BEATLES UMA SESSÃO ESPÍRITA DE 45 ANOS (1975/2020)
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1975 - 2020
45 RPM APÓS 45 ANOS ATRÁS DA MAÇÃ ENCANTADA
por Mário LenMac
Lennon & McCartney nem de perto foram a minha pior influência. Eu daria o que não tenho para soletrar como Gore Vidal e ter aquela sua oratória pólida, ser engolida de forma atravessada pelos seus personagens e leitores.
O lance da 'artefactologia' é carregada de emanações que nem é preciso ser médium para perceber os sintomas de que os itens colecionáveis recentemente adquiridos pertenceram a colecionadores recentemente mortos. É o que pressinto quando asseguro um artefato recém-comprado num sebo em meio a uma grande quantidade de itens, que certamente foram coletados durante toda a vida. Ou quando vejo um grande e impossível lote de ser completado que está sendo desmembrado. Nessa hora, o conhecimento faz a diferença e você opta pelos itens mais difíceis de serem encontrados. Como é no caso dos discos.
Artefactologia é uma palavra espanhola e sem equivalente no português. E é também nome de coisa fantasiosa ao estilo Harry Potter. Acredito que não exista um saber que estuda os artefatos e uma palavra em português que os represente. Mas que estuda objetos mágicos (no sentido fantasioso ou no antropológico) talvez, talvez.
'Fanthology': reaproveitamento
No original: A collection of fan writings, larger than a typical fanzine, usually but not always reprinted from other zines and built around a central theme, such as a Best of the year, a Best of (or representative sampling) an individual fan or even a themed collection.
Diretamente das mãos dos vivos também compramos, e, o que mais fazemos, é manter o ímpeto em completar coleções.
– Qual é a desse, LenMac?
Um raríssimo item mundial dos Beatles, por vir impresso nos rótulos, o nome de Billy Preston. Vá com Deus!
Com os tais Beatles, aprendemos o que era um compacto com uma dupla face A. A brincadeira continuou, na América queriam censurar o lado B do selo da Apple, pois a metade cortada da maçã, estamparia um "rasgo genital". Depois vi um compacto de Yoko Ono com dois lados Bs pregados nos rótulos. Hoje descolei um compacto nacional de "Power to the People" de John Lennon de 1971 e novamente a brincadeira estética se repetiu o disco vem com o lado A estampados em ambos os lados. Uma puta homenagem a Yoko Ono e aquela máxima: vale tudo quando você é livre ou quando é um dos sócios do selo.
1977
John: "It was Hamburg that did it. That's where we really developed. To get the Germans going and keep it up... we really had to hammer. We would never have developed as much if we'd stayed at home. We had to try anything that came into our heads in Hamburg. There was nobody to copy from. We played what we liked best and the Germans liked it as long as it was loud."
Essas fotos ressurgiram primeiro na capa do LP Rock'n'Roll de John Lennon, em 1975. Quem não entendia da mitologia dos Beatles ficaria sem entender a capa. Depois saiu o Live at Star Club e novas fotos foram reveladas. Em 1977, era sangrento descolar uma publicação musical com estas fotos – a história incial dos Beatles foi soterrada, só a partir de 1977, foram resgatar o passado em Hamburgo. A fase inicial dos Beatles é muito doida, são essas pessoas ainda sobreviventes que fazem palestras para os fãs. (Fotos: revista Crawdaddy, agosto, 1977)
Como foi conseguida a fita mais rara dos Beatles?
Sou do fã-clube dos Beatles de Brasília, 45 anos de colecionismo, 37 a serviço do rock.
– A fita é sua!
– Obrigado
Era final do ano e como as infinitas vezes anteriores pensei que deixaria o resto do parco salário na compra de mais um LP. Meu coração quase saiu pela boca, quando eu vi o play de 10 polegadas. Não se enganem: na hora pensei até em me matar. Resisti. No livro do John C. Winn diz que o título é armação, é que a gravação é uma transmissão da BBC. Me olhou daquele jeito cabreiro que fazia as pessoas tremerem: “Tá, Magro, faço-lhe o disco com 50% de desconto, para você se mandar”. Em 1988, comprei, na mesma loja, o primeiro CD-pirata dos Beatles. Outro golpe de sorte: o comerciante viajou e a mulher dele colocou preço normal em um importado. Nem acreditei, foi Deus!
Decidi que de agora em diante só comprarei LPs dos Beatles. No Conic-DF, é o paraíso, existem épocas de vacas fecundas com discos de todas as épocas e lugares. Nem preciso escrever que recebo um considerável desconto. A arte está em garimpar sem pestanejar e usar os poderes eletromagnéticos de Magneto para atrair as preciosidades. Two, da Escambo Discos sempre se surpreende comigo – Quanto é este Imagine? – Tanto! E este LP de John Lennon de 1970, edição americana, selo roxo da Capitol, 1978? – Tanto! Two pirou quando mostrei-lhe que a edição desse Imagine era uma variação desconhecia, o slogan, Disco é cultura, aparece na capa da frente, uma anomalia e o número de série do LP aparece na mesma frente. Two, o lojista abriu o disco e ficou estarrecido com o poster, a foto 10 x 15. – Fiz barato para você! – Obrigado, muito obrigado Two. LenMac bate palmas! Sebos de discos são paraísos para malucos. Eles sempre tentam vender um show, sempre rola aquela competição de quem sabe mais, quem gosta mais daquele LP etc. É saudável. Nessa disputa que eu nunca topo, os lojistas ficam a perguntar o quê o LenMac vai aprontar? aí ele solta a bombástica bomba – Desses, tenho uma dúzia.
Um tiquinho de rock'n'roll
Hoje dei um pique de 3 minutos atrás da vã amarela dos Correios – dentro dela uma caixa preta com 8 CDs alternativos dos Beatles, um item em extinção no Brasil, quanto à corrida quase morri – o pessoal da diretoria ficou de cabelo em pé com aquele meu visual de blusão e calça cheia de bolsos – na portaria às vezes digo que vou me coroar como rei do rock, em outras invento abaixo-assinados. O povo da portaria prendeu a vã até eu chegar com a língua de fora. O povo da portaria é quem mais lê a coluna Ponto de Cultura no Jornal do Guará e me dão sugestões. Às vezes, faço um discurso acidental que a coroa me fisga naquela de será doido? 36 dias de punheta diária ninguém aguenta sonhei com uma cidade mística perdida, devia ser um puteiro (eu não aguento mais). Voltando ao CDs clandestinos, vi o preço num site e digitei o nome no Mercado Livre, foram 120 contos mais baratos, e ainda o frete grátis foi a entrega mais rápida do Oeste.
Filhadaputagens no rock
Um sebista do Paraná, concedeu 10% de desconto à vista, depois mandou-me a fatura sem o corte dos 10% e ainda acrescentou 62 contos de Pac (ou seja os Correios) pela primeira vez, como fazem os cavalos, refuguei uma compra, não expliquei nada apenas disse-lhe sem grana.sem tostão. sem tostines e fiquei a lamentar. Os 4 compactos europeus que jamais haverei de tê-los.
– Corte para o Conic
Hoje, o bom Luis da Fun House Discos, disse-me "Passe na loja que lá tem dois compactos de furos largos da Itália." Quando, eu vi os compactos, pirei! Dessa série devem existir uns 3, ele tinha dois. As maiores raridades no selo Parlophon e edição, são muito raros discos italianos dos Beatles. É da Fun House, uma loja especialista em Beatles que engorda a coleção com várias raridades que desconhecíamos. De rachar a alma e trincar o coração. Dá vontade de dedicar-me exclusivamente a colecionar singles dos Beatles, venderia todos os LPs e livros e ficaram nessas maravilhas inesgotáveis, só atravessando continentes à procura. Detalhes sórdidos – ambos os compactos são edições para juke-box e na Itália, o filme A Hard Day's Night chamou-se "Tutti per uno" são em 45 RPM.
Ter uma edição de 1993, do CD-box Beatles 1967/1970, edição exclusiva da gigantesca loja HMV (His Master's Voice), vale o sacrifício mesmo quando você está fodido e pagá-lo em 3 vezes no maldito cartão?, e quando é que você não esteve em dificuldades? O CD de prensagem holandesa e vendido na Inglaterra, no Brasil custa cerca de US$ 125 (malditos dólares), comprei um exemplar na caixa, numerada por US$ 38 (mesmo assim ainda malditos dólares) perderia o lance? E teria que esperar me levantar, mas mesmo assim, jamais pagaria os malditos US$ 125!
Naropa, eles imprimem as capinhas para os discos. E ficam apreensivos quando você começa: aqueles de selos verdes com furos largos são alemães, esse é da Tailândia, rarest, I like german and japane singles the best covers – his from Mexico, canadian! how much? Give discount? É uma frase mundial. Barbieiri me olha de canto de olhos atrás dos óculos, então falo Barbieri pergunta pra ele se ele já viu algum compacto português dos Beatles e fala que eu sou da Terra de Cabral I speak portuguese. Gringo não perdoa dentro da caixola dele pensa: very strange. Assina o recebo sem nenhum cents de desconto, depois você paga no único caixa e pega a mercadoria. Foi legal, na Holanda, na primeira semana, gastei mil dólares no cartão com discos: caixas de Led Zeppelin, Pink Floyd, Stones, estou no paraíso e acabei de fumar haxixe spañol e o vinho é russo e a cerveja que eu bebo aqui é skol, o homem não entende porque com todas as cervas do mundo, eu fico com a goiana.
Here, there and everywhere
Doctor Robert é o xodó das importadoras de produtos ligados aos Beatles, onde derivados da beatlemania são centrifugados por sua sanha de colecionador compulsivo, sempre dando preferência às novidades em boxes. O Mercado Livre é esquadrinhado cada vez que a Beatle-fissura bate (e não tem hora: madrugadas, noites de domingo, páscoas e carnavais). Nos seus arroubos, o advogado arrebata todas as raridades e bibelôs relativos à banda, here, there and everywhere. Tem até um proativo Chinês – sábio e pizzaiolo – que vai à Europa duas vezes por ano e fornece-lhe as disputadas duplicatas constantes de sua pródiga lista. É garantido que haja um grande colecionador dos Beatles para cada unidade federada do Brasil.
50 years ago today, The Beatles held an 'Abbey Road' listening party at Apple HQ in Savile Row. This is an original invite to that party signed by Paul McCartney.
2019, 26 de setembro
50 anos depois LenMac em Abbey Road ou salvem Os Beatles
Mentiras autorias do próprio LenMac
Arnaldo, o Baptista empolgadamente contou-me a respeito de um álbum dos Beatles chamado Hot As Sun e que a master dele havia sido apagada pela tela do raio-x do aeroporto, e que ele lera o relato na revista Rolling Stone. Arnaldo Baptista repetia o fato constantemente. Naquele momento, ele fazia um paralelo com os discos-perdidos dos Mutantes que ele havia registros em cassetes. LenMac não escrevia uma biografia. Não procurava achar o artista e cego de paixão, escrevia um livro, foi isso. LenMac não estava lá para explicá-lo a fãs e sim curti-lo. Inocentem-lhe de suas queixas-crimes-vazias.
Marcus Rampazzo, um dos maiores guitarristas de Beatles do Mundo! LenMac não perdeu a oportunidade de conhece-lo e de ter lhe enchido o saco.