McCartney acusa Lennon: ‘Era um porco intrigante’
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McCartney acusa Lennon: ‘Era um porco intrigante’
(O Globo*)
Londres — John Lennon era um porco intrigante, que se aproveitava do sucesso das músicas que, na verdade, não foram escritas por ele, disse o ex-beatle Paul McCartney em entrevista publicada na edição deste mês da revista “Woman”. As declarações de Paul coincidem com a estréia de “Lennon”, um musical sobre a vida de seu ex-companheiro de conjunto, que está sendo considerado o maior acontecimento da vida teatral londrina.
Pouco depois de saber da repercussão da entrevista, o agente de McCartney, Bernard Docherty, divulgou uma declaração do ex-Beatle, explicando que seus comentários “foram feitos há quatro anos e estão fora de contexto”. Na verdade, a “Woman” publicou um trecho de uma conversa telefônica entre Paul e o escritor Hunter Davies que, por sua vez, a reproduziu no livro “Os Beatles”, considerado a única biografia oficial do conjunto e que será editado na Inglaterra em dezembro próximo.
"Quero deixar claro que John Lennon não era nenhum santo, mas que eu, como milhões de pessoas, gostava dele profundamente, disse o comunicado de McCartney.
A controvertida matéria da “Woman” começa dizendo que, enquanto John nunca escondeu sua hostilidade para com Paul, este se manteve em silêncio sobre seus sentimentos até agora. A revista acrescenta que Lennon era inseguro, ciumento, desconfiado e, algumas vezes, paranóico em relação às canções de McCartney.
— Depois de morto, John foi convertido numa espécie de santo mártir, num Martin Luther Lennon, que não tem nada a ver como que ele era realmente — disse Paul a Davies, comparando o assassinato do Pastor e líder negro Martin Luther King, em 1968, ao de Lennon, morto por fã desequilibrado, em 1980.
“John”, continuou McCartney, “sempre foi mostrado como o bom moço dos Beatles e eu como o bastardo que destruiu o conjunto. Não era verdade. Ninguém nunca percebeu o hipócrita que Lennon era. Ele dizia ter escrito uma parte da música Eleanor Rigby. É verdade, escreveu talvez meia linha”.
“Ninguém nunca falou das vezes em que John me magoou”, disse Paul, prosseguindo em seu desabafo:
— Por várias vezes ele chamou minhas músicas de “horríveis”. A música In my life foi escrita por mim, mas ele dizia ser dele. Durante dez anos ele escondeu minhas canções. John sempre estava pensando que eu o trapaceava ou estava sendo desonesto. Ninguém sabe o quanto o ajudei. Dei-lhe tudo e não obtive nada em troca. Mesmo assim, as pessoas continuam dizendo que fui eu quem magoou. Onde estão os exemplos? Quando foi que fiz isso?
— Referindo-se ao ínicio do sucesso dos Beatles, McCartney contou que, junto com George Harrison, “idolatrava Lennon”. Segundo o ex-beatle, John “começou a se preocupar” quando ele (Paul) e George atingiram o seu nível musical. Encerrando suas revelações, McCartney acresecentou:
— Muito ciumento, uma vez John me advertiu para que não tentasse conquistar Yoko Ono. Cada vez mais ciumento, no final, ele não me deixava nem brincar com o seu filho. Eu poderia contar coisas muito graves sobre John, mas não farei isso enquanto sua viúva, Yoko Ono, estiver via.
Em Nova York, onde vive com o filho Sean, Yoko disse estar “profundamente chocada”. A viúva de Lennon pediu tempo para analisar a entrevista de Paul, antes de fazer comentários a respeito.
Pouco depois de saber da repercussão da entrevista, o agente de McCartney, Bernard Docherty, divulgou uma declaração do ex-Beatle, explicando que seus comentários “foram feitos há quatro anos e estão fora de contexto”. Na verdade, a “Woman” publicou um trecho de uma conversa telefônica entre Paul e o escritor Hunter Davies que, por sua vez, a reproduziu no livro “Os Beatles”, considerado a única biografia oficial do conjunto e que será editado na Inglaterra em dezembro próximo.
"Quero deixar claro que John Lennon não era nenhum santo, mas que eu, como milhões de pessoas, gostava dele profundamente, disse o comunicado de McCartney.
A controvertida matéria da “Woman” começa dizendo que, enquanto John nunca escondeu sua hostilidade para com Paul, este se manteve em silêncio sobre seus sentimentos até agora. A revista acrescenta que Lennon era inseguro, ciumento, desconfiado e, algumas vezes, paranóico em relação às canções de McCartney.
— Depois de morto, John foi convertido numa espécie de santo mártir, num Martin Luther Lennon, que não tem nada a ver como que ele era realmente — disse Paul a Davies, comparando o assassinato do Pastor e líder negro Martin Luther King, em 1968, ao de Lennon, morto por fã desequilibrado, em 1980.
“John”, continuou McCartney, “sempre foi mostrado como o bom moço dos Beatles e eu como o bastardo que destruiu o conjunto. Não era verdade. Ninguém nunca percebeu o hipócrita que Lennon era. Ele dizia ter escrito uma parte da música Eleanor Rigby. É verdade, escreveu talvez meia linha”.
“Ninguém nunca falou das vezes em que John me magoou”, disse Paul, prosseguindo em seu desabafo:
— Por várias vezes ele chamou minhas músicas de “horríveis”. A música In my life foi escrita por mim, mas ele dizia ser dele. Durante dez anos ele escondeu minhas canções. John sempre estava pensando que eu o trapaceava ou estava sendo desonesto. Ninguém sabe o quanto o ajudei. Dei-lhe tudo e não obtive nada em troca. Mesmo assim, as pessoas continuam dizendo que fui eu quem magoou. Onde estão os exemplos? Quando foi que fiz isso?
— Referindo-se ao ínicio do sucesso dos Beatles, McCartney contou que, junto com George Harrison, “idolatrava Lennon”. Segundo o ex-beatle, John “começou a se preocupar” quando ele (Paul) e George atingiram o seu nível musical. Encerrando suas revelações, McCartney acresecentou:
— Muito ciumento, uma vez John me advertiu para que não tentasse conquistar Yoko Ono. Cada vez mais ciumento, no final, ele não me deixava nem brincar com o seu filho. Eu poderia contar coisas muito graves sobre John, mas não farei isso enquanto sua viúva, Yoko Ono, estiver via.
Em Nova York, onde vive com o filho Sean, Yoko disse estar “profundamente chocada”. A viúva de Lennon pediu tempo para analisar a entrevista de Paul, antes de fazer comentários a respeito.
*O Globo, quarta-feira, 6 nov. / 1985.