Creedence Clearwater Revival
(Mário Pacheco)

Em 1969, o rock dominava a música internacional e a crise política estava contornada. O Creedence Clearwater Revival, antes de se chamar Creedence, fora The Golliwogs, e era o maior sucesso comercial de San Francisco, egressos de El Cerrito - do outro lado da baía.

The Creedence podem não ter sido os maiores, ou melhores, mas seu som é característico do California Dreaming., uma batida country - bem em moda na época - e totalmente dançante que, entre 1968 e 1973, invadiu o mundo com uma avalancha de compactos de sucesso; entre eles Born on the Bayou, Hey Tonight, Lodi, Proud Mary, Travelin’ Band, Who’ll Stop the Rain, Have You Ever Seen the Rain e Bad Moon Rising? Segundo o crítico Dave Marsh, da revista Rolling Stone, “a única manifestação musical da classe operária até o surgimento do punk rock”.

O Creedence Clearwater Revival acabou em 1972. John Fogerty compositor, guitarrista e cantor do Creedence ainda lançou dois discos solos, mas depois sumiu da cena, um retiro de dez anos causado por problemas com a antiga gravadora do grupo, a Fantasy, que não pagava e nem liberava seu direito autoral..

Em 1984, numa longa entrevista a Scott Isler, da revista Musician, Forgety disse que a principal razão de seu afastamento foi uma questão de nove milhões de dólares, dinheiro que não podia mexer, contando como os executivos da Fantasy o impediram de receber seus direitos autorais. Livre do problema, John Fogerty temporariamente retomou sua carreira e realizou um disco como nos velhos tempos.

“Eu tentei uma modernização, mas não deu certo, eu sei fazer bem é o que eu sempre fiz e assim é o disco”. Uma explicação meio confusa, mas ao ouvir-se Centerfield, tudo fica bastante claro. Fogerty, aliás, nem parece ter passado dez anos distante do showbiz, fez até um vídeo-clip promocional para seu Centerfield, afirmando que este é um meio de ter seu disco tocando na tevê, pois hoje há muitos “ouvintes” assistindo tevê.

Novamente, ele tocou todos os instrumentos do disco, mas não concordou que isso seja uma preferência. Para John Fogerty, ter uma banda é como casar com os outros integrantes, se preocupar com os problemas dos outros, problemas de ego como “porque eu não posso escrever uma canção e cantá-la?”. Mesmo assim, Forgety estava ciente de que não podia ter um show sem uma banda e contratou alguns músicos para tocar ao vivo. Aí sim, esse breve retorno esteve completo.

Novamente John Fogerty ausentou-se do cenário em nova desilusão com o meio artístico. Ele foi processado porque um dos sucessos de seu álbum solo "Centerfield" (primeiro lugar na parada dos Estados Unidos em 1985), The Old Man Down The Road seria idêntica a uma canção que o próprio John havia feito para o Creedence e o empresário que detinha os direitos de suas músicas antigas, o acusou. Depois de acusado de plagiar a si, ele respondeu com o picante álbum "Eye of a Zombie" (1986).

A justiça foi feita e o empresário perdeu a ação – restando-lhe o consolo de obrigar John a mudar o nome da música Zaentz Can’t Dance (alusão ao nome do empresário) para Vanz Kan’t Danz.

Em 1997, aos 52 anos a voz de John Fogerty esbanjou jovialidade no álbum "Blue Moon Swamp", quebrando uma ausência de sete anos, John Fogerty dedicava-se a dominar o dobro, um instrumento country. Os destaques ficaram por conta dos músicos acompanhantes: John (Donald “Duck” Dunn, no baixo, e os bateras Chester Thompson e Chad Smith) fazendo das faixas A Hundred And Tem In The Shade e Walking In a Hurricane e do álbum um bom e velho disco de rock’n´roll.

Um ensaio de retorno foi a volta do Creedence, no repertório da coletânea "Creedence Clearwater Revised-98", seus integrantes regravaram novas versões para Susie Q, Grapevine e Born on the Bayou.

John Fogerty também revisitou o repertório do Creedence, no ótimo "Premonition", um álbum ao vivo com 18 canções gravadas num show fechado para convidados e executivos da Warner. Premonition, a faixa título é a única inédita, um rockão setentista.