoliriam um dia, e que a se abateram por sob o grupo.
Após esse período, Brian Jones mergulhou de novo no marasmo das drogas. Tomava qualquer coisa que atingisse sua mente - até ficar incapaz de reconhecer pessoas do seu círculo ou até de falar coerentemente. Às vezes, chegava a cair no chão do estúdio de tão baratinado. Num de seus raros momentos de lucidez, confessou: “Não sei o que está acontecendo comigo. Minha cabeça nem me deixa tocar mais”.
Tudo indicava não existir uma maldade intencional nas atitudes de Keith Richards e Mick Jagger. Keith Richards, sobretudo, descobriu que não conseguiria acender o fogo, articular a guitarra sensacional que Brian Jones transformara num elemento básico de qualquer disco dos Rolling Stones.
— Ele está muito cansado - ponderou Tony Sanches, numa conversa com Keith Richards que respondeu: - Todos nós estamos cansados. Mas se Brian insistir em sair de órbita, a gente vai ter que procurar um novo guitarrista. Não que achar uma mulher que tome conta dele?
O diagnóstico médico afasta definitivamente Brian do grupo, o médico de Brian Jones pede aos Rolling Stones que tirem o guitarrista do grupo: “Ele não agüenta subir no palco nem mais uma vez”. De fato, em junho, o próprio Brian pede para sair. Segundo Keith, “tudo ficou muito claro. Nós perguntamos: - O que você quer que a gente diga?”. E ele: - Diga que eu saí porque quis, e posso voltar quando quiser”.
O substituto de Brian, por sugestão do guitarrista e bluesman inglês John Mayall, é Mick Taylor (Welwyn, GB, 17/01/48), um garoto talentoso de 21 anos.
Na noite de 3 de julho os Stones estão no estúdio gravando a primeira música com Mick Taylor. À meia-noite, o telefone toca: uma voz de mulher avisa que Brian Jones morreu. Mick e Keith se precipitam para sua mansão em Sussex. Conta Keith: “Lá estava ele, vestido, no fundo da piscina. A gente não conseguia parar de olhar. Não, bicho, eu não diria que ele foi assassinado . Mas havia muita coisa estranha acontecendo naquela casa, naquela noite”.
A autópsia aponta uma crise de asma como causa mortis. Num concerto em sua homenagem, no Hyde Park de Londres, Jagger lê o poema Adonais (escrito na morte de Keats) de Shelley: “Ele não dorme/ ele não morreu/ apenas acordou do sonho da vida”.
Outras homenagens viriam, como a bela ode de Jim Morrison, e uma canção de Pete Townshend: “Eu costumava tocar minha guitarra quando menino/ querendo ser como ele/ Mas hoje eu mudei de ideia/ decidi que eu não quero morrer/ mas para Brian era um dia normal/ Rock’n’Roll é isso/ para Brian era um dia normal/ Um cara que morria todo dia”.
Brian Jones era uma pessoa frágil, um músico de extrema sensibilidade (Keith Richards conta como, certa vez, deixaram Brian sozinho no estúdio por algum tempo e, quando voltaram, descobriram-no tocando uma cítara, instrumento que nunca tinha colocado nas mãos), norteado por um desejo intenso de agradar as pessoas. Morto aos 26 anos, viveu atormentado por esse sentimento, que impossibilitou sua permanência na liderança dos Rolling Stones e seu gradual e paulatino afastamento dos palcos.
O jornalista Al Aronowitz, amigo pessoal de Brian, escreveu para o New York Post um perfil do guitarrista, onde transparece toda a sua insegurança. Conta, por exemplo, como Brian ficava nervoso quando tocava com Bob Dylan Numa festa dada pelos Stones no Hilton de Nova York, Bob Dylan apareceu com Robbie Robertson, o guitarrista do grupo The Band, que mais tempo ficou com Dylan. “Bob sentou-se ao piano, Robbie pegou a guitarra, Brian a harmônica. Ele tocou aquela gaita com tanta força que, quando parou, descobriu que estava sangrando. Bob Dylan deu um sorriso e falou para Brian Jones — Não seja paranóico, Brian”.
Brian Jones, em sua fragilidade, foi também um homem que, como Jimi Hendrix, viveu marcado por um forte sentimento de justiça. Escreveu Al Aronowitz: “Uma das primeiras coisas que Brian me contou dizia respeito a uma visão que tivera em Londres numa madrugada - o rosto de uma deusa que se desenhou no céu, conclamando-o a trabalhar para o Bem da humanidade”. A crença na importância dessa missão, e a impotência real que sentia para empreendê-la foi, possivelmente, uma das piores fontes de tormento para o guitarrista.
Em 1969 a maldição chegou ao auge. Menos de um mês após ter abandonado o grupo, Brian Jones é encontrado morto no fundo da piscina de sua casa. E cinco meses depois, ocorre a tragédia de Altamont. Com a cena passada a ralenti, há provas de que a vítima brandia um revólver para Mick Jagger. Mas por que motivo iria matá-lo? Ninguém sabe. Talvez fosse o sacrifício final de um ritual maldito...

 

Anita Pallenberg, atriz e musa dos Rolling Stones, morre aos 73 anos
Também modelo, ela namorou Brian Jones e foi casada com Keith Richards, com quem teve 3 filhos. Causa da morte ainda é desconhecida, segundo amiga.

Por France Presse / http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/anita-pallenberg-atriz-e-musa-dos-rolling-stones-morre-aos-73-anos.ghtml

Anita Pallenberg, atriz e modelo que namorou Brian Jones e foi casada com Keith Richards, ambos dos Rolling Stones, morreu aos 73 anos nesta quarta-feira (14), informaram amigos próximos.

Depois de travar uma longa luta contra as drogas e o álcool, Anita morreu de causas ainda não especificadas, relatou sua amiga e também atriz Stella Schnabel em publicação no Instagram.

Nascida em Roma, filha de pais alemães, ela teve uma juventude itinerante e se mudou para Nova York para fazer parte dos círculos vanguardistas de Andy Warhol antes de seguir para Paris e trabalhar como modelo.

Anita também atuou em alguns filmes, entre eles "Barbarella" (1968), ficção protagonizada por Jane Fonda.

Rolling Stone não oficial

Finalmente, ela se tornaria uma integrante não oficial dos Rolling Stones: aquela estranha mulher no estúdio que dava suas opiniões sobre a forma que ia tomando o álbum "Beggars banquet", de 1968.

Ela conheceu o grupo em 1965, quando fazia trabalhos de modelo. Logo começaria uma relação de dois anos com Brian Jones, o guitarrista e então líder da banda. "Mas ele se tornou esquizofrênico, agressivo, violento", disse Anita sobre o músico em uma entrevista à revista "Cheap Date", já extinta.

Em férias no Marrocos em 1967, o também guitarrista Keith Richards viu Jones agredindo a atriz, como ela logo contaria. Deixou Jones - que morreria em 1969 - e começou a namorar com Keith. Tiveram três filhos. Um deles morreu ainda criança.

"Uma mulher extraordinária. Sempre no meu coração", tuitou Keith Richards, que continuou sendo seu amigo depois do fim do relacionamento de ambos no final dos anos 1970.

 

Keith Richards: "devastado" após notícia da morte de Anita Pallenberg

https://whiplash.net/materias/news_778/264455-rollingstones.html
Por Marcos Magalhães, Fonte: Mirror
Faleceu hoje (13) aos 73 anos de idade, a ex-modelo, atriz e designer de moda Anita Pallenberg. A atriz Stella Schnabel foi quem deu a triste notícia em uma publicação no instagram. “Nós vamos estar cantando para você, como você gostaria. Vá em paz, minha mãe romana”, disse Stella em parte de seu texto.

 anita
Anita Pallenberg ao lado de Keith Richards

Foto: https://www.facebook.com/Fashion-Music-Stuff-from-the-60s-and-70s-300473306690060/

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