VELVET UNDERGROUND: O PÁSSARO, O CORVO E O HOMEM DA LATA
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O pássaro, o corvo e o homem da lata
(Mário PaZcheco)
“Essa música é uma série selvagem de atonalidades e de ecos eletrônicos. As letras combinam sadomasoquismo e livre-associação da imaginação. O ato parece nascer do casamento secreto de Bob Dylan com o Marquês de Sade”. Richard Goldstein em 1966, escrevendo no New York Herald Tribune, a propósito de um show planejado pelo artista americano Andy Warhol, pai do Underground.
Era quase o fim de 1965, quando, a 11 de novembro, estreou um grupo no Cafe Bizarre em Greenwich Village, o Velvet Underground, que tinha, além de Louis Fairbank (Lou Reed, Long Island, Estados Unidos, 2 mar. / 1942, vocais, guitarra), John Cale, (Crynant/GB, 5 dez. / 1940, viola, violão, baixo, teclados, um “galês de aparência translúcida e formação clássica”; mais Sterling Morrison, (East Meadow/GB, 29 set. / 1942-95, contrabaixo) e Angus McLise, baterista demissionário logo substituído por Maureen Tucker (Mo, Nova Jersey/Estados Unidos, bateria). Um mês depois, o dono do Bizarre os avisou: “Se continuarem tocando essas músicas, vocês vão ser despedidos”- continuaram, e foram. Apesar do curto período acabaram chamando a atenção das mãos talentosas de Andy Warhol (boa parte do chique de Nova York fechava com as ideias dele), que abriga o grupo no projeto múltiplo Factory, super-atelier pop. E decide utilizar o grupo como parte de seu projeto de arte-total, fornecendo trilha sonora para seus experimentos visuais. Lou não discute, acha bom. Era um pessoal legal, Andy, Ondine e Nico, (um anagrama de icon), uma lindíssima modelo cuja idade e a nacionalidade são tema controversos e incongruentes em biografias, que passa a integrar o Velvet em 1966, de quem se dizia que “quando abria a boca, parecia um caixão de defunto, mas, quando cantava, parecia um corvo” ou “um computador IBM com trejeitos de Greta Garbo” (definição de Andy Warhol).
Em 1966, estréia em Nova York o Exploding Plastic Inevitable, projeto da banda e de Andy Warhol envolvendo música, performances, projeções, dança e pintura.
Sob as mãos protetoras de Andy Warhol o Velvet Underground faz o circuito subterrâneo de Nova York e o “maldito” dos Estados Unidos até ao Canadá, participam de happenings e mostras de arte-total. Não são acontecimentos pacíficos e coloridos como os Be-ins da costa oeste. São shows violentos em lugares sórdidos, com os filmes e slides de Andy Warhol explodindo nas paredes enquanto Lou Reed canta a paranóia, a droga, a rua e o sadomasoquismo, Nico faz caras de Frankestein e dois bailarinos criavam uma aura de bordel, dançando com roupas de couro e chicotes imensos nas mãos. Era tudo um pouco louco demais, a contracultura jamais se identificaria com a voz dos subterrâneos de Nova York. Que cantava, por exemplo, uma canção de amor assim:
Prove o gosto do chicote /Beije o chicote! Agora faça-o sangrar... por mim!
A América jovem e totalmente absorvida pelo poder da flor, odeia e tremendamente critica cada segundo da excursão que eles fazem em 1966-1967, “Lou Reed é um zumbi, Nico é Mick Jagger travestido”, assinam os jornais da Califórnia.
Essa música pesada que falava de drogas, desilusões fascina um círculo influente da cultura de Nova York e se torna chique gostar do Velvet Underground.
O grupo, contudo, consegue sobreviver bravamente a dois anos. Andy Warhol consegue um contrato de gravação com a MGM, que, infelizmente, não estava nem um pouco interessada naqueles bandidos barulhentos.
Cada álbum do Velvet Underground vai, automaticamente para a geladeira: nenhuma divulgação, nenhuma venda digna desse nome. Nico só participa do disco de estréia "The Velvet Underground and Nico" e em maio de 1967, ela deixa a banda. Nesse disco Lou Reed cita o Sacher-Masoch da Vênus das Peles e o William Burroughs de Junkie. As canções falam de michês, garotas que fazem sexo oral e viciados que se estrepam dentro de carros. A capa, na versão original, tinha uma banana que, descascada, virava um falo rosáceo, assinada por Andy Warhol.
Nesse mesmo ano, saí o primeiro solo de Nico, "Chelsea Girl" traz cinco faixas compostas por integrantes do Velvet Underground, mais composições de Jackson Browne e Bob Dylan. Depois John Cale abandona o grupo, separam-se em 1970, quando já não tinha o apoio tão grande do caprichoso Andy Warhol.
A verdade é que estavam muito à frente de sua época e, finalmente, da realidade - as ruas de Nova York e o submundo - que se sobrepôs ao sonho hippie. Além da resistência de Lou Reed e da sua poesia, os críticos agora convencidos indicam a voz do “pássaro negro da meia-noite” como “um extraordinário instrumento de comunicação... que o leva muito perto da genialidade”.
Um compositor que começou cantando as pernas raspadas de Candy Darling, o travesti; de motoqueiro gay que levava viciados em sua Harley Davidson, autor de uma centena de canções dirigidas a burgueses escandalizáveis, Lou Reed passou a ser consumido até em comerciais de motocicleta japonesa na televisão e cuja trilha era o seu hino Walk on the Wild Side.
Lou Reed incluiu duas entrevistas no livro "Between Thought and Expression" (“Entre Pensamento e Expressão”), editora Hyperion, publicado em 1991.
Na primeira entrevista feita em Praga com Václav Havel, o recém-eleito presidente da Tchecoslováquia comenta como a música do Velvet Underground foi considerada subversiva durante anos em seu país, e dá a Lou Reed uma antiga edição clandestina com 200 letras de suas canções traduzidas para o tcheco.
Na segunda entrevista, o escritor americano Hubert Selby (Last Exit to Brooklyn, que Lou Reed adora) tem sua inclusão justificada por uma única frase, Selby acaba dizendo que se sentiu como “um grito olhando para uma boca”. É a melhor definição para as letras de Lou Reed publicadas sem acompanhamento.
Em 15 de junho de 1990, em Paris, numa retrospectiva da obra de Andy Warhol na era Factory, que aconteceu na Cartier Foundation. Todos os integrantes do Velvet Underground colaboraram para a exibição com objetos pessoais e documentos.
O planejado era só Lou Reed e John Cale tocarem cinco músicas de seu disco-homenagem "Songs For Drella". Mas logo depois de The Style It Takes, Lou anunciou: “Temos uma surpresa para vocês...”. Moe Tucker de óculos escuros sentou na bateria; um magricela de rayban e botas de caubói pegou na guitarra: Sterling Morrison. Juntos, os quatro tocaram uma única música, o clássico Heroin.
No ano seguinte, Sterling Morrison, John Cale e Lou Reed se reagruparam para regravar seu clássico Waiting For The Man, para o disco solo de Mo Tucker, "I Spent A Week There Last Night".
Sterling Morrison excursionou com Tucker, que era baterista do Velvet Underground.
Em 1993, vinte e cinco anos depois de sua estréia o Velvet Underground, estava esgotando entradas para sua turnê européia, com shows na Inglaterra e França.
With Bono in Geneva, Switzerland. Photo: © 1993 Risé Cale
Coda
Sterling Morrison, guitarrista do Velvet Underground, morreu em 30 de agosto de 1995, aos 53 anos, na mesma época em que saía a caixa de 5 CDs do grupo, "Peel Slowly and See". Ao lado de Lou Reed, Moe Tucker e John Cale, Morrison participou da rápida reunião do Velvet Underground em 1993.
A vida da cantora e compositora Christa Paffgen (Nico, Budapeste/Hungria, 15/03/43) conhecida por seu trabalho com o Velvet Underground, virou filme. "Nico/Icon" é o primeiro filme da alemã Suzanne Oftenringer e levou vários prêmios Europa afora.
O multiinstrumentista John Cale, lançou nos Estados Unidos o seu primeiro disco pop em uma década. Walking On Locusts, com as presenças de David Byrne na faixa "Crazy Egypt" e da ex-baterista do Velvet Underground, Moe Tucker. John Cale também compôs as trilhas sonoras dos filmes Basquiat e I Shot Andy Warhol.
Reencontro do Velvet Underground será lançado em DVD
Portal Terra - Música
The reformed Velvets in concert
Left to right: John Cale, Maureen Tucker, Lou Reed and Sterling Morrison
23 dez. / 2005 - O selo Rhino Records já marcou a data de 24 de janeiro para o lançamento em DVD de Live MCMXCIII, do Velvet Underground, que mostra a lendária turnê de reencontro do grupo em 1993.
Anteriormente disponível apenas em VHS, Live foi gravado entre os dias 15 e 17 de junho de 1993 no Olympia de Paris, e apresenta clássicos como "Venus in Furs", "Femme Fatale", "Rock'n'Roll", "Sweet Jane", "I'm Waiting for the Man", "Heroin" e "Pale Blue Eyes".
Live mostra as últimas apresentações do guitarrista Sterling Morrison, tocando ao lado dos colegas da banda Lou Reed, John Cale e Maureen Tuckeras. Morrison morreu de câncer em 1995, pouco antes de o grupo entrar para o Rock and Roll Hall of Fame. O DVD foi remixado em 5.1 Surround Sound.
E por falar em Lou Reed, o músico está se preparando para sair com sua banda em uma turnê européia, que deve começar em 23 de fevereiro com um show na Olimpíada de Inverno, em Turim, na Itália. Dois shows pré-turnê já estão marcados para 11 de fevereiro em Poughkeepsie e 13 de fevereiro em Nova York.
Acetato raro do Velvet Underground está na internet
6 fev. / 2007 - A história é quase inacreditável: em 2002 (ou 2004, dependendo da fonte), um colecionador de discos canadense chamado Warren Hill procurava raridades num "família vende tudo" em Chelsea, Nova York, quando deparou-se com um LP em acetato no qual que se lia Velvet Underground... 4/25/66... N. Dolph. Sem saber o que tinha em mãos, comprou a peça por 75 centavos de dólar.
Após checar a peça com um amigo dono de uma loja de discos em Portland, Hill percebeu que se tratava de uma raridade e tanto: era a gravação da primeiríssima demo do Velvet Underground, tida como perdida há mais de 20 anos, que o executivo da Columbia Norman Dolph topou produzir em troca de uma obra de Andy Warhol. À época, como é sabido, o Velvet era a banda residente da Factory, a casa-ateliê-balada-porralouquice de Andy. A demo, com algumas músicas a mais, viria a se tornar o seminal álbum The Velvet Underground & Nico.
Animado, Warren Hill recusou diversas propostas antes de colocar o disco à venda no site de leilões eBay.com, no fim de 2006. Em poucas semanas alcançou a astronômica marca de US$ 155 mil - astronômica mesmo, considerando que mais caro que isso só o disco da primeira banda de John Lennon, o Quarrymen, e a última cópia de Double Fantasy que ele assinou na vida (a página do leilão ainda está online, clique para ver). Infelizmente (para Hill), o lance era uma brincadeira de um internauta, e o disco teve que ser revendido num leilão secreto em janeiro deste ano, atingindo a marca de US$ 25 mil. Nada mal para 75 centavos de investimento, de qualquer forma.
Pouco tempo depois, o disco foi parar neste site, para alegria de todos os que querem ouví-lo mas não tem 25 mil sobrando. As versões de "Heroin", "European Son", "Venus In Furs" e "I'm Waiting For The Man" são diferentes das lançadas depois, e as outras músicas têm mixagens diferentes. A qualidade, como era de se esperar, não é das melhores, mas como documento da historiografia do rock, vale o quanto pagaram.
Ilustrador de “Sandman” assina a arte do novo disco de John Cale
Do G1, em São Paulo
Cale_2003
Ex-Velvet Underground lança Circus live
Álbum estará disponível em CD/DVD e vinil triplo.
6 fev. / 2007 -John Cale – conhecido principalmente pela atuação no Velvet Underground, onde tocava baixo e teclado, ao lado de Lou Reed – vai lançar seu novo disco, Circus live, no dia 19 de fevereiro. A novidade estará disponível tanto em vinil triplo quanto em CD e DVD com direito a livreto de 48 páginas.
A ilustração da capa do LP – que vem com um pôster – leva a assinatura do renomado ilustrador Dave McKean, responsável pela arte da história em quadrinhos adulta “Sandman”, de Neil Gaiman. McKean já trabalhou com outros músicos, como Tori Amos e Alice Cooper.
O DVD que acompanha o álbum traz as faixas "Jumbo in tha modernworld" e "GravelDrive (Blathamix)", além de uma nova versão de "Big white cloud" e de sessões de ensaio em Los Angeles contendo faixas acústicas. Os extras reúnem uma entrevista e um vídeo de “Jumbo in tha modernworld”.
JOHN CALE CIRCUS LIVE
RELEASED FEBRUARY 19
AVAILABLE ON DOUBLE CD ALBUM WITH BONUS DVD AND 48 PAGE COLOUR BOOKLET, & 3LP VINYL IN GATEFOLD SLEEVE WITH GIANT POSTER AND FREE COLLECTORS 7”
WIN CIRCUS LIVE ARTWORK SIGNED BY JOHN CALE
To celebrate the forthcoming release of the 3 disc album Circus Live, we’re giving you the chance to win signed, framed artwork, in association with Amazon. The artwork is a limited edition print of a special collage created by cult Artist Dave McKean which features as a centrepiece to the stunning Circus Live artwork. For your chance to win this fantastic art piece, framed and signed by John Cale click here. To explore the artwork, with it's many references to John's career, just click on the image below.
CALE AT THE MOVIES…
Did you know that the new Ray Liotta/Ben Affleck film, Smokin’ Aces, features John’s classic track Big White Cloud, from the 1970 album Vintage Violence? John has recorded a brand new 2007 version of Big White Cloud which is featured on the bonus DVD that forms part of the Circus Live CD package.
UK AND EUROPEAN TOUR UPDATE
Several shows have been added and rescheduled in recent weeks, so here is a definitive list of the remaining dates on John’s UK and European tour.
For all the latest news and updates www.john-cale.com