2007: LEMBRANDO STOCKHAUSEN
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Morre o compositor alemão Karlheinz Stockhausen
REUTERS - O Estado de S. Paulo
Compositor é um dos mais importantes da metade do século 20, com 362 obras reunidas em 139 CDs
"Qualquer som pode se tornar música se for relacionado com outros sons", dizia Stockhausen
(Foto: AP)
7 dez. / 2007 - BERLIM - O compositor alemão Karlheinz Stockhausen, um dos mais influentes do século 20 e pioneiro da música eletrônica, morreu aos 79 anos. A mídia alemã citou a ex-esposa de Stockhausen, Mary Bauermeister, dizendo que o compositor morreu após uma curta doença em sua casa, no Estado da Renânia do Norte-Vestefália, na região oeste do país.
Stockhausen foi um dos grandes nomes da música de vanguarda e é considerado um dos compositores mais importantes da metade do século 20. Compôs 362 obras que estão reunidas em 139 CDs. A principal característica de suas composições é a mistura de recursos da música tradicional com os da eletrônica. Ele foi um símbolo da ruptura com os modelos clássicos da música culta.
"Qualquer som pode se tornar música se for relacionado com outros sons. Todo som é precioso e pode se tornar bonito se eu colocá-lo no lugar certo, no momento certo", disse ele certa vez numa entrevista.
Nascido em 22 de agosto de 1928 em Modrath, perto de Colônia, Stockhausen compôs suas principais obras entre 1954 e 1960, entre elas a célebre Klavierstücke, uma peça para piano que segue o princípio da música aleatória.
Em Gesang der Jünglinge (1956), descrita como "balé sônico", fez a voz de um jovem se mesclar a sons eletrônicos que saem através de cinco alto-falantes independentes cuja posição é crucial para as imagens acústicas porduzidas.
Teve seu momento de maior prestigio na década de 70, mas posteriormente continuou produzindo obras importantes como Stimmung (1986) em que seis vozes exploram durante 70 minutos as diversas possibilidades de um só acorde.
Carreira
No começo da carreira, Stockhausen se interessou pela música concreta, gravando sons do cotidiano, distorcendo-os eletronicamente e juntando-os numa composição.
Stockhausen estudou música, filosofia e literatura na Universidade de Colônia, onde se formou em 1951. Nessa época flertou com o jazz, tocando piano para pagar os estudos. Estudou também Ciências da Comunicação e Fonética em Bonn, carreira que na universidade desta cidade alemã está centrada no uso das possibilidades de novas tecnologias.
Dizia que seu objetivo era despertar "uma consciência completamente nova" no público e no intérprete.
Em 1952, Stockhausen viajou a Paris, onde foi discípulo do compositor Oliver Messiaen (1908-1992), que foi professor de nomes da música nova como o francês Pierre Boulez, e foi também uma de suas primeiras influências importantes ao lado de Anton Weber.
No ano seguinte, ao voltar para a Alemanha, participou da fundação do Estúdio de rádio da Alemanha ocidental para a Música Nova, em Colônia, da qual foi diretor artístico e que marcou a carreira de outros grandes nomes da música de vanguarda, como John Cage.
Ali encontrou uma forma própria de unir sons numa composição, desenvolvendo uma idéia de compositores europeus de uma geração anterior, como Schoenberg, que compunha em torno de uma série de sons ao invés de desenvolver e repetir um tema.
Em 1981, sua obra Licht estreou na ópera La Scala, de Milão, marcando época por sua mistura de música solo e para orquestra, de recursos eletrônicos e concretos e o uso da mímica, e consolidando o prestígio do compositor nos círculos convencionais da música clássica.
(Reportagem de Madeline Chambers)
Morre o compositor alemão vanguardista Stockhausen
Da France Presse
g1.globo.com.
Inspirador dos Beatles, Karlheinz Stockhausen estava com 79 anos.
Ele é considerado um dos artistas mais influentes do pós-guerra.
7 dez. / 2007 - O compositor alemão de vanguarda Karlheinz Stockhausen morreu na última quarta-feira (5), aos 79 anos de idade, na cidade de Kuerten (oeste da Alemanha), anunciou nesta sexta a Fundação Stockhausen em comunicado. Ele é considerado um dos precursores da música eletrônica.
De acordo com a unanimidade da crítica, Karlheinz Stockhausen é um dos mais talentosos e influentes compositores alemães do pós-guerra, com criações altamente complexas. Suas peças são desarmônicas e abstratas, o que levou um dia o jornal britânico "The Guardian" a qualificar a música de Stockhausen de "neuroticamente bela".
Nascido na cidade de Mödrath, na Renânia, sua vida foi semelhante à de muitos jovens alemães de sua geração, obrigados a começar tudo do zero depois da Segunda Guerra. Após a morte dos pais em experiências traumáticas, Stockhausen passou um tempo ganhando a vida tocando em piano-bares.
Estudou Música, Literatura Germânica e Filosofia na Universidade de Colônia, transferindo-se depois para a Universidade de Bonn, onde freqüentou os cursos de Fonética e Comunicações. De 1952 a 1953, estudou em Paris com o compositor Olivier Messiaen (1908-1992), influente professor de nomes da música nova como Pierre Boulez e Iannis Xenakis.
'Sgt. Pepper'
Nos anos 60, Stockhausen teve um papel decisivo no movimento Fluxus, interessado em abolir os limites tradicionais entre arte e sociedade, tendo trabalhado em Nova York com artistas de vanguarda, como Nam June Paik e Allen Ginsberg; também desenvolveu seu interesse pelas artes visuais.
Os músicos do rock fizeram parte de sua vida. Stockhausen esteve presente à montagem de retratos na capa do álbum "Sgt. Pepper's lonely hearts club band" (1967), dos Beatles.
Nos anos 70, Stockhausen começou a trabalhar no ciclo de ópera épico Licht (Luz), que teve a apresentação integral em outubro de 2004. A obra consiste de sete partes intituladas como os dias da semana. O ciclo completo dura mais de 29 horas, representando a composição mais longa da história da música.