Pink Floyd A Orquestra da Nova Direção
(Mário Pazcheco)
Roger Keith ‘Syd’ Barrett, George Roger Waters e Dave Gilmour se conhecem nos anos 50 na Escola para Rapazes de Cambridge.
Roger Waters tinha 20 anos quando passa no vestibular de 1964, na Politécnica de Regent Street. Acabara de chegar a Londres, vindo do subúrbio de Great Bookham para estudar arquitetura, com pouca convicção: “Na minha opinião o pessoal que freqüenta uma escola de belas artes é do tipo que não quer saber deste negócio meio careta de carreira com c maiúsculo”. Não freqüentava muito as salas de aula, a bem da verdade. Era mais fácil encontrá-lo na cafeteria estilo americano da politécnica, conversando com dois colegas, igualmente pouco interessados em arquitetura: o londrino Richard William (Rick) Wright (Rick) e Nicholas Berkeley (Nick) Mason, de Birmingham, ambos com 19 anos. Conversam sobre aquilo que era a paixão dos três: música. Trocavam discos, comentavam os últimos lançamentos, iam a shows de jazz. Às vezes, tocavam juntos peças de blues ou músicas das paradas de sucesso. Mas sem muito entusiasmo. O trio intitulava-se Sigma 6 e posteriormente, foram mudando de nome, passando por T-Set, Meggadeaths, e Abdabs, um grupo que se apresenta nos bares de estudantes ora com duas variações: Architectural Abdabs e Screaming Abdabs: Roger Waters na guitarra-solo, dois vocalistas (Keith Noble e Juliette Gale), um baixista Clive Metcalf, Nick Mason na bateria e Rick Wright (guitarra base).
Então, um dia para tentar a continuidade Waters apresentou a seus amigos Roger Keith Barret (apelidado Syd) e David Gilmour, ambos de 18 anos e guitarristas. A figura muito estranha de Syd, costumava frequentar o bar The Mill, reduto de existencialistas, músicos de blues e curtidores diversos. Syd era muito diferente de Roger, Rick e Nick. Já tinha abandonado a Escola de Belas Artes de Camberwell, já experimentara múltiplas drogas pesadas, gostava de rock e era pintor abstrato. Viera de Cambridge com seu amigo David Gilmour, e ambos eram tidos como “barra pesada” pelos estudantes de Londres. David Gilmour preferiu ir para o sul da França, pegar sol e estrada, tocando quando pudesse ou posando como modelo. Syd Barrett tinha planos de profissionalizar-se em Londres, como músico. Storm Thorgerson, antigo colega de quarto, mais tarde um dos fundadores da Hipgnosis, agência de criações gráficas e visuais, recorda-o nessa época: “Syd foi uma das primeiras pessoas, em Cambridge, a se ligar na música dos Beatles e Rolling Stones, e um dos primeiros a usar maconha, já em 1962. Ele dizia que se conseguisse ser como os Beatles, ou os Stones, estaria totalmente feliz”.
Por influência do magnético Syd - “ele era extrovertido, falante, brilhante”, lembra Gilmour - Rick, Nick e Roger deixam a escola de Arquitetura, vivem basicamente das mesadas que as famílias dos ex-futuros-arquitetos ainda mandam, iludidas, e, unindo-se por breve tempo ao guitarrista de jazz local Bob Close.
Já sob a liderança de Syd Barret e sem Bob Close, os cantores e Metcalf, o grupo se torna semi-profissional, com um nome novo: The Pink Floyd Sound. A ideia, como não podia deixar de ser, foi de Barrett, unindo os nomes de dois bluesmen da Georgia que ele admirava Pink Anderson e Floyd Council . No começo tocavam rhythm and blues. A formação enxugada incluí Syd Barrett (guitarra), Rick Wright (teclados), Roger Waters (agora no baixo) e Nick Manson (bateria). O nome foi tirado por Syd Barrett de um disco de blues, de Pink Anderson and Floyd Council. E durante o ano seguinte, iam começar a esquecer o The e o Sound. A partir de 1966, começa a fase da Swinging London, junto com a moda e as experiências sonoras da costa oeste americana chegava também a matriz de toda inspiração o ácido lisérgico, que Syd consumia com entusiasmo, acompanhado, com alguma moderação, pelos outros três. Syd, mantêm a liderança, devido a seu estilo pessoal como guitarrista e ao fato de ser autor de quase todo o repertório composto nas explorações dos limites sensibilizados pelo ácido.
No verão, já existia o que pode ser chamado o underground de Londres. E o Pink Floyd era, sem a menor dúvida, parte integrante dele. Depois de algumas apresentações diurnas no The Spontaneious Underground, o reduto in da época, em bailes, universidades e barzinhos, substituem por completo o repertório baseado nos gastos riffs de blues essa evolução os leva para os recém-fundados clubes-teatro, como o UFO e o Middle Earth, onde tocam apenas material próprio, umas canções belas costuradas por ritmos estranhos, quantidades enormes de reverberação e nuvens de microfonias comandadas por Syd. “Syd nessa época era surpreendente”, lembra Waters. “Sua inventiva era de tirar o fôlego, ele compôs todo o nosso repertório em poucos meses. Suas maiores influências eram os Beatles, os Byrds e os Stones. Os Stones, principalmente. Ele ouvia tanto o seu "Between the Buttons" (lançado em janeiro de 1967), que o disco ficou gasto”. E foi por sugestão de Syd que o casal norte-americano Joel e Toni Brown do Instituto Millbrook de Timothy Leary, projetaram pela primeira vez alguns slides sobre o Floyd. Num show numa igreja, o esquema visual foi levado mais adiante com a inclusão de bolhas coloridas que os grupos da Califórnia já empregavam em seus números. Em outro espetáculo na Universidade de Essex, enquanto o Floyd improvisava sobre um ousado tema instrumental de onze minutos composto por Barrett, as luzes do palco se apagaram e começou a ser projetado um filme que um paraplégico havia feito em Londres, mostrando cenas da cidade do seu ponto de vista. O aparato visual aumentava: luzes coloridas e estroboscópicas, filmes, slides. Mesmo com recursos modestos, cada show do Floyd era uma aventura subterrânea, malignamente magnética e estranha, gótica. O tumulto e o sucesso que se seguiram firmaram o Pink Floyd de vez como a banda preferida do underground londrino e, no final deste ano, originou-se uma das características do Pink Floyd - os efeitos visuais utilizados nos shows, que se tornaram evidentemente, bem mais do que projeções de slides.
O Floyd participou de todos os encontros da Nova Consciência -Spontaneous Underground Psychedelphia versus Ian Smith, Freak out Ethel. Na noite de 15 de outubro de 1966, com uma grande ajuda financeira de Paul McCartney procedeu-se o lançamento do primeiro jornal underground da Europa, o IT (International Times). Nesta ocasião foi organizada uma grande festa no abandonado centro ferroviário de triagem, o Roundhouse. Puderam lá escutar dois grupos que se iriam tornar os líderes do underground, Pink Floyd e Soft Machine.
No Roundhouse ex-clube UFO, o compilador Miles, mais tarde autor de um livro sobre o Pink Floyd, presidia a noite, oferecendo a todas as pessoas presentes um pequeno pedaço de açúcar. Segundo a lenda, um em vinte estava impregnado de ácido. A festa-viagem lotaria, Paul McCartney apareceu trajado de sheik e Marianne Faithfull com o mais curto hábito de freira jamais visto. O Pink Floyd tocou para cerca de duas mil pessoas (sua maior platéia, até então), por um cachê de 15 libras, produziam “um espetáculo barulhento, agressivo, mas profundamente fascinante”. Durante horas desenvolviam temas fantásticos no meio dos disparos luminosos dos estroboscópios com projeções de slides com líquidos móveis Ainda neste ano, tocaram no Royal Albert Hall.
À medida que o ano terminava, e os movimentos alternativos ou de contracultura evoluíam, o quarteto liderado por Barrett se tornava incrivelmente famoso no circuito de clubes de rock.
Em 1967, são considerados os expoentes máximos do movimento psicodélico que estava surgindo. Evidentemente a “superfície” - o mundo brilhante do show bizz - não tardou a se interessar pelo trabalho do Floyd. Primeiro, se tornou chique mencionar o grupo, assim ao acaso - a exemplo de Hendrix em Londres ou do Velvet Underground em Nova York - em entrevistas à imprensa ou conversas de final de festa: Brian Epstein, fez isso várias vezes. Tornam-se a atração permanente do domingos no famoso Marquee, em Londres, onde foram vistos pela jovem dupla Peter Jenner e John Hopkins que viriam a ser os primeiros empresários do conjunto. Depois vieram os contratos. Primeiro para novos shows: “Eles foram um dos primeiros acontecimentos rock que eu vi na minha vida. Eles eram totalmente semiprofissionais, muito loucos, estonteantes. Levavam o número a um ponto em que você pensava que tudo ia acabar. Aí juntavam os cacos de novo”, lembra Jenner.
Foi somente em fevereiro de 1967, que conseguiram o apoio do produtor Joe Boyd, para a produção de uma gravação independente. A idéia consistia em realizar uma fita, e depois oferecê-la às gravadoras oficiais. Assim foram contratado pela EMI, que deu a eles um contrato milionário. Da fita, que foi gravada pelo engenheiro John Wood, no estúdio Sound Techniques, a EMI aproveitou as faixas Arnold Lane e Candy in a Currant Bun. Ambas apareceram no primeiro compacto, lançado na Inglaterra em 11 de março de 1967.
Com a aceitação da banda pela multinacional, Boyd recebeu o solene “pé no traseiro”. Passou então a ser o produtor deles Norman “Hurricane” Smith, que já trabalhara com os Beatles ao lado de George Martin e que ficaria conhecido com a música Don’t let it die com o nome de Hurricane Smith, no começo dos anos 70. Boyd já chegou a declarar à imprensa inglesa que a EMI gastou uma fortuna para tentar obter, em seus estúdios, o mesmo tipo de som de Arnold Lane no compacto seguinte (See Emily Play). Como não conseguiu, levou o conjunto ao Sound Techniques e pagou ao mesmo engenheiro para realizar a gravação.
O primeiro avulso contendo um de seus maiores sucessos no UFO, Arnold Layne, misteriosa fábula do travesti Arnold que roubava calcinhas dos varais... Apesar de ter sua execução proibida nas rádios, conseguiu um lugar seguro nos 20 avulsos mais vendidos.
Conseguiram um show no Queen Elizabeth Hall, o que não era tarefa das mais fáceis para os grupos principiantes. Anunciado como “relaxamento da era espacial para o clímax da primavera, composições eletrônicas, cores, projeções de imagens, garotas e Pink Floyd”, em maio de 1967, Barrett e Waters encenam o memorável espetáculo multimídia Games For May (Jogos de Maio), apresentado no Queen Elizabeth Hall: “A idéia era fazer tudo o que tivéssemos vontade, no palco”, explica Waters. “Na verdade nenhum de nós conseguia ficar parado um segundo sequer, e saímos fazendo coisas totalmente lunáticas. Num número eu cismei de ficar mudando um ramo de flores de uma jarra para outra, e não conseguia parar. Em outro arranjei um saco de batatas e atirei no gongo que Nick usava. Chegamos até a usar um tipo de som que era quase isso que hoje se chama quadrifônico”. A banda performou o material que seria lançado três meses depois em "The Piper at Gates of Dawn" e See Emily Play a gema rara composta por Barrett que incluía a frase que batizou o espetáculo.
Possivelmente a 21 de março, num estúdio vizinho ao dos Beatles, que finalizavam Lovely Rita, o Floyd começa seu primeiro álbum, "The Piper at the Gates of Dawn", (“O Flautista nos Portões do Amanhecer”): título de um capítulo de um livro de contos infantis escrito por Kenneth Grahame, que será lançado a 5 de agosto de 1967. Syd Barrett, depois de explicar a George Martin que estava gravando ao lado conseguiu assistir a gravação de Lovely Rita dos Beatles e manteve um contato mais próximo com John Lennon.
“Piper registra com fidelidade o tempo em que foi feito sem, contudo, se prender a clichês de paz e amor. (...) O triunfo acontece em várias frentes: instrumentos inusitados criando uma pletora de efeitos num estúdio de apenas quatro canais, a opção bem sucedida pelo experimento que não resvala na indulgência nem por um momento e o corpo de canções compostas por Syd Barret este sim o trunfo maior. Incursionando por estruturas melódicas fragmentadas e pouco usuais, Syd faz de cada temática uma extensão desta...
Quando o mágico e fantástico verão londrino de 1967 se aproxima, o Pink Floyd está numa situação curiosa e privilegiada. Com dois avulsos apenas (o segundo, See Emily Play, mais suave e mais onírico cujas imagens lúdicas da garota enlouquecendo remetiam à Lucy dos Beatles, também chegou às paradas, permanecendo três meses entre os mais vendidos, chegando ao sexto lugar no Hit Parade inglês) ele é o grupo mais falado da Swinging London, o mundo psicodélico de Londres delira. Waters, Mason e Wright começam a ser vistos com roupas de cetim brilhante e óculos escuros nos restaurantes da moda, fora desses ambientes é o mais odiado do circuito operário de bailes, recebido sempre a garrafadas e vaias.
E é nesse momento, quando se inicia a jamais interrompida escalada do grupo em direção ao superestrelato, que começa a vir à tona uma das grandes tragédias do rock: o delirante e imaginativo Syd Barrett, o homem que forjou o som livre do Floyd, que concebeu seu aparato visual e escreveu seus primeiros sucessos, caía rapidamente na loucura total.
No início, só Waters e depois Manson e Wright é que reparam nos acessos súbitos de fúria que o acometiam; para os outros, tratava-se apenas de uma crise de estrelismo, do cara que sempre sonhou ser maior que os Beatles. Os técnicos do estúdio achavam que era esnobismo quando Syd os fazia overdubarem mil vezes sua guitarra. Mas quando ele aparece em farrapos para gravar um tape para a BBC ou pára um show no meio, para afinar a guitarra, se torna patente que seu espírito vagueia por outros mundos.
Um dia, a namorada de Syd, Lynsey, apareceu toda ferida na casa de Waters, e contou que Barrett a havia trancado uma semana num quarto, ali mantendo-a com biscoitos e água que passava por baixo da porta. Os funcionários da EMI começaram a teme-lo: “Ele estava falando e de repente parava e ficava olhando o vazio” recorda Jenner, empresário do Floyd na época, “depois te encarava fixo, com um olhar gelado que parecia te atravessar”. Um Ano mais tarde, Peter Jenner, não acreditando no potencial da banda sem Syd Barrett abriria mão da banda.
Com a repercussão do primeiro álbum fazem a primeira, única e curta turnê norte-americana, em novembro de 1967, interrompida porque Syd insistia em tocar uma só nota durante os shows e, numa entrevista para a tevê, limitou-se a responder as perguntas com seu olhar psicótico.
De volta a Londres, Mason, Wright e Waters compreendem que estão num dilema: “Por um lado Barrett era nosso compositor, nossa figura central”, diz Wright, “mas por outro, era totalmente impossível nos comunicarmos com ele”. Durante o grande concerto na noite de Natal de 1967, em Londres, com The Who, Jimi Hendrix, The Nice e The Move, os três decidem que Barrett tem de sair. Primeiro pedem a David ‘O List, do Nice, que toque junto com eles, mesmo sem tirar Syd, para tornar a transição mais suave. Mas quando Barrett sobe ao palco, nessa noite, com a cabeça coberta por uma mistura de bryllcreem e pílulas de Mandrix esfarelado, que escorre por seu rosto como uma máscara grotesca, eles vêem que não podem esperar mais mandam chamar na França o guitarrista David Gilmour, antigo amigo de Syd, para que a substituição não seja muito violenta. “Era óbvio que eles me chamaram para que eu tomasse o lugar de Syd”, diz Gilmour, “mas eu nunca soube o que ele sentiu a respeito. Não creio que ele tenha sentido. Nessa época, ele já estava num outro plano, com uma lógica só dele”.
No início de 1968 durante sete semanas Gilmour e Barrett tocam juntos, A intenção inicial era manter Barrett como letrista assim como Brian Wilson dos Beach Boys. Mas a situação de Barrett se agrava e ele tem mesmo de ser afastado.
A dois de março de 1968, “depois de uma reunião cheia de demonstração de pudor espúrio e compaixão hipócrita, os músicos e seus agentes decidiram (sem a presença de Barrett) que Syd estava fora. (...) Continuaram a gravação do segundo LP, enquanto Barrett aparecia no estúdio, todos os dias, e levava a guitarra com a infrutífera esperança de que iriam chamá-lo para tocar também”. (Valdir Montanari).
Evoluíram em seguida já sem a presença do mentor Barrett para as longas suites viajantes que caracterizam o rock progressivo. Lançado em 1968, "A Saucerful of Secrets", este álbum de transição marca a saída de Syd Barrett, fundador e até então principal compositor da banda que aparece creditado numa única faixa, Jugband Blues. "A Saucerful of Secrets", é qualificado pela revista Sound como “mágica expedição misteriosa ao reino dos sons inauditos”. A revista "Melody Maker" perguntou em grandes títulos: “Estão a matar a música pop?”. Um leitor enfadado tinha-se queixado:
“Toda esta estúpida luz e o ruído doloroso põem-me doente. Se há alguma coisa que possa matar a música pop, então é seguramente esta insultuosa estupidez”..
Diante desta queixa, os empresários dos “destruidores” do pop retorquiram:
“Pink Floyd são o que você é. Se acredita que eles estão a liquidar alguma coisa, então você é seu cúmplice”.
Syd Barrett, declarou: “tudo quanto pudemos fazer é gravar um LP que nos agrade. Se houvesse gente que recusasse, continuaríamos em frente”.
O psicodelismo do Pink Floyd deixa de lado as canções instantâneas para valorizar os 39 minutos do LP com as texturas dos sons em faixas mais longas e viajantes.
Waters, porta voz do grupo, redige um mini-manifesto no estilo: orgulhosamente a Emi apresenta:
“Nós tocamos a música que nos agrada e aquilo que tocamos é inédito. Creio que nos podíamos chamar a orquestra da nova direção. Se tivéssemos que nos caracterizar a nós próprios, diríamos que os Pink Floyd são a luz e o som. Ambos os meios se completam mutuamente e nós os utilizamos não só como espetáculo”.
Jugband Blues não foi o número de despedida de Syd ao Floyd, outro número escrito por Barrett. Consistia em um único acorde e um único verso. “Vocês já entenderam?”. E os outros três respondiam:
- “Não”.
Em março/abril do mesmo ano, ele deixava o grupo, iniciando uma carreira individual, apoiado pelos outros membros.
Sem o carisma de pop-star de Barrett, Roger Waters assume a liderança natural do grupo: “Eu estava muito preocupado, porque via muitos grupos bons se dissolvendo à minha volta - os Yardbirds, o Move. Mas no fundo eu sabia que isso não ia acontecer conosco: nós não estávamos loucos, nem com medo de tentar coisas novas, como os outros”.
Profética declaração.
Pink Floyd: a orquestra da nova direção
(Mário Pacheco)
Roger Keith ‘Syd’ Barrett, George Roger Waters e Dave Gilmour se conhecem nos anos 50 na Escola para Rapazes de Cambridge.
Roger Waters tinha 20 anos quando passa no vestibular de 1964, na Politécnica de Regent Street. Acabara de chegar a Londres, vindo do subúrbio de Great Bookham para estudar arquitetura, com pouca convicção: “Na minha opinião o pessoal que freqüenta uma escola de belas artes é do tipo que não quer saber deste negócio meio careta de carreira com c maiúsculo”. Não freqüentava muito as salas de aula, a bem da verdade. Era mais fácil encontrá-lo na cafeteria estilo americano da politécnica, conversando com dois colegas, igualmente pouco interessados em arquitetura: o londrino Richard William (Rick) Wright (Rick) e Nicholas Berkeley (Nick) Mason, de Birmingham, ambos com 19 anos. Conversam sobre aquilo que era a paixão dos três: música. Trocavam discos, comentavam os últimos lançamentos, iam a shows de jazz. Às vezes, tocavam juntos peças de blues ou músicas das paradas de sucesso. Mas sem muito entusiasmo. O trio intitulava-se Sigma 6 e posteriormente, foram mudando de nome, passando por T-Set, Meggadeaths, e Abdabs, um grupo que se apresenta nos bares de estudantes ora com duas variações: Architectural Abdabs e Screaming Abdabs: Roger Waters na guitarra-solo, dois vocalistas (Keith Noble e Juliette Gale), um baixista Clive Metcalf, Nick Mason na bateria e Rick Wright (guitarra base).
Então, um dia para tentar a continuidade Waters apresentou a seus amigos Roger Keith Barret (apelidado Syd) e David Gilmour, ambos de 18 anos e guitarristas. A figura muito estranha de Syd, costumava frequentar o bar The Mill, reduto de existencialistas, músicos de blues e curtidores diversos. Syd era muito diferente de Roger, Rick e Nick. Já tinha abandonado a Escola de Belas Artes de Camberwell, já experimentara múltiplas drogas pesadas, gostava de rock e era pintor abstrato. Viera de Cambridge com seu amigo David Gilmour, e ambos eram tidos como “barra pesada” pelos estudantes de Londres. David Gilmour preferiu ir para o sul da França, pegar sol e estrada, tocando quando pudesse ou posando como modelo. Syd Barrett tinha planos de profissionalizar-se em Londres, como músico. Storm Thorgeson, antigo colega de quarto, mais tarde um dos fundadores da Hipgnosis, agência de criações gráficas e visuais, recorda-o nessa época: “Syd foi uma das primeiras pessoas, em Cambridge, a se ligar na música dos Beatles e Rolling Stones, e um dos primeiros a usar maconha, já em 1962. Ele dizia que se conseguisse ser como os Beatles, ou os Stones, estaria totalmente feliz”.
Por influência do magnético Syd - “ele era extrovertido, falante, brilhante”, lembra Gilmour - Rick, Nick e Roger deixam a escola de Arquitetura, vivem basicamente das mesadas que as famílias dos ex-futuros-arquitetos ainda mandam, iludidas, e, unindo-se por breve tempo ao guitarrista de jazz local Bob Close.
Já sob a liderança de Syd Barret e sem Bob Close, os cantores e Metcalf, o grupo se torna semi-profissional, com um nome novo: The Pink Floyd Sound. A idéia, como não podia deixar de ser, foi de Barrett, unindo os nomes de dois bluesmen da Georgia que ele admirava Pink Anderson e Floyd Council . No começo tocavam rhythm and blues. A formação enxugada incluí Syd Barrett (guitarra), Rick Wright (teclados), Roger Waters (agora no baixo) e Nick Manson (bateria). O nome foi tirado por Syd Barrett de um disco de blues, de Pink Anderson and Floyd Council. E durante o ano seguinte, iam começar a esquecer o The e o Sound. A partir de 1966, começa a fase da Swinging London, junto com a moda e as experiências sonoras da costa oeste americana chegava também a matriz de toda inspiração o ácido lisérgico, que Syd consumia com entusiasmo, acompanhado, com alguma moderação, pelos outros três. Syd, mantêm a liderança, devido a seu estilo pessoal como guitarrista e ao fato de ser autor de quase todo o repertório composto nas explorações dos limites sensibilizados pelo ácido.
No verão, já existia o que pode ser chamado o underground de Londres. E o Pink Floyd era, sem a menor dúvida, parte integrante dele. Depois de algumas apresentações diurnas no The Spontaneious Underground, o reduto in da época, em bailes, universidades e barzinhos, substituem por completo o repertório baseado nos gastos riffs de blues essa evolução os leva para os recém-fundados clubes-teatro, como o UFO e o Middle Earth, onde tocam apenas material próprio, umas canções belas costuradas por ritmos estranhos, quantidades enormes de reverberação e nuvens de microfonias comandadas por Syd. “Syd nessa época era surpreendente”, lembra Waters. “Sua inventiva era de tirar o fôlego, ele compôs todo o nosso repertório em poucos meses. Suas maiores influências eram os Beatles, os Byrds e os Stones. Os Stones, principalmente. Ele ouvia tanto o seu "Between the Buttons" (lançado em janeiro de 1967), que o disco ficou gasto”. E foi por sugestão de Syd que o casal norte-americano Joel e Toni Brown do Instituto Millbrook de Timothy Leary, projetaram pela primeira vez alguns slides sobre o Floyd. Num show numa igreja, o esquema visual foi levado mais adiante com a inclusão de bolhas coloridas que os grupos da Califórnia já empregavam em seus números. Em outro espetáculo na Universidade de Essex, enquanto o Floyd improvisava sobre um ousado tema instrumental de onze minutos composto por Barrett, as luzes do palco se apagaram e começou a ser projetado um filme que um paraplégico havia feito em Londres, mostrando cenas da cidade do seu ponto de vista. O aparato visual aumentava: luzes coloridas e estroboscópicas, filmes, slides. Mesmo com recursos modestos, cada show do Floyd era uma aventura subterrânea, malignamente magnética e estranha, gótica. O tumulto e o sucesso que se seguiram firmaram o Pink Floyd de vez como a banda preferida do underground londrino e, no final deste ano, originou-se uma das características do Pink Floyd - os efeitos visuais utilizados nos shows, que se tornaram evidentemente, bem mais do que projeções de slides.
O Floyd participou de todos os encontros da Nova Consciência - Spontaneous Underground Psichodelphia versus Ian Smith, Freak out Ethel. Na noite de 15 de outubro de 1966, com uma grande ajuda financeira de Paul McCartney procedeu-se o lançamento do primeiro jornal underground da Europa, o IT (International Times). Nesta ocasião foi organizada uma grande festa no abandonado centro ferroviário de triagem, o Roundhouse. Puderam lá escutar dois grupos que se iriam tornar os líderes do underground, Pink Floyd e Soft Machine.
No Roundhouse ex-clube UFO, o compilador Miles, mais tarde autor de um livro sobre o Pink Floyd, presidia a noite, oferecendo a todas as pessoas presentes um pequeno pedaço de açúcar. Segundo a lenda, um em vinte estava impregnado de ácido. A festa-viagem lotaria, Paul McCartney apareceu trajado de sheik e Marianne Faithfull com o mais curto hábito de freira jamais visto. O Pink Floyd tocou para cerca de duas mil pessoas (sua maior platéia, até então), por um cachê de 15 libras, produziam “um espetáculo barulhento, agressivo, mas profundamente fascinante”. Durante horas desenvolviam temas fantásticos no meio dos disparos luminosos dos estroboscópios com projeções de slides com líquidos móveis Ainda neste ano, tocaram no Royal Albert Hall.
À medida que o ano terminava, e os movimentos alternativos ou de contracultura evoluíam, o quarteto liderado por Barrett se tornava incrivelmente famoso no circuito de clubes de rock.
Em 1967, são considerados os expoentes máximos do movimento psicodélico que estava surgindo. Evidentemente a “superfície” - o mundo brilhante do show bizz - não tardou a se interessar pelo trabalho do Floyd. Primeiro, se tornou chique mencionar o grupo, assim ao acaso - a exemplo de Hendrix em Londres ou do Velvet Underground em Nova York - em entrevistas à imprensa ou conversas de final de festa: Brian Epstein, fez isso várias vezes. Tornam-se a atração permanente do domingos no famoso Marquee, em Londres, onde foram vistos pela jovem dupla Peter Jenner e John Hopkins que viriam a ser os primeiros empresários do conjunto. Depois vieram os contratos. Primeiro para novos shows: “Eles foram um dos primeiros acontecimentos rock que eu vi na minha vida. Eles eram totalmente semiprofissionais, muito loucos, estonteantes. Levavam o número a um ponto em que você pensava que tudo ia acabar. Aí juntavam os cacos de novo”, lembra Jenner.
Foi somente em fevereiro de 1967, que conseguiram o apoio do produtor Joe Boyd, para a produção de uma gravação independente. A idéia consistia em realizar uma fita, e depois oferecê-la às gravadoras oficiais. Assim foram contratado pela EMI, que deu a eles um contrato milionário. Da fita, que foi gravada pelo engenheiro John Wood, no estúdio Sound Techniques, a EMI aproveitou as faixas Arnold Lane e Candy in a Currant Bun. Ambas apareceram no primeiro compacto, lançado na Inglaterra em 11 de março de 1967.
Com a aceitação da banda pela multinacional, Boyd recebeu o solene “pé no traseiro”. Passou então a ser o produtor deles Norman “Hurricane” Smith, que já trabalhara com os Beatles ao lado de George Martin e que ficaria conhecido com a música Don’t let it die com o nome de Hurricane Smith, no começo dos anos 70. Boyd já chegou a declarar à imprensa inglesa que a EMI gastou uma fortuna para tentar obter, em seus estúdios, o mesmo tipo de som de Arnold Lane no compacto seguinte (See Emily Play). Como não conseguiu, levou o conjunto ao Sound Techniques e pagou ao mesmo engenheiro para realizar a gravação.
O primeiro avulso contendo um de seus maiores sucessos no UFO, Arnold Layne, misteriosa fábula do travesti Arnold que roubava calcinhas dos varais... Apesar de ter sua execução proibida nas rádios, conseguiu um lugar seguro nos 20 avulsos mais vendidos.
Conseguiram um show no Queen Elizabeth Hall, o que não era tarefa das mais fáceis para os grupos principiantes. Anunciado como “relaxamento da era espacial para o clímax da primavera, composições eletrônicas, cores, projeções de imagens, garotas e Pink Floyd”, em maio de 1967, Barrett e Waters encenam o memorável espetáculo multimídia Games For May (Jogos de Maio), apresentado no Queen Elizabeth Hall: “A idéia era fazer tudo o que tivéssemos vontade, no palco”, explica Waters. “Na verdade nenhum de nós conseguia ficar parado um segundo sequer, e saímos fazendo coisas totalmente lunáticas. Num número eu cismei de ficar mudando um ramo de flores de uma jarra para outra, e não conseguia parar. Em outro arranjei um saco de batatas e atirei no gongo que Nick usava. Chegamos até a usar um tipo de som que era quase isso que hoje se chama quadrifônico”. A banda performou o material que seria lançado três meses depois em "The Piper at Gates of Dawn" e See Emily Play a gema rara composta por Barrett que incluía a frase que batizou o espetáculo.
Possivelmente a 21 de março, num estúdio vizinho ao dos Beatles, que finalizavam Lovely Rita, o Floyd começa seu primeiro álbum, "The Piper at the Gates of Dawn", (“O Flautista nos Portões do Amanhecer”): título de um capítulo de um livro de contos infantis escrito por Kenneth Grahame, que será lançado a 5 de agosto de 1967. Syd Barrett, depois de explicar a George Martin que estava gravando ao lado conseguiu assistir a gravação de Lovely Rita dos Beatles e manteve um contato mais próximo com John Lennon.
“Piper registra com fidelidade o tempo em que foi feito sem, contudo, se prender a clichês de paz e amor. (...) O triunfo acontece em várias frentes: instrumentos inusitados criando uma pletora de efeitos num estúdio de apenas quatro canais, a opção bem sucedida pelo experimento que não resvala na indulgência nem por um momento e o corpo de canções compostas por Syd Barret este sim o trunfo maior. Incursionando por estruturas melódicas fragmentadas e pouco usuais, Syd faz de cada temática uma extensão desta...
Quando o mágico e fantástico verão londrino de 1967 se aproxima, o Pink Floyd está numa situação curiosa e privilegiada. Com dois avulsos apenas (o segundo, See Emily Play, mais suave e mais onírico cujas imagens lúdicas da garota enlouquecendo remetiam à Lucy dos Beatles, também chegou às paradas, permanecendo três meses entre os mais vendidos, chegando ao sexto lugar no Hit Parade inglês) ele é o grupo mais falado da Swinging London, o mundo psicodélico de Londres delira. Waters, Mason e Wright começam a ser vistos com roupas de cetim brilhante e óculos escuros nos restaurantes da moda, fora desses ambientes é o mais odiado do circuito operário de bailes, recebido sempre a garrafadas e vaias.
E é nesse momento, quando se inicia a jamais interrompida escalada do grupo em direção ao superestrelato, que começa a vir à tona uma das grandes tragédias do rock: o delirante e imaginativo Syd Barrett, o homem que forjou o som livre do Floyd, que concebeu seu aparato visual e escreveu seus primeiros sucessos, caía rapidamente na loucura total.
No início, só Waters e depois Manson e Wright é que reparam nos acessos súbitos de fúria que o acometiam; para os outros, tratava-se apenas de uma crise de estrelismo, do cara que sempre sonhou ser maior que os Beatles. Os técnicos do estúdio achavam que era esnobismo quando Syd os fazia overdubarem mil vezes sua guitarra. Mas quando ele aparece em farrapos para gravar um tape para a BBC ou pára um show no meio, para afinar a guitarra, se torna patente que seu espírito vagueia por outros mundos.
Um dia, a namorada de Syd, Lynsey, apareceu toda ferida na casa de Waters, e contou que Barrett a havia trancado uma semana num quarto, ali mantendo-a com biscoitos e água que passava por baixo da porta. Os funcionários da EMI começaram a teme-lo: “Ele estava falando e de repente parava e ficava olhando o vazio” recorda Jenner, empresário do Floyd na época, “depois te encarava fixo, com um olhar gelado que parecia te atravessar”. Um Ano mais tarde, Peter Jenner, não acreditando no potencial da banda sem Syd Barrett abriria mão da banda.
Com a repercussão do primeiro álbum fazem a primeira, única e curta turnê norte-americana, em novembro de 1967, interrompida porque Syd insistia em tocar uma só nota durante os shows e, numa entrevista para a tevê, limitou-se a responder as perguntas com seu olhar psicótico.
De volta a Londres, Mason, Wright e Waters compreendem que estão num dilema: “Por um lado Barrett era nosso compositor, nossa figura central”, diz Wright, “mas por outro, era totalmente impossível nos comunicarmos com ele”. Durante o grande concerto na noite de Natal de 1967, em Londres, com The Who, Jimi Hendrix, The Nice e The Move, os três decidem que Barrett tem de sair. Primeiro pedem a David ‘O List, do Nice, que toque junto com eles, mesmo sem tirar Syd, para tornar a transição mais suave. Mas quando Barrett sobe ao palco, nessa noite, com a cabeça coberta por uma mistura de bryllcreem e pílulas de Mandrix esfarelado, que escorre por seu rosto como uma máscara grotesca, eles vêem que não podem esperar mais mandam chamar na França o guitarrista David Gilmour, antigo amigo de Syd, para que a substituição não seja muito violenta. “Era óbvio que eles me chamaram para que eu tomasse o lugar de Syd”, diz Gilmour, “mas eu nunca soube o que ele sentiu a respeito. Não creio que ele tenha sentido. Nessa época, ele já estava num outro plano, com uma lógica só dele”.
No início de 1968 durante sete semanas Gilmour e Barrett tocam juntos, A intenção inicial era manter Barrett como letrista assim como Brian Wilson dos Beach Boys. Mas a situação de Barrett se agrava e ele tem mesmo de ser afastado.
A dois de março de 1968, “depois de uma reunião cheia de demonstração de pudor espúrio e compaixão hipócrita, os músicos e seus agentes decidiram (sem a presença de Barrett) que Syd estava fora. (...) Continuaram a gravação do segundo LP, enquanto Barrett aparecia no estúdio, todos os dias, e levava a guitarra com a infrutífera esperança de que iriam chamá-lo para tocar também”. (Valdir Montanari).
Evoluíram em seguida já sem a presença do mentor Barrett para as longas suites viajantes que caracterizam o rock progressivo. Lançado em 1968, "A Saucerful of Secrets", este álbum de transição marca a saída de Syd Barrett, fundador e até então principal compositor da banda que aparece creditado numa única faixa, Jugband Blues. "A Saucerful of Secrets", é qualificado pela revista Sound como “mágica expedição misteriosa ao reino dos sons inauditos”. A revista "Melody Maker" perguntou em grandes títulos: “Estão a matar a música pop?”. Um leitor enfadado tinha-se queixado:
“Toda esta estúpida luz e o ruído doloroso põem-me doente. Se há alguma coisa que possa matar a música pop, então é seguramente esta insultuosa estupidez”..
Diante desta queixa, os empresários dos “destruidores” do pop retorquiram:
“Pink Floyd são o que você é. Se acredita que eles estão a liquidar alguma coisa, então você é seu cúmplice”.
Syd Barrett, declarou: “tudo quanto pudemos fazer é gravar um LP que nos agrade. Se houvesse gente que recusasse, continuaríamos em frente”.
O psicodelismo do Pink Floyd deixa de lado as canções instantâneas para valorizar os 39 minutos do LP com as texturas dos sons em faixas mais longas e viajantes.
Waters, porta voz do grupo, redige um mini-manifesto no estilo: orgulhosamente a Emi apresenta:
“Nós tocamos a música que nos agrada e aquilo que tocamos é inédito. Creio que nos podíamos chamar a orquestra da nova direção. Se tivéssemos que nos caracterizar a nós próprios, diríamos que os Pink Floyd são a luz e o som. Ambos os meios se completam mutuamente e nós os utilizamos não só como espetáculo”.
Jugband Blues não foi o número de despedida de Syd ao Floyd, outro número escrito por Barrett. Consistia em um único acorde e um único verso. “Vocês já entenderam?”. E os outros três respondiam:
- “Não”.
Em março/abril do mesmo ano, ele deixava o grupo, iniciando uma carreira individual, apoiado pelos outros membros.
Sem o carisma de pop-star de Barrett, Roger Waters assume a liderança natural do grupo: “Eu estava muito preocupado, porque via muitos grupos bons se dissolvendo à minha volta - os Yardbirds, o Move. Mas no fundo eu sabia que isso não ia acontecer conosco: nós não estávamos loucos, nem com medo de tentar coisas novas, como os outros”.
Profética declaração.