A Origem não tão secreta do movimento invisível
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A Origem não tão secreta do movimento invisível
Rogério "Punk" e Pazcheco mostram as línguas numa sátira ao Kiss...
Ismael "Lennon" recria o vestuário e Sidney "Presley" o bom mocismo
John
Enquanto a guitarra, gentilmente... chora
Por Manel Henriques
(...)
“Adolescentes nostálgicos. Um perímetro marcado por Niemeyer e batizado Guará, onde transitam os adeptos de Bob Marley, os companheiros de Lennon, o pessoal do sambão, a garotada do punk em coquetel de receita muito específica, a arco-íris muito adjetivo, intransferível, pessoal. Os filhos, filhotes e netos de Lennon fazem parte dessa coisa toda que é o voador circo de uma guitarra, baião ilum9nado e amplificado. “Eu curti os Beatles desde os 17 anos. Eles eram os Mais Melhores, o Lennon deu o ritmo, era o cara que equilibrava os graves e agudos”, acrescenta Sidney, aliás “McCartney Presley”.
Ismael “Lennon: “Mesmo quem não viveu o tempo de pique dos Beatles, como eu, sente saudade”, faz questão de reforçar. É como uma magia, fantasia que passa de pai pra filho. Pinta um sentimento”.
Essa garotada vale uma matéria. Vale duas, vale três, vale todas. Na QE 34, rolam todas as tranças rastafáris, todas as gingas do sambão, todo o rock dos anos 60. Acontecem, nesse perímetro, todos os alfinetes que machucam, de uma forma talvez dolente, quem sabe ingênua, o status quo.
Aí a gente pega o John Lennon, o Bob Marley, junta na mesma nuvem com o Bob Dylan e o Mick Jagger, e pede para uma lente desfocar um ou outro, só pelo prazer da melhor pose. No Guará seria de amargar qualquer lente normal. Quando o calendário marca 2 anos do assassinato idiota de Lennon, o dono de casa que queria curtir seu filho em paz, e ter somente aquelas briguinhas de família tão naturais, sem intelectualices – essa a impressão geral, tirada das horas e horas de gravação que Davis Scheff conseguiu com John & Yoko para a Playboy, transformada em livro em 1981. Um jeito de comer numa boa o café da manhã, uma maneira de levar adiante, sem demonstrações baseadas no who’s Who de um almanaque, que todo mundo tem uma obrigação básica, que a mulher pode ser a figura ideal para firmar contratos, e que o homem pode ir par ao fogão e sair de lá com um pão que mamãe jamais pensou em realizar no forno do lar.
Jornal de Brasília 8 dez. / 1982
Texto Manel Henriques