Beatles: as pegadas seguem vivas em Hamburgo

 

 
 Marcas dos Beatles em Hamburgo seguem vivas 50 anos depois
 De Agencia EFE

   

 Berlim, 6 jun (EFE).- O espírito festeiro e musical que os Beatles experimentaram em Hamburgo durante o início da carreira segue vivo na cidade das mais diversas formas, 50 anos depois que os garotos de Liverpool, ainda desconhecidos, chegaram para fazer alguns shows, perder a virgindade e queimar um preservativo como forma de protesto.

 Um museu, uma praça com seu nome, dezenas de fotos, locais históricos e vários tours especializados lembram os tempos em que os Beatles trabalharam e caminharam pelo bairro de St. Pauli, uma vizinhança com locais de prostituição em pleno centro de Hamburgo, a cidade na qual "cresceram".

 Em 1960, John Lennon, Paul McCartney, Pete Best, Stuc Sutcliffe e um George Harrison de 17 anos chegaram pela primeira vez a Hamburgo contratados para tocar ao vivo, isso porque naquela época havia promotores especializados em fazer shows de música internacional e as bandas de Liverpool eram mais baratas do que as londrinas.

"Então os Beatles eram cinco e não eram conhecidos", resume Stefanie Hempel, conhecida como "Stiffi", uma jovem estudante cuja admiração pela banda a levou a criar a primeira rota guiada pela cidade baseada nas vivências destes músicos.

Na sua chegada a Hamburgo, os Beatles tocavam rock and roll internacional e sua imagem se baseava em calças de couro e um penteado com franja engomado para trás, ao estilo Elvis Presley.

Durante seu périplo pela cidade alemã, os jovens britânicos entraram em contato com estudantes, entre eles Astrid Kirchherr, uma fotógrafa e membro da banda "Exis", quem os Beatles imitariam o "Mushroom style", o mundialmente famoso corte em formato de cogumelo.

Os Beatles viveram em Hamburgo novas experiências, já que era uma cidade mais aberta que Liverpool, com maiores oportunidades para se drogar e repleta de clubes de streptease.

Ali, George Harrison "perdeu a virgindade diante de seus companheiros", segundo escreveu o biógrafo oficial do grupo, Hunter Davies.

O primeiro bar no qual atuaram na cidade foi o "Indra", onde havia dias em que os cinco músicos tocavam até sete horas seguidas, algo que nunca tinham feito antes e o que os obrigava a estender a duração de cada uma das canções que interpretavam.

Depois passaram a fazer shows em "Kaiserkeller", um local sujo, de propriedade do promotor Bruno Koschmider que, segundo a história, denunciou que Harrison era menor de idade quando descobrir que o grupo tinha sido contratado pelo "Top Ten", um concorrente.

A denúncia provocou a expulsão de George à Inglaterra, enquanto o resto da banda, como protesto, queimou um preservativo dentro do "Bambi", o pequeno cinema onde os Beatles pernoitavam e que terminou destruído.

Mas a banda retornou a Hamburgo em várias ocasiões e entre 1960 e 1962 tocou em 281 noites ao redor de 1,5 mil horas de música ao vivo.

"Chegamos crianças a Hamburgo e retornamos sendo crianças maduras. Ali nós crescemos", diria McCartney.

A passagem pela cidade portuária produziu mudanças na banda e em sua composição, já que de cinco eles passaram para quatro depois que Stu, conhecido como "o quinto Beatle", morreu em 1962 de hemorragia cerebral na cidade.

Mas essa não foi a única mudança, já que o baterista original, Best, foi substituído por Ringo Starr, que os integrantes da banda conheceram justamente em Hamburgo, quando ele tocava com outro grupo inglês.

A partir de 1963, uma vez atingida a fama, o grupo todo nunca voltou a cidade. Só Paul regressou em 1989, quando fez um show e, de quebra, pagou os 80 marcos que devia no "Gretel Alfons", um bar do qual tinha saído sem pagar 30 anos antes.

As aventuras e desventuras dos primeiros anos dos Beatles se transformaram em um dos atrativos de Hamburgo, onde uma praça em forma de vinil lembra que a cidade foi e continua sendo uma referência no desenvolvimento musical europeu.

Sobre o disco, quatro estátuas dos músicos de metal, mais uma afastada - em memória do quinto Beatle -, convidam os recém-chegados a entrar no bairro e passear pela rua Grosse Freiheit, onde as luzes de locais históricos como o "Indra" e o "Keisekeller" seguem hoje, 50 anos depois, brilhando.

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