Ozzy Osbourne: Pecado após pecado

Ozzy: ainda não verdadeiramente um leiteiro

Por: Jeff Tamarkin  (Circus Magazine 104)

Ozzy Osbourne diz que seu novo disco refletirá algumas das mudanças de atitude pelas quais têm passado desde que  noticiadamente largou as drogas."Minhas novas canções não serão claras e definidas e não  soarão como propagandas de leite, afirma o maluco regenerado, mas desde que “eu não me sinta mais como se estivesse cometendo suicídio, me manterei  afastado daqueles tipos de letras”.

O disco, tentativamente intitulado  “O Pecado Definitivo”, é o primeiro desde que se internou na Clínica Betty Ford para se purificar. “Eu acabaria finalmente me matando". diz Ozzy a respeito de seus velhos hábitos. “Agora sinto que tenho uma obrigação para com minha família e comigo mesmo de me abster de dar murro em ponta de faca ou algo semelhante”.

Osbourne tem dedicado sua atenção às maiores maldades do mundo. Isto é o que  o título do disco representa, o "fato de termos produzido, armamentos nucleares que podem exterminar o mundo numa investida desumana. Esse é o pecado definitivo.

Tradução de: Antonio Carlos L. Costa

aozz

Pecado após pecado

Na melhor forma de sua vida, Ozzy oferece
O Pecado Definitivo – The Ultimate Sin

Por: Andy Secher da Hit Parader –  Tradução livre de Antonio Carlos L. Costa

Com o lançamento do seu mais recente disco, “O Pecado Definitivo”, Ozzy Osbourne prova novamente que continua sendo o verdadeiro mestre do heavy. metal. Combinando, sua marca registrada de agressão vocal com os riffs vulcânicos da guitarra de Jake E. Lee, Osbourne emerge com um disco que silencia aqueles que questionavam sua contínua viabilidade após o relativo fracasso do seu último disco, “Bark at the Mon”. Agora bem cuidado, de boa saúde e livre da dependência alcoólica, Osbourne está pronto para assumir o mundo - um fato que ele estava simplesmente feliz demais para expressar durante uma recente conversa.

Hit Parader: Ozzy, o que é o pecado, definitivo para você?

Ozzy Osbourne: O pecado definitivo é diferentes coisas em diferentes culturas - pode ser o homicídio ou o estupro ou o incesto. Mas para mim o pecado definitivo é a guerra nuclear. A ideia de que nos temos o poder de destruir todo o planeta e todos que nele vivem , e não estamos  mesmo fazendo qualquer coisa para controlar esse poder é repugnante.

Hit Parader: Você considera este álbum uma espécie de mensagem política?

Ozzy Osbourne: De modo algum. Eu sou um cantor de rock and roll, e não um político, mas não vou dar as costas para algo tão importante como a guerra nuclear. Por muito tempo eu ponderei em fazer uma capa que retratasse algum tipo de holocausto nuclear. Mas me dei conta de que algo como isso seria um pouco pesado, mesmo, para mim. A mensagem atravessa o disco.

Hit Parader : Como você avaliaria este LP comparando-o  aos seus discos anteriores?

Ozzy Osbourne: Ele é uma volta ao rock and roll direto, que é onde quero estar. Não fiquei satisfeito com o “Bark at the Moon” por vários motivos. Ele não soou como eu queria, e senti que mui to da energia contida nos meus dois primeiros discos estava ausente naquela ocasião. Senti que estava perdendo o controle da situação; foi a mesma sensação que tive pouco antes de deixar o Black Sabbath.

Hit Parader:  Como você  compara a situação na qual estava quando do “Bark at the Moon” com o tempo em que estava com o Sabbath? Afinal de contas, você não é o responsável pela sua carreira solo?

Ozzy Osbourne: Claro, mas isto não é tão fácil quanto parece. Houve muita pressão sobre mim par que eu fizesse certas coisas como a balada So tired, com a qual não me sinto mesmo adequado. Pensei que fosse uma ideia inteligente, mas concluí que não tem haver com Ozzy Osbourne. Os fãs tiveram dificuldades em relacionarem-se com o Ozzy soando como a maldita Electric Light Orchestra. Desta vez eu disse, “OK, estou voltando a ser Ozzy Osbourne. Chega de baladas ou brincadeiras”.

Hit Parader: O que você fez para recuperar aquela energia?

Ozzy Osbourne:  Uma coisa que fiz foi contratar um produtor. Desde 1972 que não trabalho com um produtor, mas saquei que talvez precisasse de alguém que me proporcionasse uma perspectiva levemente diferente quanto às coisas. Tenho problemas com produtores porque não tenha paciência no estúdio. Eu quero entrar, gravar o disco, e cair fora. Tem uns caras como o Mutt Lange que podem levar meses para gravar um disco. Eu o considero absolutamente incrível, mas se tivéssemos que trabalhar juntos, eu provavelmente terminaria por matá-lo.

Hit Parader: Você crê que parte da razão pela qual “Bark at the Moon” careceu do brilho dos seus primeiros discos solo tinha algo haver com o fato de ter sido o primeiro LP que você fez sem o Randy Rhoads?

Ozzy Osbourne: Um pouco talvez, mas não sei.  Randy era ótimo, mas considero  Jake também um incrível guitarrista. Claro que não vou comparar os dois, pois ambos são extraordinários nos seus próprios 'estilos’, mas não acho que a música tenha sofrido de modo algum com Jake na banda. Desta vez ele compôs alguns dos mais fortes riffs que eu já ouvi. Eu escrevo todas as letras, mas como não toco algum instrumento, preciso de um guitarrista para pegar minhas letras e encaixá-Ias  na música. Jake é muito bom nisso.

Hit Parader: Eu sei que no “Bark at the Moon” Jake não recebeu quaisquer créditos na composição. Desta vez ele recebeu. Porque isso?

Ozzy Osbourne: Simplesmente porque da última vez ele não mereceu quaisquer créditos na composição. Todas as ideias naquele disco foram minhas. Desta vez ele contribuiu muito mais para a parte musical e merece todo o mérito do mundo.

Hit Parader: Como está sua banda? Somente você e Jake aparecem fotografados na capa do disco.

Ozzy Osbourne: è o meu nome que está estampado, isso é tudo o que importa. Não faz mesmo qualquer diferença quem eu tenha na banda. Estou muito contente com o grupo que temos agora, mas quem sabe. Se esse disco não se sair tão bem quanto eu gostaria, terei que fazer algumas mudanças.

Hit Parader: Que me diz dos teclados? Don Airey ainda está no grupo?

Ozzy Osbourne: Não. O novo disco não dá destaque aos teclados, não havia razão para ter um tecladista no LP. Talvez para a excursão eu contrate alguém para tocar os teclados por trás do palco, mas ainda não sei. Se isto se tornar realmente um problema eu posso conseguir que o Jake toque um pouco o teclado no palco, ele é um bom tecladista. Mas eu preferiria não fazer isto.

Hit Parader: Vamos falar um pouco sobre sua nova imagem. Você não bebe mais, o que para um homem que uma vez dissera, “Eu preferiria largar o sexo à bebida”, é uma transformação importante.

Ozzy Osbourne: Chegou a um ponto em que eu realmente me detestava. Eu estava bêbado todo o tempo, e estava totalmente dependente da bebida. Eu era um alcoó1atra, e ainda sou. Era tão ruim que comecei a me tornar uma pessoa que eu não gostava. Percebi que se eu não fizesse algo quanto aquilo, provavelmente acabaria me matando - ou pior, terminaria assassinando alguém mais. Eu estava numa desordem desagradável, e queria mudar isso.

HP: Mas ir à Clínica Betty Ford para "purificar-se" foi uma medida drástica. O que o decidiu a fazer isso?

Ozzy Osbourne: Achei que era o lugar chique para, ir. Liz Taylor esteve lá e Mrs. Ford, assim eu imaginei que apareceria com todas as celebridades bêbadas e veria como os outros vivem. Sinceramente, era o lugar que todos me recomendavam. Eles sabiam o que eu queria fazer, e pensaram que a Clínica Ford seria o ideal para as minhas necessidades.

HP: Você parou completamente de beber?

Ozzy Osbourne: Não. Eu ainda tomo um drink ocasional, mas gosto de pensar que estou controlando a situação. Não vou mais me afogar na bebida. Eu admito que era um bêbado, deste modo tenho que ter muito cuidado todas às vezes em que me embriago completamente,  mas acho que tenho um bom domínio da situação no momento.

HP: O que você acha que o incitou a se tornar tão inclinado a beber? Você se sente preso à imagem do Ozzy?

Ozzy Osbourne: De modo algum. Eu jamais bebi para escapar daquilo que sou. Sinceramente estou muito feliz em ser Ozzy, e jamais me sentirei preso por ser quem eu sou, nunca houve aquele tipo de pressão para que eu bebesse. Eu bebia porque gostava, ou pelo menos pensava que gostava. Agora vejo que idiota que fui. Eu nem mesmo quero me reunir mais com pessoas que bebem. Não confio nelas. A  última coisa que eu quero é estar sentado no banco de trás de um carro tendo um cu bêbado ao volante. Essa seria a minha sorte - morrer sóbrio com um bêbado ao volante. Eu voltaria para assombrar o cara e sua família para sempre.

Hit Parader: Houve muita pressão da sua família para que você parasse de beber? Sua esposa Sharon  é sua empresária, e você agora tem duas filhinhas. Isso mudou sua atitude quanto a beber?

Ozzy Osbourne: Bem, eu não quero que meus filhos, daqui a poucos anos, voItem para casa dizendo para os seus amigos "Ei, viram meu pai, o bêbado". Quero que eles tenham orgulho de mim. Tenho filhos do meu primeiro casamento que cresceram enquanto eu estava na estrada com o Sabbath. Eu falhei muito com eles porque quando não estava na estrada estava doidão ou bêbado. Prometi a mim mesmo que desta vez seria diferente.

Hit Parader: Isso significa que você não vai excursionar muito?

Ozzy Osbourne: Não farei mais excursões mundiais que durem um ano.

Eu ainda não vou perder paradas de tour, demais, mas tal vez eu vá ao Oriente um ano sim outro não ao invés de todo ano. Passarei oito meses por ano na estrada que é o suficiente para qual quer um.

Hit Parader: O que você faria se parasse de tocar rock and roll?

Ozzy Osbourne: Eu tento não olhar para frente deste modo, pois você e basicamente incapaz de controlar o que vai acontecer.Mas se eu fosse fazer algo mais seria entrar no negócio de empresariar com minha esposa. Eu gostaria de começar a "Escola de rock and roll Ozzy Osbourne" para ensinar a muitos jovens artistas o que aprendi através dos tempos. Seria ótimo (risos). Exatamente quando todos pensassem que tinham se livrado de mim, eu estaria transmitindo minhas ideias, dementes para toda uma nova geração de vocalistas. Isso seria a minha vingança definitiva.

Tradução originalmente publicada, na última edição do fanzine "Black Sabbath Sleeping Village" n. 7, ago./set. 1985

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