A necessidade de teoria para a máquina do tempo

 

A necessidade de teoria para a máquina do tempo

texto   Mário Pazcheco  

patrulha_bluespub

Na metade dos anos 90, o sonho de grande parte dos roqueiros oldschool de Brasília era assistir a Patrulha do Espaço que estava em plena atividade excursionando no seu ônibus...

Cotidianamente! Eu rolava pelos becos e bares do Conic e inevitavelmente marcava ponto na Head Collection, loja de vinis e Cd's mantida por Geraldo e Joel Oliveira (guarde este nome) e também passava na loja musical Berlin Discos.

Na estante de LP's da Berlin Discos, um cartaz afixado me chamou a atenção: "Lóki Produções apresenta Patrulha do Espaço nesta cidade! Breve!". O cartaz não anunciava a data e o local e qual cidade?

Perguntei ao experiente jornalista Reinaldo, — onde será? ao que ele respondeu — no cartaz tem o telefone. Era de Brasília, o número do telefone.

O anunciado show nunca rolou!

Foram necessários dez anos para que a Patrulha do Espaço finalmente tocasse no DF! No Blues Pub! Numa segunda-feira chuvosa com casa cheia sob a produção Do Próprio Bol$o, que trouxe os jovens músicos Ricardo Dezotti e Adriano Rotini de Goiânia. Brevemente! Percy Weiss e Rolando Castello Jr., se juntariam à nós. A fundamental produção de Lázia Blues, Joubert Melo, Révero Frank, Marcelo Marssal e da banda Misty Mountain que forneceram a aparelhagem de palco foram essenciais para o sucesso desta apresentação que significou um marco na história da Patrulha do Espaço.

Grande parte dos meus amigos estavam presentes e o velho sonho dos fãs de fotografarem e tocarem com seus ídolos foi realizado. Minha casa ficou aberta noite e dia para visitas dos fãs!

bootleg

Como mandam as regras do jogo: o bootleg oficial da apresentação e a importante nota no Correio Braziliense que sempre colaborou divulgando o trabalho Do Próprio Bol$o

 

...No início, eles foram Os Mamutes!

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— Cuidado! Vocês podem ter problemas com o nome!

Advertiu o mutante Sérgio Dias

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Os Mamutes não foram a primeira banda de rock que eu acompanhei e me envolvi. Eles tinham um atrativo tocavam Mutantes!

Produzi documentei e emprestei parte da aparelhagem do primeiro show do novo vocalista que sem sucesso tentou substituir o vocalista original que era excelente nos vocais do Arnaldo!

O vocalista original cantava com garra mas não gostava de ensaiar.

O último show com o novo vocalista foi num bar no Lago e eu levei o Doctor Ruiter para assistí-los. Sempre envolvi pessoas que eu considerava importante nestas produções. Naquela época, Ruiter possuia uma ótima filmadora...

 

docecredencial

A "Lóki Produções" se tornou "Cê tá pensando que isso é doce?!? Produções!

Antes do puxão de orelha do mutante Sérgio Dias.

Como quarteto Os Mamutes ainda lançaram a demo "Quem som é esse?".

Num show à tarde na SMPW...

 

Neste tempo, eu era um biógrafo e produtor afamado

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Fitas inéditas dos shows "Shining Alone" de Arnaldo Baptista no Tuca em 1981, fitas inéditas do OAEOZ e, Mutantes em Paris providenciaram suporte musical para a feitura da biografia "Balada do Louco" escrita por mim.

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Acima um facsímile de uma passagem crucial do texto original da biografia "Balada do Louco" revista com observações finais do próprio Arnaldo Baptista

Cartas entre o fã e seu ídolo ou material histórico?

Aos historiadores para fins de pesquisa, posso disponibilizar minha correspondêncial pessoal com Arnaldo Baptista. Nada de grandes revelações, escândalos ou perguntas embaraçosas. Também pode-se ouvir o áudio na íntegra da minha entrevista com Arnaldo Baptista e consultar vasta reportagem impressa no Brasil sobre o assunto, além de vários originais inéditos da obra escrita pelo mutante. Depoimentos de peso foram dados por Luiz Carlos Calanca, produtor do selo Baratos Afins e pelo baterista de Arnaldo & a Patrulha do Espaço, Rolando Castello Jr., ambos publicados na íntegra.

O texto do livro Balada do Louco foi revisado e reescrito em parceria com Cláudio César Dias Baptista que apontou várias facetas novas e corrigiu distorções.

Ninguém jamais o apontou como um "compêndio de mentiras" somente um incauto ensandecido faria isso...

 

Onde é que está o meu rock'n'roll?

midia

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contrato

Onde é que está o meu rock'n'roll foi totalmente produzido em Brasília e pelo princípio do produtor executivo Felipe Gelbcke Gubert (o íntegro produtor "Felipe Caduco" guitarrista da banda Vernon Walters) que me alertou:

— Mário! O Underground é coisa séria! Não podemos brincar com isto!

Baseado nisto, Do Próprio Bol$o jamais recorreu a advogados para recuperar os fonogramas para não prejudicar a divulgação dos artistas.

 

O que a mídia internacional falou do CD!

 

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"Esse tributo do rock and roll brasileiro ao ex-Mutante Arnaldo Baptista tem seus altos e baixos... O repertório inclui material dos dias de Arnaldo no Mutantes e também de sua carreira solo. As bandas são muito diversas, variando de estilo roqueiro à la Pat Travers (Nata Violeta, Ligação Direta) ao rock espacial, grindcore, clones do Green Day, tipos gótico sem capacidade de variação; para ser honesto, não é um grande álbum. Mas você pode perceber que o rock brasileiro é o equivalente a zilhões de bandas dos anos 80 que compuseram o rock pós punk quando ainda tachavam de "college". Também, Arnaldo não era um compositor coerente, então qualquer um poderia seguir essa linha. Algumas dessas canções deixaram suas marcas, outras não; mas para o fã mais radical de Mutantes, esse tributo tem seus méritos".
(Tradutor Profissional: Révero Frank).

onde_cd

Hoje você encontra Onde é que está o meu rock'n'roll no afamado

http://open.spotify.com/album/6nX6dVZzBChEKVS7UIo8jU

 

Spotify é uma mistura de iTunes, Last.fm e Grooveshark, com uma pitada de Napster. É uma gigantesca biblioteca musical online, que você pode acessar gratuitamente via streaming através do programa, com interface que lembra bastante o iTunes. E o que tem de genial nisso? A biblioteca do Spotify é totalmente oficial, legalmente cedida pelas gravadoras e artistas. Isso significa que você encontrará tudo bem organizadinho, mais ou menos com a estrutura do Last.fm, uma organização musical que aposto que 90% de quem está lendo isso nunca conseguiu fazer em seus próprios arquivos mp3.

http://blogdoedu.com/2011/08/12/conheca-o-spotify/

 

visor

Experienced: o detalhe da foto
Marta Benévolo dentro do carro capturou esta imagem através do retrovisor

 

Passamos uma tarde mágica e misteriosa...

 

Num dia estranho do ano de 2.000! Combinamos fazer o clipe da música Magical Mystery Tour (dos Beatles), o clipe seria rodado de dia para que a luz solar ajudasse na resolução das fitas originais Sony VHSC ou TDK EHG ou a genérica JVC EHG, fitas de 8mm com 30 minutos de duração que quando usadas numa câmera Panasonic lembra uma película.

O som destas câmeras é mono!

O som original da câmera somente é usado quando é estritamente necessário, em caso de utilização para documentário, recorre-se ao técnico de som que no estúdio reconstitui totalmente o áudio, limpa os ruídos e interferências, faz a equalização, finalmente dobra os canais simulando stereo e masteriza. Um processo financeiramente caro.

Desde o início do projeto era acordo que as imagens do clipe de Magical Mystery Tour seriam sobrepostas na mesa de edição ao som de estúdio da canção!

Raras vezes, eu fiquei de frente gravando qualquer banda. Com o peso leve da Panasonic é possível fazer movimentos livres dentro da estética “uma câmera na mão, uma ideia na cabeça”, você pode colocar a câmera deitado do lado esquerdo ou do direito em cima das caixas e deixar o som rolar... Pode girá-la, movimentá-la com a pressão das palmas das duas mãos em movimento repetido de direção na esquerda e na direita, colocá-la acima da cabeça e descontroladamente obter os mais loucos e impossíveis movimentos de câmera incapazes de serem repetidos. É uma gravação ao vivo mesmo com momentos geniais e tolos. O segredo é o uso do foco e o enquadramento que você abre ou fecha ou estoura a imagem.

No dia da filmagem, a banda veio acompanhada de uma fotógrafa; Marta Benévolo! Eu conhecia Marta Benévolo dos Festivais do Cine Brasília, onde apresentou o festival e entregou os prêmios chamados de “candangos” por dez anos! Marta Benévolo sempre teve grande parte de sua vida dedicada às artes, ela sempre esteve ligada aos círculos culturais de Brasília.

Sua presença, me deixou inseguro e para mim não foi um bom clima. Não sei se ela percebeu?

Eu acho que não segurei a onda! Mas tive a ideia de fazer duas tomadas que seriam editadas.

Essa concorrência pelo menos na minha cabeça foi produtiva para o resultado final do clipe de Magical Mystery Tour!

As fotos de Marta Benévolo destacavam o azul da pintura do caminhão que se fundia ao azul do céu.

Eu só vi a cena no visor da câmera.

Anos depois perguntei a Marta Benévolo sobre as fotos.

— Entreguei todo o material aos meninos!

Nunca vimos o clipe montado ou as imagens...

Sempre separei o meu trabalho do trabalho de cortesia, sempre abri a câmera e entreguei as fitas após as filmagens e nunca fiz cópias, sempre cedi os direitos do meu trabalho de filmagem para não ter problemas e continuar livremente filmando sem empecilhos. É meu dogma até hoje. Filmei várias bandas e doei as fitas. Contudo sem nunca obter de volta uma cópia digitalizada.

É cômico e trágico

Algumas vezes integrantes de bandas, me perguntam se eu possuo cópias!

Das fitas de vídeo que dividi entre os líderes da banda, desconheço se ainda existem ou se foi utilizado algum fragmento.

Como o processo de digitalização destas fitas é caro, digitalizei poucas fitas que registram a qualidade e as falhas do meu trabalho como videasta.

Eu e Sandro Alves Silveira temos um documentário sobre Zé do Caixão na Mostra de Taguatinga quase completo, mas por alguma força oculta, o guardamos e o documentário está quase finalizado há mais de dez anos!

Com a evolução das câmeras digitais e seus altos preços fui obrigado a parar de filmar... A fotografia tornou-se mais fácil. Era complicado sempre ter fitas virgens e grana e disposição e tempo para comprá-las. Nunca gravei duas vezes na mesma fita! E não me arrependo de não ter cópia do meu trabalho, a questão dos direitos de imagem impediria qualquer realização!

 

marta

Júnior & Marta na segunda celebração dos 25 anos Do Próprio Bol$o em maio de 2007

 

 

 

O engraçado nesta filmagem noturna, ao ar livre é a câmera dançando como vagalume atrás da luz, somente assim seria captado um mínimo de imagem. Discretamente, eu sempre procurava focar alguém bonito na plateia. Mudava de lado e ângulos para simular uma outra câmera.

Neste Ando meio desligado eu gosto da sincronia da imagem com o desempenho dos músicos.

Outro segredo: fazer a edição diretamente no próprio botão de pause da câmera!

 

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Correio Braziliense, 10 de dezembro de 2.000, possível nota de Bernardo Scartezini

Lilith sempre foi gentil comigo, me emprestava a sua credencial para circular livremente...

setlist

Setlist da segunda parte do show

selo

Começa a viagem: a embalagem colorida servia de camuflagem

gtr

Rock da guitarra quebrada

studio

Na Asa Norte, no aquário do estúdio concluíndo as músicas para dias de sol...

fita

 

Joel, gerente da Head Collection apareceu com um estranho par de fitas 3M e me deu para fazer algum dinheiro... Risos!
 
Na pré-história da Informática, estas fitas eram utilizadas como disquetes e inseridades no HD para backup!
Joel Oliveira, gerente da Head Collection apareceu com um estranho par de fitas 3M e me deu para fazer algum dinheiro... Risos!
 

Na pré-história da Informática, estas fitas eram utilizadas como disquetes e inseridades no HD para backup!
 
 
 
 
 
 
tempo
 
Comentei com Joel: — Dá uma ótima capa de disco! E assim foi feito...

 

benevolo

Esta foto feita por Marta Benévolo na sacada da minha casa (e reproduzida no encarte do Brazilian Pebbles sem o crédito da fotógrafa) mostra a guitarra quebrada que pertenceu ao guitarrista Dillo Daraújo, comprada por mim ainda funcionando.

colagem

A colagem "Marmalade skies" diretamente realizada na capa de Sgt. Pepper's, parceria minha com o artista plástico, Edvar Ribeiro influenciou outros trabalhos...

 

 

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Salvaram-se no acervo Do Próprio Bol$o, imagens do show na 508 Sul, e imagens como trio, neste último show mesmo em 2005!

 

Notas finais...

Compareci ao show "Drop Acid not bombs! A festa Make love not war" no Lago Norte na Arena e me encontrei com Joelzinho Oliveira perdido pela noite que me perguntou quê CD é este com a participação de Arnaldo Baptista?

Nesta noite, o responsável pelo som da casa era o nosso amigo Felipe Deejay e curtimos a noite...

A apresentação da banda no Porão do Rock num domingo a 6 de julho de 2003, foi filmada por mim...

No final da última música desta apresentação virei as costas para a banda e filmei o público aplaudindo e encerrando a fita.

Minha amiga Maggie que estava levando as filhas para os seus primeiros shows de rock, me criticou por ficar prejudicando a visão do palco.

Não pense que me dediquei totalmente estes anos à banda. Fiz outras coisas. Este é apenas um capítulo a respeito das minhas atividades culturais nos últimos 30 anos!

 

 

camarim

Mopho farta teoria para a máquina do tempo

 

 

 

moph

Retranca...

Dois anos antes de filmar a MKDT no Porão do Rock, registrei a passagem da banda Mopho em 2001, anos depois fãs alagoanos da banda lançaram este DVD, com o meu trabalho de videasta sem edição e aclamado pelos fãs do Mopho na sua Comunidade no Orkut.

 

Este texto não comporta a palavra fim...

 

 

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