(Alguns) Reagentes e cenas culturais do Guará
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(ALGUNS) REAGENTES E CENAS CULTURAIS DO GUARÁ
1979. No Primeiro Festival interno de Música do Centro Educacional 3. Nardeli recebeu o prêmio de música mais comunicativa com Oh Jah! Oh Jah! Assim não dá! O fato curioso ficou por conta do grupo de roqueiro defendidos por mim que começaram sua apresentação com o baterista marcando We will rock you e o vocalista cantando Aluga-se!
Foto: Arquivo do Sindicato do Reggae de Brasília
No primeiro FIMCED3 (Festival Interno do Centro Educacional N.º3 - Guará 2 - Entrequadradas QE 17/19) , os roqueiros conseguiram tocar músicas diferentes ao mesmo tempo! A forte marcação da bateria na música We will rock you do Queen; era ouvida enquanto o crooner cantava Rock das Aranhas do Raul Seixas. Pode ter sido "divertido", ali eu já catalogava os envolvidos, suas responsabilidades e falhas e seriedade.
O assunto são guitarras
O saudoso, Valtinho pintou com uma guitarra acústica cor-de-rosa agora eram duas! as guitarras da minha vida.
O Clapton do Guará era uma farsa...
O ilusionismo e o charlatanismo têm de ser uma piada de bom gosto para obter sucesso.
Hoje eu sei que boa parte de minhas encrencas advieram da insistência em fincar pé em minha opinião.
Enquanto isso à tarde na janela do segundo pavimento para a praça da QE 34 curiosos se reuniam para assistir ao guitarrista misterioso...
Quando eu vi o guitarrista de costas para a janela deslizando a mão e tirando o som mais cru de uma fender marca registrada de Eric Clapton na hora deduzi, o Clapton do Guará é uma farsa!
Seu truque barato! No equalizador isolava num canal a guitarra deixando-a limpa e sem acompanhamento. Perguntaram-me — é ao vivo? — Só se ele tivesse uma aparelhagem do tamanho da casa.
— Convidem ele para tocar no Psicose Crônica! Literalmente, o ás da guitarra era um grande lutador de artes marciais com dedos mais grossos do que o pescoço, a UVA não encarnou muito...
Rebu! Rebuscando a guitarra...
Sidney e Almir, dois lutadores de artes marciais, na boca da noite apareceram lá em casa, e gritaram:
— "Osso”!
— Meu pai quer a guitarra de volta!
Claro que eu fui correndinho.. E na casa do guitarrista gritei seu nome.
— Zoso! Zoso! Zoso!
Eu nunca tinha procurado o guitarrista e com tanta veemência só poderia ser urgente. Aberta a porta, como um comando de ninjas, o conjunto "F" da QE 34 invadiu a residência e foi vasculhando quarto por quarto. A mãe do Zoso com impressionante calma zen perguntou: — O que é isso meu filho? Sidney com o cabelo curto ensebado de billcreme e um tradicional tique nervoso gaguejou: — Seu filho é um mac...!
— A confusão terminou com a guitarra gianini stratocaster novinha saindo pela janela do banheiro.
Outras Picaretagens geniais Made in Guará
Detidos em abril de 1982, o Prof. de caratê, Siri Baleia; o produtor cultural Nardelli e o então menor Mário Pazcheco, a 2 semanas de seu 18º aniversário e outro garoto, do Cineclube Gavião foram forçados a passar a noite na delegacia por organizar festivais de cultura.
Aparecemos, em duas matérias no jornal, Correio Braziliense. Só faltou Mário Eugênio!
Na mesma semana, na praça da QE 32; membros do Sindicato do Reggae de Brasília foram fotografados por políticos ou órgãos de repressão?
Puxando charos de mentira
Naqueles tempos existiam aqueles albinhos de fotos que insistiam em desaparecer. Poucos sobreviveram à ação do tempo.
Os rastas da QE 32 que eram caretas fizeram várias fotos puxando enormes tarugos de mentira e por barato.
Eu egresso dos círculos operários de Osasco (SP) me causava espanto com os punks do DF - até então nunca ninguém na Ditadura havia falado de política tão perto do povo.
Poetas e punks que usavam sua metralhadora giratória tinham seus nomes inseridos na Lei de Segurança Nacional.
Meu pai alertava, — abre o olho que eu não posso pagar advogado!
Os Magrellos nos tempos dos eucaliptos no Guará I
Renatoicinho, Luidi (Luiz Punk), Ricardocinho, Cécé e Clevicinhado
Sobreviventes, Renato & Ricardo Lima
Em maio de 1984, aglutinando as pessoas, o pessoal do Guará I também foi envolvido na divulgação da cultura se aliando à UVA.
Parceiros de shows e estradas
Outubro de 1980. Tuca ou Adelson Dias Brandão Júnior vai ao show do compositor, cantor e ex-guitarrista do Humble Pie; Peter Frampton!
1982/83 Som no salão de festas do Cave
— “Pantera” sempre repetia o hit do Frampton: Breaking all the rules!
Bem no início a gente ia conhecendo as pessoas, montando Festival de Música no Centrão, indo aos Festivais de Música do Guará, conhecendo as cabeças andando por Taguatinga, Cruzeiro, Gama, Asa Sul nunca passávamos disso.
Tão marcante quanto o Rock Cerrado foi a primeira e caótica apresentação da Legião Urbana no Guará 2. Propositalmente apagada dos livros sobre a banda.
Joel de Oliveira, parceiro de estradas
Dos rastas da QE 32 (Seu João, Mergulhão, Barriga, Bastos, Tiolo, Morcego) — O quê aqueles caras da UVA fazem?
No fim da década de 80, em Belo Horizonte para vender camisetas no show dos Paralamas do Sucesso; Joel de Oliveira e Mário Pazcheco foram surpreendidos ao ler o jornal logo cedo descobriram que o show fora cancelado, o guitarrista Hebert Vianna havia fraturado o pulso num acidente de moto; duas quasi-tragédias... Metemos o pé na estrada e fomos conhecer Ouro Preto...
Durante o final da década de 70 e toda a década de 80, a UVA foi a organização mais atuante culturalmente no Guará da qual integrei.
A UVA, uma associação tão famosa que inspirou o surgimento de outras UVA's pelo Brasil.
Nestes 34 anos de Guará 2, O casal Zezinho Blues e Narcísia são os grandes amigos atuantes em todos os tempos. Eli Soares e Zé Octávio participam sempre que podem.
QE 32 Reggae Roots
Capoeria e cultura para todos. Não é Edmundo?
"Bandeira", Joel, "Siri" e Evaldo comandam a Reação Cultural
A articulação literária da cultura na QE 32 passava pelas mãos e vistas de Anísio Vieira, o cara mais lúcido e de maior bagagem literária, ele emprestava livros seminais da Beat generation!
Novamente, a cultura da QE 32 é enquadrada
Mário Pazcheco, Valtinho e o Prof. K. e "Bandeira" são conduzidos à delegacia para explicar, — por que estão tarde da noite colocando cartazes? Eu só observava, Prof. K. conduzia a fala e, nervosamente, Valtinho fumava um cigarro atrás do outro e tossia muito. Explicações dadas, "Bandeira" comentou, — Klecius deve saber da nossa. Rimos muito.
25 out. / 1986 - Local: EQ 17/19 - Frente Centrão - Horário: 18 horas
Com o nome sujo na chácara
Nesta época, frequentávamos, o 32 Graus (depois Laska Lanches) um bar escuro onde sempre ouvíamos Heróis da Resistência; Laska era o baman! Um garçom generoso que comandava o som das cassetes e atravessava a noite enfrentando seu irmão Bitonho (também homem de confiança de "Bandeira" - RIP) que divulgava o enxadrismo. "Bandeira" certa vez, perguntou, — sabe onde tem bambu nas chácaras? — Sim! Fomos na "Chácara do Joel" e "Bandeira" cortou uns pés de bambu a facão para a festa Junina da QE 32. Joel, o dono da chácara até hoje me cobra os bambus e eu não fui avalista...
A participação mais legal n'O grupo, Reação Cultural ocorreu quando Delôr Martins dos Santos Neto ao montar a exposição "Esculturas: pássaro que esculpe pássaros" convidou a minha mãe e ela exibiu suas telas à óleo. Noutro lazer na praça da QE 32 eu trouxe do Gama, a Stuhlzapfchen Von N (Supositório Nuclear) para tocar. Eles deixavam eu indicar bandas que potencialmente podiam participar entre elas Marciano Sodomita.
Uma imaginária coleção de discos de rock
Na década de 80, surgiu a expressão "vinil"; vinil foi um neologismo usado artificialmente para criar um status para o LP. Coisa de coinnoisseur que não ajudava muito a baixar os preços que eram caríssimos.
Em Brasília, não existiam sebos e tínhamos que percorrer a cidade e no contato direto convencer aos lojistas a pedirem os LP's que desejávamos. E sempre competíamos com as equipes de som que arrematavam tudo. Passávamos o ano todinho economizando para viajar a Goiânia e comprar um LP importado!
Os LP's internacionais eram lançados com um ano de atraso e devido às baixas prensagens era praticamente impossível encontrar um LP. Naquele tempo existia um número maior de roqueiros e alguns LP's eram coletivamente comprados para tocar nas festas.
Ando lendo em livros feitos por universitários com pesquisa fraca a respeito das grandes coleções de discos de Brasília.
Que sempre se esquecem de citar a coleção do Osmar (engenheiro civil e marido da Dulcineia) que morava no conjunto D da QE 32.
No terceiro pavimento da sua casa (umas primeiras do Guará com esta panorâmica) rolavam festinhas e o sótão era repleto de armários com centenas de LPs nacionais e importados. Sempre procurávamos referências na coleção dele para saber se tal disco havia saído no Brasil.
Osmar também possuía um grande números de LP's importados de reggae e sempre vinha dos sebos de São Paulo com as últimas novidades. Mesmo nos piores tempos da grana curta da vida do Osmar, ele nunca havia parado de comprar LP's.
Um dia ficou "puto" com a ADM. do Guará que não dava o "habite-se" da sua casa (ele foi o pioneiro a avançar o muro com colunas enormes para cima da calçada) e foi embora pra São Paulo com a sua fabulosa coleção de discos de rock, de onde consegui algumas duplicatas. E ajudei a aumentá-la indicando lotes para aquisição, uma vez que grana, eu não tinha mesmo.
Para conseguirmos LP's mais baratos éramos sócios de vários clubes de discos das gravadoras.
Historiadores do rock de Brasília. Muita coisa aconteceu no Guará I e II!
8 out. / 2011 - Pazcheco, Leo Saraiva e Jihan Arar nos 29 anos e seis meses de pão & circo
Foto: Sueli Saraiva
Eternas divergências musicais entre os "Skrotinhos" são superadas em prol da cultura
Discordo eternamente do gosto e das ideias do nosso velho coletivo cultural dos anos 80, intimamente chamado de "Turma dos Skrotinhos" óbvia homenagem a Laerte e seus gibis.
Atualmente, estamos muito envolvidos culturalmente como remanescentes deste coletivo do Guará I, que era dark liderado pelos irmãos Sueli (fotógrafa) e Leo Saraiva (jornalista) e Jihan Arar (jornalista) Magda Miranda, Mana Gi Lemos, Andrea Brito, Isabela Pereira, Antonio Júnior, Geraldo Lessa (escritor e roteirista), Edson Salazar (fotógrafo) Ronaldo Lima ("Gaffa") baterista; Deusa Barakat (cantora); Macaé (ator, músico), Mafral (quadrinhos) que continuam suas experiências culinárias e musicais e visuais.
Outubro de 1989. Tropa de choque apresenta seu punk-rock na praça da QE 34
Momentos históricos
QE 32, Bar do Afonso, fundo da minha casa
Foto: André Ávila (facebook)
1990. Surgia a primeira formação do Rumores de Garagem.
Sérgio na guitarra, André Ávila no contrabaixo e Geraldo na guitarra.
Política do Êxtase, desde 1990 - Bar do Afonso; Bar do Pé Sujo
Nesta domingueira, ainda teve a apresentação do Política do Êxtase, banda do Hamilton "Zen" na bateria, Roberto (futuro Pinturas da Alma) na guitarra e Marcelo no contrabaixo e vocais...
14 jul. / 2012 - Lincon Lacerda - Foto: Zeca Ribeiro
Bate-émail com Lincon Lacerda (Point Pomtekin)
— O nome do bar era Pomtekin?
R. — O nome era Point Pomtekim!
R. — O Bar funcionou de que ano a que ano?
— No biênio 1989/90.
— Quem tocou no bar?
R. — Primeiro show de Célia Porto e Death Slam. Ainda tocaram , V.A., II.C.S., Pitiless, Podrão e Solução Final, Política do Êxtase, Warehouse of Fable, Mahatma, Lácrima, Concreto DF, Fábio Catolé, Lincon Lacerda, Cécé, Anno Domini, Fox Estrot, Kashimir, Céu de Cimento, Os Cabeloduro entre outros. Tinham várias cantoras, Deusadany, Euda...
— Pode me falar como o bar fechou?
R. — O contrato da loja venceu.
"Putz, nem minha mãe usa meu nome composto que é Deusa Dânia....kkk mas a memória do Linconl tá boa. Tinha também a Isaberg, o bom e saudoso Manon e o vozeirão do Jeová... Eu gostava de cantar Mente, Mente, letra do Arrigo Barnabé, que levava os mancebos ébrios ao delírio, pois fechava a letra com a sugestão escrachadamente impudica de deixá-los: mole, mole... Bons tempos! ". (Deusa Dânia Barakat).
"Bem lembrado, Lácrima; banda do Aderbal". (Fátima Sueli Saraiva).
21 out. / 1990 - Point Pomtekim - Domingo de Rock
Durangos da América, uma grande banda de rock do Guará, havia Os Nefelibatas que eram bons e o Alto QI.
Os Cabeloduro fizeram seu primeiro show no Point Pomtekin e prestigiaram o lançamento do livro "Balada do Louco", no Ateliê Pedro Veras na QE 34, ainda em 1991!
Domingo é dia de rock
Com pouco espaço no Plano Piloto, as bandas de rock brasiliense estão buscando nas cidades-satélites alternativas para mostrarem seu trabalho. Um dos palcos que elas vêm ocupando é o do Point Pomtekin, na QE 24, no Guará II, onde já há seis domingos estão acontecendo concertos, a partir das 15h. Hoje a programação é bem variada, com a presença de grupos representantes de diversas tendências. Vão se apresentar: Mahatma, Devassos, Lácrima e Flammea, esta revelada no Rock Verão de 89 no Bom Demais, formada só por mulheres. (Irlam Rocha Lima, CB - fins de 1990)
"Quando o Point Pomtekin perdeu o alvará eu estava lá e testemunhei toda a confusão. Lincon lembrou que o clima andava pesado. Julião também estava lá... Pode parecer que eu seja um personagem tipo: eu nasci há mil anos, mas lembro do cordão de isolamento que montamos na entrada do bar e enfrentamos a polícia cantando Polícia, uma ingenuidade que custou o alvará e impediu a realização do lançamento oficial do zine Protectors of Noise no Slamdancer Festival - marcado para 16 de dezembro de 1990, que não rolou... Nosso Natal ficou mais pobre e mudo!". (Pazcheco).
14 jul. / 2012 - Hamilton Zen
Foto: Zeca Ribeiro
Bate-émail com Hamilton Zen (Bar Elo Cultural)
— O Bar Elo Cultural funcionou de que ano a que ano?
R — Foi rápido 1990 a 1991.
— Quem tocou no bar?
R — Akneton, Little Quail and The Mad Birds, o começo da Célia Porto, Pompas Fúnebres, Marssal, The Vervet, Política do Êxtase, Concreto DF. As bandas de metal da época não me lembro... Brasilis Capital, Tika Floyd na época, hoje, Dentadura Postiça e outras...
— Principais atividades culturais?
R. — Apresentação de bandas e solos: rock, MPB e metal. Artistas plásticos, Biblioteca, Teatro, Palestras variadas (OVNI's, raça negra, psiquiatria e outros assuntos) Performance de solos. Decorações adequadas para som mecânico com temas variados e Exposições de quadros artísticos.
— Pode me falar o que rolou naquela noite que o Akneton não tocou?
R. — Foram duas noites porque com o show "Vá Tudo Pro Inferno". Mas aconteceu... Se não teve em outra noite coloquei som mecânico com sempre.
Para acessar, o Bar Elo Cultural, você tinha que escalar uma escada íngreme como naquelas mansões dos filmes de Hitckcok; a escadaria era o terror dos bêbados.
Nas estantes do Elo, Cultural, lí a biografia mais bizarra: diante do trago molhado e gelado, pagino uma biografia de Howard Hughes - o excêntrico milionário americano, que encerrou a vida viajando para o céu de maneira infernal. O passaporte: uma seringa espetada na pele necrosa do braço.
— Que fim levaram seus bilhões de dólares? A questão primordial levantada pelo autor junto às alianças entre Hughes e Nixon, sem provar ou desvendar a lenda em torno do mito. Por que miseráveis esboços ficcionais, especulativos, e incompletos de biografias fascinam?
Marcelo Marssal: — Foi na raça aquele show...
"A Marssal surgiu em meados de 90, quando decidimos adotar esse nome em homenagem ao meu irmão que na ocasião estava fazendo aniversário de 13 anos de idade e sempre nos acompanhava nos shows, vindo depois a ser o tecladista da banda... A primeira formação foi nos vocais (eu Marcelo Ponce) , Sérgio Ricardo no contrabaixo, Cristiano Maurício na guitarra e Cláudio Marcelo na bateria... Logo depois entrou Marçal nos teclados ainda novo...". (Marcelo Ponce).
— E o Elo Cultural?
— R. Lembro-me que tínhamos um show marcado lá pra tocar além de músicas autorais, tributos a Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Deep Purple entre outros clássicos do rock and roll... E tínhamos sim, um baterista que não ficou muito tempo ainda mais depois desse episódio, ele morava em Alexânia e no dia do show, e no horário marcado, ainda não havia dado as caras...
Ficamos esperando até a hora do show, sem notícias...
— O show rolou?
— R. Pois é! Alguns minutos de atraso e ficamos sabendo que excelentíssimo Roger Schwantz, primeiro batera antes do Cláudio Marcelo, havia se envolvido numa briga em Alexânia, e estava no hospital, dando pontos na boca porque havia levado uma ‘nunchakada’ na cara... Então decidimos fazer o show assim mesmo, a casa estava lotada... E todos esperando pela Marssal, decidi então que tocaria a bateria e cantaria ao mesmo tempo, deu certo, o show foi muito louco e eu fiquei encharcado de suor, mas conseguimos realizar o show com muito rock and roll, isso que me lembro...
20 mai. / 2011 - João Paulo! Stop! Ricardo 'Retz' e Pazcheco
João Paulo ficou surpreso quando eu disse, que o conhecia desde criança e falei o nome de seu pai...
Ricardo 'Retz' vem recolhendo seu lixo precioso dos lares do Guara, há mais de 20 anos... Usava um carrinho de supermecado entupido de coisas legais entre elas centenas de LP's no tempo em que a música girava.
Roqueiro estridente, não abre mão do volume, cultua quase 10.000 vinis. É a força viva por trás do "Museu do Disco" um aglomerado de aparelhos sonoros inusitados e alemães...
Sua produtora a "RetzCore" chegou a produzir mais um show por mês durante um ano todo. Sua base de ação é n' A Praça do Xinxa' na QI 6 - QI 8. Algumas vezes participei de suas produções apresentando o Sabotando o Pop, que veio a ser uma piores produções musicais de 'Retz' na qual eu me envolvi.
15 dias antes - Ricardo 'Retz' havia sido bastante generoso comigo: "O movimento underground chegou ao Guará por volta de 1970 e 1980, com Mário Pazcheco e com a banda Matuskelas (1974). Ele organizava eventos e conseguia unir diversas bandas de rock, reunindo jovens e quem mais que curtisse o estilo". Jornal de Brasília, Guará 42 anos - quinta-feira 8 mai. / 2001
15 anos do fanzine Tupanzine e mais de 80 edições espalhadas pelas ruas do Guará e do mundo...
Tupanzine por Ricardo Tubá
O primeiro exemplar do Tupanzine saiu em outubro de 1994, mas o embrião de tudo foi o “The Best Of” , lista de melhores e piores do ano , tipo uma folha frente e verso com fotos montagens de bandas de metal, mulher pelada e futebol. Esse surgiu no final de 1986. A maior tiragem foi de 1.000 cópias quando, o Moab figura folclórica da geração 84 do Rock Guará da QI 06, chegou a distribuir 2 números em off set pela sua gráfica. A média de tiragem fotocopiada é de 150 números. Xinxa e Retz raçudos iniciaram a saga do rock nas quadras com o “ Ensaio Geral”, festival de bandas undergrounds que se apresentavam mensalmente durante 4 anos na pracinha do Xinxa da QI 06/8/4/10. Podemos destacar, o Retz como gerente de shows do antigo Lord Dim Pub da QI 08, onde aconteceu o primeiro show do Raimundos antes da explosão, em 1992 ou 93. “Retz Core Prodution” fez parceria com o Tupanzine , quando o “Retz” manteve a coluna “Big trepadas com Retz” durante quase 16 anos. (Ricardo Tubá, editor)
Lord Jim Pub, eu nunca peguei aberto e nunca pendurei conta.
Da Sempre na esquerda, Hugney Geraldo, contrabaixo; Pazcheco, meio e texto e Wéber (RIP) poesia - assim caminhava a humanidade em passos largos desde 1981! Foto: Ivaldo Cavalcante, 2007 |
Melhores amigos, inimigos da família
O Guará ofereceu a oportunidade de conquistar três amizades, Luiz Ricardo Muniz, o divulgador de uma nova mentalidade quando os filhos passam noites fora de casa a beber... O beatlemaníaco, Zenas (RIP) o amigo mais trabalhoso ou “a pior influência que poderia passar pela sua vida” e Ricardo Lima éramos reciprocamente execrados por nossas famílias como responsáveis diretos pelo o que acontecia na vida um do outro. Distanciamos. Ricardo Muniz, era excelente estudante que nunca reprovou e tinha sua própria velocidade, foi o primeiro da turma a alugar um apartamento com Pedro Veras e viajar para o nordeste.
Movimentos Culturais da QE 32 - Guará 2
No segundo grau à noite; meus melhores amigos eram Erlânio (casado com Rosângela, irmã do meu outro melhor amigo Hugney Geraldo Cristaldo), Erlânio morreu precocemente afogado.
Luis “Padeiro” este alimentou muita gente...
Poderíamos chamar Luis “Padeiro” de “sangue bom”. Em virtude da sua compleição física avantajada, ele era uma figura de coalização que impunha respeito a nossos inimigos.
Luis não ficava arrumando encrenca e dava duro na Padaria do Mota na QE 32. Depois da ronda noturna quando voltávamos de manhã, gritávamos debaixo da janela: — Luis! E ele mostrava a sua cara parda com a eterna barba por fazer e os cabelos encaracolados. Às vezes pediam para subirmos e era um festival de roscas e pães de queijo e um litro de leite aberto.
Outras vezes pela janela atirava um saquinho com pães. Inesperadamente um dia Luís morreu e a comunidade ficou chocada, desconheço a causa...
Luiz Duarte Feitosa, o querido e saudoso Luiz "Punk"
Em 1983, Luiz "Punk" residiu por um período em Fortaleza, se recuperando de um atropelamento sofrido a caminho do serviço na Torre de TV.
Surge Edinho...
Edinho trabalhou na banca de revistas da QE 9 no Guará I, ele era bastante simpático e divertido e gostei dele na hora pois me deixou folhear uma revista Rock Brigade sem resistência.
Meses depois, Edinho reapareceu na QE 32 no Guará 2; alugando um espaço numa casa transformada em prédio de apartamentos no conjunto “R”. Neste prédio, aos domingos fazíamos um churrasco com outro amigo, e atravessávamos pra o extremo do outro conjunto e fumávamos um cigarro amigo, nosso terceiro amigo policial era aconselhado a não seguir os nossos passos...
Tentamos tiramos um som na casa do Djalma (Phú); Edinho um excelente vocal e rápido baterista heavy metal; que sabia as letras; Kris um ás na guitarra; Sérgio também guitarrista do Rumores de Garagem se revezava no contrabaixoe eu blá-blá. Nunca daria certo, e Kris apagou a fita do ensaio.
Com Edinho na bateria, ensaíamos uma única vez na casa do Phú! A banda foi avaliada como "muito ruim". Eu era o único que não sabia tocar. O problema dos músicos é que os pais atrapalhavam a carreira. Eles estavam muito interessados no que as namoradas e amigos tinham a dizer, lógico que com um pensamento destes a coisa não iria a lugar nenhum, décadas depois alguns guitarristas repetem o mesmo comportamento. Algumas vezes eu tenho que lembrar: eu produzi o seu primeiro show, você tomava coca-cola e eu cerveja.
Em 1987, no aniversário do Edinho, tomamos uns bons copos de vinho, cheguei em casa na hora do almoço e não havia água e eu tinha que trabalhar no Conselho Regional, tomei o ônibus sem tomar banho, cheguei alto, meu colega de escritório mandou-me dormir e me entregou para a chefe no escritório no Plano Piloto, — não tinha só álcool naquela bebedeira, foi sua frase marcante.
Pedi contas.
Um rolo de discos...
Íamos às festas que a Sandiz fazia para os funcionários. Edinho indicava os discos a serem adquiridos pela loja e conseguíamos descontos nos LP’s.
Passei-lhe o disco triplo com capa sêxtupla ao vivo do Rush e o “Sabbath Bloody Sabbath” capa-dupla, tiragem independente inglesa com ingresso de um show colado na capa por uma coleção do Emerson, Lake and Palmer e outros progressivos.
Edinho se mudou para o "P. Sul" para a casa do seu pai, e foi tocando baterista e vocalista no Sarcastic Death.
Anos se passaram... Edinho estava morando no Rio de Janeiro. Um dia, Joelzinho o trouxe na chácara. Eu estava casado, alguns dias no apartamento e outros na chácara; ou outra hipótese, eu havia tido algum desgaste com algum amigo passante, sei que eu pensei, — Edinho é problema do Joel e não ofereci pousada.
Assim que vi Edinho, a primeira pergunta foi:
— Você ainda têm os discos?
— Olha o que o cara pergunta... foi sua resposta.
Nunca mais vi Edinho... e entendi a frase de Jimi Hendrix "you sacrifice the things you love".
A arte não localizável
O que existe é mera especulação
Especula-se sobre os filmes Super-8 do Chaguinhas que eu nunca vi. Procura-se a fita de rolo de 4 canais gravada pelo Extremo no Estúdio do Lincoln; procura-se os álbuns de fotos do Extremo do Tuca; o famoso super-8 na 407N com a apresentação do Extremo.
— Por que este material nunca aparece no youtube?
Existem os VHS editados do lançamento do livro Balada do Louco no Ateliê Pedro Veras na QE 34 em 1991e a fita de vídeo da "Festa da Banana" 1994. Estes são os registros de imagens corridas mais antigas dos dois coletivos de arte que fiz parte durante estes anos.
Possuo, Eli Soares fazendo cross na sua TT branca nova na chácara e rapidamente, Os Cabeloduro no lançamento do livro no Ateliê Pedro Veras.
Obituário
A morte possuía a capacidade de chocar a ainda pequena comunidade do Guará.
Algumas mortes ficam na memória: Zenas (dando trabalho até o final e queimando o filme na minha casa) Erlânio que partiu cedo de mais, Geni Stefanin (mãe do meu segundo filho) Marrom (carteiro na QE 28 e professor); Gilberto (Bar Camarim - QE 19) e Messias de Oliveira Júnior, (o Cécé, carnaval em março de 2001), Edson "Reverendo".
Em 2012: alguns remanescentes do movimento Invisível
Foto: Zeca Ribeiro