NA ROCKANA, NÃO SÓ TEM CANA, TEM VÔMITO TAMBÉM... (2022)
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Revista Do Globo, n. 521 – 11 XI. 1950
Os pervertidos abriram o pacote com um quilo e meio, com revistas do tempo em que a Pan Am voava. Aspiraram os ácaros. Ainda bem que não violaram o saco plástico. Não havia nada plantado. Acho que o pacote com 1.500 gramas se destaca. Veio uma 'Cruzeiro' de 1955, Dia das Mães; uma 'Vamos lêr' de 1938, com Arthur Azevedo na capa, um humorista e theatrologo; 'Revista Globo' de 1950, o curioso é que a revista apresenta o primeiro hippie do mundo, um tal de Forrest Elwood; 'Guerra Vodu!' do Fantasma; 'Uns Braços' de Machado De Assis, quadrinizado; Perry Rhodan, 'O Espírito Da Máquina'; duas edições da Margarida de 1987, um Mister No, 'Aquela Maldita Ponte'; um Super-Man colorido de 1974, que sobreviveu a um incêndio; 'O Gibi' n. 32 e 'O Pequeno Sherfiff', um gibi de bolso de 1955. Não pense que gastei os tubos de pastas de dentes. Venho comprando desde o ano passado. Pelas melhores ofertas.
Geralmente as revistas chegam às sextas-feiras.
Mudou o esquema, agora eu não tenho que sair de sessão em sessão procurando por elas com lanterna. A nova servidora entrega no setor e a diretora não cria sebo.
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Naquele tempo inconsequente, no ano de 1982 batizávamos o evento de ROCKANA. Era desafiador, era nos fundos de alguma casa, em um barraco, com um som pequeno e um garrafão de vinho e nós divertíamos. Ruim até hoje é se lembrar do cheiro de vômito no carpete. Aja bicarbonato de sódio.
Tenho tido uma coleção completa de sonhos indecifráveis. Talvez sejam as preocupações. Talvez seja muita tensão. Como fazer rock? Com um monte de semi-aposentados escorados nos ombros? Como reviver o glamour de uma subprodução? Como reviver a ROCKANA? É um mundo de gente estranha.
Recebi um recado de que é bom fazer alguma coisa alucinante metafórica fudida apaixonante. É como o milagre de andar sobre as águas. É como ser um peixe saltando cachoeiras.
A IMPREVISIBILIDADE DA VIDA…
O mundo ensina e não é jogando com as suas verdades. As verdades são muito diferentes das atitudes. As atitudes doem mais do que as verdades. Se você não passou por isso, como é que sabe? Algumas pessoas desde cedo manifestam o poder de se proteger em meio às tragédias, se mantém distantes. São pessoas fechadas e de poucas palavras, talvez saibam viver, mas não foram poupadas. Pessoas têm religião, têm jogos de pano verde. Têm as drogas, o café, o cigarro. E lá, na sola do sapato, os sentimentos. Puta merda! que quantidade de sentimentos sofríveis podem advir de um chute na cara dos amigos e familiares. Deus nos livre. Afinal, tudo passa muito rápido e o tempo é o “senhor da razão,” portanto, ele não espera por ninguém, segue o seu curso, quer queiramos ou não. Vivi para agora ver a dor invísivel de outros. Vivi para saber como sou egoísta e o tamanho dos meus problemas emocionais desde os pensamentos suicidas à necessidade do álcool. Com tantos problemas, me distanciei dos problemas alheios. Fiz como fizeram comigo. Agora nesse momento, minha cabeça doi. Mas estou cheio de planos. Hoje cedo, ganhei duas mudas de ipês rosas. Eu havia comentado que a Rosângela Meneses jamais vira os ipês dela, florirem mirradamente. Foi por isso que recebi o par. Os ipês que ela tanto cuidou eram de mirradas pétalas brancas que duravam menos de um dia de sol. Hão 15 meses que eu não falo sobre Rosângela Meneses com ninguém. Acho que isto me oprimia. Pois é! Foi neste final de semana, que rapidamente eu a revi tão bonita, como da primeira vez! – Qual o motivo do sumiço? E rapidamente o sonho acabou, pois ele é interrompido quando não nos enganamos e descobrimos que ela "morreu". Foi um sinal de quem merece. Ela está bem! Eu estou melhor. Maluco cigarro sem filtro. Tenho que me ocupar da minha vida. Dos meus sonhos, do meu sobreviver. Não pense que eu vivo de memórias ou fantasias. Ainda tenho objetivos sabendo que a vida é curta e a eternidade longa.